Depois de desperdiçar sua quota, será que dá para se sentir descansado de novo?
Molly Webster
Digamos
que você perdeu duas horas de sono todas as noites da semana passada por causa
de um grande projeto que tinha que entregar na sexta-feira. No sábado e no
domingo, conseguiu ficar na cama até mais tarde, e dormiu quatro horas a mais.
Na segunda-feira pela manhã, você se sente tão bem que só bebe uma xícara de
café em vez das duas habituais. No entanto, não se deixe enganar por todo esse
vigor: você ainda está carregando um fardo pesado de horas não dormidas – ou o
que os especialistas chamam de “débito de sono”. Nesse caso, algo como seis
horas, ou quase uma noite inteira.
O
débito de sono é a diferença entre a quantidade de sono que você deveria obter
e aquela que você realmente consegue ter. É um déficit que aumenta cada vez que
perdemos alguns minutos extras de nosso sono diário. “As pessoas acumulam o
débito de sono sem perceber”, explica o psiquiatra William C. Dement, fundador
da Clínica do Sono da Stanford University. Estudos demonstram que, a curto
prazo, essa deprivação leva a uma piora na visão, problemas na hora de dirigir
e dificuldades para se lembrar das coisas. Os efeitos a longo-prazo incluem
obesidade, resistência à insulina e doenças cardíacas. E a maioria dos
americanos sofre de deprivação crônica de sono.
Uma
pesquisa realizada em 2005 pela National Sleep Foundation, nos Estados Unidos,
indica que, em média, os americanos dormem 6,9 horas por noite – 6,8 horas
durante a semana e 7,4 horas nos finais de semana. Geralmente, os especialistas
recomendam oito horas de sono por noite, apesar de algumas pessoas precisarem
de apenas seis horas, enquanto outras requerem dez. Isso significa que, em
média, os americanos estão perdendo uma hora de sono todas as noites – ou mais
de duas semanas por ano.
A
boa notícia é que, como em todo caso de débito, o do sono também pode ser
“pago”. No entanto, isso não vai acontecer de uma só vez em uma maratona
sonolenta nos lençóis. A melhor maneira de “atualizar” o sono é dormir uma ou
duas horas a mais por noite. Para os que sofrem de deprivação crônica, o melhor
a fazer é tentar diminuir o ritmo por alguns meses para voltar a um padrão de
sono natural, afirma Lawrence J. Epstein, diretor médico dos Sleep
HealthCenters, filiados à Harvard University.
Vá
para a cama quando estiver cansado, e permita que seu corpo o acorde ela manhã
(sem a ajuda de despertadores). Talvez você se sinta catatônico no início desse
ciclo de recuperação e “capote” dez horas por noite. No entanto, à medida que
os dias forem passando, a quantidade de horas de sono irá diminuir
gradualmente.
Para
recuperar o sono perdido, tanto as horas dormidas quanto sua intensidade são
importantes. Parte das horas de sono mais restauradoras acontece quando
dormimos profundamente. Apesar dos verdadeiros efeitos do sono ainda estarem
sendo estudados, é geralmente considerado um período de recuperação para o
cérebro. E quando você dorme mais, permite que seu cérebro passe mais tempo
nessa fase rejuvenescedora.
À
medida que “paga” o débito, seu organismo começa a descansar em um padrão de
sono específico para você. Os pesquisadores do sono acreditam que certos genes
– que, no entanto, ainda precisam ser descobertos – determinam nossos padrões
de sono individuais. Isso significa que você não pode se “treinar” para dormir
pouco – e está se enganando ao pensar que realmente conseguiu fazer isso. Em um
estudo de 2003, a publicação especializada Sleep demonstrou que quanto mais
cansados estamos, menos nos sentimos dessa maneira.
Então,
ganhe seu sono de volta, siga as ordens de seu padrão e logo se sentirá bem
melhor. “Ao pagar seu débito de sono, você se torna quase um superherói”,
compara Dement, ao se referir às capacidades físicas e mentais que acompanham
essa sensação de finalmente estar descansado. O que você está esperando?
Finalmente uma razão científica para dormir algumas horinhas a mais no sábado!