sábado 25 2012

Para combater a desigualdade, o caminho é a educação básica, não a reserva de vagas em universidades


Artigo

O critério racial fere a isonomia. Que os militantes da causa negra não se iludam: projeto das cotas não passa de cortina de fumaça

Gustavo Ioschpe
O ERRO DAS FEDERAIS - Primeiro eles avacalham as próprias instituições, depois reclamam quando os outros querem fazer demagogia com elas
O ERRO DAS FEDERAIS - Primeiro eles avacalham as próprias instituições, depois reclamam quando os outros querem fazer demagogia com elas (André Dusek/AE)
Não fosse o componente racial no projeto de lei aprovado pelo Congresso - que destina 50% das vagas das universidades federais a alunos que cursaram o ensino médio em escolas públicas, a ser distribuídas respeitando a divisão racial de cada estado -, eu poderia dar-lhe o benefício da dúvida. Com o componente racial, sou contra
A família do meu pai chegou ao Brasil, com uma mão na frente e outra atrás, no começo do século XX. A da minha mãe aportou aqui fugindo do nazismo. Em ambos os casos, portanto, muito depois da abolição da escravidão. Caso a lei das cotas raciais e econômicas nas universidades federais seja sancionada, fico imaginando o que eu - e milhões de brasileiros com histórico parecido - diria ao meu filho se ele fosse excluído de uma vaga em universidade federal em benefício de um negro ou indígena com pior desempenho acadêmico. Não haveria o que dizer. Pessoalmente, acredito que o critério racial fere a isonomia, que é a base da democracia, e tisna o republicanismo com sectarismo. Racismo sempre é ruim, tanto o movido por ódios quanto o por intenções nobres. Espero que os militantes da causa negra não se iludam: esse projeto não é uma grande vitória, mas uma cortina de fumaça. Em primeiro lugar, porque o racismo brasileiro não é causado por políticas governamentais que precisam ser revertidas, como era o caso americano, mas sim por atitudes de foro íntimo de uma parte dos nossos concidadãos. A concessão de cotas não mudará esse preconceito e corre-se o risco de exacerbá-lo. E, segundo e mais importante, porque o efeito dessa lei não passa de migalha. Reportagem da Folha de S.Paulo calculou que o número de vagas reservadas nas universidades federais aumentaria em 70 000 com as cotas. A maneira de tirar milhões de negros da privação é melhorando a qualidade do ensino básico.
Não fosse o componente racial no projeto de lei aprovado pelo Congresso - que destina 50% das vagas das universidades federais a alunos que cursaram o ensino médio em escolas públicas, a ser distribuídas respeitando a divisão racial de cada estado -, eu poderia dar-lhe o benefício da dúvida. Com o componente racial, sou contra.
Há bons argumentos favoráveis e bons argumentos contrários à concessão de cotas a alunos da rede pública de ensino, sem discriminação por raça. Os favoráveis: a medida aumenta o acesso de alunos de baixa renda à universidade, promovendo equidade social. Também pode fazer com que pais da classe média baixa tirem seus filhos de escolas particulares e os matriculem em escolas públicas. A pesquisa sugere que esse público de maior renda e instrução deverá gerar melhoria de qualidade na escola pública. Os argumentos contrários: além de ferir a meritocracia, o que conceitualmente é lamentável para uma instituição de ensino, a chegada de alunos despreparados às universidades federais poderia ameaçar sua qualidade, acabando com boa parte da pouca pesquisa que o país produz.
O tempo dirá se os efeitos negativos vencerão os positivos. É uma questão mais empírica do que opiniática. Se essa lei for mais um prego no caixão das universidades federais, é importante notar que o eventual óbito terá sido caso de suicídio assistido, não assassinato. Agora reitores e professores protestam contra essa lei específica, mas as sementes do mal foram plantadas por eles. Porque nas últimas décadas as universidades federais se protegeram tanto, amealharam tanto dinheiro dando tão pouco em troca à sociedade, que hoje não têm mais autoridade para esperar que essa sociedade as proteja.
A marcha da insensatez começou com o artigo 207 da Constituição, que declara a “indissociabilidade entre ensino e pesquisa” nas universidades. Já seria estranho ter uma lei qualquer defendendo que o separável é, em realidade, inseparável, mas consagrar isso na Constituição do país é estapafúrdio. O resultado prático dessa lei é que 90% dos professores das federais são remunerados como se fossem pesquisadores em tempo integral, o que a grande maioria não é. Se quase todos são tratados assim sem que precisem produzir pesquisa, obviamente há pouco incentivo para que se faça pesquisa de ponta. A maioria dessas instituições é pouco produtiva. No ranking mundial de universidades do Times londrino, não há nenhuma universidade federal entre as 400 melhores do mundo. Ainda há grandes professores e pesquisadores, mas as universidades federais exigem que toda a rede seja tratada de forma homogênea, gerando dupla injustiça: não valoriza os que merecem e sobrevaloriza os que nada ou pouco produzem. Esses últimos ainda fazem greves, como a de agora. Essa estrutura torna o custo das universidades federais estratosférico: seu aluno custa quase seis vezes mais do que o aluno do ensino fundamental, o mais caro entre todos os países medidos. Finalmente, as federais resistiram e continuam resistindo a planos de expansão de vagas. Fazer universidades novas em zonas desprestigiadas pode, mas aumentar agressivamente o número de alunos nas universidades “nobres”, isso não. Assim, o orçamento do Ministério da Educação destina 23,7 bilhões de reais às federais e elas matriculam apenas 763 000 alunos, menos de 15% das matrículas totais do setor. Se a instituição das cotas tiver efeito adverso sobre a qualidade das federais, é provável que haja mais um êxodo de matrículas para o setor privado, fomentando o desenvolvimento de instituições de ponta nesse setor. Daqui a um tempo, não será surpreendente se alguém sugerir extinguir as federais e transferir todo o seu orçamento para boas universidades privadas ou estaduais. Todas as leis e manobras que deveriam garantir a opulência e complacência das universidades federais terão causado sua implosão.
Na escola, havia um colega que não conseguia acompanhar o ritmo na maioria das matérias e era vítima de gozação da turma. Um dia, ao receber mais uma provocação de outro colega que tampouco era grande aluno, ele se revoltou: “Tu, não! Vai descolorir o boletim antes de abrir a boca”. O Ideb, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, que dá uma nota de zero a 10 para a qualidade de todas as escolas públicas do Brasil, mostra que o boletim do país é um mar de notas vermelhas.
O Ministério da Educação, ao divulgar os resultados, enfatiza o (pequeno) progresso e o fato de 77% dos municípios terem atingido a meta. A verdade é que não há razão para contentamento. A média cai de 5,0 no 5º ano para 3,7 ao fim do ensino médio. Quanto mais tempo nosso aluno permanece na escola, pior é o seu desempenho. As metas do Ministério da Educação são ridículas, mais uma herança maldita do preclaro Haddad. Estipulam que, em 2021, o Brasil tenha o mesmo desempenho dos países da OCDE... em 2006! Isso não é meta, é uma confissão de derrota. Até 2021 esses países terão evoluído muito, e os problemas de competitividade do Brasil, causados pelo nosso apagão escolar, continuarão terríveis.
Como sabem os leitores desta coluna, só acredito que teremos mudanças significativas quando a população cobrar educação de qualidade. Políticos só atacarão o problema da educação com o devido empenho quando o mau resultado lhes custar votos. O Ideb 2011 pode ser um instrumento valioso nesse processo, porque pela primeira vez temos uma série histórica que permite avaliar o desempenho de redes municipais em um mandato inteiro de prefeitos, justamente em ano eleitoral. Para dar minha pequena colaboração, as tabelas aqui reproduzidas mostram, entre as cidades com mais de 100 000 habitantes, quais as redes municipais que mais melhoraram e as que mais pioraram no país, e também aquelas que obtiveram os melhores e os piores resultados absolutos. Em twitter.com/gioschpe você encontra os dados completos do Ideb por município, por estado e pelo país, desde 2005. Espero que ajude na hora de votar para prefeito.

