domingo 30 2014

Separar o governo do petróleo é essencial na América Latina, diz pesquisador de Harvard

Entrevista: Leonardo Maugeri

Para o italiano Leonardo Maugeri, países da região perdem protagonismo no setor, enquanto Estados Unidos avançam com o gás de xisto

Ana Clara Costa
O Diretor de Estratégia da ENI, Leonardo Maugeri, recebe prêmio da Revista Car Quattroruote, em Milão, na Itália
Leonardo Maugueri: pesquisador de Harvard e ex-diretor da ENI (Vittorio Zunino Celotto/Getty Images)
Dois anos atrás, o pesquisador de Harvard, Leonardo Maugeri, apresentou um estudo mostrando que o fim da era do petróleo ainda estava longe de chegar. O aumento da capacidade de produção dos países, num ritmo que não se via desde 1980, era uma das explicações para sua teoria. A outra era o surgimento de muitas reservas provenientes de fontes não convencionais, como o xisto, nos Estados Unidos. Das rochas de xisto, extrai-se não só o gás, mas também o óleo. Trata-se de uma fonte não convencional de combustível porque requer avançados processos químicos para que o produto esteja pronto para o refino. 
Hoje, Maugeri celebra suas projeções acertadas: a melhora da produtividade faz com que a capacidade atual de produção supere a demanda em cerca de 8 milhões de barris por dia. A América Latina, detentora de grandes reservas, não foi um dos motores desse avanço. Suas petrolíferas fortemente atreladas aos governos vêm perdendo cada vez mais relevância. Maugeri, que foi executivo da estatal petrolífera italiana ENI, explica ao site de VEJA porque a experiência das empresas públicas do setor na região não é positiva. “Se os estados continuarem usando tais empresas como fonte de dinheiro, elas vão sucumbir, mesmo com os melhores gestores. A forma moderna de estados lucrarem com essas empresas é o imposto, não a intervenção”, diz. Leia trechos da entrevista.
O gás de xisto tem revolucionado a indústria do petróleo. Até quando suas reservas podem durar?
É muito difícil precisar a perenidade dessas reservas porque a tecnologia para esse tipo de exploração ainda é muito limitada. O que podemos dizer é que aqueles que defendiam que o xisto seria um fenômeno temporário realmente não tinham embasamento para fazer essa afirmação. E o boom do gás de xisto está aí para mostrar isso. Então, a posição mais honesta em relação a isso é constatar que o mundo ainda precisa investir em tecnologia para compreender o xisto. As previsões, sejam elas positivas ou negativas, são completamente aleatórias.
Os investimentos feitos hoje são satisfatórios para sanar essa lacuna?
As empresas do setor estão investindo não só no desenvolvimento de novas tecnologias, mas também na adaptação das tecnologias existentes. E isso implicará em redução dos custos de exploração. Por isso a produtividade no setor tem aumentado significativamente. Os investimentos em pesquisa também vão nessa direção de melhora da produtividade, ainda que haja muitas empresas pessimistas em relação ao futuro do xisto.
Quem são essas empresas?
As que tiveram sucesso em seus projetos são as que chegaram antes e investiram antes, como a Noble Energy e a Continental Resources. As pessimistas foram, no geral, as grandes empresas petrolíferas, que chegaram depois e abocanharam os piores ativos, as piores reservas. Por isso estão pessimistas. No xisto, é preciso ter mentalidade de guerrilha, atacar várias frentes do negócio forma muito dinâmica. E essa definitivamente não é a mentalidade das grandes empresas. A Exxon por muito tempo disse que o xisto era uma bolha prestes a estourar. Em 2009, mudaram de estratégia e compraram a XTO, que explora o xisto, por 41 bilhões de dólares. Em menos de um ano o preço do gás de xisto caiu. Foi uma das piores decisões da Exxon em toda a sua história. Entraram tarde demais.
Em seu estudo de 2012, o senhor cita o pré-sal como um dos fatores capazes de impactar a produção mundial. Essa avaliação se mantém?
Eu sempre fui muito cauteloso em falar do pré-sal. Muito mais cauteloso do que a Petrobras. Por isso meus números sempre foram menos otimistas que os do Brasil. É fato que a produção do pré-sal avança, mas não no grau previsto pela empresa. A euforia inicial era injustificada porque havia muitos problemas envolvendo a descoberta. O pré-sal, em si, é algo maravilhoso. O problema é a gestão da empresa, o advento do gás natural sobre a camada de formação pré-sal, a complexidade desse recurso. Enfim, muitas variáveis a se considerar.
É comum que empresas petrolíferas sejam otimistas demais em relação à sua própria capacidade de produzir?
No caso da Petrobras, ela não errou em dizer que havia muito pré-sal. O problema é a produtividade. A formação é muito complexa e leva muitos anos para começar a ser explorada. Com isso, os custos de produção se elevam e é preciso investir muito. Hoje, grande parte dos investimentos foi feita. Mas ela já não pode entregar o que prometeu lá atrás.
A Operação Lava Jato já afeta a credibilidade da empresa no exterior?
A questão da credibilidade importa, sobretudo, para os mercados, pois afeta os ganhos dos ativos. Na prática, no contexto da empresa, o problema é outro. É gerencial. Pois, quando há um escândalo como esse, a alta cúpula invariavelmente acaba caindo. Nenhum CEO sobrevive a isso. Mas, depois que o terremoto passa, a empresa sempre sobrevive. O caminho depois de uma crise como essa é limpar a casa e continuar operando. Em especial uma empresa como a Petrobras, que detém reservas enormes e tecnologia para explorá-las.
Indicações políticas para cargos executivos são muito comuns na Petrobras e em outras estatais brasileiras. Ocorre o mesmo com estatais petrolíferas ao redor do mundo?
Eu trabalhei por muitos anos na ENI (estatal italiana de petróleo), que já foi totalmente controlada pelo governo, mas hoje tem 30% de participação estatal. No conselho de administração, era lógico encontrar membros indicados pelo governo, já que ele era o principal acionista. Também é compreensível que, quando se é acionista, se tenha em mente participar das principais decisões estratégicas de uma empresa. Mas a escolha dos executivos não tem de ser política. Isso não é comum. A gestão tem que ser escolhida por sua capacidade, seu conhecimento de mercado. Não adianta usarem o argumento de que o setor de petróleo é estratégico e que isso justifica o pedigree político de seus gestores. A forma de controle deve ser via conselho.
Na América Latina, há grandes produtores de petróleo controlados por governos. Essas empresas não são, necessariamente, modelos de sucesso. Isso atrapalha a relevância da produção desses países no futuro?
Certamente. Muitos pensam que a nacionalização do petróleo nasceu no Oriente Médio. Mas não, foi na América Latina. Na Argentina, precisamente, nos idos de 1922. Claro que havia a Rússia, mas era outro regime de governo em que tudo foi tomado pelo estado. Mas para quem estava fora do regime, o petróleo não era estatizado. Esse fenômeno começou na Argentina e se espalhou. Depois, no México, em 1930. Em seguida, no Brasil. Então, a relação entre o petróleo e a cena política na região sempre foi muito próxima. Por isso é difícil traçar uma perspectiva para o setor sem levar em conta a intervenção estatal. O que se pode dizer é que a experiência não tem sido positiva. Se olharmos para a Argentina, o México, a Venezuela, os resultados são frustrantes quando analisamos a capacidade desses países. O Brasil é a exceção. Ninguém pode negar que a Petrobras tem excelência em perfuração em alto mar. É uma empresa com muitas nuances, mas ainda assim ela é considerada exceção.
Por que os governos da América Latina têm tanta dificuldade em reconhecer a necessidade do capital privado no setor?
Essa realidade aconteceu na Europa também na primeira metade do século passado. Quando se tem grandes empresas controladas por Estados, eles tendem a enxergá-las como grandes fontes de dinheiro. Usam as empresas de petróleo para financiar subsídios e uma infinidade de coisas. É uma atitude que foi recorrente em governos militares de esquerda e de direita. E tem se mantido na América Latina depois da redemocratização. O que é preciso ver é que a gestão de empresas estatais dificilmente pode ser eficiente quando se tem um governo por trás, tirando recursos da empresa de alguma forma. Por melhor que seja a gestão, essas empresas tendem a ir mal, pois o caixa é penalizado quando se tira dinheiro para financiar coisas que nada têm a ver com a indústria. Essa separação será essencial cedo ou tarde para a América Latina.
Mas os governos de esquerda do continente não parecem dispostos a perder a fonte de receita.
O que esses governos precisam entender é que a livre competição é a única forma de trazer resultados. A forma moderna de Estados lucrarem com essas empresas é o imposto, não a intervenção

