sábado 18 2012

A minha versão do filme “2012”: Os mensaleiros, essa conspiração de honrados, têm de ter lugar reservado na Arca que vai salvar a humanidade



Dia desses passou na TV o filme 2012, uma bobajada dirigida por Roland Emmerich. Todo filme-catástrofe é igual, né? Sempre há alguns doidos sem credibilidade que percebem o risco primeiro (é o mito da Cassandra: ela está certa, mas ninguém acredita em suas previsões), os crédulos de bom coração, que têm a certeza de que nada vai acontecer (é a massa ignara, que nunca se dá conta da verdade verdadeira) e os que sabem de tudo. Se o filme é americano, este terceiro grupo se divide, invariavelmente, em duas caricaturas: a dos democratas (no filme 2012, o homem de estado generoso é negro, entenderam?) e a dos republicanos, que são pragmáticos, cínicos e egoístas, como nos comentários de Arnaldo Jabor… Eita! Comecei a falar sobre o filme, e o ponto deste texto nem é esse. Quando sentei aqui para escrever, pensava em outra coisa.
Em 2012, os governos sabiam do fim do mundo. Por isso financiaram secretamente a construção de arcas de Noé para dar início a uma nova civilização tão logo o planeta se estabilizasse. Até a rainha da Inglaterra está lá dentro — uma nova ordem não pode prescindir da monarquia. Estava aqui a pensar… Se o mundo fosse acabar, quem a gente enviaria para a arca? Quem iria carregar as tradições do nosso povo, sua elevada moral, seu jeito único de fazer as coisas, as tradições, o caráter altivo, o coração generoso, a bondade, o espírito destemido, o faro empreendedor, o heroísmo dedicado, a coragem?  Eu tenho uma resposta: OS RÉUS DO MENSALÃO!
Isto mesmo: se o mundo for acabar, eu e Lewandowski (vamos ver mais quantos) estamos convencidos de que nunca antes na história da humanidade houve tal conspiração de probos. José Dirceu tem de estar nessa arca. José Luís de Oliveira Lima, no STF, afirmou que “pedir a condenação de José Dirceu é a mais atrevida e escandalosa afronta à Constituição”. Entendi que o deputado cassado por corrupção é uma espécie, sei lá, de protótipo do “sujeito constitucional”. E um homem assim, com essa experiência, tem contribuição a dar à nova civilização.
Também há de estar lá José Genoino — mesmo que fosse José Jesuíno, como o chamou às vezes seu advogado, Luiz Fernando Pacheco. Aprendi com ele que o petista, por sua honradez e caráter, é “um verdadeiro homem de esquerda” — e é claro que uma nova aurora, com os continentes redesenhados, não pode prescindir de um verdadeiro homem de esquerda e do impressionante senso de justiça dos esquerdistas.
Marcos Valério tem lugar garantido. Quem, afinal, vai cuidar, sei lá como chamar, da licitude dos negócios no Novo Mundo? Foi Marcelo Leonardo, seu advogado, quem garantiu sua passagem ao afirmar as qualidades empreendedoras de Valério, lembrando ainda que suas empresas jamais se envolveram em ilegalidade. Eu sei que a nova civilização fatalmente acabará criando “mídia”, essa coisa perniciosa, que persegue os honestos. Leonardo mandou ver: “Marcos Valério não é troféu ou personagem para ser sacrificado em altar midiático”. É isto: um novo amanhã precisa de alguém que carregue essa memória de resistência à canalhice jornalística para que não se caia na tola tentação de criar, de novo, uma imprensa livre. É verdade que o advogado admitiu que o empresário lidou com dinheiro de caixa dois, coisa menor. Quem sabe os homens do porvir percebam que dinheiro é sempre uma coisa… legal!
Que arca pobre seria essa sem um outro inocente, Delúbio Soares! Destaco este trecho da defesa de seu advogado, Arnaldo Malheiros: “O PT não podia fazer transferência bancária porque o dinheiro era ilícito mesmo. Delúbio não se furta a responder ao que é responsável. Ele operou caixa dois? Operou. É ilícito? É. Ele não nega. Mas ele não corrompeu ninguém”. Como um defensor fala pelo réu, Delúbio tem de estar no arca dos bons porque é, antes de mais nada, um homem sincero. A nova humanidade precisará de figuras que, diante da rigidez legal, conseguem saídas criativas, que tornam a sociedade mais funcional e maleável. Mas corromper? Isso nunca!
Os amanhãs que cantam precisam de razão e sensibilidade. Precisam de arte. Por isso José Carlos Dias garantiu a presença de Kátia Rabello, dona do Banco Rural, na arca dos sem-mácula. Uma frase sua me marcou: “Ela é uma mineira séria”. E eu não posso imaginar uma nova civilização sem a experiência de mineiras sérias — já que dois mineiros sérios, até aqui, têm assentos reservados: José Dirceu e Marcos Valério. Não podemos deixar a arte de lado. O advogado lembrou que ela é “uma bailarina, uma artista”. O novo homem, que nascerá dos escombros do velho, tem de acolher, além do bom e do justo, também o belo.
Destaco apenas alguns, mas espero que aqueles que não foram citados aqui não fiquem chateados. Todos merecem estar na arca porque estou convencido de que não são apenas inocentes… Isso é muito pouco. Seria só uma qualidade que se evidencia pela negação. Eu quero afirmar a qualidade positiva de todos eles: são verdadeiras referências morais; são exemplares do que a civilização brasileira produziu de melhor. Tanto é assim que a conspiração da maldade, da inveja e da maledicência os fez réus. Mas, para estes maus, não haverá lugar na arca! Não pensem que haverá jornalistas da imprensa independente dividindo lugar com girafas, rinocerontes e serpentes. Na galeria dos animais, só entrarão representantes do JEG. O poder que há de se instalar precisará de áulicos para reportar “a” verdade. Como só haverá uma, terá fim o conflito de opiniões, um dos males que corroem o sistema democrático — que vai acabar, é claro! Chega de bagunça!
Espero que os 11 ministros do Supremo tenham clareza da grande obra realizada por esses heróis. Mais do que a absolvição, eles merecem ser tratados como os fundadores de uma nova civilização. E, é claro, assentos serão reservados para os ministros que forem justos com essas grandes almas.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