Drogas: Desconstruindo, com impiedade, o pensamento infantil do doutor Gadelha, um figurão da Fundação Oswaldo Cruz. Ou: Cuidado, senhores parlamentares! Querem transformá-los em “vapores” do PCC e do Comando Vermelho


Decidi manter este post no alto. Abaixo dele, há textos escritos na madrugada.
O pessoal que quer descriminar as drogas afirma que gosta do debate. Eu também gosto. Então vamos colaborar. Espalhem este texto para animar a conversa.
Está em curso uma campanha nacional pela descriminação do uso de drogas. À frente dela, os bacanas de sempre. Acham que esse é um assunto que concerne, digamos assim, às classes médias ilustradas. Quanto mais distante do debate ficar o povo, melhor.  Os progressistas odeiam o povo reacionário. O governo do Uruguai foi mais estúpido, porém mais honesto: propôs logo de cara a estatização da maconha. Por aqui, tenta-se revestir a legalização branca de “descriminação do consumo”. Frauda-se a lógica, ignoram-se os fatos, mistifica-se.
Os sites e fóruns da turma “pró-descriminação” adoram me demonizar. Um amigo com acesso a um desses debates fechados, que requerem senha, me enviou alguns comentários que fazem por lá a meu respeito. Apareço como uma pessoa má. Só não são capazes de responder aos argumentos porque gostam de discutir o assunto entre os que concordam. É um jeito de fazer as coisas.
Um dos líderes da campanha é o médico Paulo Gadelha, presidente da Fundação Oswaldo Cruz. Reproduzo em vermelho entrevista que ele concedeu a Márcio Allemand, no Globo Online. Houve um tempo em que entrevistar alguém compreendia buscar também eventuais contradições em seu pensamento. A depender do tema, a nossa imprensa transforma uma entrevista num release entremeado de perguntas. Leiam. Comento em azul.
À frente da Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia (CBDD), que na quarta-feira entregou um anteprojeto de lei ao presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), propondo a descriminalização dos usuários de drogas no país, está o médico Paulo Gadelha. Graduado em medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, tem mestrado em Medicina Social e doutorado em Saúde Pública, Gadelha ocupa a presidência da Fundação Oswaldo Cruz desde 2009. É lá que ele costuma se reunir para discutir questões a respeito da legislação brasileira sobre drogas e garantir uma diferenciação mais clara entre usuários e traficantes. O anteprojeto entregue em Brasília já conta com mais de 100 mil assinaturas de apoio. Mas a expectativa de Gadelha é que este número chegue a mais de um milhão em três meses.
Qual o teor do anteprojeto entregue ao presidente da Câmara?
PAULO 
GADELHA: É centrado na visão de que o usuário não pode ser considerado criminoso. Desde 2006 a lei garante que o usuário não seja preso, mas é preciso diferenciar o que é um traficante do que é um usuário. Apesar de a lei dizer que o usuário não pode ser preso, ela não diz se uma pessoa que está portando 1 ou 100 gramas seja usuário ou traficante. Fica a cargo da autoridade policial decidir, criando insegurança para todos os agentes envolvidos e uma enorme vulnerabilidade para os usuários.
Não sei onde este senhor estudou lógica elementar, mas não foi na faculdade de medicina. Se ele cuidar de gente tão bem quanto cuida do raciocínio, estamos feitos. É bem verdade que sua área é “medicina social”, “saúde pública” (e cargo público). Parece que não precisa receitar nem aspirina, o que é bom. Entendo que o doutor pretende que a lei estabeleça quantidades para definir o que é o que não é tráfico. Aquele projeto aloprado de reforma do Código Penal prevê que deixaria de ser tráfico quem portar o suficiente para cinco dias de consumo. Isso é quanto? Tomar-se-á como média quantos cigarros de maconha, de que tamanho? Quantas carreiras de cocaína? Quantas pedras de crack? Quantos comprimidos de ecstasy?
Gente que gosta de enfiar o pé na jaca (não estou dizendo que seja o caso do doutor), especialmente os maconheiros, detesta precisão. Eu adoro. Quero saber. Quero também que o doutor Gadelha me explique por que, uma vez definida a quantidade, os traficantes não fariam com que seus “vapores” — os distribuidores da droga — passassem a portar, no máximo, a quantidade permitida. Mais: Gadelha tem de me explicar outra coisa. Peguemos o indivíduo X como exemplo, flagrado numa segunda-feira qualquer com uma quantidade Y de droga para o seu consumo por Z dias. Como isso não é crime, não se lavra boletim de ocorrência, nada. Zero de documentação! Na terça, o mesmo indivíduo X é flagrado de novo com a mesma quantidade Y, e de novo na quarta, na quinta, na sexta… O nome disso, meu senhor, é legalização do narcotráfico. É isso o que o senhor está propondo e ainda que não se deu conta — ao menos espero que não.
Vejam lá… O doutor Gadelha está preocupado é com a “vulnerabilidade do usuário”… Huuumm… Mais adiante, ele vai cobrar que a sociedade também lhe dê tratamento — se ele quiser, é claro! Entendi! Um usuário precisa consumir o que bem entender em segurança. Caso decida se tratar, isso passa a ser, então, um problema nosso. Se ele quiser puxar fumo, cheirar pó, cachimbar um crack na pracinha em frente de sua casa, leitor, perto de suas crianças, você deve considerar que isso é um direito porque crime não é — sendo só pra consumo e ele prometendo que não vai oferecer pra mais ninguém, não podemos impedi-lo (com a lei atual, isso ao menos é possível). Mas, quando ele se cansar dessa vida, aí, então, avança no nosso bolso. Aí passa a ser problema nosso!
O que mudou depois da lei que entrou em vigor em 2006?
PAULO GADELHA: Dobrou o número de prisões de supostos traficantes por porte de drogas e aumentou a população prisional. Isso porque há em nossa sociedade traços de discriminação e preconceito social e racial. No caso de um dependente, o que ele está precisando é de ajuda e tratamento de saúde, e não ser penalizado com detenção. Ele acaba preso e sem tratamento.