Alguém Tem que Ceder (Completo e Dublado)




















sábado 29 2014

'Há uma cobrança pela pena de morte para empreiteiras'

Entrevista - Jorge Hage

Ministro da CGU afirma, porém, que nem sempre esse é o caminho que mais atende ao interesse público. Mas diz: inidoneidade não seria o fim do mundo

Laryssa Borges, de Brasília
Jorge Hage, ministro da CGU
Jorge Hage, ministro da CGU (DL Photo/VEJA)
No Brasil, tendo em vista o clima que vivemos, não há dúvida de que há uma cobrança pelo sangue, pela pena máxima, a pena de morte, se possível, para a empresa corrupta. 
Há mais de oito anos no comando da Controladoria-Geral da União (CGU), órgão responsável pelo controle e transparência do uso de recursos públicos, o ex-juiz Jorge Hage deparou-se, após a Operação Lava Jato da Polícia Federal, com o maior esquema de desvio de dinheiro de que ele próprio se recorda. Nos próximos dias, Hage pretende abrir processos administrativos contra as nove grandes empreiteiras suspeitas de assaltar os cofres da Petrobras e distribuir propina a políticos e ex-executivos da estatal. O ministro projeta que, sem um acordo de leniência com cada uma delas, o caminho inevitável será proibi-las de firmar contratos futuros com a administração pública. E avisa: “Não será o fim do mundo de jeito nenhum as grandes empreiteiras serem declaradas inidôneas”. 
Qual papel a CGU pode desempenhar nas investigações sobre empreiteiras suspeitas de fraudar contratos com a Petrobras? Há várias frentes de investigação sobre a Petrobras, não apenas envolvendo as empreiteiras citadas na Lava Jato, como também a empresa holandesa SBM, caso em que já instauramos processo de inidoneidade. Se não chegarmos a um acordo, o processo prossegue. Qual é a opção mais vantajosa? O acordo de leniência, que funciona como uma delação premiada para as empresas. Ao firmar acordo de leniência, a empresa se dispõe a repor todo o prejuízo causado, devolver todas as parcelas de sobrepreço que recebeu, repactuar o contrato para colocá-lo nos níveis legítimos de preço, além de revelar o nome de quem recebeu as propinas e o modus operandi do esquema. Enfim, revelar tudo o que interessa a uma investigação e que demoraria muito mais tempo para se descobrir. Mas isso só se faz quando há essas vantagens e contrapartidas para o Estado e o interesse público.  
O senhor defende a repactuação de contratos das empreiteiras suspeitas e que as obras sob responsabilidade delas continuem, em prol do interesse público. Banir tais empresas não é uma alternativa? Em tese, a declaração de inidoneidade não implica necessariamente interrupção de nenhuma obra em andamento. O que digo desde sempre é que a declaração de inidoneidade não tem o efeito de rescindir os contratos em curso. Ela veta a participação em novas licitações e a celebração de novos contratos. No caso dos contratos em curso, nós da CGU entendemos que se deve recomendar aos gestores e órgãos contratantes que avaliem cada caso, porque haverá casos em que é mais vantajoso rescindir o contrato e abrir uma nova licitação. Mas, se ficar comprovado que há sobrepreço, entendemos que a obra só deve continuar se houver uma repactuação, exatamente para excluir do preço o que está embutido ilegalmente.
Na hipótese de as empreiteiras serem declaradas inidôneas, construtoras estrangeiras ou que não estejam sob suspeita poderiam assumir as obras atuais? Independentemente de abertura do mercado brasileiro para empresas estrangeiras, acredito que aqui mesmo outras empresas se qualificariam para isso, inclusive algumas grandes empresas que estão fora da Operação Lava Jato. Acredito que há empresas que têm dimensão, porte e expertise suficiente para tocar obras nesse nível.
Então, se elas forem declaradas inidôneas, não será o fim do mundo. Para mim não será o fim do mundo de jeito nenhum as grandes empreiteiras serem declaradas inidôneas. Seguramente dizer que é o fim do mundo interessa muito a essas empresas. Estamos aqui na CGU concluindo a análise de todas as provas já disponíveis que recebemos da Justiça Federal, mediante o compartilhamento de informações que foi autorizado pelo juiz Sergio Moro. E nos próximos dias vamos instaurar os processos. Sem dúvida nenhuma até a primeira quinzena de dezembro teremos os processos.
Nos EUA, analistas projetam que até 95% dos casos dessa natureza terminam em acordo. Os acordos são o caminho mais eficiente? No sistema jurídico brasileiro não existe a tradição de resolver os casos mediante acordo, mas isso é absoluta rotina em outros países, como Estados Unidos e Inglaterra. Diria que mais de 80% dos casos se resolvem com os settlements, os acordos. E não só no caso de empresas, mas no caso de pessoas físicas. Os acordos têm muito a ver com o espírito prático. No caso do Brasil, tendo em vista o clima que vivemos, não há dúvida de que há uma cobrança pelo sangue, pela pena máxima, a pena de morte, se possível, para a empresa corrupta. Mas a questão é que as instituições não podem funcionar por esse tipo de raciocínio, mas sim levando em conta o que for de maior interesse público.
