sábado 29 2012

"Hebe vai deixar muita saudade no coração de todos", diz Roberto Carlos



Amigos destacaram generosidade e alegria da apresentadora


Roberto Carlos na chegada ao velório da apresentadora Hebe Camargo no Palácio dos Bandeirantes em São Paulo
Roberto Carlos na chegada ao velório da apresentadora Hebe Camargo no Palácio dos Bandeirantes em São Paulo - AgNews

O cantor Roberto Carlos compareceu neste sábado ao velório da apresentadora Hebe Camargo, que morreu nesta madrugada, aos 83 anos, após longa luta contra o câncer. Abalado, vestindo sua característica camisa azul, não falou quando chegou ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual de São Paulo, onde está sendo realizado o velório, mas depois mudou de ideia e conversou com a imprensa. "É uma mulher maravilhosa, que vai deixar muita saudade no coração de todos os brasileiros."
Ajuda — O comediante Tom Cavalcante também foi ao velório da apresentadora e disse que recebeu apoio dela quando veio trabalhar em São Paulo. "Quando cheguei do Ceará, procurei a Hebe porque ela tinha fama de ser simples. Logo no primeiro encontro ela me chamou de gracinha e me abençoou", afirmou. "Pessoas como a Hebe são insubstituíveis, como o Chacrinha e o Chico Anísio."
Cavalcante destacou as posições políticas da apresentadora. “É uma mulher corajosa, que deu a cara para bater em temas delicados.”
O apresentador Otávio Mesquita também falou sobre a generosidade de Hebe. “Ela me ajudou, foi minha amiga. Tomara que nós artistas possamos passar um pouco do amor dela para os espectadores.”
Sorriso — Carlos Alberto de Nóbrega, que foi colega de trabalho de Hebe no SBT, disse que deseja se lembrar do sorriso da apresentadora. "Não consigo falar dela no passado. Para mim ela sempre vai estar presente." 
A jornalista Silvia Poppovic afirmou que é preciso aprender a "fazer TV" com a apresentadora. "Ela ensinou a nossa geração a fazer uma TV mais humana. Agora a gente precisa aprender com ela a fazer uma TV mais alegre."
Batalha contra a doença — A dermatologista Ligia Kogos disse que Hebe soube que a doença que tinha (um câncer no peritônio, membrana que recobre as paredes abdominais) era grave. "Mesmo assim, ela nunca se queixou."
Inspiração — A apresentadora Ana Hickmann saiu chorando e bastante abalada do velório. "A Hebe é minha maior referência e sempre vai me inspirar. Ela vai se uma estrela que vai ser uma estrela 'gracinha' no céu. Não existe um brasileiro que não goste dela." 
Íris Stefanelli, ex-BBB e apresentadora da Rede TV!, também afirmou que sempre se inspirou na Hebe. "Fica um vazio. Existem muitas pessoas boas no mundo, mas ela era única."
Pioneirismo — Um dos ídolos da Jovem Guarda, o apresentador Ronnie Von, ressaltou o pioneirismo de Hebe Camargo. "Somente duas pessoas que participaram da inauguração da TV brasileira estavam na ativa, ela e o Lima Duarte. Agora só resta uma." Ronnie Von se disse ainda chocado com a morte. "Sabia que a doença era grave, mas ainda não caiu a ficha."
Entrevista no céu — Amiga há 68 anos de Hebe Camargo, a atriz Lolita Rodrigues disse que só tinha boas lembranças da apresentadora. "Sofri muito com morte da Nair Bello e agora da Hebe. Ser velho é muito triste porque a gente só tem perdas." Apesar da tristeza, Lolita disse que "Hebe chegou no céu, arrumou toda a produção, encontrou o sofá mais bonito e a primeira pessoa que entrevistou foi a Elis Regina."