Essa resposta escandaliza a lógica, o bom senso, o pensamento matemático e a razão. Como é que uma lei que NÃO MANDA para a cadeia os usuários poderia estar na raiz do aumento da população prisional de consumidores? É um pensamento cretino, infantiloide, mágico. Mais: quem disse que o “dependente precisa de ajuda e tratamento de saúde”? Precisa se ele quiser! Se não quiser, não! Se a droga é, nessa perspectiva, só uma doença, acredito que o doutor não esteja pensando em tornar compulsório o tratamento de drogados e diabéticos… O senhor entendeu ou tento agora com desenho? Como o argumento é furado — e o repórter não lhe cobrou que explicitasse a relação entre causa e efeito —, resta a velha e boa tecla do “preconceito”. Houvesse uma categoria chamada “vergonha na cara argumentativa”, o doutor teria optado pelo descaramento: o que a questão racial faz no meio desse imbróglio? O aumento da população prisional rende outro bom debate. Aumentou, sim! Em São Paulo, onde se costuma prender bandido. Não por acaso, o índice de homicídios despencou quase 80% em 12 anos.
Como a sociedade deveria lidar com isso?PAULO GADELHA: O álcool, por exemplo, que é considerado uma droga lícita, também causa um sofrimento enorme e é responsável por 70% das internações por dependência de drogas e por 90% da mortalidade. Precisamos educar a população. Nossa proposta no que se refere às drogas ilícitas é para que haja um debate com a sociedade para que ela saiba lidar com o problema. Atualmente a guerra contra as drogas tem como principal bandeira a repressão ao tráfico e ao usuário. Gastam uma fortuna e fracassam. O consumo aumenta, aumenta a violência.
Jamais, nem que fosse o último médico, eu me consultoria com doutor Gadelha! Se ele me mandar tomar a tal aspirina, bebo suco de laranja. Seu pensamento frauda a lógica de uma maneira escandalosa. Está na Fundação Oswaldo Cruz? Tomara que a burocracia por lá ande sozinha. É CLARO QUE O ÁLCOOL RESPONDE PELO MAIOR NÚMERO DE OCORRÊNCIAS DE TUDO O QUE HÁ DE RUIM EM MATÉRIA DE DROGA. O DOUTOR NÃO SABE POR QUÊ? EU SEI! PORQUE É LEGAL. PORQUE SEU CONSUMO NÃO É COIBIDO. Quando a droga — só para consumo, claro! —, circular livremente, o que vai acontecer? Uma elevação do consumo e, pois, dos casos a elas relacionados. Na sua lógica estupidamente infantil, o doutor diz que o aumento do consumo é fruto, ora vejam!, do combate ao consumo. Por quê? Porque, se a lógica fosse um ser bípede, o doutor a enfrentaria com quatro patas. Ele pensa assim: a) existe uma política de repressão ao tráfico e ao consumo; b) houve aumento do consumo; c) logo, aquela política é a responsável por isso; d) então por que não testar o contrário, a saber: descriminar as drogas — e, pois, pôr fim a qualquer interdição no consumo — para a gente diminuir… o consumo??? Um homem do povo que pensasse desse modo não chegaria à idade adulta. Mas sabem como é… As classes médias protegem os seus rebentos… De novo, não adianta me xingar e me satanizar em forunzinhos mixurucas. Não dou a mínima!
A propósito do álcool: a venda é proibida para menores — embora aconteça. O doutor, claro!, vai dizer que a questão não é concernente à droga porque o tráfico continuaria proibido. Entendo. Mas entendo também que um policial que flagrasse uma criança de 15 anos com droga “apenas para consumo”, dada a descriminação, não teria o que fazer, não é? Não caberia nem mesmo avisar aos pais. Reitero! Essa gente acha que o Brasil é o Posto 9!
Quem usa a droga é criminoso?PAULO GADELHA: Nossa proposta vai justamente contra esta máxima. Antes de mais nada é preciso encarar o problema das drogas como problema de saúde pública. Se a legislação continuar como está, o usuário ou dependente dificilmente vai procurar um serviço de saúde para se tratar. O que estas pessoas precisam é de tratamento e elas não querem e nem podem ser confundidas ou rotuladas como criminosas.
Não sei como o repórter se prepara antes de uma entrevista, e Paulo Gadelha, como a gente nota, não ajuda ou também não sabe. Sim, meu valente entrevistador! Quem usa droga é criminoso porque o consumo não foi descriminado, não. Apenas não rende prisão. Por isso, à polícia cabe reprimir também o consumo da droga em locais públicos. No dia em que não for mais, aí é o vale-tudo. Quanto ao mais, dizer o quê? É mentira! Ninguém deixa de procurar tratamento porque consumir droga é crime! Qualquer pessoa que se apresente e se diga dependente químico em busca de reabilitação não sofrerá qualquer sanção penal. Não sei se por ignorância ou por má-fé, o doutor está misturando alhos com bugalhos.
O senhor procurou exemplos bem-sucedidos de outros países?PAULO GADELHA: Sem dúvida. Hoje há uma consciência internacional de que é preciso mudar. Estudos mostram que nos 21 países que resolveram despenalizar o usuário, como Portugal, por exemplo, houve vários avanços importantes. Não houve aumento do consumo, a população prisional reduziu, os recursos para o aparato policial foram transferidos para outras áreas e os índices de saúde relacionados às drogas melhoraram sensivelmente.
Não é pergunta, mas levantada de bola na rede. E o doutor corta com outra mentira escandalosa. Atenção! Em Portugal:
– houve aumento do consumo;
– houve aumento do tráfico;
– houve aumento de homicídios.
Escrevi a respeito no dia 28 de julho. Reproduzo um trecho.
Houve um aumento de 53,8 % no número de pessoas que experimentaram drogas ao menos uma vez: de 7,8% para 12% . Em Portugal, existe o IDP (Instituto de Drogas e de Toxicodependência). Lá como cá, os defensores fanáticos da descriminação tendem a ignorar a realidade. Caso se leiam as entrevistas de seus diretores, seremos informados de que o sucesso é retumbante. É??? Vejam estes dados do próprio IDP. As drogas foram descriminadas em 2001. Reparem no que aconteceu nos anos seguintes. Mais: a taxa de homicídios por 100 mil habitantes em 2003 (1,43 por 100 mil habitantes) cresceu 43% em relação a 2001, ano da descriminação (1,02 por 100 mil). Em 2010, ficou em 1,26 (crescimento de 24% em relação a 2001). Os homicídios relacionados às drogas cresceram 40%.
 
