terça-feira 12 2013

Deputados vão questionar no Supremo eleição de pastor


Direitos Humanos

Mandado de segurança pedirá a anulação da votação que levou Marcos Feliciano à presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara

Marcela Mattos, de Brasília
O deputado federal e pastor Marco Feliciano (PSC-SP) é eleito presidente da CDH (Comissão de Direitos Humanos e Minorias) da Câmara dos Deputados
Se Feliciano continuar no cargo, deputados pretendem montar comissão paralela (Lula Marques/Folhapress)
Um grupo de deputados do PT, PSOL e PSB, contrários à eleição de Marco Feliciano (PSC-SP) para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, vão entrar com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a anulação da sessão que elegeu o pastor, na última quinta-feira. A decisão foi tomada nesta manhã, durante reunião convocada para discutir os rumos da comissão e avaliar a criação de uma Frente Parlamentar de Direitos Humanos na Câmara. Os deputados também decidiram entrar com uma representação na Mesa Diretora da Casa.

A ação, prevista para ser protocolada no STF ainda nesta tarde, alega que a votação não cumpriu os preceitos do regimento interno da Casa e da Constituição Federal. Após ter falhado a primeira tentativa de realização do pleito, na última quarta-feira, devido aos protestos e tumultos dentro do plenário, o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves, convocou uma sessão reservada para o dia seguinte e barrar a entrada dos manifestantes. De acordo com os parlamentares, só há a possibilidade de manter a sessão a portas fechadas em caso de guerra ou quando a própria comissão determinar.

Além da questão regimental, os parlamentares não escondem o descontentamento com a eleição de Feliciano, criticado por partidos de esquerda e pelo movimento LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) por declarações consideradas racistas e homofóbicas. Domingos Dutra (PT-MA), ex-presidente da comissão que se retirou da sessão antes do início da votação de Feliciano, afirma que a situação já tomou dimensões maiores do que a eleição do presidente do Senado, Renan Calheiros. “Esse fato não se resume ao indicado, ao PSC. Diz respeito à Câmara Federal, a Mesa tem de se posicionar”, avaliou. “Esta presidência, com tudo o que ela representa, é a morte da própria comissão”, continuou Erika Kokay (PT-DF). 
A reunião também deliberou outras ações para tentar impedir a posse de Marco Feliciano. Ainda nesta tarde, os parlamentares vão entrar em contato com líderes partidários para que o tema seja levado à reunião de colégio de líderes. Será questionada, ainda, a proporcionalidade do PSC dentro da comissão, formada por cinco parlamentares correligionários após PSDB, PMDB e PP terem cedido suas vagas.

Protestos – Desde que foi divulgada a possibilidade de o pastor assumir a presidência do colegiado, uma série de protestos foram realizados pelo Brasil. Neste fim de semana, houve manifestações em diversas cidades do país pedindo para que Feliciano abandone o cargo. Além disso, uma petição contra Feliciano já conta com mais de 364.000 assinaturas. O mesmo site recolhe votos favoráveis ao pastor, mas a aceitação é baixa: não chega a 3.000 assinaturas.

Diante da insatisfação com a eleição do pastor Feliciano, o líder do PSC, André Moura (SE), convocou uma reunião com a bancada, a ser realizada nesta tarde, para discutir a possibilidade de nomear outro deputado para comandar a comissão. “Sinto que é preciso dialogar. Temos plena confiança de que deputado Feliciano desempenhará o cargo com eficiência e respeito a todas as correntes de opinião. Contudo, a Câmara dos Deputados e o PSC precisam estar em sintonia com o sentimento da sociedade brasileira”, afirmou. 

