domingo 10 2014

A contadora de Alberto Yousseff conta tudo à revista VEJA. Prefeituras do PT eram a grande fonte do doleiro

Veja.Com

A revista VEJA desta semana traz uma reportagem com Meire Bonfim Poza. Eis a capa.
capa da veja
Quem é ela? Meire era a contadora do doleiro Alberto Yousseff. Meire viu, ouviu e participou de algumas das maiores operações do grupo acusado de lavar R$ 10 bilhões de dinheiro desviado de obras públicas e destinado a enriquecer políticos corruptos e a corromper outros com pagamento de subornos. Qual era a fonte privilegiada da mamata? Prefeituras do PT.
Meire Poza viu malas de dinheiro saindo da sede de grandes empreiteiras, sendo embarcadas em aviões e entregues nas mãos de políticos. Durante dois anos, Meire manuseou notas fiscais frias, assinou contratos de serviços inexistentes, montou empresas de fachada, organizou planilhas de pagamento. Ela deu ares de legalidade a um dos esquemas de corrupção mais grandiosos desde o mensalão.
Meire sabe quem pagou, quem recebeu, quem é corrupto, quem é corruptor. Conheceu de perto as engrenagens que faziam girar a máquina que eterniza a mais perversa das más práticas da política brasileira. Meire Poza era a contadora do doleiro Alberto Youssef — e ela decidiu revelar tudo que viu, ouviu e fez nos dois anos em que trabalhou para o doleiro.
“O Beto era um banco de dinheiro ruim. As empreiteiras acertavam com os políticos, e o Beto entrava para fazer o trabalho sujo. Ele passava o tempo todo levando e trazendo dinheiro, sacando e depositando. Tinha a rede de empresas de fachada para conseguir notas e contratos forjados”, diz. Um dos botes mais ousados de Youssef, segundo ela, tinha como alvo prefeituras comandadas pelo PT.
O doleiro pagava propina de 10% para cada prefeito que topasse apostar em um fundo de investimento criado por ele. “E era sempre nas prefeituras do PT. Ele falava: ‘Onde tiver PT, a gente consegue colocar o fundo’”. André Vargas era um parceiro fiel. O deputado estava empenhado em fazer com que dois fundos de pensão de estatais, o Postalis (dos Correios) e a Funcef (da Caixa Econômica Federal), injetassem R$ 50 milhões em um dos projetos do doleiro.
Leiam a reportagem. É de estarrecer. As empreiteiras que fizeram contratos com a Petrobras não se saem bem na história. É um esquema de corrupção que rivaliza com o do mensalão e que, muito provavelmente, o supera no valor movimentado. Vejam qual é o “modus operandi” deles.
Post publicado originalmente às 21h55 desta sexta
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/a-contadora-de-alberto-yousseff-conta-tudo-a-revista-veja-prefeituras-do-pt-eram-a-grande-fonte-do-doleiro/

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O pai e o pai

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Ser pai é um eterno vir a ser (Thinkstock/VEJA)
Ser pai é um eterno vir a ser (Thinkstock/VEJA)
Ser pai é tão fácil e tão difícil que a palavra deveria ser duas. Uma coisa é o pai, outra bem diferente é o pai, embora ambos possam ser o mesmo pai. Isso está ficando confuso.
Ajudaria se houvesse duas palavras para nomear realidades tão distintas: pai e, digamos, semipai. Ou pai e inseminador, banco genético, cara-do-pólen. O vocábulo não importa tanto. Serviria qualquer coisa que demarcasse o abismo entre a realidade banal, imediata, e aquilo que só aos poucos, com obstinação e sorte, será desenhado no horizonte.
É possível ser pai distraidamente, por acidente, por esporte – por nada. Um acaso bioquímico, gametas danadinhos e pronto: esforço zero. Daí ser possível ser pai sem ser pai, com desprezo, indiferença ou mesmo horror à ideia de ser pai.
Mãe não é assim. Mãe é mãe, reza o chavão, incontestável. Mãe é mãe é mãe é mãe, o que faz ainda mais sentido quando se pensa que pai não é pai. Não ainda. Não tão depressa. E o começo é a parte mais desconcertante.
O poder instantâneo de que se investe a mãe no exato segundo em que se descobre mãe é cósmico. Alia a realidade imediata e a transcendência como se não fosse absurdo imaginá-las compatíveis, e ao fazer isso as torna, mais do que compatíveis, uma só. Mãe é maior que a vida de um modo que só a própria fonte da vida pode ser.
Tudo isso é incompreensível para o cara-do-pólen, que já na largada da corrida se vê escanteado, obsoleto e manco, assobiando de lado para disfarçar o ressentimento. Como é patético o pai que ainda não virou pai.
Pai só chega a ser pai por meio de um percurso que deve ser trilhado de forma lenta, obstinada, sem a menor garantia de sucesso, dia após dia. Ser pai é vir a ser, eternamente.
Feliz Dia dos Pais a todos os pais, mas em especial aos pais.

