quinta-feira 30 2015

Campanha de Dilma pagou R$ 6 mi a gráfica presidida por motorista


Além disso, Rede Seg não tem funcionários registrados – o que levantou suspeitas durante análise das contas da campanha petista pelo Tribunal Superior Eleitoral, segundo jornal

A presidente Dilma Rousseff participa de solenidade que celebra da marca de 5 milhões de Microempreendedores Individuais( MEI), no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), nesta quarta-feira (17)
Gráfica contratada pela campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff, em 2014, também não tem funcionários registrados(Evaristo Sá/AFP)
Pagamentos a uma gráfica sem funcionários registrados e presidida por um motorista levantaram suspeitas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante análise das contas da campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição. Segundo reportagem da edição desta quinta-feira do jornal Folha de S. Paulo, a Rede Seg Gráfica e Editora, em São Paulo, recebeu 6,15 milhões de reais - o que a coloca na oitava posição entre os maiores fornecedores de campanha da presidente. As suspeitas de que a gráfica não tem estrutura para prestar os serviços pelos quais recebeu tiveram início quando técnicos do TSE cruzaram a prestação de contas da petista com dados do Ministério do Trabalho. Algumas notas da gráfica entregues ao tribunal informam que a empresa produziu folders para a campanha eleitoral.
O jornal visitou o endereço da gráfica e foi informado por Rogério Zanardo que a empresa pertence à família dele, e não ao motorista Vivaldo Dias da Silva. Zanardo não soube, contudo, informar por que a empresa está registrada em nome de Silva. Ele afirmou também que as máquinas estavam desligadas porque a gráfica estava sem serviço. Já o irmão de Rogério, Rodrigo, saiu-se com outra explicação: afirmou que Silva é mesmo o dono da empresa, embora também trabalhe como motorista para a própria Rede Seg. Aos irmãos caberia, segundo Rodrigo, administrar o local. A família Zanardo teria sido procurada por Silva porque já tem experiência no ramo, uma vez que é dona da gráfica Graftec. Em relação a inexistência de funcionários, Rodrigo afirma que o serviço para a campanha contou com terceirizados.
Silva dirigiu-se ao local mais tarde, afirmando que é mesmo o dono da gráfica, além de motorista. "Eu gosto de trabalhar, e é um rendimento a mais que tenho", afirmou à Folha. Segundo o TSE, Silva manteve vínculos empregatícios com a Graftec entre 2006 e 2007, como eletricista. De 2009 a 2013, ele foi registrado como motorista em uma empresa chamada Artetécnica Gravações, com salário mensal de 1.490 reais.
Esse não é o primeiro motorista a receber uma fortuna da campanha petista. Reportagem do jornal revelou no ano passado que a Focal Confecção e Comunicação Visual, segunda maior fornecedora da campanha da presidente - recebeu 24 milhões de reais do PT -, tem como um dos sócios Elias Silva de Mattos, que até 2013 declarava ser motorista e recebia salário de cerca de 2.000 reais mensais.
A Secretaria de Comunicação Social da Presidência informou ao jornal que selecionou as empresas que apresentaram preços mais baixos. A secretaria não informou qual serviço foi prestado pela Rede Seg. "A elaboração do material foi auditada pela campanha e a documentação que comprova a elaboração e entrega do material foi auditada pelo TSE", diz a nota. As contas da campanha de Dilma foram aprovadas com ressalvas, o que levou o TSE a seguir com as análises.
Gráfica Rede Seg.
Gráfica e Editora Rede Seg(Gustavo Uribe/Folhapress)
(Da redação)

Governo deve cortar mais R$ 2 bilhões no orçamento da Educação este ano


Segundo fontes ouvidas pela agência Reuters, corte adicionar amplia para R$ 11 bilhões o bloqueio sobre os repasses aos programas educacionais