Roger Waters & Eddie Vedder


“É muita gentileza para nós
Caso gentileza seja arquivada juntamente com empatia
Nós sentimos pela criança
Cada vez que uma bomba inteligente faz sua mira e erra
Filho de outra pessoa morre em ações de aumento de defesa
América, América, por favor nos ouve quando chamamos
Você tem hip-hop, be-bop agitação, e agitação
Você tem Atticus Finch
Você tem Jane Russell
Você tem a liberdade de expressão
Você tem grandes praias, sertões e centros comerciais
Não deixe o poder, a direita cristã, foda-se tudo
Para você e para o resto do mundo “
Roger Waters

Na Noruega, programa de TV sobre lenha acende paixões


Por Sarah Lyall- The New York Times News Service/Syndicate
Oslo, Noruega – O programa de televisão sobre lenha consistia, em grande parte, de pessoas vestidas com parcas conversando e cortando lenha na floresta, e depois mais oito horas de fogo queimando numa lareira. Mesmo assim, logo depois de começar, no horário nobre numa sexta-feira em fevereiro, as respostas furiosas começaram a chegar.

Na Noruega, programa de TV sobre lenha acende paixões
Oslo, Noruega – O programa de televisão sobre lenha consistia, em grande parte, de pessoas vestidas com parcas conversando e cortando lenha na floresta, e depois mais oito horas de fogo queimando numa lareira. Mesmo assim, logo depois de começar, no horário nobre numa sexta-feira em fevereiro, as respostas furiosas começaram a chegar.
'Nós recebemos cerca de 60 mensagens de texto de pessoas reclamando do empilhamento do programa', disse Lars Mytting, cujo best-seller 'Solid Wood: All About Chopping, Drying and Stacking Wood – and the Soul of Wood-Burning' ('Madeira sólida: tudo sobre como cortar, secar e empilhar madeira – e a alma da queima de madeiras') inspirou o programa. 'Cinquenta por cento reclamaram que a casca da árvore estava virada para cima, e o resto reclamou que a casca estava virada para baixo.'
Ele explicou: 'Uma coisa que realmente divide a Noruega é a casca da árvore'.
Uma coisa que não divide a Noruega, aparentemente, é seu amor pelas conversas sobre a madeira norueguesa. Quase 1 milhão de pessoas, ou 20 por cento da população, sintonizaram o canal durante algum ponto do programa, que foi ao ar pela emissora estatal, a NRK.
Segundo Rune Moeklebust, diretor dos programas da NRK na cidade de Bergen, na costa oeste, em um país onde 1,2 milhão de famílias têm lareiras ou fogões a lenha, o assunto naturalmente se presta à televisão.
'Meu primeiro pensamento foi: 'bem, porque não fazer uma série de TV sobre lenha?'', Moeklebust disse em uma entrevista. 'E isso acabou se transformando em um programa de 12 horas, com quatro delas de produção comum de televisão, e depois mais oito horas de uma cena de lareira queimando ao vivo.'
Lars Mytting, whose best-selling book "Solid Wood: All About Chopping, Drying and Stacking Wood — and the Soul of Wood-Burning" inspired a TV program on the topic, in Elverum, Norway, Feb. 19, 2013. Nearly a million people, or 20 percent of the population, tuned in at some point to the program, which aroused passions from commenters. (© Kyrre Lien/The New York Times)
Lars Mytting, whose best-selling book "Solid Wood: All About Chopping, Drying and Stacking Wood — and the Soul of Wood-Burning" inspired a TV program on the topic, in Elverum, Norway, Feb. 19, 2013. Nearly a million people, or 20 percent of the population, tuned in at some point to the program, which aroused passions from commenters. (© Kyrre Lien/The New York Times)
Não há dúvidas de que isso seja um assunto popular. 'Solid Wood' passou mais de um ano na lista de best-sellers de não ficção na Noruega. As vendas, até agora, passam de 150 mil cópias – o equivalente, pela porcentagem da população, a 9,5 milhões nos Estados Unidos – não muito abaixo dos números da versão norueguesa de E.L. James de 'Cinquenta Tons de Cinza', prova de que a emoção se dá de muitas maneiras.
'Noite Nacional da Lenha', como foi chamado o programa, começou com a apresentadora Rebecca Nedregotten Strand prometendo 'tentar chegar ao coração da cultura norueguesa da lenha – já que a lenha é a base de nossas vidas'.
Várias pessoas discutiram seu significado histórico e pessoal. 'Estaremos serrando, separando, empilhando e queimando', disse Nedregotten Strand.
