terça-feira 25 2014
Simone De Beauvoir
Getty Images
A escritora francesa, filósofa existencialista e uma das fundadoras do feminismo moderno Simone De Beauvoir é homenageada pela página inicial do Google nesta quinta-feira (9).
O Doodle de hoje celebra o que seria seu 106º aniversário. A imagem traz uma ilustração da filósofa em frente aos prédios da Rua Parisian, onde se localizava o Café de Flore, local frequentado por Beauvoir e seu parceiro Jean-Paul Sartre.
Beauvoir nasceu Simone-Lucie-Enestine-Marie Bertrand de Beauvoir em Paris no dia 9 de janeiro de 1908. A escritora ficou conhecida pelo livro “O segundo sexo”, uma análise da opressão feminina ao longo da história e que é considerado o ponto inicial do movimento feminista contemporâneo.
O livro reflete sobre a construção social da mulher como sendo “o outro” e que teria levado a sua opressão. O livro traz uma das citações mais famosas da escritora: “Uma pessoa não nasce, mas sim torna-se, uma mulher” (do original em francês "on ne nait pas femme: on le devient") .
Beauvoir morreu de pneumonia em Paris em 1986, aos 78 anos. Ela foi enterrada ao lado do túmulo de Sartre, no cemitério Cimetière du Montparnasse, localizado na capital francesa.
A colisão entre um político sem grandeza e um estadista
Veja.Com
PUBLICADO EM 14 DE MARÇO DE 2010
Traídos pela indiferença ultrajante do Itamaraty, afrontados pela infame hostilidade do presidente da República, presos políticos cubanos e dissidentes em liberdade vigiada endereçaram ao presidente da Costa Rica o mesmo pedido de socorro que Lula rechaçou. Fiel à biografia admirável, Oscar Arias nem esperara pela chegada do apelo (que o colega brasileiro ainda não leu) para colocar-se ao lado das vítimas do arbítrio. Já estava em ação ─ e em ação continua.
Neste sábado, Arias escreveu sobre o tema no jornal espanhol El País. O confronto entre o falatório de Lula e trechos do artigo permite uma pedagógica comparação entre os dois chefes de governo:
LULA: “Lamento profundamente que uma pessoa se deixe morrer por fazer uma greve de fome. Vocês sabem que sou contra greve de fome porque já fiz greve de fome”.
ARIAS: “Uma greve de fome de 85 dias não foi suficiente para convencer o governo cubano de que era necessário preservar a vida de uma pessoa, acima de qualquer diferença ideológica. Não foi suficiente para induzir à compaixão um regime que se vangloria da solidariedade que, na prática, só aplica a seus simpatizantes. Nada podemos fazer agora para salvar Orlando Zapata, mas podemos erguer a voz em nome de Guillermo Fariñas Hernández, que há 17 dias está em greve de fome em Santa Clara, reivindicando a libertação de outros presos políticos, especialmente aqueles em precário estado de saúde”.
ARIAS: “Uma greve de fome de 85 dias não foi suficiente para convencer o governo cubano de que era necessário preservar a vida de uma pessoa, acima de qualquer diferença ideológica. Não foi suficiente para induzir à compaixão um regime que se vangloria da solidariedade que, na prática, só aplica a seus simpatizantes. Nada podemos fazer agora para salvar Orlando Zapata, mas podemos erguer a voz em nome de Guillermo Fariñas Hernández, que há 17 dias está em greve de fome em Santa Clara, reivindicando a libertação de outros presos políticos, especialmente aqueles em precário estado de saúde”.
LULA: “Eu acho que a greve de fome não pode ser utilizada como pretexto para libertar pessoas em nome dos direitos humanos. Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade”.
ARIAS: “Seria perigoso se um Estado de Direito se visse obrigado a libertar todos os presos que decidirem deixar de alimentar-se. Mas esses presos cubanos não são como os outros, nem há em Cuba um Estado de Direito. São presos políticos ou de consciência, que não cometeram nenhum delito além de opor-se a um regime”.
ARIAS: “Seria perigoso se um Estado de Direito se visse obrigado a libertar todos os presos que decidirem deixar de alimentar-se. Mas esses presos cubanos não são como os outros, nem há em Cuba um Estado de Direito. São presos políticos ou de consciência, que não cometeram nenhum delito além de opor-se a um regime”.
