segunda-feira 24 2014

Rebaixamento do Brasil reflete pessimismo dos agentes econômicos; lobby do governo para evitar rebaixamento dá errado


A agência de classificação de riscos Standard & Poor’s rebaixou a nota do Brasil de BBB para BBB-. A decisão reflete o pessimismo dos agentes econômicos. Eu explico. Entre os dias 10 e 13 de março, Lisa Schineller, diretora da S&P, esteve no Brasil com a sua equipe, conversando com representantes do setor privado. Uma agência de rating, que avalia a capacidade de pagamento de governos e empresas, analisa os números, os dados técnicos, mas pesam também os fatores, digamos, humanos, políticos. Se há uma crença generalizada de que o governo vai fazer tudo certo, ainda que os números não estejam muito bons, a tendência é adiar o rebaixamento na expectativa de uma melhora. Se, ao contrário, a maioria aposta que o governo vai fazer tudo errado, então os números negativos apressam o rebaixamento.
Foi o que aconteceu. Lisa e sua equipe colheram dos agentes econômicos do setor privado as piores impressões. Pouca gente confia no governo, e esse é um problema grave.
O que é a chamada “classificação de risco”? As agências avaliam se há a possibilidade de o país em questão dar calote na sua dívida. Quando conclui que não há, o país passa para a categoria de “grau de investimento”. Ocorre que, dentro dessa categoria positiva, há 10 níveis: o menor bom nível da S&P é BBB- e o maior é AAA. Quanto mais alto estiver o país, menos juros ele paga para financiar suas operações no mercado internacional.
O Brasil estava, segundo a classificação da S&P, no penúltimo dos bons degraus: BBB. Agora, passou para BBB-. Qual é o risco? Abaixo do BBB-, já se entra no grupo dos maus pagadores, que é chamado “Grau especulativo”. Também nesse grupo há degraus: no caso, são 11. O melhor dos piores é “BB+”. O pior dos piores é “C”. Segundo a Standard&Poor’s, o governo brasileiro está perdendo margem de manobra e está mais exposto a choques externos. Escreve a S&P: “A perspectiva de baixo crescimento reflete fatores cíclicos e estruturais, incluindo o nível de 18% de investimentos em relação ao PIB e a desaceleração no mercado de trabalho. Combinados, esses fatores configuram a capacidade reduzida de manobra do governo no caso de choques externos”.
As agências de classificação de risco caíram em certo descrédito depois de 2008, com a crise das hipotecas nos EUA. Não sem razão. Por isso mesmo, elas têm sido mais rigorosas em suas avaliações. O governo tem recorrido a uma verdadeira guerra de propaganda para tentar evitar rebaixamentos da agências. Até o ex-ministro Delfim Netto, que já foi um saco de pancada do petismo no passado, entrou em campo.
Delfim chegou a afirmar na semana retrasada, logo depois da passagem de Lisa pelo Brasil, que estava convicto de que a Standard & Poor’s não rebaixaria o Brasil porque o país faria o superávit de 1,9% do PIB e porque, segundo disse, a presidente Dilma teria mudado, estando disposta a corrigir os preços dos combustíveis e da energia elétrica, o que levaria a uma redução do consumo, afastando o risco de apagão.
Parece que os representantes da S&P que andaram por aqui, a exemplo dos representantes do setor privado, estavam bem menos otimistas do que Delfim. No ranking da S&P, agora, o Brasil está a um nível do grau especulativo. A gente pode fazer uma de duas coisas: xingar as agências ou torcer para o governo arrumar as contas. Prefiro a segunda opção.

Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/rebaixamento-do-brasil-reflete-pessimismo-dos-agentes-economicos-lobby-do-governo-para-evitar-rebaixamento-da-errado/

S&P rebaixa nota de crédito do Brasil para BBB-

Cenário

Rebaixamento decorre da deterioração fiscal, mas ainda não significa a perda do grau de investimento

Fachada da Standard & Poor's, em Nova Iorque. A agência de risco vê chances de novo rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos - 06/08/2011
S&P: contabilidade criativa e falta de compromisso com a meta fiscal levaram à queda da nota (Stan Honda/AFP)
A agência de classificação de risco Standard and Poor's cortou a nota da dívida soberana brasileira para BBB-, de BBB. Segundo nota divulgada pela agência, "as ações contraditórias do governo, com implicações negativas para as contas públicas e a credibilidade da política econômica, somada às estimativas de desaceleração nos próximos dois anos, continuam a limitar a alternativas e o desempenho da economia brasileira". A agência havia alterado para "negativa" a perspectiva da nota brasileira em junho do ano passado — e, desde então, o mercado especulava sobre o rebaixamento.
Na prática, a redução da nota de um país pelas agências de classificação de risco significa que seu acesso a crédito será menor e que os juros que paga serão maiores. O mercado, contudo, não espera que o Brasil tenha portas fechadas no curto prazo. "A nota do Brasil continua sendo a mais alta entre as de todas as grandes economias emergentes. No atual cenário global, é um país que ainda vale o risco para os investidores. O que a S&P fez hoje não mudará essa situação, na nossa avaliação", afirma Tony Volpon, economista-chefe da área de mercados emergentes do banco Nomura .
A S&P reduziu a nota de crédito em moeda estrangeira de BBB para BBB-, enquanto a nota em moeda local caiu de A- para BBB+. Após o rebaixamento, a agência mudou a perspectiva de nota para "estável", o que significa que um novo rebaixamento não deve ser feito no curto prazo. A queda da nota do Brasil ainda não implica a perda do grau de investimento, contudo, coloca o país a apenas um passo de distância da categoria especulativa. A nota da S&P estava em BBB+ desde novembro de 2011.
O rebaixamento se deve, sobretudo, à combinação de "derrapagem fiscal, perspectiva de execução fiscal fraca nos próximos anos, capacidade limitada de ajustes devido às eleições de outubro e certa piora das contas externas". Tais fatores, ligados essencialmente aos gastos públicos, são exacerbados pelas fracas perspectivas de crescimento econômico, diz a S&P.
A agência de classificação de risco apontou ainda como problema a perda de credibilidade na condução da política fiscal, em específico devido ao uso da contabilidade criativa. "O governo extirpou vários itens de gasto e receita da meta fiscal, além de diminuir essa meta ao longo do tempo." O uso dos bancos estatais, financiados por fundos do Tesouro Nacional, também foi determinante para minar a credibilidade do governo, disse a S&P. 
Relatório do banco Goldman Sachs publicado logo após o rebaixamento afirma que a rapidez com que a nota foi cortada depois da última visita da S&P ao Brasil, no início do mês, mostra que a agência de risco não encontrou sinais convincentes de que a política econômica brasileira evolui no sentido da maior transparência. "A chegada da Copa do Mundo e a proximidade das eleições em outubro acentuaram a necessidade de uma ação mais rápida da S&P", escreveu o economista do banco americano Alberto Ramos, em nota divulgada ao mercado.

ANTES DE 1964 JÁ EXISTIA TENTATIVA DE GOLPE COMUNISTA - OLAVO DE CARVALH...





NA VEJA DESTA SEMANA 2 – Lembram-se da SBM, a tal empresa holandesa acusada de pagar propina a funcionários da Petrobras? Pois é… Há mais uma história do balacobaco