Mas a verdadeira diversão chegou quando a ação passou, quatro horas depois, para uma lareira em uma fazenda de Bergen.
Seria muita ignorância confundir a extravagância de oito horas de lareira com a tora exibida nos Estados Unidos no Natal.
Enquanto a tora de Natal tira proveito de uma repetição constante, o fogo na 'Noite Nacional da Lenha' queimou a noite toda, em formas improvisadas e cheias de suspense. Madeiras frescas foram colocadas ao longo do tempo por uma fotógrafa da NRK chamada Ingrid Tangstad Hatlevoll, ajudada por telespectadores que mandavam dicas pelo Facebook sobre onde exatamente posicioná-las.
Durante a maior parte do tempo, o único som vinha do fogo. O rosto de Hatlevoll não apareceu na tela em nenhum instante, mas, ocasionalmente, suas mãos podiam ser vistas colocando toras na lareira, ou esquentando salsichas e marshmallows em gravetos.
'Eu não conseguia dormir de tão empolgada', disse uma espectadora chamada niesa36 no site do jornal Dagbladet. 'Quando vão colocar mais toras? Bem antes de eu conseguir me afastar, eles devem ter aberto um pouco o cano da chaminé, porque bem na hora as chamas foram um pouco mais alto.'
'Não estou sendo irônica', continuou a espectadora. 'Por alguma razão, essa transmissão foi muito relaxante e muito emocionante ao mesmo tempo.'
Para ser sincera, o programa não foi universalmente aclamado. No Twitter, um espectador chamado Andre Ulveseter disse: 'Fui jogar uma tora no fogo, me atrapalhei, e a arrebentei direto na TV'.
Mas Derek Miller, americano expatriado e autor do romance 'Norwegian by Night', disse que a transmissão apelou para a nostalgia norueguesa por uma vida mais simples, assim como demonstrou a importância da lenha em suas vidas.
'A ideia de criar calor, tanto simbólica quanto literalmente, para compartilhar conversas, comida, silêncio, é essencial para a identidade norueguesa', disse ele em entrevista.
'Solid Wood', o título do livro de Mytting, tem duplo significado em norueguês, podendo também significar uma pessoa com um caráter forte e fidedigno. Sua publicação parece ter dado aos homens noruegueses mais velhos, um grupo tradicionalmente reservado, permissão para revelar seus pensamentos mais profundos enquanto aparentemente discutem sobre lenha. Dessa forma eles se assemelham muito aos pescadores apaixonados que despertam de interlúdios monossilábicos por assuntos como qual mosca usar e como realmente entender o que uma truta está pensando.
'O que eu aprendi é que você não deveria perguntar a um norueguês o que o atrai na lenha, mas como ele a empilha – por que é assim que ele vai se revelar', disse Mytting. 'Você pode dizer muito sobre uma pessoa pelo modo como ela empilha lenha.'
O livro se mostrou particularmente popular como presente para homens que não são fáceis de agradar.
'As pessoas os compram para seus pais, tios: 'Eu não sei o que dar a ele, mas ele sempre gostou de madeira'', disse William Jerde, funcionário da livraria Tanum, no centro de Oslo.
Tobias Sederholm, funcionário de outra loja, disse que um cliente apareceu depois do Natal tendo recebido exemplares de diferentes membros da família.
Petter Nissen-Lie, de 44 anos, um advogado de Oslo que todas as manhãs antes do café da manhã acende uma lareira com madeira que ele mesmo cortou, disse entender perfeitamente o que era todo aquele bochicho.
Outro dia, disse ele, um de seus três machados quebrou na sua casa de férias nas montanhas, e ele o levou de volta à loja onde o havia comprado uma década antes. Quando tentou pagar pelos reparos, ele disse, o comerciante declarou que 'esse tipo de coisa não deveria acontecer com nossos machados', e insistiu em fazer o serviço de graça.
'É muito importante para esse homem vender machados de qualidade', Nissen-Lie disse em uma entrevista.
De que lado fica Nissen-Lie na importante questão sobre a casca da árvore em uma pilha de madeiras?
'Eu gosto de deixar a casca da árvore para baixo', explicou ele, resumidamente. 'Esse é o jeito como aprendi com o meu avô, e eu acredito que fique a lenha fique mais seca desse jeito. Mas eu respeito o fato de que existam diferentes formas de fazer isso – e, basicamente, a coisa mais importante a saber é quanto ar deixar entre as toras.'
The New York Times News Service/Syndicate – Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times.