Diante dos sucessivos aditivos em obras como a da refinaria Abreu e Lima, não era possível que a CGU tivesse desconfiado de que havia algo errado nas obras da Petrobras? Vínhamos monitorando os julgamentos sucessivos, pelo Tribunal de Contas da União, do caso da refinaria Abreu e Lima. O TCU já publicou 33 acórdãos relativos a essas obras entre 2008 e 2014, mas ainda não chegou a uma decisão final de mérito. Tem mantido o procedimento de contraditório e ampla defesa com a Petrobras. Nós da CGU não podíamos ter tomado a iniciativa de nos antecipar àquilo que está sub judice no TCU, que é quem dá a última palavra no campo do controle. Se o TCU não chegou a uma solução final condenatória, não tínhamos outra coisa a fazer a não ser acompanhar as providências tomadas pela Petrobras. É meio frustrante, mas é o chamado devido processo legal, que existe para o bem e para o mal.
Com a vigência da nova Lei Anticorrupção, qual pode ser o caminho para a punição das empreiteiras suspeitas de irregularidade? Além da reintegração completa ao Erário e da multa, a empresa pode receber uma multa sancionatória. E a Lei Anticorrupção também prevê a medida extrema de dissolução compulsória da pessoa jurídica, a ‘pena de morte’ da empresa, se ela foi utilizada de forma habitual para facilitar ou promover a prática de atos ilícitos ou se foi constituída para ocultar ou dissimular interesses ilícitos ou a identidade dos beneficiários. Mas essa pena só é aplicável pela via judicial. Ou seja, o Poder Executivo não pode aplicá-la. 
Com a conhecida morosidade do Poder Judiciário e a atual quantidade de recursos, não é muito factível que se decida fechar uma empreiteira corrupta. Concordo. Eu gostaria que a lei tivesse autorizado a CGU a fazer isso, mas não autorizou. A extinção da empresa só pode ser perseguida pelo Ministério Público pela via judicial.
Isso significa que, no final, uma empresa corrupta pode, mesmo depois de acordos administrativos, continuar tocando obras e lucrando. Não voltamos à sensação de impunidade? É verdadeira essa sensação de que não se dá uma satisfação à opinião pública, que gostaria de ver uma pena mais grave aplicada, embora no plano racional se reconheça que outro caminho pode ser mais útil ao interesse público. Mas isso ocorre sempre e muito no campo penal. Muita gente está achando ruim o Ministério Público ter celebrado acordos de delação premiada com o Paulo Roberto Costa, com o Alberto Youssef e com alguns executivos. Essas pessoas acham que eles tinham mesmo que ficar 40 anos na cadeia. 
Por bem menos a construtora Delta, suspeita de fazer transações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, foi declarada inidônea. Não é um paradoxo defender agora acordos com empresas maiores e com mais indícios de irregularidades? Não tem paradoxo nenhum. Na época da Delta não havia uma lei que permitisse um acordo de leniência. Não havia possibilidade jurídica, o que só foi permitido com a Lei Anticorrupção. Estamos fazendo com essas empresas, em termos de processo, exatamente o que fizemos com a Delta. Mas hoje elas têm a possibilidade de propor acordo, o que antes não era permitido. Mas se não houver acordo, o desfecho vai ser o mesmo. O processo vai até o fim e, com as provas que já se tem, não tenho maiores dúvidas de que o resultado será a inidoneidade.
O Tribunal de Contas da União (TCU) recebeu pedido para que ele próprio declare a inidoneidade das empresas envolvidas na Lava Jato. Em caso de acordo com a CGU, as mesmas empreiteiras podem ser declaradas inidôneas por outros órgãos? As pessoas físicas certamente estão tratando de fazer seus acordos de delação premiada com o Ministério Público e as pessoas jurídicas aqui conosco, eventualmente. A empresa e seus dirigentes certamente levam em conta as várias instâncias punitivas existentes: CGU, Ministério Público pela via judicial, Cade pela questão do cartel e Tribunal de Contas da União. São várias as instâncias com as quais as empresas se preocupam. Se elas se ajustam com uma dessas instâncias, ainda assim podem ser punida pela outra. As empresas, em tese, têm que fazer acordos em todas as instâncias porque senão elas sempre deixarão uma brecha de punibilidade.
Se as empresas aceitarem os acordos de leniência e se livrarem da inidoneidade, podem ser penalizadas em alguma medida? Pela Lei Anticorrupção, a empresa não pode se livrar integralmente da multa. No acordo, a multa, calculada sobre o faturamento ou no intervalo de 6.000 reais a 60 milhões de reais, pode ser reduzida em até dois terços. A empresa também não se exime, nunca, jamais, de reparar integralmente o dano causado. Portanto, ela tem que repor os cofres públicos, devolver os valores superfaturados, pagar multa e ainda terminar a obra.
Recentemente o ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao analisar um habeas corpus de um dos suspeitos da Lava Jato disse que “nenhum outro país viveu tamanha roubalheira”. O senhor concorda? Não tenho condições de afirmar que nenhum país viveu tanta roubalheira. Não concordo com essa comparação já de saída desfavorável ao nosso país. Temos visto, sim, escândalos absurdos em países considerados de ponta, como Estados Unidos, Reino Unido, França, Itália. Não compartilho dessa postura negativa ou dessa visão tão depreciativa do nosso país. O Brasil está vivendo um momento muito interessante, em que as coisas começam a ser de fato escancaradas, investigadas, punidas. É isso que importa. A verdade é que a corrupção existe em todos os países do mundo e sempre existiu. É um mal da humanidade.