LULA: “Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubanos”.ARIAS: “Não existem presos políticos nas democracias. Em nenhum país verdadeiramente livre alguém vai para a prisão por pensar de modo diferente. Cuba pode fazer todos os esforços retóricos para vender a ideia de que é uma “democracia especial”. Cada preso político nega essa afirmação. Cada preso político é uma prova irrefutável de autoritarismo. Todos foram julgados por um sistema de independência questionável e sofreram punições excessivas sem terem causado danos a qualquer pessoa”.
LULA: “Cada país tem o direito de decidir o que é melhor para ele”.
ARIAS: “Sempre lutei para que Cuba faça a transição para a democracia. (…) O governo de Raúl Castro tem outra oportunidade para mostrar que pode aprender a respeitar os direitos humanos, sobretudo os direitos dos opositores. Se o governo cubano libertasse os presos políticos, teria mais autoridade para reclamar respeito a seu sistema político e à sua forma de fazer as coisas”.
ARIAS: “Sempre lutei para que Cuba faça a transição para a democracia. (…) O governo de Raúl Castro tem outra oportunidade para mostrar que pode aprender a respeitar os direitos humanos, sobretudo os direitos dos opositores. Se o governo cubano libertasse os presos políticos, teria mais autoridade para reclamar respeito a seu sistema político e à sua forma de fazer as coisas”.
LULA: “Não vou dar palpites nos assuntos de outros países, principalmente um país amigo”.
ARIAS: “Estou consciente de que, ao fazer estas afirmações, eu me exponho a todo tipo de acusação. O regime cubano me acusará de imiscuir-me em assuntos internos, de violar sua soberania e, quase com certeza, de ser um lacaio do império. Sem dúvida, sou um lacaio do império: do império da razão, da compaixão e da liberdade. Não me calo quando os direitos humanos são desrespeitados. Não posso calar-me se a simples existência de um regime como o de Cuba é uma afronta à democracia. Não me calo quando seres humanos estão com a vida em jogo só por terem contestado uma causa ideológica que prescreveu há anos. Vivi o suficiente para saber que não há nada pior que ter medo de dizer a verdade”.
ARIAS: “Estou consciente de que, ao fazer estas afirmações, eu me exponho a todo tipo de acusação. O regime cubano me acusará de imiscuir-me em assuntos internos, de violar sua soberania e, quase com certeza, de ser um lacaio do império. Sem dúvida, sou um lacaio do império: do império da razão, da compaixão e da liberdade. Não me calo quando os direitos humanos são desrespeitados. Não posso calar-me se a simples existência de um regime como o de Cuba é uma afronta à democracia. Não me calo quando seres humanos estão com a vida em jogo só por terem contestado uma causa ideológica que prescreveu há anos. Vivi o suficiente para saber que não há nada pior que ter medo de dizer a verdade”.
Oscar Arias é um chefe de Estado. Lula é chefe de uma seita com cara de bando. Arias é um pensador, conhece a História e tenta moldar um futuro mais luminoso. Lula nunca leu um livro, não sabe o que aconteceu e só pensa na próxima eleição. Arias é justo e generoso. Lula é mesquinho e oportunista. Arias se guia por princípios e valores. Lula menospreza o que considera meras irrelevâncias, como direitos humanos, liberdade ou democracia.
O artigo do presidente da Costa Rica, um homem digno, honra o Nobel da Paz que recebeu. A discurseira do presidente brasileiro, um falastrão sem compromisso com valores morais, tornou-o tão candidato ao prêmio quanto Fidel, Chávez ou Ahmadinejad. A colisão frontal entre o que Lula disse e o que Arias escreveu escancarou a distância abissal que separaum político sem grandeza de um estadista.
Quatro anos depois de escancarar o abismo existente entre um palanqueiro e um estadista, Óscar Arias mostra a diferença que separa um democrata corajoso de uma cúmplice do capataz da Venezuela
Veja.Com
Em março de 2010, com poucas horas de diferença, os presidentes do Brasil e da Costa Rica se manifestaram sobre o tratamento dispensado pela ditadura cubana a presos políticos e oposicionistas em liberdade vigiada. Como atesta o post reproduzido na seção Vale Reprise, o que Lula disse durante outra visita à ilha-presídio e o que Óscar Arias escreveu num artigo publicado no jornal El País escancararam o abismo existente entre um palanqueiro sem grandeza e um genuíno estadista.