Pivô da Lava Jato, doleiro Youssef cogita delação premiada

Justiça

Colaborar com a Justiça poderia reduzir sua pena. Em VEJA desta semana, contadora de Youssef desnuda esquema de corrupção

O doleiro Alberto Youssef
O doleiro Alberto Youssef (Folhapress/VEJA)
Alvo de doze processos e pivô do esquema bilionário de corrupção desbaratado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal, o doleiro Alberto Youssef já emitiu ao Ministério Público sinais de que estaria disposto a fazer um acordo de delação premiada para livrar-se da cadeia. As informações são do jornal Folha de S. Paulo. Youssef utilizou-se do mesmo expediente anos 1990, quando foi protagonista do escândalo Banestado – e conseguiu ficar em liberdade. Entre seus clientes no esquema de desvios da Lava Jato estão as maiores empreiteiras do país, parlamentares notórios e três dos principais partidos políticos. Em VEJA desta semana, Meire Poza, a contadora de Youssef, revela detalhes do esquema de propina. Nas últimas três semanas, a Meire prestou depoimentos à Polícia Federal. Ela está ajudando os agentes a entender o significado e a finalidade de documentos apreendidos com o doleiro e seus comparsas.
Durante três anos, Meire manuseou notas fiscais frias, assinou contratos de serviços inexistentes, montou empresas de fachada, organizou planilhas de pagamento. Ela deu ares de legalidade a um dos esquemas de corrupção mais grandiosos desde o mensalão. Meire sabe quem pagou, quem recebeu, quem é corrupto, quem é corruptor. Conheceu de perto as engrenagens que faziam girar a máquina que eterniza a mais perversa das más práticas da política brasileira. A contadora confirma que parlamentares como o deputado André Vargas (PT-PR) e o senador Fernando Collor (PTB-AL) se aliaram ao doleiro em um esquema de lavagem de dinheiro que tinha prefeituras petistas como uma de suas principais fontes de recursos. Ela também relatou como empreiteiras que mantém contrato com estatais e órgãos públicos repassavam dinheiro para o esquema.
A investigação dos negócios de Youssef levou para a prisão um poderoso ex­diretor da Petrobras, revelou detalhes de transações ilícitas tramadas nos gabinetes da estatal e está desatando um nó que amarra empreiteiras acostumadas a pagar "comissões" por contratos milionários a políticos que recebem para garantir que esses contratos se viabilizem. Youssef era o ponto de contato entre esses interesses. Através de uma rede de empresas que só existiam no papel, ele recolhia dinheiro das empreiteiras e repassava parte dele a partidos, políticos e funcionários públicos.
O doleiro e sua equipe de advogados avaliam que não há defesa técnica possível contra as provas que a PF já levantou contra ele, Paulo Roberto Costa (ex-diretor da Petrobras) e cerca de quinze empreiteiras. Segundo a Folha, os advogados avaliam que só restam a Youssef duas alternativas: tentar tirar do caso o juiz Sérgio Moro, linha-dura, ou remover os processos do Paraná, onde a Lava Jato foi deflagrada. As duas hipóteses, porém, são remotas – o Supremo Tribunal Federal já decidiu que o processo seguirá no Paraná. Logo, a delação serviria para, ao menos, reduzir a pena do doleiro, que pode ultrapassar cem anos de prisão. A dificuldade nesse caso é que a credibilidade do doleiro é considerada zero pela Justiça, uma vez que Youssef não revelou tudo o que sabia no caso do Banestado – e ainda descumpriu a promessa feita aos promotores de que não atuaria mais no mercado de câmbio.