Alguém Tem que Ceder (Completo e Dublado)






















As 7 Regras do Amor [Completo]





Casamento do meu melhor amigo (cena do barco)





O casamento do meu melhor amigo - cena final














I Say a little pray for you - Cena de O Casamento de Meu Melhor Amigo - ...









sexta-feira 28 2014

Bee Gees - You Should Be Dancing





Olivia Newton-John + John Travolta - You're the One That I Want.MPG





Flashdance the final dance













Dirty Dancing - Time of my Life (Final Dance) - High Quality HD





A farra dos contratos sem licitação na Petrobras

Petróleo

Veja.Com 

Dos cerca de 890 mil contratos fechados pela empresa desde 2003, 88% foram com dispensa de leilão. O resultado é um buraco negro que, para alguns, pode servir como convite à corrupção

Ana Clara Costa
A Presidente Dilma Rousseff durante visita às obras da Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca ( PE)
A Presidente Dilma Rousseff durante visita às obras da Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca ( PE) ( Roberto Stuckert Filho/PR/Divulgação/VEJA)
À medida que avança a Operação Lava Jato, deflagrada pela Polícia Federal no início deste ano, os desmandos recorrentes na Petrobras se tornam cada vez mais chocantes. Um levantamento feito pelo site de VEJA com base em dados divulgados pela empresa em seu Portal de Transparência mostra que, entre 2003 e 2014, dos cerca de 890 mil contratos fechados pela estatal, 784 mil foram dispensados de licitação — o que representa 88% do total. Isso corresponde a um montante de cerca de 60 bilhões de reais gastos no período, levando-se em conta apenas os contratos fechados em moeda local. A Petrobras se vale do Decreto 2.745, do governo de Fernando Henrique Cardoso, para escapar do processo licitatório previsto na Lei 8.666 — à que estão sujeitas todas as compras de órgãos da administração pública. O decreto foi criado para dar agilidade à execução de obras num momento em que a estatal se abria para o capital privado. Porém, a partir de 2006, se tornou regra para quase todos os contratos.
Os montantes que envolvem a dispensa de licitação espantam. Um dos contratos, fechado com o consórcio Techint - Andrade Gutierrez, no valor de 2,4 bilhões de reais, foi dispensado de certame concorrencial porque as demais concorrentes fizeram propostas com preços “incompatíveis”. Assim, a Petrobras optou por nem mesmo fazer o leilão. Outro contrato mostra uma compra de 2,3 bilhões de reais da GE em que a empresa alega que “situações atípicas” tornaram a licitação inexigível. Outro contrato com a construtora Engevix, cujos executivos foram presos no âmbito da Lava Jato por suspeita de corrupção no fornecimento de serviços à estatal, foi firmado por 1,4 bilhão de reais com dispensa de licitação, sob a justificativa de se tratar de uma “urgência”. A obra consistia em fornecer material e serviços para um projeto básico.
Procurada pelo site de VEJA, a Petrobras afirmou, em nota, que as contratações seguem a legislação vigente e que, mesmo feitas com o respaldo do decreto, têm modelo similar ao licitatório. A opinião cria divergências, já que a Lei de Licitações não prevê, por exemplo, o advento da carta-convite, em que a Petrobras escolhe as empresas que podem participar da concorrência. Tampouco está na lei o artigo que permite que, depois que houve a escolha do vencedor, ambos sentem numa sala, a portas fechadas, para “renegociar” os valores e o escopo do contrato. O Tribunal de Contas da União (TCU) tem 19 mandados de segurança junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a revisão dos termos do decreto — e sua regulamentação. A Petrobras entrou com uma medida liminar, que foi concedida pelo STF, permitindo o uso do decreto até o julgamento de mérito. Isso ocorreu há cerca de 10 anos e o Supremo nunca mais se manifestou. 
VEJA
A estatal vem sendo questionada há muitos anos sobre a dispensa de licitação, e sempre usa o argumento de que possui controles internos capazes de vetar condutas duvidosas durante a negociação de contratos. Tais afirmações estão disponíveis de maneira farta em seu site Fatos e Dados, usado para se comunicar com a imprensa. Contudo, o propinoduto que vem sendo descoberto pelas investigações da Polícia Federal mostra que tais controles não são tão eficazes assim. Segundo as investigações, a estimativa inicial é de que ao menos 10 bilhões de reais tenham sido drenados da empresa em direção aos caixas de partidos políticos, lobistas, funcionários da estatal e executivos de empreiteiras. Com o congelamento de contas de apenas cinco acusados que aceitaram a delação premiada, a Justiça prevê repatriar quase 500 milhões de reais.
O site de VEJA ouviu especialistas em contratos que prestam serviços para a estatal, que aceitaram falar em condição de sigilo. As informações obtidas são emblemáticas porque mostram que a cultura da estatal não prevê a busca de solução para casos de superfaturamento. “Há um sentimento de onipotência, de que nada de errado pode estar acontecendo ali”, afirma um auditor. Seus mandatários sequer cogitam admitir suspeitas de desvios apontadas por órgãos de prestação de contas, como o TCU. Até 2010, por exemplo, quando dados de orçamento de obras eram pedidos pelo Tribunal, a empresa os enviava com muito atraso e, propositalmente, em arquivos PDF, não em Excel. Isso dificultava a tabulação dos números, já que muitos dos orçamentos tinham mais de 200 páginas. Isso quando o envio não era vetado, por se tratar de “sigilo comercial”. Nos últimos anos da gestão de José Sérgio Gabrielli, a estatal passou a liberar as contas com mais presteza, não por vontade própria, mas por pressão do Congresso Nacional, ainda sob o efeito da fracassada CPI de 2009. A melhora da transparência prosseguiu nos anos de Graça Foster, mas ainda está longe de ser ideal para uma empresa que tem ações listadas na bolsa de valores. "A postura da empresa sempre é reativa. Em 99% dos casos, não acredita em denúncias de irregularidades", diz o técnico
Quando casos de sobrepreço são levantados pelo TCU, como ocorreu em pelo menos quatro dos principais contratos de Abreu e Lima, a primeira reação da empresa foi negar. Foi o que aconteceu em 2009, quando o Tribunal pediu a paralisação das obras na refinaria pernambucana, alegando suspeitas de superfaturamento. À época, o então presidente Lula ameaçou enviar ao Congresso um projeto de lei limitando os poderes da corte de contas. Lula declarou que o órgão "quase governa o país". Em seguida, vetou um projeto de lei que bloqueava o envio de recursos públicos para Abreu e Lima. Sabe-se, agora, conforme revelou VEJA, que nessa mesma época o ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, enviou pessoalmente um e-mail à então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, alertando sobre a investigação do Tribunal.
Um acórdão de um processo relatado pelo então ministro do TCU, Ubiratan Aguiar, hoje aposentado, em 2004, dá o tom da relação da empresa com os auditores públicos. “Observo, no entanto, como relator dos processos da estatal no biênio de 2003 e 2004, bem como em grande parte do biênio de 2001 e 2002, que a Petrobras não tem dado cumprimento às decisões deste Tribunal”, afirma. O ministro argumenta que a insistência da empresa em abrir mão da licitação para grandes obras, optando pela carta-convite, é prejudicial — e aponta que isso acontecia também na gestão de Fernando Henrique Cardoso, em que o presidente da empresa era Joel Rennó. “Pela experiência vivida nos últimos anos como relator da Petrobras, constato que os seus administradores adotaram, na quase totalidade das licitações, a modalidade de convite. Com isso os princípios da legalidade, da publicidade, da igualdade, da eficiência, da vinculação ao instrumento convocatório, têm sido violados de forma contumaz”, relatou Aguiar.
Quando se descobre um esquema de desvio de recursos como o que, tudo indica, ainda é vigente na Petrobras, a primeira reação dos órgãos de controle é escarafunchar para encontrar o ovo da serpente, ou seja, a origem do problema. Contudo, no caso da estatal, as perspectivas são desoladoras: teme-se que a origem não seja encontrada e que exterminar o mal tampouco seja possível. Dentro do próprio TCU, há a constatação de que a corte de contas, sozinha, não é capaz de destacar todos os casos de irregularidades simplesmente pelo fato de os contratos da estatal serem bilionários. Isso significa que quanto maiores os valores, mais fácil é o desvio de pequenos porcentuais que não saltem aos olhos dos auditores. Para extirpar a cultura da corrupção, será preciso, primeiro, que a empresa reconheça o mal que opera em suas salas e deixe de lado a postura tão comum entre seus diretores, que é a de “negar até a morte”. Uma aula dessa cultura foi dada recentemente por Graça Foster. A presidente sabia desde maio deste ano sobre a propina paga pela holandesa SBM a funcionários da estatal. À época, a executiva negou com veemência. Semanas atrás, por fim, reconheceu ter sido avisada sobre o crime pela própria empresa estrangeira. Ironicamente, no mesmo dia, anunciou a criação de uma diretoria de governança.