A presidente Dilma Rousseff participa da cerimônia de posse do novo ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF)
A presidente Dilma Rousseff já autorizou cortes de 9,5 bilhões de reais em Educação(Eraldo Peres/AP)
O governo vai fazer corte adicional de até 2 bilhões de reais no orçamento do Ministério da Educação deste ano que, se concretizado integralmente, amplia para mais de 11 bilhões de reais o bloqueio sobre os programas educacionais, informaram à agência de notícias Reuters nesta quinta-feira duas fontes do governo com conhecimento sobre o assunto.
Com isso, a área de Educação poderá responder sozinha por quase um quarto do corte adicional de 8,6 bilhões de reais nas despesas de 2015 anunciado na semana passada e que faz parte do novo ajuste fiscal. "O Ministério da Educação será uma das pastas mais atingidas pelo novo corte", disse uma fonte do governo. Uma segunda fonte do governo disse que a tesoura será maior no MEC porque possui um dos maiores orçamentos em comparação aos demais ministérios.
Procurado, o Ministério da Educação não tinha alguém imediatamente disponível para comentar o assunto. Já o Ministério do Planejamento, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que somente se manifestará após a publicação do decreto de Programação Orçamentária e Financeira, que deve ocorrer ainda nesta quinta-feira por meio de edição extra do Diário Oficial da União.
Com o slogan "Brasil Pátria Educadora", o governo da presidente Dilma Roussef já havia feito um corte de quase 9,5 bilhões de reais na Educação neste ano, como parte do contingenciamento de 70 bilhões de reais em maio e que já havia imposto à pasta a desaceleração em vários programas educacionais.
As ações de empresas de educação caíram nesta quinta, na Bolsa de Valores. Às 15 horas, Kroton Educacional caía mais de 4% por cento e Estácio Participações desabava mais de 5%. O Ibovespa tinha perdxas de 0,68%. Fora do principal índice da bolsa, Ser Educacional perdia quase 5% e Anima Educação abandonou os ganhos e declinava cerca de 2,5%.
Com a economia cada vez pior, com previsões de analistas de recessão para este e o próximo ano e que afetam diretamente a arrecadação, a equipe econômica teve de reduzir as metas fiscais para este e os próximos anos na semana passada, quando também divulgou corte adicional total de 8,6 bilhões de reais, mas sem especificar quais áreas e de que maneira seriam atingidas.
(Com Reuters)

Dilma veta extensão da regra de correção do mínimo a todos os aposentados

A presidente Dilma Rousseff participa de cerimônia de lançamento do Pronatec Jovem Aprendiz, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF)
A presidente Dilma Rousseff tinha somente até esta quarta-feira para vetar regra que causaria rombo ainda maior na Previdência(Evaristo Sá/AFP)
A presidente Dilma Rousseff vetou a extensão da regra de correção do salário mínimo para todos os aposentados, segundo despacho publicado no Diário Oficial da União desta quinta-feira. O veto era esperado desde que o Congresso aprovou a medida no início do mês.
A presidente tinha somente até esta quinta-feira para decidir o que fazer com o projeto que, originalmente, pretendia apenas prorrogar até 2019 a política de valorização do salário mínimo. No entanto, os deputados estenderam, na Câmara, o mesmo reajuste, acima da inflação, também para as aposentadorias, pensões e benefícios pagos pela Previdência a quem ganha acima do mínimo.
No Senado, o texto que promovia recuperação do mínimo e que reajustava as demais aposentadorias foi separado, permitindo que a presidente Dilma Rousseff vetasse apenas a parte que o Planalto considera "insustentável" para as contas públicas. O gasto estimado pela Previdência seria de 9,2 bilhões de reais extras por ano.
No texto publicado hoje, Dilma argumenta que associar a política de valorização do salário mínimo aos pagamentos da previdência é inconstitucional. "Ao realizar vinculação entre os reajustes da política de valorização do salário mínimo e dos benefícios pagos pelo Regime Geral de Previdência Social - RGPS, as medidas violariam o disposto no art. 7º, inciso IV, da Constituição. Além disso, o veto não restringe a garantia constitucional prevista no art. 201, ? 2º", diz o texto.
Pela política sancionada, o salário mínimo continuará sendo reajustado com base na correção da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de um ano antes, mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores.
Nesta quarta-feira, o governo já havia antecipado que iria vetar o reajuste aos aposentados vinculado ao mínimo. O ministro de Aviação Civil, Eliseu Padilha, um dos responsáveis pela articulação política do governo, afirmou que "esta conta é impagável" e "a solução é vetar". "Não tem outra saída", disse ontem.
(Da redação)