Passados quatro anos, chegou a vez de Dilma Rousseff ser exposta a uma desmoralizante comparação com Óscar Arias, desta vez provocada por opiniões antagônicas sobre a reação brutal do presidente Nicolás Maduro às manifestações de protesto promovidas pela oposição venezuelana. Um comunicado oficial endossado pelo governo brasileiro formalizou o apoio incondicional dos países do Mercosul ao companheiro ameaçado por “atos de violência”, “tentativas de desestabilizar a ordem democrática” e “ações criminosas de grupos violentos que querem disseminar a intolerância e o ódio na República Bolivariana da Venezuela, como instrumento de luta política”.
Nesta sexta-feira, de novo com um texto publicado no jornal El País sob o título Venezuela: inferno de perseguição, o costarriquenho premiado em 1987 com o Nobel da Paz implodiu mais um monumento ao cinismo erguido pelo clube dos farsantes. Confira:
Quero juntar minha voz ao coro de preocupação que se ouve em grande parte da nossa América.
Multidões de estudantes e cidadãos que se opõem ao governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro foram brutalmente atacados com armas de fogo pelas forças de segurança.
Em nenhum país verdadeiramente democrático alguém é preso ou assassinado por discordar das políticas do governo ou por manifestar em público seu descontentamento. A Venezuela de Maduro pode fazer todos os esforços de oratória para vender a ideia de que é efetivamente uma democracia. Cada violação dos direitos humanos que comete nega na prática tal afirmação, porque sufoca a crítica e a dissidência.
Todo governo que respeite os direitos humanos deve respeitar o direito de seu povo de manifestar-se pacificamente. O uso da violência é inaceitável. Recordemos a advertência de Gandhi: “Olho por olho e o mundo inteiro se tornará cego”.
Sempre lutei pela democracia. Estou convencido de que, se não existe oposição numa democracia, devemos criá-la, não reprimi-la e condená-la ao inferno da perseguição, como parece fazer o presidente Maduro.
O governo da Venezuela deve respeitar os direitos humanos, sobretudo os dos opositores. Não há nenhum mérito em respeitar apenas os direitos de seus partidários.
Martin Luther King Jr. disse que “os lugares mais quentes do inferno estão reservados àqueles que num período de crise moral se mantiveram neutros. Num determinado momento, o silêncio se converte em traição”.
Estou consciente de que estas afirmações me deixarão exposto a todo tipo de crítica por parte do governo venezuelano. Serei acusado de imiscuir-me em assuntos internos, de desrespeitar a soberania nacional e, quase com certeza, de ser um lacaio do império.
Sou, sem dúvida, um lacaio do império: do império da razão, da tolerância, da compaixão e da liberdade. Sempre que os direitos humanos forem violentados, não vou calar-me. Não posso calar-me se a mera existência de um governo como o da Venezuela, uma afronta à democracia. Não vou calar-me quando estiver em perigo a vida de seres humanos que apenas defendem seus direitos de cidadão.
Vivi o suficiente para saber que não há nada pior do que ter medo de dizer a verdade.
A resposta de Dilma ao jornalista que quis saber em Roma se tinha algo a dizer sobre a crise venezuelana reiterou que, como o padrinho, a afilhada não tem compromisso com a verdade. “Não quero de problemas internos de outro país”, mentiu a avalista do infame documento do Mercosul. O post de 2010 registrou que Arias é um democrata exemplar, um devoto do Estado Democrático de Direito que tenta moldar um mundo mais justo e generoso. Dilma só pensa na reeleição. O ex-presidente da Costa Rica se guia por princípios éticos e valores morais. Dilma não sabe o que é isso.
Esclerose múltipla pode ser detectada antes dos primeiros sintomas, diz estudo
Diagnóstico
Pesquisadores descobriram que a presença de determinado anticorpo no sangue acusa que a doença se manifestará no futuro
A esclerose múltipla destrói a mielina, camada que reveste as fibras nervosas no cérebro, prejudicando a comunicação entre os neurônios e dando origem a uma série de problemas (Kiyoshi Takahase Segundo/Getty Images/iStockphoto)
Pesquisadores da Alemanha descobriram que a presença de um determinado anticorpo na corrente sanguínea de uma pessoa pode indicar a presença de esclerose múltipla anos antes de os primeiros sintomas surgirem.