Não obstante, o sucesso da política do país é alardeado pelos tais fanáticos dentro e fora dos domínios portugueses. Ainda que fosse verdade (não é, como se vê), note-se: Portugal é menor do que Pernambuco e tem uma população INFERIOR À DA CIDADE DE SÃO PAULO. Quando as drogas foram descriminadas por lá, reitero, a taxa de homicídios era de 1,02 por 100 mil. E cresceu 24% ao longo de 9 anos. A do Brasil é quase VINTE E QUATRO VEZES MAIOR HOJE! Ah, sim: Portugal não é rota preferencial do tráfico. O Brasil é.
Observem o que aconteceu com a apreensão de drogas nos anos subsequentes. A parte continental do país, com o mar a oeste e ao sul, tem uma costa de 1.230 km apenas; ao norte e ao leste, um único vizinho: a Espanha. Banânia tem 9.230 km de Litoral a serem vigiados e faz fronteira com nove países. Quatro deles são produtores de coca: Colômbia, Venezuela, Peru e Bolívia. O Paraguai é um grande exportador de maconha. Mas o especialista Abramovay acredita que Portugal pode servir de exemplo a um gigante com as características do Brasil, com uma população 18 vezes maior, num quadro de brutal desigualdade, desaparelhamento da polícia, fronteiras desguarnecidas… Pior não é dizer o que diz; pior é lhe darem trela.
E qual a importância da sociedade nesse debate?PAULO GADELHA: O mais importante do processo é o debate público. Uma mudança desta natureza só acontece se toda a sociedade participar. A questão da AIDS, por exemplo, só foi possível porque houve um programa de enfrentamento e iniciativas de discutir tudo o que envolvia a doença: religião, diversidade sexual, uso de camisinha, liberdade sexual. A sociedade inteira foi mobilizada para permitir ações eficazes. Queremos algo semelhante. Se a questão das drogas continuar a ser abordada e carregada de muito preconceito não haverá regressão nem de consumo, nem de tráfico, nem de violência e, sim, haverá aumento de sofrimento.
A associação é cretina, estúpida, indevida, intelectualmente vigarista. No caso da Aids, tratava-se de sugerir às pessoas menos exposição ao risco — é isso o que significa a camisinha. A descriminação do consumo de drogas significa exatamente o contrário: maior exposição ao risco.
Quais serão os próximos passos da comissão?PAULO GADELHA: Vamos começar um debate junto ao pessoal da educação e tentar angariar apoio de formadores de opinião. Nesse ponto, a mídia será fundamental. Nossa proposta em nenhum momento propõe o incentivo ao uso e muito menos à legalização. Nossa proposta é para despenalizar criminalmente o usuário.
É isso aí. É uma campanha feita pelos bacanas. Se o país enfrenta já o flagelo do crack mesmo havendo uma interdição ao consumo, imaginem o que vai acontecer quando não houver mais. O doutor também quer revolucionar a lei da oferta e da procura. Pretende aumentar brutalmente a demanda, mas supõe que não haverá elevação do suprimento. Ele é membro da tal Comissão Brasileira Sobre Droga e Democracia. Aqui estão os integrantes do grupo. Foram eles que levaram ao ar aquela propaganda “É preciso mudar”, pedindo uma nova lei — na verdade, defendiam a descriminação, mas não deixaram isso claro ao telespectador.
O orientador da turma é Pedro Abramovay, que já foi Secretário Nacional de Justiça. Foi chutado por Dilma quando estava prestes a assumir a secretaria responsável pelo combate às drogas. É autor, embora negue, da tese de que também os “pequenos traficantes” devem ficar soltos. É considerado gênio por alguns. Transita com desenvoltura entre petistas e entre tucanos que só não são petistas porque não podem, não porque, no fundo, não quisessem. Abramovay é mesmo um portento. Não faz tempo, em entrevista ao Globo, atribuiu a queda de homicídios em São Paulo ao PCC… Prêmio Nobel da Paz para o PCC!
Eis as mentalidades que estão por trás de campanhas nessa natureza.
Podem babar à vontade em seus respectivos fóruns. Eu os acuso de:– ignorar a lógica quando pensam;– ignorar os fatos quando fazem propostas;– mentir de forma descarada quando se referem a Portugal como exemplo bem-sucedido de política de drogas.
Podem fazer vodu ideológico com a minha foto entre um relaxamento e outro. Não ligo. Mas tentem ao menos argumentar na vertical e com sobriedade! Quero fatos e lógica, e não “preconceituosos do bem”.
PS – Se eu fosse do PCC, do Comando Vermelho ou do Amigos dos Amigos, mobilizaria minhas franjas para apoiar essa proposta. O QUE PODE HAVER DE MELHOR PARA O CRIME ORGANIZADO DO QUE DESCRIMINAÇÃO DO CONSUMO E PROIBIÇÃO DO TRÁFICO? É o paraíso na terra. E tudo isso no Brasil, um país que faz fronteira com quatro altos produtores de droga e que é rota do tráfico internacional. Marcola e Fernandinho Beira-Mar já aderiram.
Texto publicado originalmente às 20h24 desta sexta
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

Jovem de 15 anos revoluciona o combate ao câncer de pâncreas


Medicina

Projeto vencedor da maior feira de ciências do mundo abre caminho para o diagnóstico precoce de um dos tipos mais letais de câncer