Cinco dias no escritório é tempo demais


Por Prerna Gupta- The New York Times News Service/Syndicate

Trabalhei em casa durante a maior parte da minha vida profissional. A liberdade de trabalhar fora de um escritório tradicional foi uma das principais razões pelas quais deixei o mundo corporativo oito anos atrás, aos 23 anos de idade, para inaugurar minha empresa de software.

Cinco dias no escritório é tempo demais
Trabalhei em casa durante a maior parte da minha vida profissional. A liberdade de trabalhar fora de um escritório tradicional foi uma das principais razões pelas quais deixei o mundo corporativo oito anos atrás, aos 23 anos de idade, para inaugurar minha empresa de software.
A ideia de que todos os funcionários precisam estar no mesmo lugar durante oito horas por dia, cinco dias por semana, me parece enlouquecedora e ineficiente. Eu sabia que atingia meu pico de produtividade em determinadas horas do dia, com baixas regulares entre elas. A flexibilidade de determinar quando e onde trabalho sempre me tornou uma trabalhadora melhor.
Mas à medida que minha empresa crescia, tive uma surpresa: comecei a me sentir atraída pelo escritório. Enquanto funcionária, ainda não queria passar meu dia todo lá. Mas no papel de empregadora, queria garantir que todos os meus funcionários trabalhassem de forma eficaz. Exigir que todos passassem ao menos alguns dias da semana no escritório me parecia a forma mais fácil de fazer isso. Também compreendi o valor das conversas que surgem quando as pessoas estão fisicamente juntas em uma sala.
Quando soube que Marissa Meyer, executiva chefe do Yahoo, proibiu os funcionários de trabalharem em casa, meu primeiro pensamento foi: "Ainda bem que não trabalho no Yahoo". Contudo, entendo porque ele se sentiu forçada a colocar a política em prática, ao menos por enquanto. Ela está a cargo de uma empresa gigantesca que se tornou famosa por seu inchaço. Talvez seja exatamente disso que o Yahoo precisa para voltar aos trilhos. A questão é saber se essa política será capaz de aumentar a produtividade em longo prazo.
A noção de que todo mundo precisa estar no escritório cinco dias por semana nos faz lembrar de um tempo em que os funcionários não possuíam as ferramentas necessárias para trabalhar em casa. Porém, agora vivemos em um mundo completamente diferente: uma vez que a tecnologia fez com que os funcionários se tornassem acessíveis 24 horas por dia, os patrões passaram a esperar que fizessem hora extra; sob diversos aspectos, a jornada de 40 horas se tornou um anacronismo.
O Yahoo argumentou no anúncio da nova política que "algumas das melhores decisões e insights ocorrem nos corredores e lanchonetes, quando se conhecem pessoas novas e durante reuniões improvisadas". Certamente isso é verdade, mas também é verdade que alguns dos insights mais criativos só acontecem quando o cérebro humano tem o ócio necessário para pensar. Esses momentos em que a mente vaga quase nunca ocorrem durante o corre-corre do dia a dia no escritório.