Veja.Com

Leiam o que informam Alana Rizzo e Pieter Zallis, na VEJA desta semana:A Petrobras pagou 17 milhões de dólares à SBM, empresa holandesa acusada de dar propina para conseguir contratos bilionários com a petroleira, como reembolso por um serviço que não estava previsto em contrato. Os detalhes do acordo extrajudicial estão em documentos sigilosos a que VEJA teve acesso. O pagamento foi defendido pelo diretor de engenharia da Petrobras, José Antônio de Figueiredo, e as negociações entre as duas empresas foram intermediadas pelo engenheiro e lobista Julio Faerman. Os dois são citados em uma denúncia publicada na Wikipedia por um ex-executivo da SBM, que apontou o envolvimento da empresa em esquemas de corrupção em sete países. As denúncias estão sendo investigadas agora por órgãos oficiais dos Estados Unidos e da Europa. Nelas, Figueiredo é citado como facilitador de negócios para a SBM na Petrobras. Faerman, que tinha contratos de consultoria com a empresa holandesa, seria o responsável por pagar a propina a diretores da estatal. No total, a SBM tem mais de 9 bilhões em contratos com a Petrobras.
O caso do reembolso mostra pela primeira vez detalhes da atuação da dupla. Em 2008, a SBM exigiu da Petrobras a devolução do dinheiro gasto para resolver um problema de incrustação nos oleodutos de uma plataforma de exploração de petróleo na camada de pré-sal alugada à estatal por 1,9 bilhão de reais — a FPSO Capixaba. O aluguel dessa plataforma, ancorada no litoral do Espírito Santo, foi uma das grandes vitórias de Faerman como consultor da SBM. Esse tipo de incrustação é resultado de um processo químico que resulta no acúmulo de sais numa superfície. No caso das plataformas, é formado pela união, no momento da extração de petróleo, de dois tipos de água: a do mar e a chamada “água de formação”, que fica retida nas rochas onde está o óleo. O acúmulo desses sais compromete (em casos extremos pode interromper) o escoamento de óleo, da mesma forma que o colesterol das artérias dificulta a circulação de sangue.
Não se trata de um problema raro. Incomum foi o encaminhamento que ele recebeu. Em ao menos três plataformas sob responsabilidade da Petrobras em que um caso semelhante ocorreu — a FPSO Rio das Ostras, da norueguesa Teekay Petrojarl, a FPSO Rio de Janeiro, da japonesa Modec, e a FPSO Brasil, da própria SBM a operação de limpeza das incrustações foi custeada pela empresa dona da plataforma, e não pela estatal. Além disso, no contrato original firmado em 2005 entre a Petrobras e a SBM, a responsabilidade por manter a planta “em condições normais de operação” cabia à companhia holandesa.
Ainda assim, o pagamento pelos danos causados pela incrustação acabou sendo bancado pela Petrobras. Isso só foi possível graças à inclusão no contrato de um aditivo que estabeleceu expressamente que a estatal deveria arcar com os custos do problema. O aditivo foi apresentado por Figueiredo, como mostram documentos a que VEJA teve acesso.
Em outubro de 2010, o atual diretor de engenharia da Petrobras assinou um documento de oito páginas defendendo a ideia de que a estatal fizesse um acordo extrajudicial para o reembolso à SBM em caso de remoção de incrustações, sob a alegação de que a empresa “não teve a oportunidade de incluir em seu preço os serviços e produtos pelos quais agora busca ressarcimento”. Esse documento foi enviado diretoria executiva da Petrobras. Em 10 de novembro de 2010, o caso foi levado em reunião pelo diretor Guilherme Estrella, e a diretoria aprovou o acordo. Com isso, a estatal autorizou o pagamento à SBM de 17 milhões de dólares. O depósito foi feito no exterior, outro pleito da SBM atendido pela Petrobras. Faerman, como representante da empresa holandesa, era quem estava à frente da negociação, corno mostram e-mails que trocou com funcionários da estatal. O tema também foi discutido em uma reunião entre as duas empresas realizada em Singapura.
Procurada por VEIA, a Petrobras não se manifestou. O lobista e a empresa holandesa, que romperam relações há dois anos, não quiseram se pronunciar. Em anúncio publicado em jornais na semana passada, Faerman afirma ser inocente das acusações e se compara a Joseph K., o personagem principal do romance O Processo, de Franz Kafka, que acaba executado sem nunca ter descoberto o crime de que era acusado. Não é uma comparação devida. As acusações contra Julio F. correm em órgãos oficiais e à luz do dia. E, diferentemente do que ocorreu com o protagonista de Kafka, os eventos indicam que labirintos são um ambiente bastante familiar para ele.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