O tempo só escraviza quem não sonha, diz filósofo italiano


18/08/2012
 às 8:17 \ Entrevista, Eventos


Um dos convidados da 22ª Bienal do Livro de São Paulo, que termina neste domingo no Anhembi, zona norte da cidade, o filósofo italiano Mauro Maldonato é especialista em um assunto que faz parte da vida de todos: o tempo. Tempo que, segundo o filósofo, só é sentido e apropriado pelas pessoas nas mudanças capazes de tirar o equilíbrio. E que, para quem não sabe sonhar e ter esperança, pode ser um estorvo: pode tiranizar.
Maldonato, que é também psiquiatra e professor de psicologia geral na Universidade dela Basilicata, na Itália, além de autor de livros como Raízes Errantes e A Subversão do Ser: Identidade, Mundo, Tempo e Espaço, destaca ainda a importância de se tratar os doentes não apenas pelo ataque a seus sintomas físicos, mas também às angústias que os acompanham, muitas vezes despertadas por uma difícil relação com o… tempo.
Foi sobre esse tema, aliás pauta de seu último livro, Passagens de Tempo (Edições Sesc SP, 192 páginas, 36 reais), lançado por aqui em maio, que o italiano falou no segundo dia da Bienal. E depois, com exclusividade, a VEJA Meus Livros.
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De que maneira nós sentimos a passagem do tempo? Nós percebemos o tempo só nas mudanças, vivemos na transição entre um momento e outro. Quando algum acontecimento ou notícia irrompe inesperadamente, sentimos como se estivéssemos caindo no precipício: todo o nosso equilíbrio, ou aquilo que pensávamos que fosse equilíbrio, é jogado por terra. É aí que percebemos o tempo de maneira mais forte. Diariamente, nós transitamos de um momento a outro sem ter uma percepção clara, é como se um piloto automático nos guiasse. Somente nessas situações de rompimento nos damos conta da vida e nos agarramos a ela.
Quando o tempo se torna uma opressão? Quando a liberdade acaba. O tempo se torna opressivo quando nossa esperança no futuro deixa de existir. Quando vivemos naquele tipo de infelicidade diária, começamos a pensar que o tempo nos oprime, mas na verdade o tempo é uma abertura, enquanto esperança. No breve tempo que possuímos, devemos sorrir para a vida.
Até que ponto somos escravos do tempo? Não podemos sair do tempo, mas o tempo só escraviza aquele que vive sem sonhar, sem ter esperança. Nós vivemos no trágico do nosso destino, isso é inegável, a convenção que temos do tempo é trágica, pincipalmente porque todos nós morreremos um dia. Mas isso não deve gerar tristeza, faz parte da nossa vida terrena, devemos sorrir para a nossa sorte.
Quanto do tempo é parte de nossa mente e consciência? O tempo é possível fora dos humanos, de uma sociedade? Eu penso que o tempo nunca está fora da mente. Se nossa mente não estiver ativa, não existe tempo. Eu penso que ele seja uma figura inquietante, que nos dá surpresas, descobertas. Não podemos pensar o tempo, agarrá-lo, ele só existe nessas fraturas da nossa vida. Não corresponde à nossa realidade, mas ao que sentimos. Aquele que não se submete a essa figura inquietante vive a automatização dos dias.
Que proposições novas seu livro Passagens de Tempo traz para a filosofia que estuda o tempo? O tempo dos filósofos, de Parmênides, de Aristóteles, de Santo Agostinho, de (Martin)Heidegger é diferente, porque, além de algo que percebem nas fraturas da vida, é um conceito abstrato. Apesar de eu ter sido confrontado pelo pensamento filosófico, esse livro apresenta outra forma de abordar o tempo. É a ideia de um tempo encarnado na nossa vida, aquilo que sentimos nas mudanças, nas passagens, aquilo que sentimos nas transições do sofrimento. Passei muitos anos da minha vida em contato com a solidão de doentes com depressão, pessoas que vivem num tempo congelado, mas também em contato com esquizofrênicos, que vivem num tempo veloz, pontuado por diversas manias. A experiência com a psicopatologia e a psiquiatria me ensinou que o tempo não pode ser pensado em termos abstratos, precisa ser entendido em termos encarnados, da maneira como é vivenciado pelas pessoas. Por isso, no livro existem as categorias da nostalgia, da consciência, do corpo, que são coisas eminentemente humanas. É desse ponto que eu parto.
Como se dá a relação entre o tempo e a materialidade do homem, o corpo? A ciência não tem palavras para descrever a relação entre a matéria e o tempo. É um verdadeiro mistério, a história miraculosa de como um agregado de moléculas deu origem à matéria pensante. A ciência está tentando já faz algum tempo responder essa questão, mas com poucos resultados.
Uma crítica feita pelo livro Passagens de Tempo é dirigida à medicina que se preocupa apenas com sintomas do corpo doente, e não com a análise das dores e angústias vividas. De que forma a medicina poderia resolver esse problema? Não sei se a medicina consegue sanar esse problema, seria necessária uma mudança de perspectiva. Não se deveria mais pensar no corpo apenas de maneira anatômica, mas como corporeidade, algo que vai além do físico. Quando eu era estudante de medicina, meus colegas eram absolutamente apaixonados por cadáveres, porque encontravam na dissecação um prazer relacionado ao conhecimento proporcionado pela atividade, o que eu respeito e compreendo. Já eu via aqueles corpos sem vida, só osso, pele, faltava um espírito e, para mim, era como se fosse uma casa vazia que eu não conhecia, mas onde sabia que alguém havia vivido. Sempre me perguntava: quem viveu naquela casa? A medicina tem muita dificuldade em pensar sobre essa vida passada.
Como podemos encarar o tempo de modo mais “humanista”, de forma que essa relação com o corpo e a vida seja levada em consideração? Não seria fácil, precisaríamos de uma revolução cultural, porque nos encontramos em uma sociedade que tem dificuldades de ver o corpo como corporeidade, isto é, como algo além do físico. Às vezes, penso que o tempo vive no corpo, que o corpo é o próprio tempo. Nossa experiência do corpo é a nossa experiência do tempo. Nós somos como um trem desgovernado em alta velocidade, e disso nasce o nosso sofrimento, a nossa incapacidade de análise, a enorme quantidade de doenças que temos hoje – as psicossomáticas, cardiovasculares, imunitárias.
O filósofo brasileiro Danilo Santos de Miranda chamou o livro de “compêndio que relaciona medicina, história, psiquiatria, arte, física e psicologia”. De que forma o tempo consegue abarcar todos esses temas? Tudo o que envolve o homem está inserido nesse conjunto de coisas, nesse arquipélago do tempo. Para compreender alguma coisa do tempo, compreender essa quimera de formas inconstantes, você deve arriscar um pouco de tudo.
Abordar tantos temas não é perigoso, não pode acontecer de um deles ficar mal coberto? Na Idade Média e no Renascimento, a física, a filosofia, a medicina e a epistemologia não eram disciplinas separadas. Leonardo Da Vinci, por exemplo, era um grande filósofo, arquiteto, escultor, pintor e engenheiro. Com a modernidade, esses estudos foram divididos, o que causou uma perda terrível, porque eles deixaram de se arriscar, como se estivessem em mar aberto. Dante convidava a fazer isso (a arriscar), com a frase “Coloquei-me em mar aberto”.
Meire Kusumoto

