Caro leitor, qual foi a última vez que você subornou um funcionário público para obter vantagens pessoais? Quando, nos últimos meses, você ofereceu propina para fechar negócios com estatais? Quantas vezes esse ano você fez acordos com doleiros para mandar dinheiro ilegal para fora do país? Nenhuma?
Então não caia nessa ladainha de que “todos fazem”, pois isso simplesmente não é verdade. A marca registrada do lulopetismo, além da magnitude nunca antes vista de corrupção, é sua insistência em nivelar sempre por baixo. A quem interessa acusar todos de safados, senão aos próprios safados? Somente um canalha alega que a canalhice é universal.
O editorial do GLOBO de hoje está excelente e bate justamente nessa tecla. Primeiro, lembra que o PT não roubou “apenas”, e sim montou um esquema de desvios para seu projeto de poder. Segundo, rejeita a ideia de que isso é o que “todos fazem”, uma tentativa abjeta de banalizar as práticas mais nefastas de nossa democracia. Diz o jornal:
À luz do mensalão e, agora, do petrolão, pode-se dizer, dentro de uma perspectiva histórica, que não é por mera coincidência que, em doze anos de lulopetismo no Planalto, construiu-se o mais articulado e amplo esquema de corrupção na máquina pública de que se tem notícia, a fim de drenar dinheiro de estatais para financiar um projeto de poder.
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Lulopetistas costumam defender o partido, desde a descoberta do mensalão, em 2005, com a surrada justificativa de que “todos fazem”. É a escapatória da banalização do crime, para tentar reduzir sua gravidade. A própria candidata Dilma Rousseff escorregou na campanha da reeleição ao dizer que há corruptos em todos os lugares. Fez lembrar o presidente Lula, na histórica entrevista em Paris, depois que o então aliado Roberto Jefferson (PTB-RJ) denunciou o mensalão, quando afirmou que o PT fez o que todo partido fazia.
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Pois agora, no petrolão, Mario Oliveira Filho, advogado de Fernando Soares, o “Fernando Baiano”, acusado de operar — verbo usado em sentido malicioso no submundo da política —na Petrobras, em nome do PMDB, segue na trilha da banalização e diz que não se consegue obra pública sem propinas. Tenta-se jogar areia nos olhos da opinião pública. Não há uma corrupção aceitável e outra reprovável. Há o crime de malversação do dinheiro público a ser investigado e punido. Os casos do mensalão e petrolão — delinquências de mesma célula-tronco — mostram um padrão de drenagem do dinheiro do contribuinte. São malhas tecidas entre partidos e políticos, estatais, empreiteiras, empresas públicas, sindicalistas e, conforme mostrou o GLOBO no fim de semana, fundos de pensão de empresas públicas, tudo numa dimensão jamais vista no submundo da política brasileira, tendo como objetivo estratégico um projeto de perpetuação no poder. É claro, com os inexoráveis desvios feitos para enriquecimento particular. Afinal, a carne é fraca.
O que o PT e seus comparsas fizeram foi ameaçar o nosso estado democrático de direito, numa tentativa sórdida de se comprar o Legislativo para governar somente do Executivo, com votos obtidos por medidas populistas. Ou seja, um projeto demagogo e autoritário típico do chavismo, que ainda deixou um rastro de milionários corruptos no caminho.
Aceitar que isso é algo que “todos fazem” é absurdo! Como se não bastasse o estrago feito em nossas instituições e nossa economia com essa roubalheira toda, o PT causa estrago ainda maior em nossos valores éticos e morais, ao realizar uma campanha ridícula de banalização da corrupção. Como se o Brasil todo fosse formado por quadrilheiros! Como se fosse a coisa mais normal do mundo aparelhar estatais com uma máfia para desvio de recursos!
Sorte nossa que ainda temos instituições republicanas independentes funcionando com vigor. Era o que os mafiosos não esperavam. E o que pode nos salvar deles…
Rodrigo Constantino