Lava-Jato
Apontado como laranja do doleiro Alberto Youssef em laboratório, o empresário Leonardo Meirelles admitiu que se reunia com Vargas para tratar de negócios dentro da Câmara
O deputado André Vargas, que enfrenta processo de cassação na Câmara (Sérgio Lima/Folhapress )
Em depoimento no Conselho de Ética da Câmara, o empresário Leonardo Meirelles, sócio do Labogen, admitiu nesta quarta-feira que o deputado André Vargas (ex-PT) indicou o laboratório para o Ministério da Saúde em busca de um contrato de 35 milhões de reais para produção de medicamentos.
Vargas negociou com o doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação Lava-Jato da Polícia Federal, a contratação de um ex-assessor do então ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para trabalhar no Labogen. Segundo a PF, o Labogen foi usado pelo doleiro para lavagem de dinheiro. Leonardo Meirelles foi ouvido pelo Conselho de Ética como testemunha no processo que investiga as relações de Vargas com Youssef. O empresário afirmou que se reuniu algumas vezes com o deputado no gabinete da vice-presidência da Câmara, quando Vargas ainda ocupava a função.
Vargas negociou com o doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação Lava-Jato da Polícia Federal, a contratação de um ex-assessor do então ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para trabalhar no Labogen. Segundo a PF, o Labogen foi usado pelo doleiro para lavagem de dinheiro. Leonardo Meirelles foi ouvido pelo Conselho de Ética como testemunha no processo que investiga as relações de Vargas com Youssef. O empresário afirmou que se reuniu algumas vezes com o deputado no gabinete da vice-presidência da Câmara, quando Vargas ainda ocupava a função.
Meirelles disse que conheceu o doleiro há quatro anos, quando buscava investidores para seu negócio. Ele admitiu que o doleiro fez um aporte de 1,2 milhão de reais ao Labogen para a construção da nova fábrica em Indaiatuba (SP) e relatou que as contas da empresa foram usadas para pagamentos de fornecedores de Youssef. Mas negou ser "laranja" de Youssef. Segundo ele, o Labogen importava insumos farmacêuticos. "Youssef não é meu sócio e nunca foi meu sócio", enfatizou.
Esdras Ferreira, proprietário de 10% do laboratório fantasma de Youssef, também foi ouvido pelo Conselho de Ética, mas se recusou a responder a maioria das perguntas. Ele se limitou a dizer que não esteve em Brasília negociando contratos do Labogen e que não conhecia Alberto Youssef nem esteve com André Vargas. "Esdras é laranja, não tenho a menor dúvida, não tem o menor conhecimento e condições de ser sócio de uma empresa que movimenta milhões. O Labogen existe para evadir divisas", comentou Júlio Delgado .
O relator do processo por quebra de decoro parlamentar contra Vargas, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), disse que o empresário deu indícios de tráfico de influência. "Que houve tráfico de influência houve, quero saber de quem, quando e onde", disse. Para o relator, as testemunhas foram instruídas pelos advogados a "livrar" Vargas das acusações. "Ficou claro que eles vieram aqui orientados", disse Delgado.
(Com Estadão Conteúdo)
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