De acordo com o estudo, apenas parte dos pacientes com esclerose múltipla parece apresentar o anticorpo KIR4.1 antes de a doença se manifestar. Por outro lado, nenhuma pessoa livre da condição tem a substância na corrente sanguínea. Ou seja, a ausência do anticorpo não necessariamente significa que um indivíduo nunca terá esclerose múltipla, mas a sua presença necessariamente acusa que a doença se manifestará no futuro.
A pesquisa, desenvolvida na Universidade Técnica de Munique, teve os resultados divulgados nesta sexta-feira. Ela também será apresentada em abril durante o encontro anual da Academia Americana de Neurologia, nos Estados Unidos.
Não se conhece a causa a esclerose múltipla, e não existe cura para a doença. Sabe-se apenas que ela ocorre quando há danos ou destruição da mielina, uma substância que envolve e protege as fibras nervosas do cérebro, da medula espinal e do nervo óptico. Quando isso acontece, são formadas áreas de cicatrização, ou escleroses, e surgem diferentes sintomas sensitivos, motores e psicológicos.
O estudo alemão se baseou nos dados de pessoas que haviam participado de uma pesquisa de longa duração. Os participantes foram acompanhados por vários anos e tiveram amostras de sangue recolhidas diversas vezes.
Análise — No novo estudo, os autores selecionaram dezesseis pessoas diagnosticadas com esclerose múltipla e analisaram suas amostras de sangue recolhidas seis anos antes de os primeiros sintomas da doença aparecerem. Depois, os pesquisadores compararam essas amostras às recolhidas de outros dezesseis indivíduos que não apresentavam o problema. Na análise, os pesquisadores procuraram especificamente pelo anticorpo KIRK4.1.
Segundo os resultados, sete dos dezesseis pacientes com esclerose múltipla apresentaram o anticorpo antes de os primeiros sintomas surgirem. O exame do anticorpo deu negativo em todos os participantes sem a doença.
De acordo com Viola Biberacher, coordenadora do estudo, o próximo passo será replicar esse teste em um grupo maior de participantes para determinar quão precocemente é possível prever a esclerose múltipla a partir da análise do anticorpo. "Detectar a doença antes de ela se manifestar clinicamente pode significar melhores tratamentos e até a possibilidade de prevenir o surgimento dos sintomas", diz.
Escola de qualidade e rede de ensino de qualidade
Artigo
Qualidade exige planejamento educacional. Os princípios da administração constituem balizamento suficiente para quem quiser aprender
João Batista Araujo e Oliveira
(Daniela Toviansky/Guia do Estudante)
Ensino de qualidade
Este artigo faz parte de uma série publicada quinzenalmente em VEJA.com sobre os desafios do ensino fundamental no Brasil — e as estratégias para superá-los.
Os textos são de autoria do Instituto Alfa Beto, que promove oPrêmio Prefeito Nota 10, iniciativa que vai identificar e recompensar o município brasileiro que mantém a melhor rede de ensino. A premiação será realizada no segundo semestre.
Prêmio Prefeito Nota 10
IAB
Suponha que você quer criar uma escola de qualidade e sabe pouco sobre o tema. Você não errará muito se contratar um bom diretor – uma pessoa experiente, que já dirigiu uma ou mais escolas por algum tempo, logrou bons resultados é respeitado e goza de boa reputação junto aos pais e professores.
Essa pessoa saberá o que fazer. Depois de entender a clientela que vai servir, ele vai estabelecer o programa de ensino, escolher os professores, criar as normas de funcionamento da escola e acertar a forma de ministrar o currículo. Se já existe o prédio, ele vai determinar o melhor uso dos espaços. Vai adquirir o mobiliário e equipamentos essenciais e vai comunicar ao público a que veio, como a escola funciona, como fazer para se matricular.