No mundo de hoje, em que estamos constantemente conectados e quase sempre trabalhando, o escritório deveria ser repensado como um local de encontro, onde se comunicam ideias e se reforçam os laços interpessoais. Além disso, os funcionários deveriam ter o respeito e a responsabilidade necessária para gerir suas próprias grades horárias, além de trabalhar pelo tempo que achassem necessário e onde preferissem. Esse é o princípio que seguimos em nossa empresa, chamada Khush. Vamos ao escritório três dias por semana, cinco horas por dia, a partir do meio dia.
Em 2011, um grande fabricante de aplicativos, a Smule Inc., nos adquiriu e descobri que a complexidade cresce juntamente com a equipe. A comunicação é um desafio ainda maior. É fácil ignorar detalhes, perder oportunidades de colaboração espontânea e até mesmo as melhores intenções podem ser mal compreendidas.
Ainda assim, a despeito do tamanho da empresa, os princípios básicos da produtividade não mudam. Pessoas espertas ainda trabalham melhor quando podem escolher quando e onde atuar. Esse tipo de flexibilidade também ajuda funcionários que têm filhos. Alguns de nossos engenheiros costumam fazer pausas à tarde para buscar os filhos na escola, então voltam para terminar o serviço. E o trabalho sempre é entregue a tempo.
A Smule já era relativamente flexível em relação aos horários de trabalho, pedindo que os funcionários trabalhassem um mínimo de 5 horas por dia, quatro dias por semana no escritório. Recentemente, quando nossas empresas se fundiram ainda mais, a matriz passou a pedir que os funcionários da Khush adotassem os horários da Smule. Mas ao invés disso, convenci o executivo-chefe da Smule a adotar a grade mínima de três dias por semana que minha empresa já mantinha. Ele concordou com a mudança, muito embora tivesse suas dúvidas – ele acredita de verdade na cooperação presencial.
Acho que essa é a política que mais se aproxima de um meio termo que satisfaça as necessidades tanto de empregados quanto de empregadores. Ao invés de contar com princípios organizacionais projetados para uma época mais antiga, as empresas deveriam desenvolver novas estratégias para acabar com os desafios de se trabalhar em casa.
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Autobiografia de Nikola Tesla decifra o visionário



Chico Castro Jr.
  • www.teslauniverse.com | Divulgação
    Nikola Tesla defronte de uma de suas famosas turbinas
Além de Leonardo da Vinci e Albert Einstein, poucos homens da ciência geraram tanto interesse, referências na cultura pop e interrogações quanto Nikola Tesla (1856-1943). Um bom começo para tentar decifrá-lo é através de suas próprias palavras, no livro Minhas Invenções: A Autobiografia de Nikola Tesla, recém-publicada no Brasil.
O engenheiro elétrico, mecânico e físico, nascido em Smiljan, uma vila remota do que hoje é a Croácia, é no mínimo, um dos homens que projetaram o mundo em que vivemos hoje, com energia elétrica, radares, raios- x, comunicação wireless e aparelhos de controle remoto (incluindo os horríveis  drones).
E mais: ele pode ser o homem que projetou o mundo em que viveremos amanhã. Suas ideias e projetos eram tão avançados no tempo, que até hoje cientistas de toda parte coçam as cabeças tentando entendê-los.
Idealismo versus capitalismo - Em seu livro, curiosamente curto e objetivo, Tesla confirma sua vocação de visionário de forma bastante literal: "Na minha infância, sofria de uma estranha perturbação devido ao aparecimento de imagens, geralmente acompanhadas de fortes clarões de luz", descreve.
Intrigado, resolveu se concentrar naquilo que as visões lhe mostravam. Acabou por domina-las, de forma que passou a criar, projetar e até mesmo a operar suas invenções mentalmente. "É absolutamente irrelevante para mim se testo a minha turbina em pensamento ou na oficina", escreveu.
Depois de emigrar para os Estados Unidos e trabalhar na então nascente indústria da energia elétrica, para a qual desenvolveu inúmeras patentes, tomou um calote de Thomas Edison, que riu na sua cara e lhe disse que ele "não entendia o senso de humor americano".
Tesla acreditava que o sistema de corrente alternada (AC) para transmissão de energia era muito mais eficiente e lucrativo do que o da corrente direta (DC), usado ainda hoje.
Mais tarde, desenvolveu sua teoria mais ambiciosa: extrair energia do campo eletromagnético da Terra. Uma única torre transmissora, que começou a ser construída em Long Island (NY), mas que nunca concluída, seria o bastante para fornecer energia infinita e gratuita para todo o planeta.
"O problema é o seguinte: Tesla era um idealista", define o sérvio Boris Petrovic, fundador do Instituto de Energias Sustentáveis Nikola Tesla, criado em dezembro último, em Brasília.
"Ele nunca entendeu como o capitalismo funciona. Puxar do campo eletromagnético energia gratuita para todos vai contra muitos interesses", vê.
Depois de gastar todo o dinheiro das  patentes de suas invenções nos próprios experimentos, Tesla, que nunca se casou, morreu  aos 86 anos, de trombose coronária, falido e solitário em um quartinho de hotel em Nova York. Seu legado (e sua figura), porém, sobrevivem na consciência coletiva das comunidades científicas e culturais.