Pesquisadores descobrem que elefantes também têm intuição


Comportamento animal


Em experiência feita nos EUA, animal de nove anos resolve problema sem se basear na tentativa e erro, se igualando a humanos, macacos e golfinhos

Elefante de nove anos de idade mostra que pode planejar ações com ferramentas para obter comida
Elefante de nove anos de idade mostra que pode planejar ações com ferramentas para obter comida (PLoS ONE 6(8): e23251. doi:10.1371/journal.pone.0023251)
Elefantes têm boa memória e um grande senso de relacionamento social. Mas somente agora pesquisadores conseguiram comprovar que eles também são capazes de planejar ações. Em um experimento realizado no Zoológico Nacional de Washington, nos Estados Unidos, pesquisadores flagraram um elefante de nove anos de idade resolvendo problemas. O mais impressionante é que ele fez isso sem se basear na tentativa e erro. 
PLoS ONE
Pesquisadores acreditam que elefantes não usam varas para alcançar frutas porque isso atrapalharia as funções específicas de suas trombas
Pesquisadores acreditam que elefante não usa varas para alcançar frutas porque possui tromba para essa função
Até agora, a intuição – a habilidade de perceber algo que não se pode verificar ou que ainda não aconteceu – parece ser limitada na natureza. Apenas humanos, macacos e golfinhos demonstraram imaginar soluções para problemas, o que lhes confere um status superior na classificação de 'inteligência animal'.
A demora em reconhecer a inteligência superior dos elefantes pode ter sido causada por experiências mal formuladas no passado. Pesquisadores podem ter se enganado um pouco na maneira de interpretar as estratégias alheias. Na primeira situação criada para avaliar o desempenho de elefantes, por exemplo, realizada anteriormente por outros pesquisadores, a equipe deixou varas de bambu no chão para que um elefante pudesse se equipar para alcançar frutas nas árvores. O animal não fez nenhuma tentativa.
No segundo experimento, a equipe deixou frutas à vista, mas fora do alcance (como antes). Um cubo foi deixado no chão no lugar das varas. Depois de examinar a situação durante cerca de vinte minutos, o elefante se aproximou do cubo, fez o objeto rolar e prontamente pisou sobre ele para ficar mais alto e alcançar a fruta. Nos dias seguintes, ele usou a mesma estratégia rapidamente. 
A equipe acredita que o primeiro teste provavelmente não teve êxito em demonstrar o mesmo tipo de 'sacada' porque o elefante usa a tromba como vara (a ferramenta poderia, em outras palavras, incapacita-lo de perceber a fruta). Um artigo sobre o trabalho foi publicado no periódico científico especializado PLoSOne

Sistema de comunicação dos elefantes é similar ao dos seres humanos


Biologia

Sons de baixa frequência são emitidos pela passagem do ar por 'cordas vocais' e não pela contração dos músculos, como nos gatos

Cientistas detectam como os elefantes se comunicam
Cientistas detectam como os elefantes se comunicam (Jan-Hendrik van Rooyen/Getty Images/iStockphoto)
Os elefantes africanos são conhecidos por serem grandes comunicadores, mas até agora os cientistas não sabiam ao certo se os sons eram emitidos por contrações musculares, como o ronronar de um gato, ou por vibrações nas cordas vocais, como os seres humanos e outros mamíferos. A análise da laringe de um elefante africano permitiu que os cientistas desvendassem o mistério: eles se comunicam usando uma estrutura semelhante às cordas vocais, e emitem um som de frequência extremamente baixa (infrassom), abaixo do que os humanos podem ouvir completamente. A descoberta foi publicada na revista Science
De acordo com o estudo de Christian Herbst, da Universidade de Viena, feito com colegas da Alemanha, Áustria e Estados Unidos, os elefantes têm o mesmo mecanismo que produz a fala em humanos – e também em muitos outros mamíferos – para se comunicarem em sons baixos. 
Para chegar a essa conclusão, eles analisaram em laboratório a laringe de um elefante africano, que vivia em um zoológico em Berlim. Por meio de um mecanismo que imitava o fluxo de ar nos pulmões, puderam induzir os movimentos das 'cordas vocais' e a vibração de baixa frequência.
Isso demonstra que os elefantes contam com um mecanismo de aerodinâmica mioelástica – quando une a elasticidade das cordas vocais e a passagem do ar por elas para emitir o som. O cérebro do elefante também pode estar envolvido para relaxar e tencionar as cordas vocais se outro mecanismo, como o ronronar do gato, estiver envolvido.
Os pesquisadores também encontraram um padrão não linear no modo como as 'cordas vocais' dos elefantes vibram, assim como nos seres humanos. Essas irregularidades geralmente ocorrem quando os bebes choram ou quando cantores de heavy metal gritam, por exemplo. “Isso também pode ser observado em jovens elefantes, em situações de extrema excitação”, disse Herbst.