Três políticos no bolso de Youssef

“O André Vargas ajudou o Beto a lavar 2,4 milhões de reais. Como pagamento, ele ganhou uma viagem de jatinho. Eu mesma fiz o pagamento”

Deputado André Vargas (sem partido)

“O Beto fez os depósitos para o ex-presidente Collor a pedido do Pedro Paulo Leoni Ramos (ex-auxiliar do senador e também envolvido com o doleiro). Ele guardava isso como um troféu”

Senador Fernando Collor (PTB)

“O Vacarezza precisava pagar dívidas de campanha. Um assessor dele me procurou em 2011 para apresentar um negócio com fundos de pensão no Tocantins”

Deputado Cândido Vacarezza (PT)

No Rio, todos são Dilma. Mas ninguém está com Dilma

Eleições Rio 2014

As alianças partidárias asseguram à presidente-candidata os quatro palanques no Estado. Mas sua presença na campanha nas ruas e na TV é improvável

Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
Dilma Rousseff
CAMPO MINADO – Dilma Rousseff: ela tem todos os palanques, mas não sobe em nenhum (Evaristo SA/AFP/VEJA)
No papel, a presidente-candidata Dilma Rousseff tem palanque nas quatro candidaturas do Estado do Rio de Janeiro neste ano. O arranjo político, teoricamente, a colocaria em vantagem, com aparições frequentes na campanha do terceiro maior colégio eleitoral do país. Mas não foi o que aconteceu até agora e nem deverá ocorrer tão cedo. Os quatro concorrentes ao Palácio Guanabara – Lindbergh Farias (PT), Luiz Fernando Pezão (PMDB), Anthony Garotinho (PR) e Marcelo Crivella (PRB) – não se esforçam pela presidente, que por enquanto não foi citada nos jingles nem em material impresso de campanha.
O Estado fluminense virou um problema para a campanha de Dilma no Sudeste. Na última sondagem feita pelo Ibope, entre os dias 26 e 28 de junho, Dilma tinha 35% das intenções de voto no Rio de Janeiro – à frente do principal adversário, Aécio Neves (PSDB), que marcava 15%, mas em porcentual muito abaixo do esperado pelo PT, que apostava no trunfo de ter quatro candidatos de partidos governistas.
A falta de empenho ds candidatos do PT, PR e PRB ao Palácio Guanabara ganhou mais força porque a presidente-candidata só foi ao Rio neste ano para atos com o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), cujo partido dá apoio majoritário a Aécio. O relacionamento com os outros três candidatos só piorou com a vinda de Dilma ao Rio no dia 24 de julho, para começar a campanha no Estado em jantar com prefeitos organizado por Pezão. No dia seguinte, Rui Falcão, coordenador-geral da campanha de Dilma e presidente nacional do PT, teve de visitar Garotinho, Crivella e Lindbergh para apaziguar os ânimos e prometeu datas de atos conjuntos com cada candidato – até agora indefinidas, embora Garotinho tenha prometido levar Dilma com ele a um restaurante popular em Bangu na próxima sexta-feira.
Pezão é acusado por petistas de fazer "corpo mole" para a campanha da presidente. Afinal, nunca reagiu enfaticamente ao movimento "Aezão", organizado pelo presidente do PMDB no Rio, Jorge Picciani. Tanto Dilma quanto Aécio aparecem no material publicitário de candidatos da coligação de 17 partidos, mas o PMDB promete empenho apenas para o tucano. Curiosamente, Pezão ainda não se mostrou um bom cabo eleitoral para Aécio, já que só 21% dos seus eleitores dizem votar no tucano, enquanto 49% afirmam ue pretendem votar em Dilma, de acordo com cruzamento feito pelo Ibope para o site de VEJA. "Quanto mais nitidez a campanha tiver, a troca de votos vai ser maior. Do PMDB, 90% do material impresso de campanha tem a imagem de Aécio", diz Picciani. Já Pezão nega a falta de empenho: "Não se trata de traição. Eu vou apoiar a presidente Dilma até onde o PT quiser e deixar. Tenho o maior carinho e gratidão por ela", afirmou na última sexta-feira, durante sabatina promovida pela UOL,Folha de S. Paulo e SBT. "Meu partido é o Rio de Janeiro, e a presidente Dilma nos ajudou muito. Tudo que for bom para o Rio de Janeiro eu vou apoiar e me relacionar."
Até no entorno petista o esforço por Dilma é claudicante. Lindbergh nem planeja atos com a presidente. Aposta apenas na presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em eventos e na propaganda televisiva. "Dilma deve aparecer apenas em inserções", diz um estrategista da campanha de Lindbergh. Mesmo com a distância entre os dois, o candidato petista é quem mais transfere votos para Dilma. Isso porque 54% dos eleitores de Lindbergh dizem votar na presidente, segundo o Ibope.
Os interesses se afastaram ainda mais quando o candidato petista, para ganhar tempo de televisão, fechou aliança com o PSB, em chapa com o deputado federal Romário (PSB) para o Senado, o que abriu palanque para Eduardo Campos na base petista regional. O relacionamento entre Dilma e Lindbergh nunca foi dos melhores – ele faz parte da ala do partido que defendeu o "volta, Lula" antes da campanha.
Anthony Garotinho já fez chantagem e ameaçou debandar para a campanha de Campos. Fez circular a versão de que liberaria aliados da obrigação de fazer campanha pela presidente. O ex-governador do Rio já tinha falado em abandonar o barco de Dilma em junho, mas mudou de ideia depois que os ministros Ricardo Berzoini (Relações Institucionais) e Aloizio Mercadante (Casa Civil) atuaram para promover a adesão do recém-criado Pros na sua coligação, o que ampliou seu tempo na campanha eleitoral na televisão.
Dos quatro, Marcelo Crivella é quem mais precisa do apoio da presidente porque sua candidatura não tem partidos aliados e possui apenas 1 minuto e 9 segundos de propaganda na televisão. Segundo o Ibope, ele é o pior cabo eleitoral de Dilma no Estado. Dos eleitores de Crivella, apenas 43% dizem votar em Dilma. O bispo é quem mais transfere votos para Aécio Neves, opção de 22% dos entrevistados. Apesar da promessa de Rui Falcão, não há expectativa de atos de campanha com a presidente no Rio. "A coordenação nacional do PT disse que ia montar um palanque e quem quisesse iria até ela", afirmou o pastor Marcos Pereira, presidente nacional do PRB.