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Japoneses encontram o elemento 113 da tabela periódica


uímica

Caso os organismos internacionais reconheçam a conclusão dos experimentos com acelerador de particulas, japoneses serão os primeiros asiáticos com direito a nomear elemento atômico

Ricardo Carvalho
tabela periódica japão
Novo elemento foi produzido a partir da fusão de partículas de zinco com bismuta, numa colisão que aconteceu a 10% da velocidade da luz (Jason Reed/Photodisc)
Cientistas do Japão afirmam ter encontrado o elemento 113 da tabela periódica. Caso a descoberta seja ratificada pela Iupac e pela Iupap, as uniões internacionais de química e física aplicada, respectivamente, os japoneses serão os primeiros asiáticos a terem direito de batizar um novo integrante da tabela periódica, que ainda carrega o provisório nome de unúntrio. Dessa forma, eles passarão a integrar o seleto grupo que conta com Estados Unidos, Rússia e Alemanha, únicas nações que conseguiram feitos semelhantes.
O recém-criado elemento é um átomo com 113 prótons no seu núcleo. Com uma quantidade tão grande de cargas positivas, e consequentemente um alto nível de radioatividade, ocorre, em questão de segundos, a desintegração do elemento em partículas menores. "O núcleo simplesmente não dá conta de tantos prótons", explica Regina Frem, doutora em química e professora do Instituto de Química da Unesp, em Araraquara.  O 113, uma vez sintetizado, se transformou – ou decaiu – seis vezes (no 111, depois no 109, 107, 105, 103 e, por fim, no Mendelévio, de número atômico 101). A cada decaimento, ocorria a emissão de uma partícula alfa, composta por dois prótons e dois nêutrons. É a partir dessa partícula alfa que os cientistas conseguem detectar o elemento, que "vive" por apenas alguns segundos em laboratório. Em outras palavras, os dados dos elementos 111, 109, etc., coletados após anos de estudos, permitiram a caracterização do átomo agora reivindicado pelos japoneses.  
Entre 2004 e 2005, o Centro Riken Nishina, responsável pelo estudo publicado nesta quarta-feira no Journal of Physical Society of Japan, chegou a detectar o novo elemento, mas só conseguiu produzir quatro decaimentos, razão pela qual a Iupac e a Iupap não chancelaram o achado.    
Na marra — Para fabricar o elemento 113, a equipe coordenada pelo cientista Kosuke Morita usou um acelerador de partículas. Milhões de partículas do elemento zinco, que tem 30 prótons no seu núcleo, foram arremessadas contra uma chapa metálica contendo bismuto (83 prótons). O acelerador fez com que o zinco viajasse a 10% da velocidade da luz, único jeito de vencer a rejeição que dois núcleos repletos de cargas positivas têm um sobre o outro. "O choque precisa gerar mais energia do que eles gastam tentando se repelir", diz a professora da Unesp. Como resultado, alguns núcleos de zinco e de bismuto se uniram, dando origem ao efêmero elemento de número atômico 113. O procedimento foi realizado no dia 12 de agosto.
Para receber o carimbo da comissão conjunta da Iupac e da Iupap, o mesmo experimento terá de ser repetido por outros laboratórios. Se o resultado for semelhante ao obtido pelo instituto japonês, o país ganha o direito de batizar o novo elemento. Neste ano, por exemplo, as entidades aprovaram os testes realizados por um grupo de pesquisa formado por americanos e russos, que nomearam de fleróvio e livermório os números 114 e 116 da tabela periódica, achados um ano antes. 
Todos os componentes da tabela periódica que têm núcleos superpesados não existem na natureza. Desde a década de 1940 são realizados procedimentos com reatores nucleares e com aceleradores de partículas para gerar novos elementos. 
Kosuke Morita, do Centro Riken Nishina, já adiantou que quer agora tentar chegar ao elemento 119. O entusiasmo de Morita não é reflexo apenas de uma competição entre países para ver quem tem mais nomes na tabela periódica. Sintetizar novos elementos, diz Romeu Rocha Filho, professor da pós-graduação em Química da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), ajuda a tentar entender como os constituintes da matéria se relacionam. Além do mais, ele explica que existe uma teoria, conhecida por ilha de estabilidade nuclear, segundo a qual o núcleo tenderia a se estabilizar por volta de 120 prótons. Caso se confirme, um elemento criado em laboratório poderia durar um pouco mais do que alguns segundos. "Isso permitira que os cientistas estudassem com mais detalhes as propriedades do elemento", diz Rocha Filho. 