http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/sistema-de-comunicacao-dos-elefantes-e-similar-ao-dos-seres-humanos

Pesquisas mostram como animais respondem às mudanças climáticas


Aquecimento global

Cientistas analisaram migrações de populações de aves e esquilos no Estados Unidos

pássaro
O melro de asas vermelhas foi uma das espécies de pássaro mais afetadas por mudanças na quantidade de chuva(Thinkstock )
Dois novos estudos conduzidos por pesquisadores da Universidade da Califórnia podem ajudar a explicar como os animais vão responder às atuais mudanças climáticas do planeta. Para isso, eles analisaram o comportamento de diversas espécies no século passado, e descobriram como cada variação no clima afetou sua migração.
O primeiro dos estudos, publicado na revista Global Change Biology, descobriu que mudanças na taxa de chuva têm uma influência maior que a prevista para conduzir a migração de pássaros para fora de seu território original. A outra pesquisa, publicada na revista Proceedings of the Royal Society B, descobriu que o clima é capaz de causar uma grande queda na população de esquilos, embora eles sejam capazes de encontrar refúgio em alguns locais.
Chuvas – Usualmente, os cientistas levam em conta apenas mudanças na temperatura para explicar a migração de espécies. No entanto, segundo os dados coletados pelos pesquisadores da Universidade da Califórnia, pelo menos 25% das espécies se movem em direções não explicadas por alterações na temperatura local.
Os pesquisadores estudaram 99 espécies de pássaros em 77 locais dentro de parques naturais e florestas dos Estados Unidos. Para isso, eles compararam dados atuais com informações recolhidas por exploradores no começo do século passado. “A temperatura não explica todas as mudanças. Somente quando incluímos dados sobre as chuvas conseguimos adequar nosso modelo para explicar os movimentos", diz Morgan Tingley, um dos autores do estudo.
A pesquisa concluiu que, enquanto o aumento na temperatura empurrava os pássaros para locais mais elevados e frescos, aumentos nas taxas de chuvas levava as espécies para regiões mais baixas. “Muitas espécies podem sentir pressões opostas da chuva e da temperatura, mas no final só uma delas ganha”, afirma o pesquisador.
No entanto, um terço das espécies de pássaros não mudou de local, apesar da pressão ambiental. “Se mover é um sinal de adaptação. Na verdade, ficamos mais preocupados com a sobrevivência das espécies que não migraram”, diz Morgan Tingley.
Esquilos – No segundo estudo, os pesquisadores analisaram a migração de uma espécie de esquilos chamada Urocitellus beldingi, que vive na oeste dos Estados Unidos. Ao usar os mesmo dados do século passado, e compará-los com medições recentes, eles descobriram que os animais desapareceram de 42% dos locais onde viviam.
A extinção foi mais comum nos lugares com temperaturas altas no inverno e grandes taxas de chuva. “Nós ficamos surpresos de ver tamanho declínio nessa espécie, que era considerada bastante comum”, disse Toni Lyn Morelli, um dos autores do estudo. Surpreendentemente, os esquilos parecem estar se dando bastante bem em locais onde a natureza foi modificada pelo homem. Por exemplo, em oásis irrigados artificalmente nas regiões secas e quentes da Califórnia.
“Juntos, os dois estudos indicam que muitas espécies estão respondendo às mudanças no clima. No entanto, as suas necessidades ecológicas e as mudanças provocadas pelos humanos tornam os resultados ainda mais complexos", diz Steven Beissinger, coordenador dos dois estudos. “Isso torna muito desafiador prever como as espécies vão responder às mudanças atuais do clima”.

'Defeito' em cromossomo sexual está ligado ao câncer de intestino, diz estudo


Genética

Variação na região do cromossomo X, presente no DNA de ambos os sexos, diminui níveis de gene que controla desenvolvimento celular e pode elevar risco da doença

Apendicite: a condição é causada pela inflamação da bolsa em forma de verme que sai da primeira porção do intestino grosso (à esq.)
Câncer de intestino: variação no cromossomo X pode estar associada a um maior risco da doença (Thinkstock)
Pela primeira vez, uma pesquisa mostrou que alterações em um dos cromossomos sexuais podem elevar o risco de câncer de intestino. Segundo o estudo, que foi publicado nesta segunda-feira na revista Nature Genetics, pessoas com essa doença são mais propensas a apresentar um defeito no cromossomo X que reduz os níveis de um gene associado ao bom desenvolvimento das células.
De acordo com os autores da pesquisa, essas descobertas podem ajudar a entender o motivo pelo qual o câncer de intestino atinge mais o sexo masculino do que o feminino. Eles explicam que, como as mulheres têm duas cópias do cromossomo X, a que não apresenta o defeito e que, portanto, tem função normal, pode mascarar a outra que leva a mutação. Diferentemente dos homens, que apresentam somente uma cópia do cromossomo e que, portanto, não tem uma 'cópia reserva' para mascarar o defeito.
Esse trabalho foi desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Pesquisa em Câncer do Reino Unido e das universidades de Oxford e de Edimburgo. Com base em cinco estudos anteriores sobre genética e câncer de intestino, eles buscaram descobrir novas alterações no código genético que pudessem elevar o risco de câncer de intestino. Antes dessa pesquisa, quase 20 variantes no genoma humano já haviam sido associadas à doença.
A equipe descobriu que pessoas com câncer de intestino tendem a ter um defeito na região do cromossomo X que leva a menores níveis de um gene chamado SHROOM2. Esse gene controla o desenvolvimento das células, garantindo que elas cresçam e adquiram forma correta. Alterações nesse mesmo gene já foram associadas a outros cânceres anteriormente.
"Essa é a primeira vez em que um estudo demonstra que defeitos em um dos cromossomos sexuais estão relacionados a um câncer que pode atingir os dois sexos. Essas descobertas podem nos ajudar e entender as diferenças da doença entre homens e mulheres, além de identificar os indivíduos que correm mais risco de terem câncer de intestino", diz Richard Houlston, um dos autores da pesquisa.