Professores, currículo, normas de funcionamento são ingredientes essenciais. No dia-a-dia, possivelmente esse diretor vai receber os alunos na porta da escola, vai andar pelos corredores e pátios, saberá quem faltou no dia ou no dia anterior, se os professores estão ensinando o que deveriam, qual professor ou aluno está com problema de desempenho e quem precisa de atenção especial. Dificilmente ele passará um dia fora da escola, e, se passar, alguém responderá pela direção na ausência dele. Nada disso é fácil, mas nada disso é segredo. O DNA da boa escola é conhecido. E ele tem diferenças importantes em relação ao DNA da escola ruim. Esse DNA está na qualidade do currículo, nas regras para escolher professores e nas regras de funcionamento da escola.
Montar uma rede de escolas públicas significa fazer isso em escala, criar regras e mecanismos que assegurem – ou ao menos permitam – que cada escola, se bem gerida, tenha a qualidade desejada – o nível de desempenho mínimo estabelecido pelo currículo e que deve corresponder ao que a sociedade espera dos indivíduos ao final de cada etapa escolar.
Estabelecer o currículo não é muito diferente numa escola ou numa rede – os critérios devem ser os mesmos. Na maioria dos países, isso é estabelecido em nível nacional.
O primeiro desafio consiste na escolha do diretor. Nos países desenvolvidos, há um sistema predominante — o de carreira — e outro que funciona em alguns poucos países — o da escolha por mérito —, igual ao que se usa na escolha de executivos de empresas. No Brasil, há seis sistemas diferentes, e as carreiras são exceção.
Contratar professores de nível adequado é mais difícil, pois depende de uma série de fatores: nível salarial, carreiras, critérios para elaboração das provas, existência ou não de estágio probatório. Os países com elevado desempenho em educação sabem fazer isso muito bem. No Brasil, há algumas carreiras públicas que conseguem contratar pessoas qualificadas – não há segredo.
Estabelecer regras e um regimento comum para o funcionamento da escola também é algo que não apresenta enormes desafios, embora não seja prática corrente nas redes de ensino: tipos de escola, localização, regras para matrícula ou transporte escolar, insumos, calendários de aulas, provas e reuniões, obrigações mútuas da secretaria e das escolas, o que é comum e o que pode ser diferenciado.
As regras variam muito. Por exemplo, há países em que a escola pública é administrada pelas igrejas, como no caso da maioria das unidades da Holanda e parte das existentes na França. Os professores são da rede pública. Em outras nações, há o sistema de "charter schools", escolas públicas operadas por provedores privados.
Também variam as regras de alocação de recuros às escolas. Há sistemas em que os recursos são idênticos para os alunos e outros em que os recursos variam de acordo com as características da escola, dos alunos ou de seus resultados.
As regras têm motivações diferentes – sejam históricas, culturais, ou pragmáticas – para gerar competição como instrumento de busca de qualidade. O ponto central: as regras criam o DNA da escola, e a sabedoria na criação e alteração de regras é fator determinante do resultado das escolas.
E há a operação – o sistema de gestão, com os variáveis graus de autonomia e controle que as escolas recebem e as formas como são supervisionadas.
O DNA de uma rede de ensino é algo complexo e que exige profundo conhecimento de planejamento educacional e gestão de redes. Não existe um DNA único – uma única forma de criar redes. Mas existem formas mais ou menos eficazes, mais ou menos adequadas. Os princípios gerais da administração, os resultados e as melhores práticas constituem balizamentos suficientes para quem quiser aprender.
João Batista Araujo e Oliveira é presidente do Instituto Alfa Beto
SP: 10.000 presos obtiveram diploma do ciclo básico em 2013
São Paulo
Sete em cada dez detentos pretendem seguir estudando após deixar prisão. A cada três dias de aula, reduz-se um dia de pena
Presos tomam banho de sol no patio interno do Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo(Apu Gomes/Folhapress)
Em 2013, 10.713 presos receberam diploma do ensino básico nas penitenciárias e Centros de Detenção Provisória (CDP) do Estado de São Paulo, segundo um levantamento divulgado nesta segunda-feira pela Secretaria Estadual de Educação (SEE). Segundo a pesquisa, 96% dos agentes da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) declararam constatar mudanças comportamentais positivas nos cerca de 15.000 alunos que frequentam as aulas oferecidas nos presídios.
Dos alunos matriculados, 68% afirmaram ter vontade de continuar os estudos após o cumprimento da pena e metade afirmou ter procurado os estudos para adquirir conhecimento. Nas escolas que funcionam dentro das penitenciárias é oferecido o mesmo currículo e o material didático distribuído da rede estadual.