A moda dos anos 20

A moda dos anos 20 pode ser definida como uma mistura de exotismo e modernidade. Bordados, gravuras requintados aplicações e deu vida aos projetos daqueles anos. Refletia o espírito de certa exuberância do tempo, uma condição que ocorreu após a guerra. Durante esses anos, a moda foi tomando-se como um modo de vida, um estilo ligado às classes superiores e da elite de artistas e escritores.1920
Foram anos em que o excêntrico estava na moda, assim que o orientalismo mítico e ballets rusos.Podían ser conjugações artes de várias culturas, moda russa é uma das mais influentes. Em um pedaço de tecidos, penas e peles foram combinadas. Uma peça de vestuário que alcançou notoriedade naqueles anos era a "kokosovorotka", uma longa túnica bordada em uma saia ainda mais. Por seu lado, vestidos e planos retas eram comuns na época e também as roupas inspiradas pelo quimono japonês. O traje para a noite foram sempre luxuoso e brilhante, com apliques e cintos.
É importante salientar que as tendências musicais como o Charleston e moda de jazz influenciado das mulheres é vestidos tão curtos e quadrados desfilaram detido por tiras finas abertos nas laterais, enquanto que foram usadas penas, jibóias, camadas e franjas. Nestes anos, corset whalebone foi descartado e fez um estiramento (ou extensão), cobrindo os quadris e tinham a função de um cinto. É este tempo, a primeira haste de apoio também aparece. Talentosos designers destacou-se neste momento como Paul Poiret, que surpreendeu com seus projetos artísticos e de vanguarda também Lanvin, Chanel Vionnet e indiscutível, entre outros.

Irmãos do ministro da Agricultura se entregam à PF

Investigação

Odair e Milton Geller devem depor nesta sexta. Dupla é alvo da Operação Terra Prometida, contra esquema de venda ilegal de terras da União

O ministro da Agricultura, Neri Geller
O ministro da Agricultura, Neri Geller (Pedro Ladeira/Folhapress/VEJA)
Alvos da Operação Terra Prometida, dois irmãos do ministro da Agricultura, Neri Geller, se entregaram no fim da noite desta quinta-feira à Polícia Federal em Cuiabá. Odair e Milton Geller devem prestar depoimento na tarde desta sexta-feira.
Ambos são apontados como integrantes de um esquema de compra e invasão de terras da União destinadas à reforma agrária. De acordo com o Ministério Público Federal, Odair teria usado uma empregada como "laranja" para ocupar ilegalmente um terreno na região de Itanhangá.
O advogado dos irmãos Geller, Edy Piccini, negou o envolvimento dos dois em irregularidades. Segundo ele, a empregada de Odair é a real exploradora da área. "Ela tem raízes no município e tem o terreno lá", declarou.
A defesa aguarda a oitiva dos presos para ter acesso ao inquérito e ajuizar pedido para que sejam soltos. Piccini afirmou que os dois irmãos nunca exploraram terras na região. A ação, alegou, teria motivações políticas. "Acreditamos que deve ser político, para atingir o ministro", disse.
Entenda - A operação investiga esquema de venda ilegal de lotes distribuídos por meio de reforma agrária no Estado de Mato Grosso. Segundo a PF, com o objetivo de se obter a reconcentração fundiária de terras da União destinadas à reforma agrária, fazendeiros, empresários e grupos do agronegócio faziam uso de sua influência e poder econômico para aliciar, coagir e ameaçar parceleiros para obter, ilegalmente, deles lotes de 100 hectares, cada um avaliado em cerca de 1 milhão de reais. Estima-se que 80 fazendeiros fazem parte do esquema. A fraude pode alcançar o montante de 1 bilhão de reais, em valores atualizados.
(Com Estadão Conteúdo)