Aspirina diminui o risco de desenvolver câncer colorretal


Pesquisa

Consumo diário do medicamento reduziu em 63% o aparecimento de câncer colorretal em pessoas com pré-disposição genética

Aspirina medicamento
Pesquisa mostra que consumir aspirina diariamente pode reduzir a incidência de um tipo genético de câncer no intestino(Dynamic Graphics)
O consumo diário de aspirina é capaz de diminuir o risco de desenvolver um tipo de câncer colorretal que ocorre por conta de pré-disposição genética, segundo pesquisa publicada na edição online da revista Lancet. Os cientistas alertam, no entanto, que ainda é necessário realizar mais estudos para saber a dosagem correta do medicamento.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Long-term effect of aspirin on cancer risk in carriers of hereditary colorectal cancer: an analysis from the CAPP2 randomised controlled trial

Onde foi divulgada: revista Lancet

Quem fez: Dezenas de médicos de 43 centros em 16 países

Instituição: Cancer Research UK, no Reino Unido

Dados de amostragem: 861 participantes foram escolhidos aleatoriamente para receber 600 miligramas de aspirina ou placebo

Resultado: Os resultados mostraram que entre os participantes do grupo que tomava aspirina regularmente houve 63% menos casos de câncer colorretal
O estudo, que durou uma década, envolveu médicos de 43 centros em 16 países. No total, a pesquisa acompanhou 861 pessoas por cerca de dez anos. Os resultados mostraram que entre os participantes do grupo que tomava aspirina regularmente houve 63% menos casos de câncer colorretal, quando comparados com voluntários que não tomavam aspirina.
Os participantes do estudo tinham a síndrome de Lynch, uma anomalia genética que causa câncer por afetar os genes responsáveis por detectar e reparar os danos no DNA. A síndrome aumenta dez vezes o risco de desenvolver tumor de intestino e ocorre em uma a cada dez pessoas.
Um grupo de voluntários recebeu 600 miligramas de aspirina todos os dias — o que equivale a dois comprimidos diários. O outro grupo recebeu placebo. Aqueles que tomaram aspirina continuaram desenvolvendo o mesmo número de pólipos, que é um crescimento anormal que surge na mucosa do intestino grosso. Apesar disso, eles não desenvolveram câncer. O que sugere, segundo os pesquisadores, que a aspirina poderia provocar a destruição dessas células antes que elas se tornassem cancerosa.
"Os resultados deste estudo provam que o uso regular de aspirina durante períodos prolongados diminui o risco de desenvolver câncer hereditário", diz Patrick Morrinson, da Queen University, em Belfast, capital da Irlanda do Norte.
"É uma grande descoberta em termos de prevenção do câncer. Esperamos continuar outras pesquisas para determinar uma dosagem de aspirina ainda mais eficaz e também pretendemos olhar para o uso da aspirina na população geral e o impacto na redução do risco de câncer de intestino", disse Morrinson.

Uma aspirina por dia diminui o risco de mortes por câncer


Prevenção

Um extenso estudo mostrou que efeito protetor ocorre principalmente em relação a doenças do trato gastrointestinal

Aspirina: nova fórmula reduz o tempo de absorção do medicamento pelo organismo
Aspirina: mortalidade por câncer pode ser evitada com um comprimido por dia (Thinkstock)
Mais um estudo identificou os benefícios da aspirina em relação ao câncer. Dessa vez, pesquisadores da Sociedade Americana do Câncer concluíram que o remédio, além de reduzir o risco dessa doença e também de problemas cardiovasculares, como outros trabalhos anteriores sugeriram, pode diminuir o número de mortes provocadas pelo câncer. A pesquisa, feita com mais de 100.000 pessoas, foi publicada na edição deste mês do periódico Journal of the National Cancer Institute.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Daily Aspirin Use and Cancer Mortality in a Large US Cohort

Onde foi divulgada:  periódico Journal of the National Cancer Institute

Quem fez: Eric Jacobs, Christina Newton, Susan Gapstur e Michael Thun

Instituição: Sociedade Americana do Câncer 

Dados de amostragem: 100.139 pessoas com mais de 60 anos

Resultado: Em comparação com pessoas que nunca tomam aspirina, ingerir um remédio por dia reduz o risco de mortes por câncer em 16%, especialmente entre o sexo masculino e em relação a canceres como o de intestino e o de cólon.
Participaram desse estudo homens e mulheres com mais de 60 anos que não eram fumantes. Segundo os resultados, aqueles que disseram tomar uma aspirina ao dia apresentaram um risco 16% menor de morrerem em decorrência de algum câncer em comparação aos participantes que nunca faziam uso do medicamento. O benefício foi maior entre os homens e em relação a cânceres associados ao trato gastrointestinal, como o de cólon e o de estômago.
 
Os pesquisadores explicam que como os resultados não se baseiam em um ensaio clínico, mas sim em questionários feitos entre os participantes, é possível que, além da aspirina, outros fatores tenham contribuído para esses dados. Mesmo assim, o coordenador do estudo, Michael Tun, acredita que os achados podem favorecer as diretrizes em relação ao uso da aspirina. “As conclusões sobre os efeitos da aspirina em relação à doença são muito encorajadoras, mas, embora os estudos estejam avançados, é preciso ressaltar que ainda estão em andamento”, diz o pesquisador.