Os detentos assistem às aulas em salas multisseriadas da Educação de Jovens e Adultos (EJA), divididas entre os ciclos I e II do ensino fundamental e o ensino médio, além de ensino profissionalizante oferecido no contraturno. Cerca de 900 professores, coordenadores e supervisores da Secretaria da Educação atuam nos presídios.
Segundo a SEE, os detentos têm ensino integral e ficam fora das celas entre 8h e 17h, podendo andar sem algemas no espaço escolar. Cada uma das prisões está subordinada a uma escola da rede. Isso significa que, quando formado, o preso sai com o diploma com o nome da escola. Desde 2012, a legislação prevê que cada 12 horas de estudo (3 dias de aula) corresponda a um dia de remissão de pena.
A SEE assumiu a coordenação das classes prisionais no ano passado e coordena o ensino em 123 presídios e CDPs em São Paulo — de um total de 158 unidades prisionais. As unidades de segurança máxima estão entre aquelas que não oferecem ensino formal aos presos.
A estimativa, segundo Maria Elizabete da Costa, coordenadora de gestão da educação básica da SEE, é de que haja ao menos uma sala em cada um dos presídios do Estado. "Isso depende da infraestrutura dos presídios. A SAP está verificando em quais há espaço para receber salas."
Dos alunos matriculados, 68% afirmaram ter vontade de continuar os estudos após o cumprimento da pena e metade afirmou ter procurado os estudos para adquirir conhecimento. Nas escolas que funcionam dentro das penitenciárias é oferecido o mesmo currículo e o material didático distribuído da rede estadual.
Os detentos assistem às aulas em salas multisseriadas da Educação de Jovens e Adultos (EJA), divididas entre os ciclos I e II do ensino fundamental e o ensino médio, além de ensino profissionalizante oferecido no contraturno. Cerca de 900 professores, coordenadores e supervisores da Secretaria da Educação atuam nos presídios.
Segundo a SEE, os detentos têm ensino integral e ficam fora das celas entre 8h e 17h, podendo andar sem algemas no espaço escolar. Cada uma das prisões está subordinada a uma escola da rede. Isso significa que, quando formado, o preso sai com o diploma com o nome da escola. Desde 2012, a legislação prevê que cada 12 horas de estudo (3 dias de aula) corresponda a um dia de remissão de pena.
A SEE assumiu a coordenação das classes prisionais no ano passado e coordena o ensino em 123 presídios e CDPs em São Paulo — de um total de 158 unidades prisionais. As unidades de segurança máxima estão entre aquelas que não oferecem ensino formal aos presos.
A estimativa, segundo Maria Elizabete da Costa, coordenadora de gestão da educação básica da SEE, é de que haja ao menos uma sala em cada um dos presídios do Estado. "Isso depende da infraestrutura dos presídios. A SAP está verificando em quais há espaço para receber salas."
Até 2012 quem dirigia a educação nas unidades era a SAP. A mudança ocorreu dois anos e meio após uma resolução do Conselho Nacional de Educação definir que a educação nos presídios passasse a ser atribuição direta das secretarias de educação. São Paulo foi um dos últimos Estados a fazer a transferência.
Buffett lista 5 conselhos para quem quer investir — e ganhar
Finanças
Em carta anual aos acionistas, megainvestidor menciona dois investimentos de longo prazo feitos há mais de duas décadas que geram lucros surpreendentes
Warren Buffett, presidente do conselho de administração da Berkshire Hathaway (Michael Buckner/Getty Images)
O megainvestidor Warren Buffett, quarto homem mais rico do mundo pelo ranking da revista Forbes, divulga anualmente uma carta aos investidores de sua empresa, a Berkshire Hathaway, centro de seu império de 58,5 bilhões de dólares — e que administra ativos de companhias como Coca-Cola, Procter & Gamble e Heinz. Na carta que será distribuída dentro de alguns dias, o magnata de Omaha escolheu dois exemplos de investimentos que fez há algumas décadas para aconselhar os acionistas da Berkshire. A revista Fortune teve acesso exclusivo ao texto e o publicou nesta segunda-feira.