Em 1º discurso, Joaquim Levy fala tudo que o mercado quer ouvir

Governo Dilma

Ministro recém-nomeado acena para previsibilidade e transparência das contas públicas, além de cravar a meta de superávit

Marcela Mattos, de Brasília, e Luís Lima, de São Paulo
Novos Ministros são anunciados como equipe econômica do governo brasileiro, durante conferência da imprensa nesta quinta-feira (27), no Palácio do Planalto, em Brasília
Novos Ministros são anunciados como equipe econômica do governo brasileiro, durante conferência da imprensa nesta quinta-feira (27), no Palácio do Planalto, em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)
Em discurso após sua nomeação oficial para o comando do ministério da Fazenda, Joaquim Levy parecia estar lendo o conteúdo do que seria uma atualização da "carta ao povo brasileiro". A jornalistas, ele falou tudo o que o mercado gostaria de ouvir e afastou temores de uma possível continuidade da atual política econômica, repetindo o que fez o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, às vésperas das eleições, com a intenção de conter a saída de investidores do país. Levy acenou com uma mudança drástica na condução da política fiscal, afirmando que haverá mais transparência e previsibilidade — exatamente as duas palavras que ficaram longe do léxico do primeiro governo Dilma. O novo ministro chegou até mesmo a traçar a meta de superávit primário para o ano que vem, em 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB). O número é factível, segundo ele, se os ajustes necessários forem levados adiante. Tal meta corresponde à economia que o governo deve fazer para pagar os juros da dívida.
A política fiscal foi o primeiro e principal ponto abordado pelo ministro, já que é o maior alvo de críticas da atual gestão petista. "O objetivo imediato do governo, da Fazenda, é estabelecer uma meta de superávit primário para os três próximos anos que seja compatível com a estabilização e o declínio da dívida bruta em relação ao porcentual do PIB, considerando o nível de reservas estável", disse. Em seguida, o futuro ministro cravou a perspectiva de superávit para 2015 e afirmou os objetivos para 2016 e 2017, de 2% do PIB. "Alcançar essas metas é fundamental para um aumento da confiança e criará bases para a retomada do crescimento da economia e da evolução dos avanços sociais", disse Levy, ressaltando que essa confiança é a "mola" para impulsionar o crescimento do país. 
Segundo o novo ministro, a Fazenda refirma o compromisso com a "transparência das ações", que inclui a divulgação de dados, especialmente das contas fiscais. "Temos a convicção de que a redução de incertezas sobre os objetivos do setor público sempre é um ingrediente importante para a tomada de risco por parte de empresas, trabalhadores e famílias, especialmente nas decisões de aumento de investimento, capital físico e humano", explicou. 
Questionado sobre a velocidade com que o ajuste fiscal será implementado a partir do ano que vem, o futuro ministro não quis se comprometer com prazos. "Não temos pressa para fazer um pacote relâmpago", disse. "Algumas coisas que vêm sendo discutidas, como diminuir despesas, isso pode ter seu curso, mas não temos nenhuma medida imediata para anunciar. Essa não é uma reunião de surpresas. É apenas uma apresentação", afirmou.
Levy afirmou que, primeiro, será preciso conhecer o desfecho da mudança do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que será votada na próxima semana, para avaliar os caminhos para a execução dos ajustes. Ele reconhece que será preciso avaliar as atuais condições econômicas, levando em conta as consequências das medidas que já foram tomadas pelo governo. E que só assim será possível perseguir as metas propostas.
O ministro se esquivou quando questionado sobre o nível de autonomia que a presidente Dilma lhe dará. Afirmou que "o objetivo é claro e os meios, conhecidos", e que "há um grau suficiente de entendimento de equipe" para implementar as medidas necessárias. Sobre a possibilidade de assumir a presidência do conselho de administração da Petrobras, assim como seu antecessor, Guido Mantega, Levy disse que seria precipitado se manifestar sobre o tema.
Planejamento — O pronunciamento de Nelson Barbosa, novo ministro do Planejamento, foi mais breve. O economista dedicou boa parte de seu discurso para fazer afagos à presidente Dilma Rousseff e à antecessora Miriam Belchior. E não poupou agradecimentos pela indicação à pasta. “Muito obrigado, presidente. Esteja certa de que dedicarei toda a minha energia e meu esforço para honrar sua confiança e contribuir para o desenvolvimento do nosso país”, disse Barbosa. O ex-secretário-executivo da Fazenda também disse ser uma “grande honra” suceder Miriam Belchior, “amiga de longa data que com sua liderança conduziu o Ministério de forma exitosa nesse período do governo”.
Barbosa prometeu trabalhar em conjunto com os demais membros da equipe econômica para fazer um controle rigoroso da inflação e manter a estabilidade fiscal e a geração de empregos no país. Para ele, o desafio mais imediato é a adequação da proposta orçamentária do próximo ano ao novo cenário macroeconômico e ao objetivo de elevação do superávit primário citado por Levy.
O novo ministro informou ainda que vai assumir a coordenação dos Programas de Investimento do Governo Federal e que vai buscar desenvolver e ampliar nos próximos anos as parcerias público-privadas e as fontes alternativas de financiamento público e privado de longo prazo. “Gostaria de destacar que trabalharei especialmente em iniciativas para aumentar a taxa de investimento e a produtividade da nossa economia, de modo a possibilitar o crescimento mais rápido da renda per capita com estabilidade monetária”, disse.
Cenário — Apesar dos compromissos assumidos por ambos, ainda não há detalhes sobre os planos que serão implementados e qual será o papel da presidente Dilma na elaboração dos ajustes. Informações pontuais têm sido ventiladas à imprensa e dão conta de possíveis mudanças na previdência, em especial nas regras do seguro-desemprego, pensões pós-morte e abono salarial. Tais alterações poderiam fazer o governo economizar até 45 bilhões de reais em 2015. Além disso, também já é público que haverá a volta da Cide, imposto que recai sobre os preços dos combustíveis, e a recomposição do IPI sobre automóveis e eletrodomésticos da linha branca. 

quinta-feira 27 2014

Deserto moral: a indústria eleitoreira da miséria

É preciso ser intelectualmente desonesto para não constatar que existe uma óbvia relação entre o benefício e a fidelidade ao petismo.