Infiel, PMDB causa saia-justa para Dilma nos Estados

Eleições 2014

Mapa das coligações partidárias no Brasil mostra que PT e PMDB só se aliaram em um dos oito Estados com maior densidade eleitoral

Felipe Frazão
A presidente-candidata Dilma Rousseff e o vice-presidente, Michel Temer: PT e PMDB se afastaram nos Estados-chave para as eleições deste ano
PISANDO EM OVOS – A presidente-candidata Dilma Rousseff e o vice-presidente, Michel Temer: PT e PMDB se afastaram em Estados importantes nas eleições deste ano (Lula Marques/Frame/Folhapress/Folhapress)
Base de sustentação política do governo Dilma Rousseff, a união PT e PMDB, reeditada com a candidatura à reeleição da presidente e seu vice, Michel Temer, repete-se em dez disputas regionais neste ano – não necessariamente nas cabeças de chapa dos Estados. A quantidade é equivalente aos Estados em que o PMDB divide o palanque com o PSDB, do senador Aécio Neves – nove vezes. O PMDB aliou-se ainda ao PSB, do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, em oito Estados. Apesar da igualdade numérica de palanques, os dez Estados em que PMDB e PT se coligaram concentram somente um quarto (25,6%) do eleitorado nacional. As nove unidades da federação onde há aliança PMDB-PSDB reúnem 30,1% dos votos. 
A situação é inversa à da disputa de 2010. Naquele ano, PMDB e PT estiveram na órbita do mesmo candidato em catorze Estados – o dobro de vezes que o PMDB apoiou candidatos tucanos. Na ocasião, aqueles Estados representavam 46,3% do eleitorado, ao passo que a dobradinha PSDB-PMDB concentrava 32,2% do eleitorado.
Um infográfico interativo mostra quais partidos estão na órbita de cada candidato à Presidência da República e aos governos estaduais neste ano. O mapa das coligações também permite, por meio de combinações de siglas, que se descubra quem apoia quem nos Estados e no Distrito Federal. Além da barganha por tempo de TV durante o horário eleitoral gratuito, as coligações locais indicam por qual candidato à Presidência da República os partidos e seus candidatos pedirão votos regionalmente – ao menos de forma oficial.
O cientista político Rui Tavares Maluf, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, pondera, no entanto, que a influência dos palanques regionais no desempenho dos candidatos à Presidência só poderá ser medida durante a campanha. “Num país federativo e grande, muitas vezes se assume que o candidato a governador será uma espécie de cabo eleitoral do candidato a presidente, que tem de se preocupar em buscar voto em todo o país. Mas, de maneira geral, o grau de contribuição fica muito aquém do esperado. Em muitos lugares, o presidente é quem tem de contribuir para o candidato a governador”, diz Tavares Maluf. “De antemão, muito é difícil prever se essas diferenças nas coligações dos Estados em relação à União afetarão o desempenho dos candidatos à Presidência. Por enquanto é um elemento coadjuvante, que poderá assumir maior ou menor importância, dependendo de como a campanha se desenvolverá nos Estados e como cada candidato vai explorar os pontos fracos do adversário.”
Para Segundo Tavares Maluf, o fato de o PMDB ter se aliado à situação quase a mesma quantidade de vezes que se aliou à oposição aponta a falta de identidade programática e ideológica do partido: "O PMDB é um partido dividido, uma somatória de caciques, apesar da marca forte. Depois da morte de seu timoneiro, Ulisses Guimarães, e da saída do grupo que fundou o PSDB, o partido passou a ser uma reprodução das suas seções estaduais, que praticamente só se unem pelo exercício do poder".