Dilma chama Petrobras de 'carne de pescoço'






Observem com que energia ela fala, com que convicção, com que sabedoria. Vocês viram, na licitação do campo de Libra, quanta gente estava interessada no nosso “filé-mignon”…
Uma Petrobras rebaixada, endividada e encalacrada num modelo de exploração do pré-sal que lhe impõe um custo com o qual não pode arcar é, sem dúvida, uma obra inequívoca do PT. As barbaridades maiores foram cometidas, sim, na gestão Lula, mas não se pode esquecer de que a gerentona do setor de energia era Dilma.
Para encerrar: tentou-se fazer um enorme escarcéu com os delírios de Edward Snowden e Glenn Greenwald, segundo os quais o governo americano teria espionado segredos da Petrobras. Escrevi, então, que não havia mal que os gringos pudessem fazer à empresa que os governantes brasileiros não fariam, algumas vezes multiplicado, por sua própria conta.
Eis aí.
Ah, sim: no que deu a tal autossuficiência? O déficit da conta petróleo em 2013 foi de US$ 20,277 bilhões. Lula só sujou as mãos daquele jeito porque não conseguiu resistir.

Por Reinaldo Azevedo Veja.Com

Veja.Com - Direção da Petrobras omitiu cláusulas do conselho, isso é um fato! A questão é saber por que Dilma esperou 7 anos para fazer a primeira demissão e por que não tomou providências nem como ministra nem como presidente. Ou: A compulsão para sujar as mãos