Dilma libera R$ 1 bilhão em emendas parlamentares


Presidente tenta acalmar deputados e senadores diante das crises política e econômica

A presidente Dilma Rousseff participa de cerimônia de lançamento do Pronatec Jovem Aprendiz, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF)
Presidente Dilma Rousseff liberou verba para acalmar deputados e senadores que estão tendo dificuldade em obter verbas orçamentárias(Evaristo Sá/AFP)
Às vésperas do fim do recesso parlamentar, o governo autorizou a liberação de cerca de 1 bilhão de reais referente a restos a pagar de emendas parlamentares de 2014 e anos anteriores. A primeira liberação de recursos a parlamentares neste ano é uma tentativa do governo de acalmar deputados e senadores em meio às crises política e econômica, que devem ser acentuadas neste segundo semestre.
Haverá prioridade aos pagamentos de emendas parlamentares para compra de máquinas e equipamentos, mas as verbas para gastos com obras também serão contempladas. "Não tem nenhum milagre. O que tem, pura e simplesmente, é que o governo está cumprindo a Lei Orçamentária. A nossa esperança é que a base do governo se solidifique mais", disse o ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil), que atua diretamente na articulação política do governo. "Queremos mostrar que, no embate político, temos que unir forças", afirmou.
Um líder partidário disse ao jornal O Estado de S. Paulo ter recebido telefonema do ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD), para comunicar a liberação de emendas.
Durante o recesso parlamentar, deputados demonstraram indignação com a dificuldade em obter as verbas do orçamento. Eles dizem estar sendo pressionados por prefeitos em suas bases eleitorais que, às vésperas das eleições, não têm recursos para executar as obras.
Em outra frente para atender à demanda nos Estados, a presidente Dilma Rousseff reúne nesta quinta-feira, em Brasília, os 27 governadores em busca de ajuda para evitar a aprovação de gastos extras previstos em projetos do Congresso, a chamada "pauta-bomba" de despesas para a União, Estados e municípios.
Dilma também tentará dar um tom menos pessimista sobre o futuro da economia, mesmo em meio à crise aguda. Os ministros da área econômica devem apresentar dados mostrando que a economia pode começar a reagir já no fim deste ano e, apesar das dificuldades, há uma luz no fim do túnel.
Recuperação - Na reunião de coordenação política, na segunda-feira, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, apresentou a seus colegas da área política dados mostrando que há indícios de uma reação e uma recuperação real já no ano que vem. Na quarta-feira, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou, ao sair de uma reunião com empresários, que há sinais de boas notícias, como uma leve recuperação das exportações.
Dilma quer que os dois ministros façam a mesma apresentação aos governadores. A intenção é angariar apoio às medidas que estão sendo tomadas para tentar recuperar a economia e, indiretamente, à própria presidente, em uma tentativa de mostrar que há um projeto de governo e que Dilma é a garantia da solução para a crise econômica.
A presidente quer mostrar os caminhos que o governo está traçando para sair da crise, que há viabilidade política nas suas propostas e que todos podem se beneficiar deles, desde que mobilizem suas bancadas para aprovar projetos importantes na recuperação da economia e na repatriação de recursos.
O Planalto afirma que todos os governadores confirmaram presença na reunião desta quinta-feira, inclusive os de oposição - apenas no caso de Mato Grosso do Sul deve vir a vice, Rose Modesto (PSDB). Há, também um movimento, mesmo entre os tucanos, de ajudar o governo na tentativa de barrar novos gastos no Congresso para evitar um efeito cascata nos Estados - entre elas, a possibilidade de derrubada do veto ao reajuste do Poder Judiciário, que podia chegar a 78%.
Dilma deve pedir a cooperação dos governadores, por exemplo, para barrar o projeto que altera a correção do FGTS e o equipara à correção da poupança - uma das propostas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) -, que está rompido com o governo.
(Com Estadão Conteúdo)