Novo medicamento para câncer de próstata aumenta sobrevida de pacientes com a doença em estágio avançado


Homem

Testes mostraram que a droga provoca menos efeitos colaterais e estende a expectativa de vida em cinco meses comparada à quimioterapia tradicional

Os testes sanguíneos para detecção do câncer de próstata estão na rotina de exames preventivos feitos por homens idosos
Câncer de próstata: novo medicamento pode ajudar quem tem a doença em estágios avançados (Creatas Images/Thinkstock)
A fase final de testes clínicos feitos com a Enzalutamida, uma nova droga para tratar câncer de próstata, mostrou que o medicamento promove uma maior sobrevida entre pacientes com a doença em estágio avançado em comparação com a quimioterapia tradicional. O tempo médio em que a expectativa de vida desses homens se estendeu foi de cinco meses e a substância surtiu efeitos colaterais 'muito mais baixos' do que as já existentes. Os resultados, publicados nesta quinta-feira no periódico The New England Journal of Medicine, se aplicaram a pacientes que já haviam passado tanto pelos tratamentos hormonais (que são usados como primeira opção) quanto pela quimioterapia.

Saiba mais

PSA
PSA é a sigla em inglês para antígeno prostático específico, uma proteína produzida pelas células da próstata e considerada um importante marcador biológico para determinar quais homens precisam de biópsia e quais deles têm menor risco de desenvolver o câncer de próstata. O exame de PSA sozinho, no entanto, não é capaz de fornecer informações suficientes para determinar se o paciente tem ou não a doença.
"Esse é um grande avanço, pois não somente houve aumento da sobrevivência, mas também a qualidade de vida desses pacientes, com menos efeitos colaterais, foi melhorada", diz Thomas Flaig, diretor do Centro de Investigação Clínica em Câncer da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos. Flaig foi um dos autores desse estudo, que ficou conhecido pela sigla AFFIRM.
A terceira fase dos testes clínicos envolveu 1.199 pacientes que haviam sido diagnosticados com câncer de próstata e cuja doença havia progredido mesmo com tratamentos hormonais e quimioterapia. Dois terços desses homens receberam a droga estudada, a Enzalutamida, e o restante, doses de placebo. A expectativa de vida média dos participantes que tomaram o medicamento foi de 18,4 meses, enquanto a do dos pacientes que receberam placebo foi de 13,6 meses. Além disso, os homens que tomaram a droga apresentaram uma melhora em aspectos como retardamento da progressão da doença e melhores resultados nos exames de PSA.
Mecanismo — De acordo com os autores da pesquisa, quando tomada uma vez ao dia, via oral, essa droga bloqueia a capacidade de as células cancerígenas se ligarem aos andrógenos, hormônios como a testosterona, que ajudam no crescimento do câncer de próstata. Isso acontece pois a própria substância se liga aos receptores de andrógenos das células cancerígenas, tornando-se uma 'concorrente' dos hormônios na disputa por esses receptores. "Estamos em um período de renascimento no tratamento médico de câncer de próstata. Mesmo nessa fase inicial, a Enzalutamida é um divisor de águas”, diz Flaig.
Cesar Câmara, urologista do Hospital Sírio-Libanês, explica que, atualmente, o tratamento que tem como alvo a ação dos hormônios busca bloquear a ação da testosterona. Ou seja, é outro tipo de mecanismo. "No entanto, quando os pacientes passam a ser resistentes a essas drogas, eles recebem a quimioterapia", diz. "Esse medicamento pode, quem sabe, ser uma ferramente aplicada antes da quimioterapia, adiando a adoção desse procedimento que é tão agressivo." Para Câmara, embora uma expectativa de vida cinco meses maior pareça pouco, representa um grande avanço no tratamento da doença, especialmente pelo fato de promover esse aumento com qualidade de vida aos pacientes.

Opinião do especialista

Wilson Bachega Junior
Cirurgião oncologista do Hospital A. C. Camargo

"Nós já estávamos de olho para sabermos os resultados dos testes finais dessa droga. É um grande avanço, pois agora sabemos o quanto ela prolonga a expectativa de vida desses pacientes, os seus efeitos colaterais e a sua dosagem. Além disso, os testes foram feitos com um número considerável de participantes.
Novos estudos devem mostrar as outras formas pelas quais o medicamento poderá ser aplicado. Ou seja, se ele é eficaz antes da quimioterapia ser feita ou até mesmo se ele pode ser utilizado como primeira opção de tratamento, inclusive em casos de cânceres localizados (que não tiveram metástase).
Isso representaria um grande avanço, já que seria possível tratar um tumor em fase inicial com um comprimido, e não com um procedimento cirúrgico, que é invasivo. E sem efeitos colaterais. O doente nem sentiria fisicamente o tratamento. É o tratamento que os médicos estavam esperando.
Novas pesquisas também poderiam mostrar se a droga poderia melhorar os efeitos de outros tratamentos, como a própria quimioterapia ou a radioterapia, garantindo uma maior chance de cura entre pacientes.”

Pesquisa relaciona parasita a tentativas de suicídio


Toxoplasmose

Pacientes infectados com protozoário teriam mais chances de tentar se matar

parasita
O parasita Toxoplasma gondii ataca as células dos hospedeiros e pode levar a inflamações no cérebro(Divulgação/MichiganStateUniversity)
Um parasita muito comum pode estar causando mudanças sutis no cérebro dos infectados, induzindo-os ao suicídio. Na maioria das vezes o protozoário Toxoplasma gondii, responsável pela toxoplasmose, é considerado inofensivo e sua infecção passa despercebida. No entanto, uma nova pesquisa publicada na revista Journal of Clinical Psychiatry mostrou que os pacientes infectados com o parasita têm maior probabilidade de tentar o suicídio.