Marco Túlio Pires
Jack Andraka, aluno do ensino médio, recebeu o primeiro prêmio da maior feira de ciências do mundo, organizada pela Intel. O jovem desenvolveu um teste para diagnosticar precocemente três tipos de câncer, incluindo um dos mais letais: o de pâncreas
Jack Andraka, aluno do ensino médio, recebeu o primeiro prêmio da maior feira de ciências do mundo, organizada pela Intel. O jovem desenvolveu um teste para diagnosticar precocemente três tipos de câncer, incluindo um dos mais letais: o de pâncreas (Divulgação)
Jack Andraka é um garoto americano de 15 anos que adora o seriado de TV Glee. Filho de pai polonês e mãe inglesa, mora com a família em Maryland, na vizinhança da capital Washington, onde cursa o primeiro ano do High School (equivalente ao segundo grau no Brasil) no North County High School, um cólegio normal. Gosta de remar em seu caiaque e fazer origamis. A princípio, não há nada que o destaque dos demais rapazes de sua idade. Jack, porém, é um gênio. No dia 18 de maio, venceu a Feira Internacional de Ciência e Engenharia da Intel, a maior do mundo para pré-universitários. Levou 100.000 dólares para casa, 75.000 pelo prêmio principal, 25.000 em prêmios especiais. Seu feito: desenvolver um teste simples e barato para fazer o diagnóstico precoce de três tipos de câncer, incluido o do pâncreas, um dos mais letais. O custo é de três centavos de dólar e o resultado é obtido em menos de cinco minutos. Segundo o site da Intel, o teste que Jack criou é 28 vezes mais barato e 100 vezes mais sensível do que o conjunto de técnicas atualmente utilizado para o diagnóstico. A comparação com o teste ELISA, o mais difundido método de detecção atual, é ainda mais impactante: o método de Jack se mostra 26.667 vezes mais barato e 400 vezes mais sensível.
Jack é persistente. Depois que o tio morreu de câncer do pâncreas, passou meses pensando em formas de atacar a doença. Cerca de 95% dos pacientes morrem em até cinco anos se o tumor no pâncreas não é descoberto cedo. Segundo a Organização Mundial de Saúde, todos os anos são registrados quase 145.000 novos casos de câncer de pâncreas e cerca de 139.000 mortes. Steve Jobs, cofundador da Apple, foi uma das vítimas da doença. Jack teve seu momento eureka durante uma aula de biologia em 2011. Andraka já havia estudado os nanotubos de carbono, estruturas artificiais com a espessura de um átomo hoje usadas na indústria farmacêutica, e marcadores biológicos, substâncias presentes no organismo que podem indicar a existência de uma doença. Ele juntou as duas coisas e começou a projetar um teste que usasse os nanotubos para detectar o marcardor biológico do câncer de pâncreas, com o objetivo de fazer isso de forma mais simples e mais barata que o teste ELISA.

"O que fiz foi criar um sensor de papel: um nanotubo de carbono de parede simples combinado com anticorpos e um marcador biológico do câncer chamado mesotelina. Os anticorpos são moléculas que se grudam em outras moléculas específicas. Meu sensor, em um estudo cego, fez o diagnóstico certo do câncer de pâncreas em 100% dos casos. Ele pode diagnosticar o câncer antes que ele se torne invasivo." Uma gota de sangue basta para fazer o teste.

Para validar sua ideia, Jack escreveu um projeto de pesquisa prevendo os materiais necessários, o tempo de utilização do laboratório, o custo e os resultados almejados. Enviou o projeto por e-mail para 200 profissionais nos Estados Unidos. Recebeu 197 'nãos'. Duas respostas nunca chegaram. "Quando estava prestes a desistir, recebi a última resposta", diz Jack em entrevista ao site de VEJA.

Celeiros de gênios

O surgimento de tantos jovens talentos científicos nos Estados Unidos não é obra do acaso. Diversas organizações estimulam e financiam premiações como a Feira de Ciências da Intel, que este ano distribuiu milhares de dólares em prêmios.
A competição entre jovens gênios também é levada a sério na Olimpíada da Matemática (USAMO - United States of America Mathematical Olympiad), competição entre estudantes do High School que é realizada há seis décadas.
De olho em futuros talentos para suas diversas missões espaciais, a NASA promove o Projeto Aliança Robótica. Os vencedores das diversas competição são observados de perto pela agência, que seleciona os melhores projetos, que, muitas vezes, resultam em missões bem sucedidas.
A resposta positiva veio do laboratório do médico Anirban Maitra, especialista em câncer do pâncreas. Maitra trabalha há 12 anos na respeitada Universidade John Hopkins, que tem uma das melhores faculdades de medicina do mundo e investe alto no tratamento do câncer. "O projeto estava tão bem elaborado, tão bem escrito e representava uma ideia tão inovadora, que foi impossível recusá-lo", diz Maitra. "Jack é um rapaz brilhante." E esforçado. Na segunda metade de 2011, Jack começou o trabalho que duraria sete meses. O médico conta que o garoto aparecia no laboratório todos os dias, após a escola — uma viagem de 70 quilômetros. "Vinha até nos feriados e por vezes saía tarde da noite do laboratório."
Da feira de ciências para o doutorado —O teste de Jack é um projeto de feira de ciências, mas equipara-se a uma tese de doutorado. Promissora, a ideia ainda é muito jovem, e precisará passar pelo rigor e escrutínio da comunidade científica antes de chegar aos pacientes. Quando o estudo for publicado, na forma de um artigo para periódicos científicos, terá o jovem Jack como "chefe da pesquisa". "Ele já está escrevendo. Vamos enviar o artigo em breve", diz Maitra.
Jack já patenteou a técnica e começou a ser assediado por empresas que querem transformá-la em produto. Os 100.000 dólares que recebeu pela descoberta, ao vencer a feira de ciências da Intel, serão usados para financiar sua promissora carreira como patologista. "Ele já venceu outras feiras de ciência menores, sempre com projetos sensíveis às necessidades da sociedade", conta Maitra. "Sua sagacidade está sempre apontada para problemas reais da população." O médico diz que teria orgulho em tê-lo como aluno na Universidade John Hopkins, mas sabe que ele será disputado por outros gigantes da pesquisa. "Pessoas como ele construíram o Google ou a IBM", diz. "Ele tem condições de criar sua própria empresa de biotecnologia." Mas Jack ainda não pensa onde trabalhar. No primeiro ano do ensino médio, o que ele quer é disputar a próxima feira de ciências da Intel. E não perder o próximo episódio deGlee.
Jack Andraka

Diagnóstico rápido e barato

Jack Andraka
15 anos, vencedor da Feira Internacional de Ciência e Engenharia da Intel

Como teve a ideia de desenvolver um teste para diagnosticar o câncer do pâncreas? A única forma de saber se alguém tem câncer de pâncreas é realizar exames periódicos de sangue. Desenvolvi um sensor que identifica uma proteína encontrada no sangue e na urina. Em grandes quantidades, ela indica que o indivíduo tem câncer de pâncreas, de ovário ou de pulmão. Trata-se então de um sensor genérico para esses três tipos de câncer.

Quanto tempo levou para trabalhar a ideia? Levei dois meses para pensar em como montar o sensor, quais reagentes usar e planejar quanto tempo eu precisaria em um laboratório. Disparei 200 e-mails para instituições como o Instituto Nacional de Saúde e fui rejeitado 197 vezes. Duas mensagens nunca chegaram. Finalmente fui aceito pelo Dr. Maitra, na Universidade John Hopkins.

Você já está trabalhando em outro projeto? No momento estou me esforçando para comercializar o novo sensor. Várias empresas já entraram em contato comigo, e registrei um pedido de patente, que aguarda aprovação.

Como o sensor funciona? Trata-se de uma pequena tira de papel com reagentes. O melhor método diagnóstico para o câncer de pâncreas requer três sensores e leva horas. Meu teste não precisa de treinamento nem equipamento especial. Uma gota de sangue basta para seis tipos de testes diferentes em cinco minutos. Além disso, ele pode ser aplicado em outras formas de câncer, monitorar medicamentos e ser adaptado para detectar outras doenças infecciosas, como salmonela, E. coli, rotavírus, aids, e doenças sexualmente transmissíveis. A ideia é fazer o teste realmente simples, para que todos os pacientes possam realizar uma vez por semana, a um custo de três centavos de dólar por teste, de modo que o plano de saúde possa cobrir.