Os imbecis falam em separatismo. Os decentes têm de pensar em como libertar os pobres da chantagem e da vigarice.

A gestão da miséria e o deserto moral
REINALDO AZEVEDO 

Dilma, a Priscila do Deserto Moral

Em Kakânia, o país imaginário de Musil em “O Homem Sem Qualidades”, podia-se, às vezes, tomar um “gênio por um patife”, mas “nunca se tomava um patife por um gênio”. Dia desses, um dublê de colunista político e cortesão resolveu me ironizar porque afirmei que o país sai das urnas “dividido, rachado ao meio”. As esquerdas, que produziram vasta literatura sobre a indústria eleitoreira da miséria, agora pretendem negar as suas próprias constatações. O Nordeste servia como emblema dessa relação quando o quase extinto PFL dava as cartas na região. Hoje, apontar o óbvio seria sinal de preconceito e demofobia. Em Banânia, não apenas se tomam gênios como patifes, mas também patifes como gênios.
Vejam os 15 Estados em que Dilma venceu no segundo turno, o seu percentual de votos (primeiro número) e o percentual de famílias atendidas pelo Bolsa Família (segundo número). Os dados são doTSE (desprezei os algarismos depois da vírgula) e do Ministério do Desenvolvimento Social (setembro de 2014). Maranhão (78-58), Piauí (78-54), Ceará (76-47), Bahia (70-47), Pernambuco (70-47), Rio Grande do Norte (69-40), Sergipe (67-49), Paraíba (64-50), Amazonas (64-43), Alagoas (63-53), Amapá (61-33), Tocantins (59-38), Pará (57-46), Rio de Janeiro (54-17) e Minas (52-21).
Agora seguem os Estados em que Dilma perdeu, com os mesmos dados: Santa Catarina (35-07), São Paulo (35-11), Acre (36-42), Distrito Federal (38-12), Paraná (39-13), Goiás (42-19), Mato Grosso do Sul (43-21), Rondônia (45-26), Mato Grosso (45-22), Rio Grande do Sul (46-13), Espírito Santo (46-19) e Roraima (42-47).
É preciso ser intelectualmente desonesto para não constatar que existe uma óbvia relação entre o benefício e a fidelidade ao petismo, que é o coronelismo da hora. A petista venceu o tucano por menos de 3,5 milhões de votos. Só no Nordeste, a sua vantagem foi de mais de 12,2 milhões. O percentual de famílias atingidas pelo programa, na região, varia de 40% (RN) a 58% (MA). O Acre e Roraima, de um lado, e Minas e Rio, de outro, parecem negar a evidência. Vistas as particularidades, não tenho espaço, apenas confirmam.
A média de votos de Dilma nos mil municípios com mais beneficiários do Bolsa Família foi de 73,1%; nos mil com menos, de apenas 28,2%. Nas mil cidades que concentram maior número de famílias com renda per capita igual ou inferior a R$ 70, a petista obteve 74,3% dos votos, nas mil com menos, só 28%.
É claro que não é o Nordeste o culpado. É a pobreza! Mas aí o esquerdista cascudo se regozija porque, afinal, a “represidenta” é a Priscila do Deserto Moral do Bolsa Família –que tem de ser mantido, sim, e de se transformar em política de Estado, imune ao proselitismo. Um governo que não se ocupasse de minorar a miséria seria indecoroso, além de cruel. Um governo que se orgulha de manter 50 milhões de pessoas atreladas ao programa é cruel, além de indecoroso.
Tanto pior quando a máquina oficial é mobilizada para fazer terrorismo eleitoral e ameaçar com o fim do benefício quem depende, para viver, de uma pensão que vai de R$ 32 a R$ 140. Eu não gostaria de estar na pele moral dessa gente.
Os imbecis falam em separatismo. Os decentes têm de pensar em como libertar os pobres da chantagem e da vigarice.

Dilma, a Priscila do Deserto Moral

Leiam trecho da minha coluna na Folha desta sexta.
*
Em Kakânia, o país imaginário de Musil em “O Homem Sem Qualidades”, podia-se, às vezes, tomar um “gênio por um patife”, mas “nunca se tomava um patife por um gênio”. Dia desses, um dublê de colunista político e cortesão resolveu me ironizar porque afirmei que o país sai das urnas “dividido, rachado ao meio”. As esquerdas, que produziram vasta literatura sobre a indústria eleitoreira da miséria, agora pretendem negar as suas próprias constatações. O Nordeste servia como emblema dessa relação quando o quase extinto PFL dava as cartas na região. Hoje, apontar o óbvio seria sinal de preconceito e demofobia. Em Banânia, não apenas se tomam gênios como patifes, mas também patifes como gênios.
Vejam os 15 Estados em que Dilma venceu no segundo turno, o seu percentual de votos (primeiro número) e o percentual de famílias atendidas pelo Bolsa Família (segundo número). Os dados são do TSE (desprezei os algarismos depois da vírgula) e do Ministério do Desenvolvimento Social (setembro de 2014). Maranhão (78-58), Piauí (78-54), Ceará (76-47), Bahia (70-47), Pernambuco (70-47), Rio Grande do Norte (69-40), Sergipe (67-49), Paraíba (64-50), Amazonas (64-43), Alagoas (63-53), Amapá (61-33), Tocantins (59-38), Pará (57-46), Rio de Janeiro (54-17) e Minas (52-21).
Agora seguem os Estados em que Dilma perdeu, com os mesmos dados: Santa Catarina (35-07), São Paulo (35-11), Acre (36-42), Distrito Federal (38-12), Paraná (39-13), Goiás (42-19), Mato Grosso do Sul (43-21), Rondônia (45-26), Mato Grosso (45-22), Rio Grande do Sul (46-13), Espírito Santo (46-19) e Roraima (42-47).
É preciso ser intelectualmente desonesto para não constatar que existe uma óbvia relação entre o benefício e a fidelidade ao petismo, que é o coronelismo da hora.
(…)
Para ler a integra, clique aqui
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/tag/bolsa-familia/

James Taylor You've Got A Friend





Empresário se enrola para explicar parceria com Youssef: ‘Não procurei seu passado no Google’

Congresso

Em depoimento à CPI, sócio da importadora Sanko-Sider Márcio Andrade Bonilho admitiu ter pago R$ 37 mi ao doleiro, que conhece há quatro anos