Saiba mais

TOXOPLASMOSE
Doença causada pela ingestão do Toxoplasma gondii, protozoário encontrado nas fezes de gatos. Nas primeiras semanas de infecção pode causar sintomas parecidos com os da gripe, mas na maioria das vezes a doença passa despercebida. No entanto, em pacientes com o sistema imunológico comprometido, ela pode levar a inflamações no cérebro e a danos neurológicos, além de afetar músculos, coração e olhos. Nos piores casos, pode levar à morte.
DEPRESSÃO
A depressão é a mais comum das doenças psiquiátricas. Ela se manifesta por meio de sintomas como mudança de humor, perda de interesse em atividades do cotidiano, sentimento de culpa e distúrbios do sono e do apetite. O problema nem sempre é crônico, mas pode ser recorrente na vida de uma pessoa. Na pior das hipóteses, a depressão pode levar ao suicídio, que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é responsável por 850.000 mortes por ano.
Cerca de um terço da população mundial está contaminada pelo protozoário, mas na maior parte do tempo ele permanece dormente. Mas segundo a nova pesquisa ele pode causar inflamações que, ao longo do tempo, danificam as células cerebrais. Essa não é a primeira vez que pesquisadores relacionam infecções à depressão. "Pesquisas anteriores já haviam descoberto sinais de inflamação no cérebro de suicidas e pessoas em depressão. Outros estudos também já mostraram a relação entre oToxoplasma gondii e tentativas de suicídio", afirma Lena Brundin, pesquisadora da Universidade Estadual de Michigan e uma das autoras do estudo.
No entanto, esse é o primeiro estudo a medir as chances de uma pessoa infectada com o parasita tentar se matar. Para isso, os pesquisadores analisaram amostras do sangue de 54 adultos que tentaram o suicídio entre 2006 e 2010 e as compararam ao sangue de 30 voluntários escolhidos aleatoriamente.
Como resultado, os pacientes contaminados com o Toxoplasma gondii eram mais propensos a fazer parte do grupo de suicidas. "Nós descobrimos que se a pessoa estiver infectada pelo parasita, ela tem até sete vezes mais chances de tentar o suicídio", diz a pesquisadora.
Os cientistas destacam que, no entanto, a maior parte das pessoas infectadas com o parasita não irá se matar. "Alguns indivíduos podem, por alguma razão, ser mais suscetíveis a desenvolver esses sintomas depois da infecção."

Depressão
 – A equipe de Lena Brundin procura há mais de uma década a relação entre inflamações no cérebro e depressão. Sua teoria é que a inflamação, que pode ser causada por parasitas como o Toxoplasma gondii, cause mudanças na química cerebral, levando à depressão e, em alguns casos, ao suicídio.
Os pesquisadores dizem que ainda são necessários estudos maiores para confirmar  a tese. No entanto, os resultados são promissores. "É muito positivo que estejamos encontrando fatores biológicos que levem os pacientes a se matar. Isso significa que nós podemos desenvolver novos tratamentos para prevenir o suicídio", afirma a pesquisadora.

"Twitter e Facebook estão acabando com os segredos das pessoas", diz historiador britânico


Entrevista

Em entrevista ao site de VEJA, Andrew Keen critica a superexposição dos usuários, ataca a 'doutrina da multidão' e prevê uma 'geração sem mistério'

Rafael Sbarai
Andrew Keen
Andrew Keen: "Temo que a palavra social seja transformada em ideologia". (Divulgação)
"A internet deve sempre preservar a autonomia do indivíduo. Os pensamentos originais só aparecerão quando as pessoas rejeitarem essa doutrina da multidão"
Ex-empresário do Vale do Silício convertido em historiador, Andrew Keen é hoje um dos críticos mais ácidos do mundo digital. Em seu primeiro livro, O Culto do Amador (Jorge Zahar; 208 páginas; 39 reais), de 2009, o britânico de 51 anos denunciou o que chamou de "ditadura da ignorância" na web, difundida por narcisistas ávidos pelos holofotes digitais. Ganhou rapidamente desafetos, foi tachado de apocalíptico e ficou conhecido como o "anticristo da web”. Três anos depois, Keen volta à carga em novo livro. Seu alvo: Facebook, Twitter, Google+ e afins.

Keen desembarca ao Brasil na próxima semana para divulgar Vertigem Digital – Por que as redes sociais estão nos dividindo, diminuindo e desorientando (Jorge Zahar; 253 páginas; 45 reais). Nele, o historiador ataca o carimbo "social" das ferramentas e games on-line, critica a superexposição dos usuários e ironiza os entusiastas da "transparência" das redes citando o filósofo francês Jean Baudrillard: “A transparência é boa demais para ser verdade... o que há por trás deste mundo transparente?”.
O desencanto do britânico passa longe da tecnofobia. Keen está no Twitter, usa iPhone, iPad e MacBook, passa dez horas por dia na internet e checa obsessivamente seu e-mail. Seu alvo nunca foi a tecnologia. É o que chama de "era do exibicionismo", que estaria forjando uma "geração sem mistério". Em entrevista ao site de VEJA, Keen explica por quê.

Biblioteca

Vertigem Digital  

O livro expõe os problemas do uso excessivo das redes sociais, como Facebook, Twitter e Google+. Para Keen, estas plataformas ameaçam forjar uma "geração sem mistério".

Autor: Andrew Keen
Editora: Zahar
O que há de errado com as redes sociais? Temo que a palavra "social" seja transformada em ideologia. Todas as últimas inovações digitais – de recursos musicais a soluções criativas – recebem obrigatoriamente o carimbo de social. Isso é preocupante. A internet deve sempre preservar a autonomia do indivíduo, atributo que não é respeitado por diversas plataformas. Os pensamentos originais só aparecerão quando as pessoas rejeitarem essa doutrina da multidão.
Recentemente, o empresário Biz Stone (um dos fundadores do Twitter) previu que o futuro será "social". Se isso for realmente verdade, é preocupante. Foi por esse motivo que escrevi meu segundo livro. Precisamos conquistar um espaço na web onde possamos nos proteger da multidão e desenvolver nossas próprias ideias. É preciso praticar mais a autocensura e limitar o número de publicações pessoais nas redes.