Você se considera à frente da sua geração? Eu me considero à frente da minha geração, mas acho que a inteligência natural é superestimada pelas pessoas. Não acho isso seja o fator principal. O mais importante é o quanto cada um se dedica àquilo que gosta de fazer.

O que espera conquistar nos próximos 15 anos da sua vida? Espero poder continuar minha pesquisa. Quero ser um patologista e talvez funde a minha própria empresa de biotecnologia. Mas ainda tenho muito tempo para pensar nisso, certo?

O que você diria para jovens que desejam começar uma carreira de cientista? O mais importante é encontrar aquilo que te apaixona. Todo mundo tem a chance de se tornar um grande cientista. É apenas uma questão de encontrar sua paixão e fazer as perguntas certas. Se isso acontecer, continue fazendo as perguntas, deixe a curiosidade fluir e trabalhe duro. Sempre valerá a pena.

Memória Morre Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua Aos 82 anos, astronauta havia sido submetido a uma cirurgia no coração


Comandante Neil Armstrong em 1969
Comandante Neil Armstrong em 1969 - NASA
O astronauta americano Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua, morreu aos 82 anos, conforme informou a imprensa dos Estados Unidos neste sábado. A informação foi confirmada pela família dele, em nota à imprensa divulgada em seguida. No começo deste mês, Armstrong tinha sido submetido a uma cirurgia no coração para desobstruir artérias coronárias.

Saiba mais

Terra Lua Apollo
Uma foto de 1969 da Nasa mostra o módulo lunar, com a Terra ao fundo
APOLO 11 
A Apolo 11 foi lançada do Cabo Canaveral no dia 16 de julho de 1969, levando os astronautas Neil Armstrong, comandante da missão, Michael Collins, piloto do módulo de comando, e Edwin "Buzz" Aldrin, piloto do módulo lunar. No dia 20 de julho de 1969, estimadas 530 milhões assistiram, ao vivo, Neil Armstrong passear pela Lua.
O comandante Neil Armstrong se prepara para missão de ir à lua em 16/07/1969
Neil Armstrong, 16/07/1969
NEIL ARMSTRONG
O primeiro homem a pisar na Lua nasceu no dia 5 de agosto de 1930, em Wapakoneta, Ohio, Estados Unidos. Aviador naval entre 1949 e 1952, ele entrou na NASA em 1955, quando ainda se chamava NACA (Nacional Advisory Comittee for Aeronautics). Tornou-se astronauta em 1962 e em 1966 comandou a missão Gemini 8, a primeira a acoplar com sucesso dois veículos no espaço. Em 20 de julho de 1969, no comando da Apolo 11, tornou-se o primeiro homem a pisar na Lua.
Fonte: NASA
"Estamos de coração partido ao dividir a notícia de que Neil Armstrong faleceu após complicações ligadas a procedimentos cardiovasculares", diz a nota da família. "Neil foi um marido, pai, avó, irmão e amigo amoroso." Ele vivia na área de Cincinnati com a mulher, Carol.

Lembrado como "um herói americano", parentes do astronauta destacaram que ele "serviu a Nação com orgulho, como piloto da Marinha, piloto de provas e astronauta". É dele a histórica frase: "É um pequeno passo para o homem e um salto gigante para a humanidade".
No Twitter, a Nasa ofereceu "seus sentimentos pela morte de Neil Armstrong, ex-piloto de testes, astronauta e primeiro homem na Lua." Como comandante da missão Apollo 11, de 20 de julho de 1969, Armstrong foi o encarregado de informar ao centro de controle de Houston (Texas) o pouso do módulo lunar (LEM) pilotado por Buzz Aldrin: "Houston, aqui a base da Tranquilidade. A águia pousou".
Entrevista - Os astronautas do histórico voo Apolo 11, que chegou à Lua em 20 de julho de 1969, calculavam em apenas 50% as possibilidades de pousar sobre a superfície do satélite, afirmou Neil Armstrong, em uma rara entrevista concedida em 2011 e só divulgada em maio deste ano.
"Pensava que eram de 90% as possibilidades de retornar sãos e salvos à Terra depois do voo, mas apenas 50% de pousar sobre a Lua nesta primeira tentativa", disse Armstrong. De acordo com o astronauta americano, "um mês antes do lançamento da Apolo 11, havíamos chegado à conclusão de que estávamos suficientemente preparados para tentar descer à superfície da Lua".
Chip Somodevilla/AFP
O astronauta americano Neil Armstrong, primeiro homem a pisar na Lua
O astronauta americano Neil Armstrong tinha 82 anos
Biografia - O primeiro homem a pisar na Lua nasceu no dia 5 de agosto de 1930, em Wapakoneta, Ohio, EUA. Desde jovem, Armstrong demonstrou sua paixão por aeronaves, o que o levou a trabalhar no aeroporto próximo a sua casa. Aos 16 anos obteve o brevê de piloto. Aviador naval entre 1949 e 1952, ele entrou na NASA em 1955, quando ainda se chamava NACA (Nacional Advisory Comittee for Aeronautics). 
Tornou-se astronauta em 1962 e em 1966 comandou a missão Gemini 8, a primeira a acoplar com sucesso dois veículos no espaço. Em 20 de julho de 1969, era o comandante da primeira missão lunar na Apolo 11, ao lado dos astronautas Buzz Aldrin e Michael Collins. A cápsula lunar Eagle pousou sobre a superfície lunar, e Armstrong - como havia sido planejado - tornou-se o primeiro homem a caminhar sobre o satélite.
Discrição - James Hansen, autor da biografia de Armstrong, disse à CBS que o astronauta nunca entendeu realmente porque as pessoas davam tanto destaque ao fato de ele ter sido o primeiro a pisar na Lua.
A Apollo 11 foi a última missão espacial de Armstrong, que em seguida foi apontado para um serviço administrativo na agência espacial dos Estados Unidos, a Nasa.
A vida profissional de Armstrong então tornou-se bastante reservada. Ele não teve um papel relevante na cerimônia que celebrou o 25º aniversário da chegada do homem à Lua. "Ele é o recluso do recluso", disse o ex-porta-voz da Nasa Dave Garrett, à época.
Hansen disse que histórias de Armstrong sonhando com exploração do espaço quando garoto eram falsas, mesmo que ele tenha sido sempre dedicado à atividade aeroespacial. "Sua vida foi sobre voos. Sua vida era sobre pilotar", disse o escritor. Um ano após a missão Apollo 11, Armstrong deixou a Nasa para se tornar professor de engenharia na Universidade de Cincinnati. 
(Com agência Reuters)