Veja.Com

É preciso lembrar sempre destas fotos.
Lula mãos sujas 3

Lula mãos sujas 4
Volto a elas mais tarde.
Já não há mais dúvida, a ata veio a público, e parte da operação desastrosa, que levou a Petrobras a comprar 50% da refinaria de Pasadena, nos EUA, está esclarecida: em 2006, a direção executiva da Petrobras omitiu do Conselho de Administração da empresa, presidido por Dilma Rousseff, as cláusulas Marlim e “Put Option” do contrato com a empresa belga Astra Oil: a primeira garantia aos belgas um rentabilidade de 6,9% ao ano, pouco importava o resultado da refinaria, e a segunda obrigava a Petrobras a comprar os outros 50% no caso de haver desentendimento entre os sócios.
Que tipo de gente é essa que garante a um sócio 6,9% de rentabilidade independentemente do desempenho do empreendimento? A Petrobras se comportou como um banco de investimento como não há em lugar nenhum do mundo: vende rentabilidade sem risco, com juros prefixados, independentemente das condições de mercado. É claro que não poderia dar em outra coisa. Some-se a isso a obrigatoriedade de a empresa comprar os outros 50% da refinaria, e o resultado é aquele que já sabemos: um prejuízo de US$ 1,18 bilhão.
Quando se diz que o “eu não sabia” de Dilma não se justifica, já escrevi aqui e volto a fazê-lo, não se está a falar da conselheira Dilma Rousseff, mas da ministra da Casa Civil, que era, inequivocamente, a chefe do setor energético brasileiro. Era ela quem dava as cartas — era, afinal de contas, a mãe do PAC.
Sem que a Petrobras pudesse garantir a rentabilidade, a Astra jogou o contrato na mesa já em 2007 e pediu que se aplicasse a cláusula “Put Option”, já que a “Marlim” não estava sendo respeitada, e a Petrobras não estava oferecendo os tais 6,9% de rentabilidade. Os belgas queriam impor à empresa brasileira a compra da outra metade. De fato, o assunto foi parar no Conselho, e a conselheira e ministra Dilma Rousseff decidiu que era o caso de enfrentar a Astra na Justiça. Assim, a agora presidente tinha ciência das barbaridades desde 2007. Sobra a pergunta óbvia: por que não fez nada?
Quem preparou as justificativas técnicas para a compra da refinaria de Pasadena foram o então diretor da Área Internacional, Nestor Cerveró, e Paulo Roberto Costa, que era diretor de Refino e Abastecimento. É aquele senhor que foi preso pela PF na Operação Lava-Jato, que apura a lavagem de dinheiro no valor de R$ 10 bilhões. Gente fina! Se Dilma sabia de tudo desde 2007, por que Cerveró e Costa continuaram na empresa? Atenção! O ex-diretor que agora está preso — e não foi por causa do rolo de Pasadena — só deixou a Petrobras em março de 2012, há meros dois anos. Cerveró migrou para a direção financeira da poderosa BR Distribuidora.
Dilma não tomou iniciativa para investigar a lambança quando presidia o conselho e não o fez também depois de presidente da República, quando a Petrobras se viu obrigada pela Justiça americana a comprar, sim, a outra metade da refinaria por US$ 820,5 milhões, que se somaram aos US$ 360 milhões que já haviam custado os primeiros 50% da empresa.
A Petrobras virou o símbolo da atuação desastrada e desastrosa do lulo-petismo. Em 2010, a empresa estava avaliada pelo mercado em R$ 380 bilhões; hoje, vale R$ 179 bilhões — um tombo de mais de R$ 200 bilhões. Era a 12ª maior empresa do mundo; hoje, é a 120ª.
Um pouco de memória
No dia 4 de outubro do ano passado, publiquei aqui um post sobre os problemas enfrentados pela Petrobras. Um deles era justamente a refinaria de Pasadena.
Nos 11 anos e três meses de gestão petista, muito especialmente nos oito em que Lula esteve à frente do governo, nenhuma área do governo — ou empresa estatal — teve uma gestão tão arrogante, tão autoritária e, ao mesmo tempo, tão ineficiente como a Petrobras — e olhem que não se está falando exatamente de uma estatal. Como se sabe, trata-se de uma empresa de economia mista. Os desacertos foram se acumulando. Em vez de dar explicações quando confrontado com os problemas, o petista José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da gigante, demitido pela presidente Dilma em janeiro de 2012, respondia com grosserias e desaforos.
No seu aniversário de 60 anos, em 2013, a Petrobras teve duas péssimas notícias: 1) a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou as notas de crédito da estatal de A3 para Baa1 em razão do elevado endividamento (e, nesse particular, o governo Dilma tem uma parcela enorme de responsabilidade); 2) segundo relatório do TCU, o atraso na entrega do Complexo Petroquímico de Itaboraí (Comperj), no Rio, pode gerar um prejuízo para a empresa de R$ 1,4 bilhão.