Marcela Mattos, de Brasília
Márcio Andrade Bonilho, sócio da Sanko-Sider Com. Imp. e Exp. de Produtos Siderúrgicos, ao lado do vice-presidente da CPMI, Gim Argello (d), durante depoimento na CPI Mista da Petrobras, em Brasília
Márcio Andrade Bonilho, sócio da Sanko-Sider Com. Imp. e Exp. de Produtos Siderúrgicos, ao lado do vice-presidente da CPMI, Gim Argello (d), durante depoimento na CPI Mista da Petrobras, em Brasília (Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)
Em confuso depoimento à CPI Mista da Petrobras nesta quinta-feira, o sócio da importadora Sanko-Sider Márcio Andrade Bonilho admitiu ter feito pagamentos ao doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação Lava Jato da Polícia Federal. Inicialmente, o executivo afirmou ter pago 33 milhões de reais referentes a comissões pelo intermédio de contratos com construtoras. Ao longo do depoimento, porém, elevou o valor para 37 milhões de reais. Bonilho também se enrolou para explicar a relação que mantinha com Youssef – disse conhecê-lo há quatro anos, mas negou ciência do histórico do doleiro, que chegou a ser condenado a sete anos de prisão pelo envolvimento do caso Banestado, uma das maiores investigações sobre evasão de divisas do país. A explicação: “Cada indivíduo tem o seu mundo. Eu leio muitas revistas de negócios, mas não leio jornais policiais. Eu não conhecia o passado, não entrei no Google para checar o nome dele”, afirmou o empresário durante depoimento.
À CPI, Bonilho afirmou que o dinheiro pago a Youssef era legal e correspondia à intermediação de contratos com construtoras, como a Camargo Corrêa, a UTC, a Odebrecht e a OAS – todas envolvidas no esquema da Lava Jato. De comissão, Youssef recebia entre 3% e 15% sobre os contratos firmados. O executivo explicou que, diferentemente das outras empresas envolvidas na Lava Jato, a Sanko-Sider não é uma empreiteira, mas sim uma importadora de produtos siderúrgicos com dezoito anos de atuação no mercado. Ele disse que o doleiro atuou em doze contratos firmados pela empresa. Ao todo, segundo Bonilho, a importadora tem 8.000 clientes ativos.   
O executivo disse exigir de Youssef o recebimento de notas fiscais pelos serviços prestados, mas informou que o doleiro teria pedido que a empresa fizesse uma cessão de crédito à MO Consultoria e à GFD – ambas de fachada, segundo investigação da Polícia Federal.
Bonilho disse ter sido apresentado a Youssef há quatro anos como um empresário do setor hoteleiro e que “era dito no setor que ele tinha um bom tráfego com as construtoras”. Somente oito meses depois de a parceria ter sido firmada, o executivo, segundo ele, tomou conhecimento do passado do doleiro. E mesmo assim manteve os contratos, porque, de acordo com seus advogados, a operação era legal e o processo ao qual o doleiro respondeu já havia transitado em julgado. “Eu não fiz negócio com Youssef no parlatório da penitenciária”, disse Bonilho.
 “O senhor contratou um doleiro famoso no Brasil para ser seu vendedor. Como nunca soube o que ele fazia?”, questionou o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS). “Seria muito bom se o senhor viesse a essa CPI e falasse a verdade. O senhor tenta aqui nos enrolar”, continuou o deputado.
Bonilho explicou como se davam os encontros com Youssef: ao chegar ao escritório, aguardava em uma recepção vazia. Depois uma secretária o levava à sala de reuniões, onde ele ficava novamente sozinho, até a chegada do doleiro. “A gente tratava pragmaticamente do assunto. Se fizesse uma pergunta, ele era áspero”, afirmou. “Hoje eu vejo pela imprensa um Youssef bem diferente do que conheci”, disse o executivo.

CONCORDO COM Cidinha Campos com "os que mamam", principalmente dep. José Nader





PF tenta prender dois irmãos do ministro da Agricultura

Investigação

Operação desarticula esquema de venda ilegal de lotes distribuídos por meio de reforma agrária. Fraude pode alcançar 1 bilhão de reais

O ministro da Agricultura, Neri Geller
O ministro da Agricultura, Neri Geller (Pedro Ladeira/Folhapress/VEJA)
A Polícia Federal tenta cumprir nesta quinta mandados de prisão contra dois irmãos do ministro da Agricultura, Neri Geller, na Operação Terra Prometida, deflagrada para combater esquema de venda ilegal de lotes distribuídos por meio de reforma agrária no Estado de Mato Grosso. A assessoria de imprensa do Ministério da Agricultura informou que o ministro está em viagem ao exterior representando o vice-presidente da República, Michel Temer, e, por enquanto, não poderá se pronunciar sobre o assunto.
Segundo a PF, com o objetivo de se obter a reconcentração fundiária de terras da União destinadas à reforma agrária, fazendeiros, empresários e grupos do agronegócio faziam uso de sua influência e poder econômico para aliciar, coagir e ameaçar parceleiros para obter deles, ilegalmente, lotes de 100 hectares, cada um avaliado em cerca de 1 milhão de reais. Estima-se que 80 fazendeiros fazem parte do esquema. A fraude pode alcançar o montante de 1 bilhão de reais, em valores atualizados.
"Com ações ardilosas, uso da força física e até de armas, compravam a baixo preço ou invadiam e esbulhavam a posse destas áreas. Em seguida, com o auxílio de servidores corrompidos do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), integrantes de entidades de classe, servidores de Câmaras de Vereadores e de prefeituras buscavam regularizar a situação do lote", diz a PF em nota sobre a operação.
A PF informou que foram emitidos pela Justiça Federal 52 mandados de prisão preventiva, 146 de busca e apreensão e 29 de medidas proibitivas, nos municípios de Cuiabá, Várzea Grande, Nova Mutum, Diamantino, Lucas do Rio Verde, Itanhangá, Ipiranga do Norte, Sorriso, Tapurah e Campo Verde, todos em Mato Grosso. Há investigados também nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A operação, que conta com cerca de 350 policiais federais, investiga crimes de invasão de terras da União, contra o meio ambiente, fraudes em documentos, e corrupção ativa e passiva. O inquérito foi instaurado em 2010 e, entre os alvos, estão oito servidores públicos.
(Com Estadão Conteúdo)

The Doors - Touch Me (Live)