Brizola prevendo o futuro

50 ANOS DA POSSE DE JANIO QUADROS

Varre varre vassourinha !.wmv

Elvis Presley - That's all Right mama - 1954

Elvis - lousiana hayride - 1954 " That's all right"

Elvis Presley - My Happiness (Elvis' first recording)

Elvis Presley - "Heartbreak Hotel" (68 Comeback Special)

elvis presley-hound dog

You Are The First, My Last, My Everything (Barry White)

Elvis Presley - Almost In Love

Elvis Presley - Jailhouse Rock (Music Video)

ELVIS PRESLEY LOVE ME TENDER LIVE AO VIVO LEGENDADO EM PORTUGUES

Elvis Presley - My Way ( Hawaii Rehearsal Concert 1973 )

ELVIS PRESLEY CLOSING NUMBER INDIANAPOLIS CAN'T HELP FALLING IN LOVE 1977

35 curiosidades nos 35 anos de morte de Elvis Presley


Hoje, Elvis Presley completa 35 anos de morte. A data inspira uma série de homenagens pelo mundo. A cidade de Memphis, no Tennessee (EUA), sedia a Semana de Elvis. Na programação, estão inclusos concursos de sósias, palestras sobre rock, show de talentos, mostra de filmes, gincanas, festas de dança e um concerto especial de tributo ao Rei, programado para esta noite (16).
Aqui no Brasil, a atração mais esperada é “The Elvis Experience”, a maior exposição internacional sobre Elvis já feita no mundo. A atração – sediada no paulistano Shopping Eldorado – abrirá suas portas no dia 5 de setembro. Entre os itens prometidos, há carros do cantor, motocicletas e peças de roupa icônicas.
Confira 35 curiosidades que o Blog do Curioso preparou em homenagem ao Rei do Rock:
1. Elvis Aaron Presley nasceu no dia 8 de janeiro de 1935 na cidade de Tupelo, no estado norte-americano do Mississipi. Seu irmão gêmeo, Jesse Garon Presley, nasceu morto.

Elvis com seus pais
2. Gladys Love Smith Presley era uma mãe-coruja. Até Elvis completar 15 anos de idade, ela o acompanhava na ida e na volta da escola todos os dias e o fazia usar seus próprios utensílios para não se contaminar com os germes de outros alunos. O jovem Elvis era proibido de nadar e fazer qualquer coisa considerada perigosa pela mãe.

Elvis Presley, durante a adolescência
3. O pai de Elvis, Vernon Presley, ficou na cadeia por oito meses quando o cantor tinha três anos. Ele foi acusado de falsificar cheques. Por causa desse transtorno, Vernon Presley acabou perdendo sua casa.
4. Em 1948, quando Elvis tinha 13 anos, a família Presley mudou-se para Memphis, no Tennessee. Foi nessa cidade em que a carreira de Elvis começou.
5. Elvis ganhou seu primeiro violão de presente de sua mãe em seu aniversário de 11 anos, em 1946. O presente teve o objetivo de convencer Elvis a desistir da ideia de comprar uma espingarda. Tupelo Hardware, a loja onde ela comprou o instrumento, ainda existe na cidade natal do cantor.
6. Antes da fama, Elvis foi motorista de caminhão da companhia de energia Crown. Nessa época, quando tentou entrar em uma banda profissional liderada por Eddie Bond, foi rejeitado. O músico disse que “era melhor continuar dirigindo caminhões, porque nunca conseguiria ser cantor”. Meses depois, Elvis gravou “That’s All Right (Mama)”, que se tornou um hit em Memphis. Com o sucesso, Eddie Bond convidou o cantor para sua banda. Elvis recusou educadamente.
7. Em 1953, Elvis gravou as músicas “My Happiness” e “That’s Where Your Heartaches Begin”. A gravação no estúdio custou apenas quatro dólares.
8. A primeira aparição de Elvis Presley na televisão foi no dia 28 de janeiro de 1956. Ele cantou a música “Heartbreak Hotel”. A letra foi inspirada na notícia de um suicídio que ele leu em um jornal. 
9. Para acertar a gravação da música “Hound Dog”, Elvis Presley teve de repeti-la 31 vezes. O resultado ficou assim:
10. A mansão “Graceland” foi adquirida pelo astro em março de 1957, por 100 mil dólares. Antes de ser convertido em uma mansão de 25 quartos, o terreno abrigava uma igreja.
11. Elvis Presley foi convocado pelo Exército dos Estados Unidos no dia 24 de março de 1958. Ele ganhava 78 dólares por mês e era proibido de acessar sua receita artística de cerca de 400 mil dólares mensais. Sua mãe, Gladys, morreu um dia depois da volta do cantor para casa, em 14 de agosto de 1958.
12. Em 1960, o single de Elvis Presley “It’s now or never” fez com que um presidiário percebesse que deveria seguir a carreira musical. Era Barry White, que estava preso havia quatro meses por ter roubado pneus.
13. Priscilla Ann Wagner conheceu Elvis quando o astro estava servindo ao Exército norte-americano na Alemanha. Elvis era 10 anos mais velho que Priscilla, que, na época, tinha 14 anos. Elvis e Priscilla Presley se casaram em 1º de maio de 1967, em Las Vegas, e ficaram juntos até janeiro de 1973, quando Priscilla trocou Elvis por seu professor de karatê.
14. No dia 1º de fevereiro de 1968, nasceu Lisa Marie Presley, a única filha de Elvis. Ela chamava o pai de “Yisa” e “Buttonhead”. Lisa Marie seguiu a carreira do pai, tendo sido apelidada pela imprensa como “a princesa do rock”. Ela já foi casada com Michael Jackson e com o ator Nicolas Cage – fanático por Elvis.
15. Antes de morrer, Elvis Presley consumia cerca de 90 mil calorias por dia – o dobro do que come um elefante asiático. Só o café da manhã dele incluía mais de cinco mil calorias: seis ovos quentes com manteiga, ½ quilo de bacon, 250 gramas de linguiça e 12 biscoitos amanteigados.
16. Nos anos 60, os Beatles fizeram uma visita ao Rei do Rock. Jogaram bilhar e cantaram juntos, mas, para a tristeza dos fãs, não gravaram músicas.
17. Elvis tinha dois jatinhos. Um levava o nome de sua filha, Lisa Marie, e o outro foi batizado com o título da música “Hound Dog”.
18. A música “Almost in Love”, gravada por Elvis nos anos 60, foi composta pelo brasileiro Luiz Bonfá.
19. No dia 15 de agosto de 1977 foi tirada a última foto de Elvis. Ele entrava pelos portões de sua casa vindo do dentista.
20. Elvis Presley morreu no dia 16 de agosto de 1977. Seu corpo foi encontrado pela namorada da época, Ginger Alden, em um dos banheiros da mansão Graceland. Inicialmente, sua morte foi divulgada como resultado de um ataque cardíaco. Depois, descobriu-se que o uso de drogas contribuiu substancialmente para levá-lo à morte. Ele tinha 42 anos.
21. O corpo de Elvis foi sepultado inicialmente no cemitério de Forest Hill, em Memphis. No entanto, uma tentativa de roupo do cadáver fez com que a família mudasse o túmulo para um jardim atrás da mansão Graceland.
22. Seu primeiro Cadilac foi comprado em 1955. O carro era azul, mas Elvis o mandou pintar de rosa. O Cadilac foi um presente para a mãe dele, e custou cinco mil dólares. Aliás, esse era um presente que Elvis gostava de dar. Certa vez, para agradar seus amigos de Memphis, o rei do rock comprou vários Cadilacs e distribuiu para a turma. E como se os presentes não bastassem, quando Elvis queria ir ao cinema com seus amigos de Memphis, ele fechava uma sala só para eles.
23. Os macacões brancos que marcaram a fase final da carreira de Elvis foram criados por ele mesmo, inspirado nos quimonos de caratê. O cantor era faixa preta no esporte.
24. Os únicos shows internacionais de Elvis aconteceram no Canadá. Ele fez uma turnê de três apresentações no país vizinho aos Estados Unidos em 1957.
25. A mansão Graceland é o segundo ponto mais visitado dos Estados Unidos, perdendo apenas para a Casa Branca. Equipados com aparelhos individuais, os turistas que visitam a casa de Elvis podem ouvir uma apresentação em áudio, que oferece opções em alemão, espanhol, francês, holandês, inglês, italiano, japonês e português.
26. Na primeira vez que apareceu na televisão americana em rede nacional, Elvis não foi filmado da cintura para baixo por causa de sua dança “imoral”. Veja se você concorda:
27. Elvis fez apenas um comercial de televisão, para a Southern Maid Doughnuts, que foi ao ar em 1954.
28. A música “Love Me Tender” começou a fazer sucesso em 1956. Por 19 semanas permaneceu nas paradas, sendo cinco semanas como a música número 1. A canção, que foi tema do primeiro filme de Elvis, é uma adaptação da cantiga popular “Aura Lee”, escrita em 1861.
29. Em 1967, Elvis Presley ganhou um prêmio de melhor performance de música gospel. Na ocasião, declarou que não era gostava de ser chamado de rei. “Cristo é o Rei. Eu sou apenas um cantor”, concluiu.
30.  Elvis se apresentou no Havaí em 1973. O show foi o primeiro a ser transmitido via satélite. Cerca de 1,5 bilhão de pessoas em 40 países assistiram ao concerto.
31. No fim da carreira, o cantor distribuía para o público cerca de 30 echarpes em seus shows.
32. O último show de Elvis aconteceu no dia 25 de junho de 1975, em Indianápolis, Estados Unidos. A última música cantada ao vivo foi “I Can’t Help Falling in Love with You”.
33. A última refeição de Elvis Presley foram quatro bolas de sorvete com seis cookies de chocolate. A última música que ele cantou foi “Blue Eyes Crying in the Rain”. Ele a tocou no piano na noite de sua morte.
34. Em 1977, havia 170 sósias de Elvis. Em 2000, eram 85.000. Se o número continuar crescendo na mesma proporção, em 2020 um terço da população mundial será de sósias de Elvis Presley.