Convenção – O racha interno no PMDB que fragmentou o apoio a Dilma ficou mais do que explícito na convenção nacional do partido, quando a repetição da chapa Dilma-Temer foi aprovada por apenas 59% dos peemedebistas – 41% eram contra. Em 2010, a composição entre os partidos teve aprovação de 85% do PMDB. A resistência nos comandos regionais do PMDB é fruto de uma série de dissabores dos caciques do partido com o governo Dilma, sobretudo no Congresso Nacional.
Há casos de peemedebistas em campanha dupla, como no Rio de Janeiro, onde o candidato do PMDB, Luiz Fernando Pezão, promete ceder espaço em seu palanque tanto para Dilma quanto para Aécio – o PSDB integra a chapa do governador. O PT lançou a candidatura própria do senador Lindbergh Farias, apoiado pelo PSB, do presidenciável Eduardo Campos. O cenário já foi classificado como um “bacanal eleitoral” e uma “orgia partidária” por políticos do Estado. As rusgas com o PMDB também prejudicaram a aliança na Bahia, o Estado com maior eleitorado do Nordeste. Depois de cogitar uma candidatura própria, o peemedebista Geddel Vieira Lima decidiu disputar o Senado na chapa do ex-governador Paulo Souto (DEM), palanque de Aécio Neves. Segundo pesquisa Ibope, Souto lidera a corrida. A união entre peemedebistas, democratas e tucanos prejudicou a candidatura petista de Rui Costa, o escolhido pelo governador Jaques Wagner. A Bahia é apenas um exemplo de “infidelidade” do PMDB com o PT nos principais palanques do país.
Estados-chave – Nos oito Estados que tiveram maior peso para decidir as eleições de 2010 (também os maiores colégios eleitorais do Brasil), o PMDB alinhou-se da mesma maneira que o PSDB quatro vezes: Rio de Janeiro, Bahia, Ceará e Pernambuco – que somam 24,4% do atual eleitorado brasileiro. O PT, por sua vez, só conseguiu se ficar ao lado do PMDB em Minas Gerais, o segundo Estado mais importante em participação nas urnas, com 10,6% dos eleitores. O maior colégio eleitoral do país, São Paulo (22,4%) e Paraná (5,5%) são exceções: PMDB, PT e PSDB têm candidatos próprios.
No Rio Grande do Sul, o candidato do PMDB, José Ivo Sartori, ganhou apoio do PSB, para disputar com o governador petista Tarso Genro e a senadora Ana Amélia (PP), apoiada pelos tucanos. Em Pernambuco, o PT apoia o candidato Arnaldo Monteiro (PTB), contra a aliança de Paulo Câmara, candidato do PSB escolhido por Eduardo Campos, mas que agregou o PMDB e PSDB em sua coligação. Os partidos de Campos e Aécio também somaram forças em mais dez palanques.
Tabu – O infográfico também expõe alianças do PT com siglas de oposição a Dilma – o que o partido tentou vetar neste ano. Em março, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, publicou norma que proibia os diretórios estaduais petistas de celebrarem “coligações majoritárias ou proporcionais com PSDB, DEM e PPS”. No entanto, as alianças com os oposicionistas foram avalizadas pelo comando do partido – e a regra, na prática, só valeu para evitar parcerias com o PSDB. Neste ano, petistas e tucanos não compartilham a mesma coligação em nenhum Estado, tampouco no Distrito Federal.
Em prol de candidaturas próprias de seu “parceiro preferencial”, o PMDB, o PT aceitou se alinhar na mesma órbita que partidos de oposição em quatro Estados: ao DEM no Maranhão e no Pará; e ao PPS no Amazonas. PT e DEM também apoiam uma candidatura própria do PSB na Paraíba. Apesar de não ter sido incluído na norma petista, o Solidariedade, partido recém-criado como um satélite da oposição sindical a Dilma, aparece na órbita de dois candidatos próprios do PT: Wellington Dias, no Piauí, e Camilo Santana, no Ceará.

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