É fácil pegar hepatite B e C na manicure. Por que não dá para confiar na esterilização feita nos salões de beleza



Nunca conheci uma mulher que não faça as unhas. O mercado profissional das manicures é curioso. Quando a economia vai bem, as plaquinhas que anunciam vagas se multiplicam pelas cidades – dos salões luxuosos às bibocas mais improvisadas. Quando a economia vai mal e o desemprego avança, as manicures são as últimas a sentir a crise. O salário delas passa a sustentar a família. Manicure não fica sem trabalho. É serviço de primeira necessidade – às vezes disputado no grito pelas clientes.
Se todas as mulheres e muitos homens frequentemente sofrem ferimentos provocados pelos alicates – os terríveis “bifes” – quem garante que não sairão do salão infectados por um vírus que pode ser fatal?
Ninguém garante. A existência de autoclaves e estufas nos salões não é garantia de coisa alguma. Foi o que descobri ao entrevistar a professora de enfermagem Andréia Schunck, do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo.
Em seu doutorado, Andréia decidiu investigar de que forma as manicures contribuem para a disseminação das hepatites. Ninguém sabe ao certo quantos são os portadores dos vírus B e C no Brasil. Estima-se algo entre 1,5 milhão e 4 milhões. É gente demais.
Esses vírus provocam inflamação no fígado. São um gravíssimo problema de saúde, como contou o médico Drauzio Varella na coluna da semana passada. Drauzio vai levantar o assunto na nova série do Fantástico, que estreia no dia 17.
Os vírus podem danificar o fígado durante décadas sem dar o menor sinal. Quando o doente o descobre, já infectou várias outras pessoas por meio do contato com material perfurante ou nas relações sexuais. Muitas vezes a doença já chegou à fase de cirrose ou câncer. O único recurso passa a ser o transplante. Ele é disputado numa fila cruel, mais longa que a do coração e a dos rins. Grande parte dos pacientes morre antes de conseguir o órgão.
É chocante perceber que todo esse sofrimento poderia ser evitado se normas básicas de higiene fossem efetivamente cumpridas. Andréia visitou cem salões de beleza da capital paulista. Na periferia, no centro, nos shoppings, nos bairros nobres. A metodologia foi rígida. Para evitar qualquer viés que invalidasse os dados, pediu ao Datafolha que dividisse as regiões da cidade por amostragem. O instituto de pesquisa informava um ponto de referência em cada bairro. Uma banca de jornal, uma padaria, uma loja.
A partir dele, a missão de Andréia era caminhar aleatoriamente até encontrar o primeiro salão de beleza. Ao encontrá-lo, se apresentava e fazia a pesquisa. “No Brás, caminhei duas horas e meia até achar um salão. Durante toda a pesquisa emagreci 16 quilos”, diz ela. O esforço valeu a pena. Trata-se de um estudo inédito no mundo.
Andréia passava de seis a dez horas em cada salão. Entrevistava as manicures, observava como elas trabalham e colhia sangue para verificar se tinham o vírus da hepatite B ou C. Em TODOS os salões, encontrou práticas inadequadas.
As manicures não lavavam as mãos depois de atender cada cliente, não lavavam o material antes de colocá-lo no equipamento de esterilização, não usavam as autoclaves corretamente etc. Em um deles, as profissionais achavam que colocar os alicates no forninho elétrico seria suficiente. Tiravam pães de queijo da assadeira e colocavam os alicates no lugar. Inútil. O calor do forninho não é suficiente para matar os vírus.
Até nos salões mais badalados, frequentados por celebridades e divulgados como templos exclusivíssimos do luxo e da beleza, Andréia observou pelo menos um descuido capaz de permitir a transmissão dos vírus.
As manicures não têm noção do risco que correm. Podem pegar a doença das clientes caso se machuquem com o material usado.O mesmo pode acontecer se fizerem as próprias unhas com o material infectado pelas clientes. Andréia observou que essa é uma prática mais comum do que se imagina.
Num dos salões mais chiques de São Paulo, Andréia quis saber por que a manicure não usava luvas. A moça respondeu:
“Não tem perigo. Minhas clientes são limpinhas”.
Tentar adivinhar a condição de saúde de alguém pelas pistas sugeridas pela boa aparência e pela condição social privilegiada é uma tremenda bobagem. Passar a tarde no ofurô, entregar as chaves da BMW ao manobrista e desfilar uma Louis Vuitton por semana não torna ninguém imune aos vírus. Eles não fazem distinção entre os limpinhos e os sujinhos. Os vírus têm um único objetivo neste planeta: crescer e se multiplicar. Para cumprir essa missão com eficiência, é preciso infectar as pessoas sem matá-las rápido demais. Quanto mais tempo o hospedeiro sobreviver e espalhar a praga, mais descendentes os vírus colocarão no mundo.
É exatamente o que fazem os vírus da hepatite B e C. O vírus B é cem vezes mais infectante que o da aids. Tem a capacidade de permanecer vivo em superfícies por até sete dias. A pessoa infectada é capaz de viver décadas sem notá-lo. A mulher que contrai o vírus B na manicure pode transmiti-lo ao parceiro se não usar camisinha nas relações sexuais. A transmissão sexual do vírus C é controversa e rara, mas os especialistas dizem que ela também pode ocorrer. “Parece estar restrita a alguns grupos de risco com práticas sexuais anais e traumáticas”, diz Raymundo Paraná, presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia.
Entre as manicures, a prevalência dos vírus da hepatite é maior que na população geral. Foi o que Andréia comprovou. Os exames de sangue demonstraram que 10% das profissionais entrevistadas estavam infectadas. O vírus B apareceu em 8% da amostra e o vírus C em 2%.
A forma mais segura de se proteger da doença é a vacinação. Existe vacina para o vírus B, mas não para o C. O SUS oferece a vacina contra hepatite B a grupos específicos (profissionais da saúde e do sexo, imunossuprimidos, coletores de lixo etc). As manicures fazem parte dessa lista, mas apenas 15% das mulheres entrevistadas por Andréia sabiam que tinham direito à vacina.
As manicures também tinham muitas dúvidas sobre a forma correta de higienizar o material. Para não correr risco de se infectar ou de infectar as clientes, a profissional precisa cumprir todos os passos a seguir. Na próxima vez em que for ao salão, observe se eles realmente foram cumpridos. É provável que você se assuste:
1) Antes de atender cada cliente, lavar as mãos ou usar álcool gel
2) Colocar as luvas. Usar um novo par a cada cliente
3) Usar lixa e palito descartáveis (um para cada cliente)
4) Abrir o pacote com o material esterilizado na frente da cliente
5) Usar uma toalha limpa ou descartável para cada cliente
6) Lavar os alicates, a espátula e outros instrumentos metálicos reutilizáveis com água, sabão e escova
7) Enxugar esse material com toalha limpa e colocá-lo no envelope especial para esterilização
8) Selar o envelope e colocá-lo na estufa ou na autoclave
9) A estufa não pode ser aberta durante a esterilização. Se uma manicure abrir a porta da estufa enquanto outra deixou o material lá dentro, a esterilização fica comprometida. É preciso manter a estufa funcionando durante uma hora ininterrupta, à temperatura de 170 graus
10) A autoclave é mais fácil de controlar porque funciona como uma panela de pressão. Basta colocar o envelope, fechá-la e esperar até o final da esterilização.
Se você gostou desses passos, espalhe o link e contribua para a saúde de todos. Outra opção é fazer um kit e levar o seu próprio material ao salão. Não basta levar apenas o alicate. “Levo acetona, esmalte, palito, espátula, alicate, tudo”, diz Andréia. Ela tem dois ou três alicates. Manda afiá-los nas mesmas casas especializadas onde as manicures compram o material de trabalho.
Neurose demais? Pode ser, mas estou convencida de que o sofrimento provocado pelos vírus da hepatite é infinitamente maior. “O erro de muitas mulheres é desvincular a saúde da beleza”, diz Andréia. “É importante cuidar da beleza. Mas com saúde”.
(Cristiane Segatto escreve às sextas-feiras)

E você? O que observa nos salões de beleza? Como se protege? Conte pra gente. Queremos ouvir sua história.
 