Sósia de Elvis Presley
35. Apesar de ter gravado mais de 600 canções, Elvis Presley não escreveu nenhuma delas.
http://guiadoscuriosos.com.br/blog/








Teatro Dulcina reabre com Fernanda Montenegro



O monólogo “Viver sem tempos mortos” faz parte da programação de revitalização do espaço no Rio

Paula Costa, especial para o iG 20/08/2011 00:45

Texto:
Fernanda Montenegro homenageia Dulcina de Moraes, com espetáculo que marca a reabertura do teatro que leva o nome da atriz, falecida em 1996. O espaço é conhecido por valorizar artistas, e formar atores. Inaugurado em 1955, a Fundação Brasileira de Teatro, era uma das grandes alegrias de Dulcina, que se dedicou integralmente ao projeto. “Esse teatro era a casa dela. Retomar esse espaço é muito importante. Essa revitalização é mais que especial. Tenho certeza que a Dulcina está muito feliz”, afirma Fernando Montenegro, que se emociona, ao lembrar da atriz. “Quero deixar viva a memória de Dulcina. Uma mulher brava, que lutou muito pela cultura. Estudou muito para trazer cenários fixos, iluminações modernas. O teatro deve muito a ela”, completa.
O teatro, que fica no Centro do Rio de Janeiro, terá programações especiais, para revitalizar não só o espaço físico, mas também para reavivar a cultura local. “Essa área da Cinelândia tem os melhores espaços de teatro. Temos o Theatro Municipal, o Teatro João Caetano, e o Teatro Dulcina. Um lugar de fermentos de uma vida cultural intensa”, ressalta Fernanda. “Eu acho que o Brasil talvez não saiba o que esse teatro significa. A minha vida inteira eu estive aqui. Não se perdia um espetáculo”, conta ao fazer um pedido para que os jovens freqüentem e desfrute do local. “O público mais novo deve vir não só como espectador, mas com grupos de visitas, aqui tem muita história. Dulcina foi uma mulher muito ligada a esse processo educacional. Sem dúvida, ela queria mais vitalidade ao teatro”, garante Fernanda.
No monólogo “Viver sem tempos mortos”, a atriz interpreta textos criados a partir das correspondências trocadas entre Simone de Beauvoir, escritora, pensadora e ensaísta francesa, e Jean Paul-Sartre, filósofo e artista militante. Desde a ruptura com as tradições familiares até sua ligação afetiva com Sartre. O texto funciona como um depoimento, na primeira pessoa, interpretado de forma excepcional, por Fernanda Montenegro. Verdades, dores e alegrias são expostas ao público, numa montagem minimalista, como ela mesma define. “Gosto muito da história de Simone de Beauvoir. Identifico-me com sua visão do feminino, com a paixão pela vida”, declara.
Com direção de Felipe Hirsch o espetáculo leva a reflexão sobre o cotidiano e as contradições humanas. “Fernanda se aproximou de Simone por meio da emoção”, revela o diretor. Texto denso, cenário limpo e iluminação sóbria. Tudo isso com a sensibilidade da grande Fernanda Montenegro. “Acho que de vez em quando a gente tem que fazer um monólogo para testar o talento. Acho que ainda estou bem, com um texto deste”, brinca. “Sempre sinto um friozão na barriga, com um monólogo. Mas é bom sair satisfeita”, finaliza.
A apresentação aconteceu nesta sexta-feira (19), no Teatro Dulcina, que fica na Cinelândia. Haverá mais duas exibições no sábado, e domingo, às 19h.