Quando o governo de São Paulo se vê na contingência de recorrer à PM para conter ânimos eventualmente exaltados dos que querem ter a licença para transgredir a lei, o PT bota a boca no trombone, e o ministro Gilberto Carvalho diz que o jeito “deles” de fazer as coisas é outro. Ontem, forças de segurança, inclusive do Exército, tiveram de recorrer a cassetes e bombas de gás lacrimogêneo para impedir que sete mil ditos sem-terra invadissem Brasília. Não vou condenar! E não porque eu ache que os sem-terra têm de apanhar. Eu só acho que eles têm de descobrir o regime democrático. Mas fiquem tranquilos. Cassetetes baixados sob ordem de petista são um verdadeiro poema humanista. Leiam o que informa Tânia Monteiro, no Estadão:
O Palácio do Planalto enfrentou mais uma manhã de protestos, desta vez promovidos pelos representantes de mais de 30 entidades ligadas ao campo, como Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Via Campesina e Confederação dos Trabalhadores da Agricultura (Contag). Perto de sete mil trabalhadores rurais, de acordo com a Polícia Militar do Distrito Federal, que faziam passeata pela Esplanada tentaram invadir o Planalto e chegaram a derrubar as grades de proteção que foram colocadas para impedir a passagem dos manifestantes. Mais uma vez a tropa de choque da PM foi chamada e houve tumulto entre militares e trabalhadores, que chegaram a ser alvo de cassetetes, gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Mas, segundo a PM, ninguém teria ficado ferido.
O tumulto começou por volta das 9h30, quando a presidente Dilma Rousseff não havia sequer chegado ao Planalto. A presença de manifestantes fez com que o comboio presidencial chegasse ao local pela vice-presidência e Dilma entrou no Palácio pelos fundos, por volta das 10h20. Sempre que protestos são realizados ali, como os da semana passada e da última terça-feira, quando a PF estava em frente ao Palácio, a presidente tem usado a entrada dos fundos para chegar e deixar o local.
Desta vez, no entanto, até a polícia de choque do Exército foi chamada. Apesar de estarem acompanhados de cachorros para conter os manifestantes, no entanto, os policiais não entraram em contato nem em confronto com os manifestantes. Ficaram recuados, na área externa do palácio. Um dos seguranças do Planalto avisou o comandante da tropa que havia uma determinação para que eles ficassem no local.
Normalmente essa guarda é feita apenas pelo Batalhão de Guarda Presidencial (BGP) ou pelo Regimento de Cavalaria de Guarda (RCGd). “O ministro mandou o choque ficar (no Palácio)”, disse o segurança ao comandante dos militares do Exército, retransmitindo a ordem do general José Elito, ministro-chefe do gabinete de Segurança Institucional (GSI), responsável pela segurança da presidente e do Planalto. Diante da possibilidade de novas manifestações ao longo desta quarta-feira, a polícia de choque permanece no alojamento do Palácio.
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Post publicado originalmente às 5h01
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/
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