CRISTIANE SEGATTO 
Repórter especial, faz parte da equipe de ÉPOCA desde o lançamento da revista, em 1998. Escreve sobre medicina há 15 anos e ganhou mais de 10 prêmios nacionais de jornalismo. Para falar com ela, o e-mail de contato é cristianes@edglobo.com.br


CPI articula ida de Okamotto e convocação de Dirceu


Presidente do Instituto Lula deve depor antes das manifestações do dia 16 de agosto. Principal preocupação petista é Dirceu, cujos pedidos de habeas corpus vem sendo negados

O CARA - Presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto funcionava como elo entre Marcos Valério e o PT
Presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto(Eduardo Knapp/Folhapress/VEJA)
A CPI da Petrobras vai centrar ainda mais sua artilharia no PT no segundo semestre. Já na primeira quinzena de agosto, os deputados devem marcar o depoimento do diretor-presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, cuja convocação foi aprovada no mês passado. Até o início de setembro, a comissão comandada pelo deputado Hugo Motta (PMDB-PB), aliado do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), quer aprovar também o requerimento de convocação e marcar o depoimento do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
A pedido do PSDB, Okamotto - amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde os tempos do sindicalismo - deve depor antes das manifestações contra o governo da presidente Dilma Rousseff, marcadas para o próximo dia 16. Aliados de Cunha acreditam, porém, que Okamotto deve comparecer à CPI munido de autorização judicial para ficar calado. O requerimento de convocação de Okamotto foi aprovado em junho, durante uma tumultuada sessão da CPI, após a revelação de que o Instituto Lula recebeu doações de 3 milhões de reais entre 2011 e 2013 da Camargo Corrêa, uma das empreiteiras alvo da Operação Lava Jato.
O aliado de Lula foi convocado às vésperas do Congresso do PT, o que irritou o ex-presidente. Lula reclamou com dirigentes petistas e deputados da bancada e chegou a telefonar para o vice-presidente Michel Temer para se queixar do comportamento dos peemedebistas.
Já a convocação de Dirceu foi adiada no início deste mês em uma operação negociada com os petistas e o governo. O ex-ministro é investigado na Lava Jato por suspeita de receber propina de empreiteiras por meio de sua empresa, a JD Consultoria. Ele sustenta que recebeu por serviços efetivamente prestados. Para poupar ministros mais próximos a Dilma e livrar Dirceu da exposição, o PT e o Planalto decidiram sacrificar o titular da Justiça, José Eduardo Cardozo, que acabou convocado para explicar aos deputados a atuação da Polícia Federal (PF) na Operação Lava Jato.
Na ocasião, PMDB e PSDB queriam incluir na lista de convocações os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Edinho Silva (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República). O Planalto rechaçava a convocação de Mercadante e Edinho porque isso simbolizaria a exposição direta da presidente Dilma Rousseff. Agora, os membros da comissão entendem que tão logo seja divulgado o conteúdo da delação premiada do empreiteiro da UTC, Ricardo Pessoa, a convocação de Mercadante será inevitável.
O principal temor dos petistas é com a convocação de Dirceu. Segundo fontes do PT, o ex-ministro estaria deprimido e com medo de ser preso novamente, uma vez que todos os pedidos de habeas corpuspreventivo lhe foram negados pela Justiça Federal. Condenado no mensalão, Dirceu cumpre prisão domiciliar. Sua defesa já afirmou em petições à Justiça que ele "não aguenta mais" o "suplício".
Por enquanto, as atividades agendadas da comissão se resumem às oitivas de representantes da Samsung Heavy Industry no Brasil e da Mitsui, no próximo dia 5, além da acareação entre o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, no dia seguinte.
(Com Estadão Conteúdo)