A Petrobras encerrou 2010 devendo R$ 118 bilhões; no começo deste 2014, a dívida já se aproximava dos R$ 300 bilhões. Parte desse rombo decorre de a empresa importar gasolina a um preço superior ao de venda no mercado interno. Como a economia degringolou, é preciso segurar o preço dos combustíveis para que a inflação não dispare.
E então voltamos às fotos. No dia 21 de abril de 2006, durante a inauguração da Plataforma P 50, em Campos, Lula repetiu o gesto de Getúlio Vargas, em 1952, e sujou as mãos de petróleo. O populista do passado marcava o início da extração no Brasil; o petista comemorava a suposta autossuficiência do Brasil. Pois é…
Na gestão petista, a Petrobras, que nunca foi exatamente um exemplo de transparência, transformou-se, de fato, numa caixa-preta. Exemplos escandalosos de má gestão e de uso político da empresa foram se acumulando. Em 2006, por exemplo, o presidente da Bolívia, Evo Morales, tomou duas refinarias da Petrobras no país — de arma na mão. Se a empresa recebeu alguma compensação justa, ninguém sabe, ninguém viu Nem por isso o índio de araque deixou de ser um aliado e, na expressão de Lula, “um querido”. Também em 2006, a Petrobras resolveu comprar a tal refinaria de Pasadena.
Evo Morales toma refinaria da Petrobras com armas na mão e ainda põe uma faixa: "Agora é nossa". O governo brasileiro engoliu e ainda emprestou dinheiro pra ele
Evo Morales toma refinaria da Petrobras com armas na mão e ainda põe uma faixa: “Agora é nossa”. O governo brasileiro engoliu e ainda emprestou dinheiro pra ele
Acima, vão algumas das evidências de que a Petrobras foi mergulhando numa rotina de má governança. Não para por aí: com a mudança do regime de exploração do petróleo de concessão para partilha, no caso do pré-sal, a empresa é obrigada a ser sócia das explorações, o que lhe impõe pesados investimentos. Como investir se enfrenta um grave problema de caixa, que vai se agravar nos próximos anos, segundo a Moody’s?
Complexo Petroquímico
A Petrobras deveria ter inaugurado em setembro do ano passado o Complexo Petroquímico de Itaboraí, no Rio. A previsão, agora, é que o empreendimento seja entregue só em agosto de 2016 — com quatro anos de atraso. Segundo o Tribunal de Contas da União, isso acarretará um prejuízo de R$ 1,4 bilhão. A obra, inicialmente orçada em R$ 19 bilhões, não ficará por menos de R$ 26,6 bilhões.
Entre os motivos do atraso, o tribunal aponta irregularidades na instalação das tubulações, que ficou a cargo de uma empresa chamada MPE. Só essa parte da obra foi orçada em R$ 730 milhões. O cadastro da MPE nos arquivos da empresa não recomendava a sua contratação. Mesmo assim, na licitação, ela venceu as concorrentes, embora tenha apresentado um sobrepreço, em relação às outras, de R$ 162 milhões.
O PT foi fundo na impostura, e a Petrobras serviu ao uso eleitoreiro mais descarado. Em dezembro de 2009, Gabrielli teve a cara de pau de conceder uma entrevista afirmando que FHC havia tentado privatizar a Petrobras. Trata-se de uma mentira escandalosa, escancarada, vergonhosa. Nunca houve, INFELIZMENTE, nenhuma iniciativa de governo nenhum nesse sentido. Já seria um despropósito que o presidente de uma empresa mista, nomeado pelo governo, fizesse proselitismo eleitoral. Fazê-lo com mentiras era ainda pior. Ficou por isso mesmo.
Já candidata, durante o debate eleitoral, em 2010, Dilma insistiu naquela cascata de Lula de que o pré-sal era o “bilhete premiado”. Acusou José Serra, seu adversário tucano, que criticou o modelo da partilha porque impunha pesados desembolsos à Petrobras, de estar querendo entregar o “filé-mignon” para os estrangeiros. E chamou, então, 57 anos de história da Petrobras de “carne de pescoço”. Vejam o filme.


Observem com que energia ela fala, com que convicção, com que sabedoria. Vocês viram, na licitação do campo de Libra, quanta gente estava interessada no nosso “filé-mignon”…
Uma Petrobras rebaixada, endividada e encalacrada num modelo de exploração do pré-sal que lhe impõe um custo com o qual não pode arcar é, sem dúvida, uma obra inequívoca do PT. As barbaridades maiores foram cometidas, sim, na gestão Lula, mas não se pode esquecer de que a gerentona do setor de energia era Dilma.
Para encerrar: tentou-se fazer um enorme escarcéu com os delírios de Edward Snowden e Glenn Greenwald, segundo os quais o governo americano teria espionado segredos da Petrobras. Escrevi, então, que não havia mal que os gringos pudessem fazer à empresa que os governantes brasileiros não fariam, algumas vezes multiplicado, por sua própria conta.
Eis aí.
Ah, sim: no que deu a tal autossuficiência? O déficit da conta petróleo em 2013 foi de US$ 20,277 bilhões. Lula só sujou as mãos daquele jeito porque não conseguiu resistir.
Texto publicado originalmente às 4h21
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/