Obra completa de Alfred Wallace, cientista que desenvolveu a mesma teoria de Darwin, é publicada na internet


História

Apesar de ter apresentado ideias similares às da seleção natural, legado do naturalista vive à sombra do conterrâneo mais ilustre

Ricardo Carvalho
Wallace biologia inglaterra seleção natural
Alfred Wallace chegou, de forma independente, a conclusões bastante parecidas com a teoria da seleção natural que Darwin vinha elaborando havia 20 anos (© Wallace Online)
O nome Alfred Russel Wallace (1823-1913) vive longe dos holofotes. Nos livros didáticos das escolas no Brasil, por exemplo, ele se acostumou a ser mencionado como aquele naturalista que, após um surto de febre tropical, enviou a Charles Darwin (1809-1882) a cópia de um ensaio contendo princípios e conclusões bastante similares às que o próprio Darwin vinha elaborando. Temendo deixar escapar a paternidade da teoria da seleção natural, Darwin teria antecipado a publicação das suas ideias. De acordo com os mesmo livros didáticos, aí terminaria — tão repentina e intensa quanto a febre contraída na Malásia — a relevância de Wallace para a ciência.  
Mas não falta quem diga que o cientista mereça mais reconhecimento pela sua colaboração à história da biologia. "As contribuições originais de Wallace para a evolução e outros assuntos biológicos são geralmente negligenciadas”, afirma Viviane Arruda do Carmo, autora de uma tese de doutorado sobre o naturalista inglês apresentada na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) no ano passado. Ela lembra que Wallace, para além do episódio com seu bem mais famoso conterrâneo, tem uma extensa lista de obras sobre outros campos do conhecimento. Ele foi um dos pioneiros da biogeografia (ciência que busca explicar as variações encontradas em animais e plantas de acordo com a distribuição geográfica), estudou o uso das cores no reino animal e vegetal que catalogou em suas viagens dezenas de espécies não conhecidas à época, além de ter produzido material significativo para a geografia e geologia.
Na rede — Quem quiser saber mais sobre a vida e obra desse pesquisador inglês tem à sua disposição, desde a última quinta-feira, o domínio Wallace-online.org. A Universidade Nacional de Cingapura digitalizou toda a sua produção científica, num acervo online com 28.000 páginas de documentos históricos e 22.000 imagens, incluindo ensaios, ilustrações, mapas e relatos de viagens.
É possível ter acesso, por exemplo, aos escritos que Wallace redigiu sobre a sua viagem à região da floresta amazônica, entre 1848 e 1852. "Wallace Iniciou sua carreira como naturalista aqui no Brasil", explica Viviane Arruda do Carmo. Na ocasião, a primeira grande viagem de exploração do naturalista, ele catalogou 110 gêneros de peixes na bacia amazônica, sendo que 35 não eram conhecidos. Além do mais, continua Viviane, Wallace foi o primeiro europeu a subir todo o Rio Negro e a realizar medições de latitude e longitude ao longo do curso d’água. 
O Wallace Online é um projeto inspirado no Darwin Online, website da Universidade de Cambridge, na Inglaterra (por sinal, a instituição na qual Darwin realizou seus estudos no século 19). Por trás das duas iniciativas está o doutor John van Wyhe, especialista em história da ciência na Universidade Nacional de Cingapura. "Wallace sempre estará ligado a Darwin porque ele elaborou as mesmas respostas para a maior pergunta na natureza: de onde vêm as espécies? Elas descendem de formas mais antigas e diferentes", diz van Wyhe ao site de VEJA. A compilação e digitalização da produção de Wallace foram custeadas por uma doação anônima proveniente dos Estados Unidos e chegam a tempo para as celebrações do centenário de morte do naturalista inglês, no ano que vem.
Darwin e Wallace – Alfred Wallace desenvolveu uma explicação para a evolução das espécies quando viveu no arquipélago malaio, viagem que durou oito anos. Em 1858, enquanto sofria de uma febre tropical, ele escreveu o ensaio On the tendency of varieties to depart indefinitely from the original type ("Sobre a tendência das variedades de se afastarem indefinidamente do tipo original", em tradução livre). O texto continha um princípio geral da natureza, bastante similar ao que Charles Darwin vinha concebendo, segundo o qual apenas uma minoria melhor adaptada das espécies sobrevivera à luta por recursos. O novo site sobre o pesquisador exemplifica: "Por que, por exemplo, um inseto tem a mesma cor que as folhas onde costuma habitar? Porque muitos insetos com cores diferentes nasceram, mas aqueles que podiam ser facilmente identificados foram destruídos por seus predadores." 
Embora semelhante à ideia chamada por Darwin de “seleção natural”, as conclusões dos dois naturalistas foram alcançadas de forma independente, explica Viviane Arruda do Carmo. Wallace sabia que Darwin, na época um cientista mais velho e bastante respeitado, estava preparando um grande trabalho sobre evolução. Da Malásia, ele enviou uma cópia do seu ensaio pedindo que Darwin o analisasse. Este decidiu encaminhá-lo, junto com um resumo do que viria a ser A origem das espécies (publicado um ano depois), a uma prestigiosa academia de ciências de Londres. Os dois textos foram impressos como uma contribuição conjunta de Darwin e Wallace.
Isso não quer dizer, pondera Viviane, que se deveria reconhecer Wallace como coautor da teoria de seleção natural. "Não foi coautoria e não se pode dizer que Wallace tenha apresentado uma teoria sistematizada da evolução, como fez Darwin. Ele propôs, num ensaio, o mecanismo que foi batizado por Darwin de seleção natural." 
"Wallace sempre deixou claro que Darwin incluiu aspectos nos seus textos que ele não havia pensado." Em 1889, alguns anos após a morte Darwin, Arthur Wallace publicou um livro intitulado Darwinismo. Nele, o autor organiza as ideias darwinianas -- com algumas alterações e atualizações — três décadas após da publicação de A Origem das Espécies.     
John van Wyhe