Os casos citados por Buffett se referem a propriedades, uma em Nova York, outra no setor agrícola. Sua intenção é mostrar que o investimento de longo prazo que leva em conta o potencial de lucro de cada ativo compensa mais do que a especulação de curto prazo. A primeira propriedade é uma fazenda próxima de Omaha, sua cidade-natal, que foi comprada por 280.000 dólares em 1986. Ao projetar os ganhos com as colheitas de soja e milho, Buffett chegou à cifra de 10% ao ano. Ele sabia, diz a carta, que as quebras de safra ou a queda nos preços dos grãos poderiam ocorrer em alguns anos. Porém, em outros, as coisas iriam melhor. "Agora, 28 anos depois, a fazenda triplicou seus ganhos e vale cinco vezes mais que o valor que eu paguei. Eu ainda não sei nada sobre agricultura e recentemente fiz minha segunda visita ao local", conta.
Em 1993, logo após o estouro de uma bolha no mercado imobiliário corporativo nos Estados Unidos, Buffett investiu num edifício comercial adjacente à Universidade de Nova York. As perspectivas de ganhos no médio prazo eram ruins, pois contratos fechados com 20% dos inquilinos previam aluguéis abaixo do preço de mercado por um prazo de nove anos. Contudo, ao colocar as perspectivas de valorização e os ganhos com novos contratos após o vencimento dos antigos, o megainvestidor constatou que o retorno compensaria. O lucro anual, segundo Buffett, tem sido, nos últimos anos, o equivalente a 35% do valor investido no início da década de 1990. "Os ganhos da fazenda e do prédio provavelmente aumentarão nos próximos anos. Ainda que não sejam grandiosos, os dois investimentos serão sólidos e satisfatórios ao longo da minha vida, e, posteriormente, para meus filhos e netos", afirmou Buffett. Confira os cinco conselhos do magnata.
Reconheça suas limitações
Para Buffett, não é preciso ser nenhum especialista em finanças para ganhar dinheiro com investimentos. Contudo, o investidor precisa, sem dúvida, reconhecer suas limitações para conseguir traçar uma estratégia razoável. Não se vangloriar O que ele quer dizer é que, para os que não pertencem ao mundo das finanças, o segredo é investir no que é simples e seguro, deixando de lado as aventuras arriscadas. "Quando prometerem lucros rápidos, responda com um rápido 'não'!", aconselha.
Pense no longo prazo
O megainvestidor acredita que, se um investidor não consegue imaginar os ganhos futuros que uma ação — ou uma empresa — pode lhe proporcionar, é melhor não investir. Pensar na produtividade do ativo no longo prazo é um passo essencial na hora de tomar a decisão. "Não significa que todos devem ter a capacidade de avaliar os ganhos todas as possibilidades de investimento. Mas é preciso entender o que se está fazendo ao comprar uma ação", afirma.
Não especule
Se o foco do investidor é na oscilação do preço da ação, e não na valorização do ativo que está comprando, ele está especulando. A diferença entre ambos é simples. Quando se investe no curto prazo pensando no potencial de ganho de um papel, desconsidera-se os reais fundamentos de uma empresa — e são eles que que embasam uma aplicação de longo prazo. Buffett afirma não ter nada contra especular. Apenas aponta que um especulador não sabe mais como ganhar dinheiro com uma ação depois que ela atinge a oscilação que ele havia esperado. "A valorização de um papel num período anterior recente nunca pode ser razão para que ele seja comprado".
Não seja escravo do pregão
Segundo o magnata de Omaha, ficar 'vidrado' nos painéis das bolsas de valores acompanhando a valorização diária das ações é inútil. "Partidas são ganhas por jogadores que têm foco no campo como um todo — não pelos que têm os olhos grudados no placar", afirma. O foco, segundo Buffett, deve estar no que a empresa produz, não na oscilação do papel.
Previsões de mercado são perda de tempo
Para Buffett, ser pautado por previsões de mercado, ou de especialistas que dão opiniões em programas de TV, é pura perda de tempo. Ele acredita, inclusive, que é um hábito perigoso, que pode tirar a atenção do investidor do que realmente importa: as perspectivas da empresa na qual ele investe.
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O trabalho ininterrupto gera diversas consequências físicas e psicológicas ao empregado. A exigência constante por produtividade faz com ...