Novo delator detalha propina e diz que corrupção era 'decisão empresarial' da Andrade Gutierrez


Mario Goes, que acaba de firmar acordo de colaboração, entregou informações sobre quinze movimentações financeiras até então desconhecidas


O empresário Mário Góes, ligado ao ex-diretor da Petrobras Renato Duque, em audiência na Justiça Federal
O empresário Mário Góes, ligado ao ex-diretor da Petrobras Renato Duque, em audiência na Justiça Federal(Reprodução/VEJA)
O mais novo delator da operação Lava Jato, o operador Mario Goes, deu detalhes ao Ministério Público sobre o esquema de distribuição de dinheiro sujo orquestrado pela construtora Andrade Gutierrez (AG) no exterior. Logo nos primeiros depoimentos aos procuradores do Ministério Público Federal, Goes esmiuçou pelo menos quinze operações de lavagem de dinheiro ainda desconhecidas pelos investigadores. Ele contou que, por meio da subsidiária Zagope Angola, vinculada à Andrade, a empreiteira repassou propina de 2008 a 2012 para uma conta bancária da empresa offshore Phad Corporation controlada pelo próprio na Suíça. De lá, o dinheiro foi enviado, por meio de contratos falsos, ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e ao ex-gerente da petroleira Pedro Barusco.
"[Mario Goes disse] que os serviços constantes do contrato nunca foram e não seriam prestados, que os valores indicados no contrato foram efetivamente pagos pela Andrade Gutierrez, que a integralidade do saldo da conta Phad à época adveio da Andrade Gutierrez", diz a transcriação do depoimento. De acordo com Goes, o esquema de pagamento de propina era uma "decisão empresarial" da Andrade Gutierrez.
O fluxo do propinoduto montado entre a Zagope e a Phad com a simulação de um contrato com a Andrade Gutierrez chegou a 6,42 milhões de dólares, segundo os investigadores. Com o auxílio de investigadores da Suíça e de outros depoimentos de delação premiada, o Ministério Público já havia detectado pelo menos 83 repasses de propina entre julho de 2006 e fevereiro de 2012 envolvendo contas do operador Mario Goes para contas correntes de Pedro Barusco, usadas também para o recolhimento de propina a Renato Duque. Nesse período, o esquema de propina envolvendo o trio movimentou expressivos 48,2 milhões de reais.
"Com o objetivo de ocultar e dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação e propriedade de valores que são oriundos dos diversos crimes, [os executivos da Andrade Gutierrez] Otávio Marques de Azevedo, Elton Negrão, Flávio Machado Filho e Antônio Pedro Campello valeram-se da empresa Zagope Angola, integrante do Grupo Andrade Gutierrez, para efetuar repasses ao operador Mario Goes no exterior, os quais posteriormente seriam destinados a Pedro Barusco e Renato Duque", relatou o MP ao juiz Sergio Moro.
Os procuradores afirmam que, para dar ares de veracidade à contratação de Mário Goes pela construtora Andrade Gutierrez, foram simulados contratos para a "prestação de serviços de consultoria com identificação de oportunidades de investimento nos setores de infraestrutura industrial, rodoviária, portuária, aeroportuária, imobiliária, de cimento na costa atlântica da África" e para a prospecção de oportunidades de investimento na área de óleo e gás na costa atlântica da África. Para os investigadores da Lava Jato, os contratos são "evidentemente falsos" porque a Phad Corporation era "uma empresa de fachada constituída no exterior apenas para a movimentação de recursos", e porque "Mario Goes não detinha expertise que justificasse a contratação".
Goes detalhou ainda como seria a participação de Antonio Pedro Campello, ex-diretor da Andrade, como distribuidor da propina paga pela empreiteira em negociações também no Brasil. Em um dos contratos, no valor de 5 milhões de reais, apenas 1,5 milhão de reais por serviços prestados - o restante, de acordo com o delator, era propina a ser direcionada a Pedro Barusco depois de "acertos" com a Andrade Gutierrez. Caberia a Campello, por exemplo, fazer pagamentos em espécie para Goes. A propina seria entregue pelo executivo na própria casa de Mario Goes em dinheiro vivo ou recolhida no prédio da empreiteira em São Paulo.

