terça-feira 09 2014

Em MG, Marina enfrenta vaias e convoca militantes para 'guerra virtual'

Eleições 2014

Candidata do PSB afirmou que presidente Dilma Rousseff tem "11 minutos na televisão em troca de cargos para destruir a Petrobras"

Talita Fernandes, de Belo Horizonte
Marina durante ato político em Belo Horizonte, nesta terça
Marina durante ato político em Belo Horizonte, nesta terça (Willian Augusto/Futura Press/Folhapress)
Em seu primeiro ato de campanha em Minas Gerais, a candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, manteve o tom duro em relação ao megaescândalo de corrupção na Petrobras delatado à Polícia Federal pelo ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa. Ao convocar a militância do PSB nesta terça-feira  a aderir à campanha nas redes sociais para "rebater mentiras", a ex-senadora afirmou: "Dilma tem 11 minutos na televisão em troca de cargos para destruir a Petrobras".
Marina ouviu vaias enquanto discursava na Praça da Estação, no centro de Belo Horizonte. Ao falar a militantes que assistiam ao evento, Marina era chamada de “fundamentalista” por um grupo de pessoas que estava no local, mas para retirar ingressos para um show musical que ocorre neste domingo. Ao ouvirem suas propostas, os manifestantes reagiam aos gritos de “Só se o [pastor] Silas Malafaia deixar”, em referência ao recuo de Marina em relação ao primeiro programa de governo divulgado pelo PSB, que trazia a defesa do casamento do gay e do PLC 122, projeto de lei que criminaliza a homofobia. 
Em seu discurso, Marina fez críticas ao candidato do PSDB Aécio Neves, que governou Minas Gerais por dois mandatos, e à presidente Dilma Rousseff, natural do Estado. Do alto de um caminhão de som, Marina e seu vice, Beto Albuquerque, voltaram a pedir que a militância do partido, que formava exclusivamente o público que foi para o ato, dedique tempo à internet "para combater ataques". Eles reforçaram ainda a importância de projetos como o pré-sal e o Bolsa Família – a presidente Dilma tem afirmado que as propostas de Marina defendem o fim da prioridade ao pré-sal.
Albuquerque reforçou o compromisso da chapa com os investimentos no pré-sal e alfinetou Dilma pelas críticas. "Eu nunca vi tanta mentira ao mesmo tempo quanto estou vendo no programa oficial do governo." Já Marina, última a falar, pediu apoio da militância para responder nas redes sociais aos ataques e disse que o país vai ver uma "pororoca da democracia" de combate às mentiras.
A dentista Denise Limeira da Rocha, de 29 anos, estava entre os que vaiaram a candidata do PSB. "Não acho que ela vai mudar nada. Ela é um fantoche do partido", disse. Denise afirmou ainda que está em dúvida sobre em quem vai votar, mas que provavelmente será em Dilma. "Não que eu seja petista", apressou-se em dizer. Outros que criticavam Marina afirmaram ser eleitores de Luciana Genro, que concorre ao Palácio do Planalto pelo PSOL. "Sei que ela não vai ganhar, mas nessa aí (Marina) eu não voto", afirmou uma mulher.
O evento organizado pelo PSB foi bastante tímido e desajeitado, com o som bastante falho e com público restrito aos militantes. Nem mesmo os que estavam presentes na enorme fila para retirada de ingressos se locomoveram para participar do ato político ao lado.
Também participaram do evento o deputado federal pelo PSB, Júlio Delgado, o candidato ao governo de Minas e pai de Júlio, Tarcísio Delgado, e a aspirante ao Senado pelo PSB, Margarida Vieira. O prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, não compareceu ao evento. Embora seja do PSB, Lacerda faz parte da ala que defendia apoio da sigla a Pimenta da Veiga, candidato ao Palácio Tiradentes pelo PSDB. 