Taxa de mortalidade por câncer no estado de São Paulo caiu 9% na última década


São Paulo


BOM DIA, GENTE!!

Redução, que foi maior entre os homens, foi observada principalmente em cânceres relacionados ao tabagismo, ao de colo do útero e ao de estômago

Câncer cervical: autoexame poderá ajudar na prevenção em mulheres com dificuldade de acesso ao teste tradicional
Câncer de colo do útero: Taxa de mortalidade por essa doença caiu nos últimos dez anos no estado de São Paulo(Thinkstock)
Segundo um levantamento feito pela Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo, houve uma redução de 9% na taxa de mortalidade por câncer nos últimos dez anos em todo o estado. Entre os homens, essa queda foi de 10%, maior do que a redução observada entre as mulheres, que foi de 8%. Os cânceres de colo de útero, de estômago e de pulmão foram os que apresentaram maior queda na taxa de mortalidade em São Paulo.
Esses resultados foram obtidos a partir do banco de mortalidade da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), que reúne dados das declarações de óbito dos cartórios de registro civil, registros realizados pelos municípios do estado no Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) e dados do Censos de 2000 e 2010 do IBGE.
De acordo com o levantamento, a taxa de mortalidade por câncer em São Paulo, que era de 104,6 mortes por 100.000 habitantes entre 1999 e 2000, passou a 95,2 por 100.000 habitantes entre os anos de 2009 e 2010. Entre os homens, essa taxa passou de 131,1 para 118,6 mortes por 100.000 no mesmo período; em relação ao sexo feminino, a mortalidade por câncer passou de 84,1 para 77,7 óbitos por 100.000 nos últimos dez anos.
De acordo com o epidemiologista José Eluf Neto, professor da Faculdade de Medicina da USP e diretor-presidente da Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP), ligada à Secretaria da Saúde, fatores como maior prevenção ou melhora nos tratamentos podem ajudar a explicar parte dessa queda da taxa de mortalidade no estado. Um exemplo disso é a redução da taxa de mortalidade do câncer de colo do útero entre as mulheres, que foi de 32%. "Esse dado está relacionado ao fato de a cobertura do exame Papanicolau, que diagnostica esse câncer, ter aumentado no estado", disse Eluf Neto ao site de VEJA. 
Menos cigarro — O levantamento também apontou para uma redução na taxa de mortalidade por cânceres associados ao tabagismo, como o de pulmão (16%), laringe (16%), faringe (11%), esôfago (11%) e bexiga (11%). "Isso se deve ao fato de as pessoas estarem fumando menos do que no passado, embora ainda fumem muito. A redução na taxa de mortes por esses cânceres é observada, hoje, especialmente entre os homens, já que eles começaram e pararam de fumar antes do que as mulheres", afirmou o médico. 
Além disso, o estudo mostrou também uma queda na taxa de mortalidade por linfoma não Hodgkin de 19% entre os homens e de 14% entre as mulheres. Para o médico José Eluf Neto, isso se deve a melhorias nos tratamentos destinados a pacientes com essa doença, já que a incidência da condição não parece ter mudado, segundo o epidemiologista.
Porém, nem todos os tipos de câncer que apresentaram uma redução no número de mortes estão relacionados a melhorias na prevenção ou nos tratamentos. O câncer de estômago é um exemplo disso. A doença apresentou, na última década, uma das maiores reduções de mortalidade em São Paulo — as mortes decorrentes da condição caíram 28% entre os homens e 23% entre as mulheres. Mas, de acordo com Eluf Neto, não houve grandes programas de prevenção ou melhoras significativas no tratamento dessa doença. "Especulamos que esse dado seja um reflexo da melhor conservação dos alimentos, que hoje é feita nas geladeiras, e não mais conservados no sal. Essa melhor conservação evita infecções por bactérias associadas a esse tipo de câncer e, além disso, reduzem a ingestão de sal, que também é fator de risco para a doença", afirmou o médico.
O levantamento ainda indicou que principais cânceres que levaram homens ao óbito são os de pulmão, de próstata e de estômago. Entre as mulheres, foram os cânceres de mama, de cólon e reto e de pulmão.