Em seu livro, o senhor diz que as pessoas estão abrindo mão de suas informações pessoais. Por quê? Vivemos a era do exibicionismo. Estamos desistindo dos nossos segredos. Chegamos ao mundo da transparência radical. Nossos perfis no Facebook, Twitter e Google+ são nossas vitrines. Hoje, riqueza corresponde a conectividade. Com esse comportamento extremamente narcísico, estamos virando marcas. Eu mesmo, por exemplo, sou o "anticristo da web".

O primeiro livro de Keen

O Culto do Amador 

Na obra, o historiador inglês sustenta que blogs, MySpace, YouTube, Orkut e Wikipédia estão criando uma cultura de banalidades e desinformação, uma vez que é possível publicar qualquer assunto, sem questionar a veracidade dos fatos.

Autor: Andrew Keen
Editora: Zahar
Esta "marca" o incomoda? Não. É até agradável. Como um garoto judeu do norte de Londres, sempre cultivei a ambição de me tornar o anticristo de algo historicamente relevante. O que poderia ser mais significativo do que o Vale do Silício?

As redes sociais podem realmente acabar com os segredos das pessoas?Conseguimos saber os gostos e os anseios das pessoas só visitando seus perfis nessas redes. Podemos ter uma geração de pessoas sem mistérios. Meu conselho aos usuários da rede é mentir. Eu mesmo nunca digo a verdade em meu perfil no microblog. Se você me segue no Twitter, confesso: não terá condições de saber muitas coisas sobre mim.

O senhor se considera pessimista? Eu sempre fui uma pessoa otimista, mas não vivo de sonhos. Aponto os problemas das redes sociais. Não significa que eu seja avesso à tecnologia. Uso a internet diariamente por dez horas, tenho iPhone, iPad e Macbook e sou obcecado por e-mail. Tenho mais de 20.000 seguidores e reconheço: o século XXI será a era da internet. Só não tenho Facebook.

O futuro da internet

The Next Web Latin America 

Nos dias 22 e 23 de agosto, o Brasil sedia pela primeira vez uma das maiores conferências sobre internet em todo mundo. Andrew Keen é um dos nomes convidados para discutir os rumos dos negócios, tecnologia e cultura digital. Também participam Werner Vogels, executivo da Amazon, Michell Zappa, estrategista de tecnologias emergentes, entre outros.

Local: Espaço Armazém, Rua Jaguaré-Mirim, 164, São Paulo, SP
Preço: 1.200 reais
Data: 22 e 23 de agosto de 2012
Site oficial
Por quê? Essa rede não é confiável. Ela apresenta um modelo de negócio nada desprezível, com a exposição de dados pessoais, como nome, cidade, idade, gênero, atividades, amigos mais próximos. Seus usuários não são clientes, mas produtos. É uma armadilha compartilhar informações nesse tipo de plataforma. Quanto mais você compartilha, mais a rede sabe sobre você, e mais você se transforma em um produto. O filósofo francês Michel Foucault estava certo: a visibilidade é uma armadilha.

Qual é o futuro do conhecimento na internet? O conhecimento será restrito e estará presente em ambientes fechados com sistemas de pagamento, como o do The New York Times, onde sei que a informação é confiável. Ambientes digitais em que exista livre acesso de distribuição e compartilhamento de conteúdo como a Wikipédia ficarão comprometidos. A elite (pessoas como eu) sempre terá acesso às informações mais confiáveis, mas as massas vão se submeter à 'ditadura da ignorância'. É como voltar à Idade Média – e isso não é uma perspectiva muito atraente.

Facebook terá anúncios baseados em histórico de usuários na web



Por Cris Simon, de EXAME.com
 
• Sábado, 16 de junho de 2012 - 13h54
Getty Images
Rede social vai colocar cookies em outros sites a fim de segmentar ainda mais anúncios
São Paulo - Cada vez que um usuário curte uma banda, um filme, uma marca ou serviço noFacebook, o site usa essa informação para adequar os anúncios que exibe à personalidade e ao comportamento desse usuário. Agora, a companhia quer impactar consumidores com base em seu comportamento em qualquer lugar da internet. A ideia é segmentar mais ainda os anúncios exibidos na rede social.
Isso será feito pelo Facebook Exchange, anunciado hoje, que permitirá que os anunciantes possam atingir tipos específicos de usuários com base no seu histórico de navegação - os cookies -, em tempo real.
Até agora, a publicidade do Facebook era orientada com base nos interesses dos usuários dentro da rede social e não tinha com o histórico fora do site.
"Um site de viagens pode estar interessado em impactar uma pessoa que procurou por um vôo, mas acabou não concluindo a compra. Com o Facebook Exchange, esse site de viagens poderá mostrar à pessoa um anúncio relacionado a viagens no Facebook", exemplificou o site em um comunicado oficial.
"Isso significa que os anunciantes poderão entregar publicidade mais relevante em tempo hábil em uma escala nunca antes possível", completou.
Os computadores já "memorizam" o histórico de navegação dos usuários de internet por meio dos cookies. Pelo novo programa, o Facebook monitorará cookies em sites de terceiros. Após isso, os anúncios que aparecerem para o usuário estarão relacionados àquele determinado cookie.
De acordo com o site, como o Exchange é ativado por meio dos cookies, os usuários terão a possibilidade de desabilitar a opção, se não quiserem ser impactados pelos anúncios gerados pelo programa.
"Nós não compartilhamos quaisquer dados do usuário com os anunciantes", esclareceu o site, "e as pessoas ainda terão o mesmo controle sobre os anúncios que vêem hoje no Facebook".
O Facebook Exchange exibirá apenas banners - aquelas pequenas caixas com texto e foto na lateral direita das páginas - e não se estende a histórias patrocinadas - as sponsored stories - ou anúncios premium.