"Darwin e Wallace elaboraram as mesmas respostas para a maior pergunta da natureza" 

John van WyheHistoriador e professor do departamento de Ciências Biológicas & História na Universidade Nacional de Cingapura. Fundador e diretor dos projetos Darwin online e Wallace online. 

Qual a ligação das ideias de Alfred Wallace com as teorias de Charles Darwin?
Wallace sempre estará ligado a Darwin porque eles elaboraram as mesmas respostas para a maior pergunta na natureza: de onde vêm as espécies? Elas descendem de formas mais antigas e que eram diferentes. Darwin é mais conhecido porque foi o seu livro que convenceu a comunidade científica internacional que a evolução das espécies era um fato.
Qual foi o trabalho desenvolvido por Wallace no Brasil (1848-52)?
Wallace descobriu novas espécies na Amazônia e percebeu que, algumas vezes, rios muito grandes serviam de barreiras naturais para diferentes espécies.
Como você definiria a importância que Wallace teve para a história da ciência?
Wallace é um exemplo inspirador de como uma pessoa comum, sem vantagens de riqueza e privilégio, pode alcançar descobertas inovadoras por meio do trabalho duro e de um pensamento independente.

Morre Hebe Camargo, madrinha da TV brasileira(VEJA)

Memória

Apresentadora sofreu parada cardíaca em sua casa, em São Paulo. Ícone da TV brasileira nas últimas décadas, ela se tornou patrimônio da cultura nacional