Economia em retração não impede BC de elevar Selic a 14,25%


Trata-se do sétimo aumento seguido da taxa básica de juros, que vai ao maior patamar desde agosto de 2006

O presidente do Banco Central Alexandre Tombini
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini(Pedro Ladeira/AFP/VEJA)
O Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros em 0,50 ponto porcentual nesta quarta-feira, para 14,25% ao ano, em linha com as expectativas do mercado. A decisão, sem viés, foi unânime. Em comunicado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC afirmou que "avaliando o cenário macroeconômico, as perspectivas para a inflação e o atual balanço de riscos", decidiu elevar a taxa Selic.
Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim, Otávio Ribeiro Damaso e Sidnei Corrêa Marques.
O comunicado publicado nesta quarta sinaliza, contudo, que a alta dos juros deve ser momentaneamente suspendida. "O Comitê entende que a manutenção desse patamar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para a meta no final de 2016", informou o BC, em nota. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 1º e 2 de setembro de 2015.
O diretor de assuntos internacionais, Tony Volpon, se absteve de votar dias depois de ter revelado o voto a investidores e à imprensa. À ocasião, disse: "Eu, pessoalmente, vou votar para o aumento de juros até que a nossa projeção esteja de uma maneira satisfatória apontando para o centro da meta."
O BC afirmou, também em nota, que a abstenção ocorreu ""a fim de evitar possíveis prejuízos à imagem do Banco Central do Brasil, sendo essa decisão em caráter pessoal e irretratável". O BC informou ainda que acolheu os esclarecimentos dados por Volpon sobre suas declarações públicas.
Volpon explicou que, como a declaração foi feita em evento público, "a manifestação não representou vantagem competitiva ou informação privilegiada para qualquer agente econômico, não acarretando prejuízos, por conseguinte, à impessoalidade que caracteriza as deliberações do Comitê de Política Monetária (Copom)".
Trata-se do sétimo aumento seguido da Selic, que permanece no maior patamar desde agosto de 2006, quando chegou a 14,25% ao ano. Na reunião de junho, a autoridade monetária já havia aumentado a Selic em 0,50 ponto, a 13,75%.
O mercado já vinha se preparando para um ajuste dessa magnitude, após autoridades do BC repetirem em diversas ocasiões que os avanços no combate à inflação ainda se mostravam insuficientes. O BC iniciou o ciclo de aperto monetário em outubro, logo após as eleições presidenciais, elevando inicialmente a Selic em 0,25 ponto porcentual, a 11,25% ao ano. Em todas as reuniões do Copom subsequentes o aumento foi de 0,50 ponto porcentual.
Segundo o último boletim Focus, divulgado pelo BC, a estimativa é de que os juros terminem 2015 em 14,25% ao ano e que comecem a cair no ano que vem.
O novo aumento acontece em um momento em que a economia não dá sinais de recuperação e afeta fortemente o mercado de trabalho. No primeiro trimestre deste ano, o PIB recuou 0,2% e as perspectivas de mercado para a retração econômica este ano já superam 2%, entre os mais pessimistas. Já o desemprego está em 6,9%, segundo o último dado do IBGE, referente a junho.
A alta do dólar também tem tido impacto inflacionário. Na terça-feira, dia em que a Standard & Poor's alterou a perspectiva da nota do Brasil para o campo negativo, acendendo o alerta do rebaixamento, a moeda americana chegou a bater 3,43 reais, o maior valor em 12 anos. Nesta quarta, recuou, fechando a 3,32 reais.