Fogo cruzado: 'Governo paga bolsa banqueiro', diz Marina; Dilma reage: 'Não tenho banqueiro me sustentando’

Eleições 2014 

Campanhas de Dilma Rousseff e Marina Silva trocam acusações e elevam a temperatura às vésperas da divulgação de nova rodada de pesquisas

Felipe Frazão e Talita Fernandes, de Belo Horizonte
Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB)
FOGO CRUZADO – Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) trocam farpas (Ivan Pacheco e Felipe Cotrim/VEJA.com/VEJA.com)
A presidente-candidata Dilma Rousseff (PT) e sua adversária do PSB, Marina Silva, trocaram acusações nesta terça-feira e aumentaram a temperatura do embate entre as duas campanhas, que lideram as pesquisas de intenções de voto.

O embate começou com a veiculação de uma inserção do PT segundo a qual um eventual governo de Marina "daria poder ao bancos" em referência à proposta de autonomia do Banco Central – a propaganda sugere que, se Marina for eleita, banqueiros terão poder de decisão sobre a vida dos brasileiros. A candidata do PSB rebateu durante agenda de campamnha em Minas Gerais: "Ela disse que iria baixar os juros, e nunca os banqueiros ganharam tanto. Agora, eles que fizeram a bolsa empresário, a bolsa banqueiro, a bolsa juros altos estão querendo nos acusar de forma injusta em seus programas eleitorais".
O fogo cruzado não parou por aí: em São Paulo, Dilma retomou a ofensiva: “O Banco Central, como qualquer outra instituição, não é eleito por tecnocratas nem por banqueiros. Sua diretoria é indicada por quem tem voto direto. O Congresso chama o Banco Central e manda prestar conta. Eu não digo isso porque sonhei com isso, mas porque está escrito no programa de autonomia do Banco Central e todo mundo sabe o que é autonomia do Banco Central. Então, não adianta falar que eu fiz bolsa banqueiro. Eu não tenho banqueiro me apoiando”, afirmou Dilma.
Marina recebeu 1,6 milhão de reais nos últimos anos com palestras a bancos e empresas. A campanha petista pediu ao Ministério Público Eleitoral que apure eventuais inconsistências entre os rendimentos de Marina e a declaração da candidata entregue à Justiça Eleitoral. Além disso, uma das principais conselheiras da candidata do PSB, Neca Setúbal, é herdeira do Banco Itaú.
Segundo a presidente-candidata, com a proposta de Marina para o Banco Central, as taxas de juros e as políticas de crédito serão definidas sem prestação de contas ao Executivo e ao Legislativo.
Marina classificou a acusação feita pela propaganda do PT de "leviana" e disse que pode mostrar que quem ajudou os bancos foi o PT usando números. "No governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, os bancos tiveram, em valores atualizados, lucro de 31 bilhões de reais. No governo do presidente Lula, 199,46 bilhões de reais", apontou. Ex-senadora pelo PT e ex-ministra do governo Lula, Marina também não poupou o governo de seu antigo aliado. "O próprio presidente Lula é quem disse que não tem nenhum lugar do mundo em que o Santander esteja ganhando mais do que no Brasil. 'Aqui ele ganha mais do que em Nova York, em Londres, Paris, Pequim, Madri, Barcelona." Marina lembrou que a fala de Lula é do último 27 de julho de 2014, quando ele respondeu ao Santander pelo boletim distribuído aos seus clientes de alta renda, que indicava os 'perigos' econômicos que o país enfrentaria caso Dilma seja reeleita para o Planalto.
Marina foi ainda questionada a explicar porque defende a independência formal – determinada por lei – do Banco Central, um dos pontos criticados pelo PT. "Para que o Banco Central esteja em função do povo. E não de um partido e de um grupo político. É para ter autonomia dos grupos que acabaram com a Petrobras", disparou.
Dilma se negou a comentar a projeção da agência de classificação de risco Moody’s, que indicou o rebaixamento da classificação do país ao deixar nota de crédito brasileira em perspectiva de queda, por causa do mau desempenho da economia. Ela disse apenas que o país “tem todas as condições de se desenvolver” e “não é instável macroeconomicamente”.
Questionada sobre o perfil do próximo ministro da Fazenda – a continuidade do atual, Guido Mantega, já foi descartada em um novo mandato – Dilma disse que antecipar seria “desagradável”. “Eu acho que todo o governo novo, ele terá uma equipe nova, um perfil novo. Eu não posso fazer uma comparação entre pessoas e perfis de pessoas, é algo extremamente desagradável. Dizer se ele vai ser economista ou engenheiro..."

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