A apresentadora Hebe Camargo, uma das pioneiras da televisão brasileira, morreu aos 83 anos neste sábado (29), de parada cardíaca, em São Paulo
A apresentadora Hebe Camargo, uma das pioneiras da televisão brasileira, morreu aos 83 anos neste sábado (29), de parada cardíaca, em São Paulo - Eduardo Knapp/Folhapress
A apresentadora Hebe Camargo, uma das pioneiras da televisão brasileira, morreu aos 83 anos neste sábado, de parada cardíaca, em sua casa no bairro do Morumbi, em São Paulo. Uma história que se mistura com a da própria televisão. Assim pode ser definida a trajetória de Hebe Camargo. Ícone da televisão brasileira nas últimas seis décadas, ela se tornou um patrimônio da cultura nacional. Desde que estreou na telinha, marcando presença na primeira transmissão televisiva do país, em 1950, o período máximo que passou afastada da TV foi de dois anos, logo após dar à luz seu filho único, Marcello, em 1965. Marcello é filho de seu primeiro marido, Décio Capuano. Nos outros 60 anos, Hebe brilhou e criou um estilo único de apresentar que é copiado até hoje por discípulas como Adriane Galisteu e Luciana Gimenez.
Sua carreira, iniciada no rádio como cantora e atriz, se cruzaria com a da televisão desde a chegada dos primeiros equipamentos de transmissão ao país. Convidada, junto com outros artistas, pelo então todo-poderoso Assis Chateaubriand, ela esteve no porto de Santos em 25 de março de 1950 para recepcionar os caixotes com câmeras, antenas e transmissores da futura TV Tupi, onde começou como cantora.

Oito anos depois, na TV Paulista -- a antecessora da Globo em São Paulo -- Hebe daria os primeiros passos como apresentadora, já fazendo história. De 1958 a 1964, ela comandaria o primeiro programa feminino da TV, O Mundo É das Mulheres. Fora das telas por quase dois anos – sua única ausência prolongada –, retornaria em 1967 com o dominical Hebe Camargo, na Record, e entraria definitivamente para o panteão histórico da TV brasileira, consolidando um bordão, "Ai, que gracinha!", e criando um formato copiado até hoje, o das entrevistas informais em um sofá. 
Depois da Record, a apresentadora ficou seis anos na Bandeirantes. E em 1986, foi para o SBT, onde permaneceu até 2010, após ter seu salário reduzido de 1,5 milhão para 500.000 reais por Sílvio Santos. No ano seguinte, foi contratada pela Rede TV!, onde continuava apesar de paralisações na exibição de seu programa devido às complicações de saúde. Nesse meio tempo, se separou do primeiro marido, Décio Capuano, e se casou com Lélio Rvagnani em 1973, com quem esteve até ele morrer, em 2000. 
Madrinha -- Apesar de ter lançado uma fórmula até hoje usada na TV, a das entrevistas informais em cima de um sofá, Hebe não é um modelo que outras apresentadoras tentam seguir à risca. Isso porque, apesar da admiração que sentem por ela, todas sabem que Hebe é inimitável. "Ninguém pode copiá-la, ela é muito autêntica", considera a amiga Adriane Galisteu, apontada pela própria Hebe como sua substituta. A opinião da apresentadora do Muito+, da Band, é compartilhada por pessoas como a colega Astrid Fontenelle e o diretor televisivo Nilton Travesso. E revela o que a língua sem travas e os brilhos das joias já sugeriam: Hebe Camargo foi e será única. 
Como Adriane, Astrid prefere louvar Hebe a copiá-la, mas admite um pendor pelo tom pessoal que a apresentadora imprimia em seu trabalho. "Admiro o trato dela com as pessoas. Televisão é olho no olho, e gente que tem carisma e sabe rir de si mesma faz diferença", diz Astrid. "Diferentemente de muitos na televisão, a Hebe não criou um personagem. Ela era o que a gente via no palco. Ela não se produzia interiormente, só por fora", pensa Travesso, lembrando o visual marcante da apresentadora. O diretor trabalhou com ela ainda nos anos 1960, na TV Record. "O sofá sempre foi uma arma. A Hebe investiu na intimidade e na aproximação das pessoas". Mas a apresentadora não hesitava também quando precisava abrir a sua própria intimidade em prol de uma boa causa. Em 1997, por exemplo, ela teve uma atitude corajosa ao expor, numa reportagem de capa de VEJA, que fizera um aborto na juventude.