terça-feira 19 2012

Juristas excluem corrupção do rol dos crimes hediondos



Sugestão tinha sido feita pelo relator da comissão, mas não foi acolhida pela maioria dos integrantes

11 de junho de 2012 | 20h 19

RICARDO BRITO - Agência Estado
BRASÍLIA - A comissão de juristas do Senado que discute mudanças ao Código Penal decidiu nesta segunda-feira, 11, não incluir a corrupção praticada contra a administração pública na lista de crimes considerados hediondos. A sugestão havia sido feita pelo relator, o procurador regional da República Luiz Carlos Gonçalves, mas não foi acolhida pela maioria dos integrantes da comissão.
O colegiado, contudo, aprovou o acréscimo de sete delitos ao atual rol de crimes hediondos: redução análoga à escravidão, tortura, terrorismo, financiamento ao tráfico de drogas, tráfico de pessoas, crimes contra a humanidade e racismo.
Atualmente, são considerados hediondos os crimes de homicídio qualificado, latrocínio, tortura, terrorismo, extorsão qualificada pela morte, extorsão mediante sequestro, estupro e estupro de vulnerável, epidemia com resultado de morte, falsificação de medicamentos e tráfico de drogas.
A Lei dos Crimes Hediondos foi editada em 1990, no governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello, como resposta a uma onda de violência em resposta à violência no estado do Rio de Janeiro. Na prática, os juristas propuseram incorporar ao Código Penal as mudanças da lei.
Os crimes hediondos são considerados inafiançáveis e não suscetíveis de serem perdoados pela Justiça. Eles têm regimes de cumprimento de pena mais rigoroso que os demais crimes, como um tempo maior para os condenados terem direito a passarem do regime fechado para o semiaberto, por exemplo. Atualmente é de dois quintos da pena para não reincidente e, com a proposta aprovada, seria de metade - para os reincidentes, o prazo seria o mesmo, de três quintos. A prisão temporária é de 30 dias, prorrogáveis por igual período, prazo maior do que nos demais crimes.
Durante os debates da comissão, o relator chegou a sugerir que a sociedade "clama" por essa mudança. Mas, numa votação rápida, apenas o desembargador José Muiñoz Piñeiro Filho e o promotor de Justiça Marcelo André de Azevedo votaram a favor.
RICARDO BRITO - Agência Estado
"Na minha visão, a corrupção deveria fazer parte desse rol, mas a maioria entendeu que não", afirmou Luiz Carlos Gonçalves, lembrando que "em um colegiado não é correto falar em derrotas ou vitórias". "Um Código Penal deve atender à sociedade e posso afirmar que uma das sugestões que a sociedade mais reivindica é que os crimes contra a administração pública, notadamente o peculato (desvio de dinheiro público) e a corrupção, deveriam fazer parte do rol", disse Piñeiro Filho.
"Nós entendemos que a Lei de Crimes Hediondos ao longo dos seus anos de vigência não contribuiu para reduzir a criminalidade em nenhuma medida e trouxe problemas para o sistema prisional e penitenciário", disse o advogado Marcelo Leonardo, que foi contrário a todas as inclusões.
O colegiado tem até o final do mês de junho para apresentar uma proposta de reforma do Código Penal ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Caberá à Casa decidir se transforma as sugestões dos juristas em um único projeto ou as incorpora em propostas que já tramitam no Congresso.

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Patriota bate o martelo sobre texto da Rio+20 e recebe vaias


Negociações

"Como não há objeções, o plenário está na posição de adotar o texto que temos acordado ‘ad referendum’”, afirmou o ministro, em meio ao barulho da plenária

Luís Bulcão, do Rio de Janeiro
O ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, durante a Rio +20
O ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, durante a Rio +20 (Ricardo Moraes/Reuters)
Sem deixar muitos espaços para contestações, o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, às 12h18 bateu o martelo sobre a adoção do texto da Rio+20 negociado por horas a fio durante a madrugada desta terça-feira. O documento foi apresentado pelo Brasil às 7h20 para as delegações. "Como não há objeções, o plenário está na posição de adotar o texto que temos acordado ‘ad referendum’”, afirmou o ministro em meio ao barulho da plenária, recém iniciada.
In English: VEJA special issue about the UN Conference on Sustainable Development 

A ação de Patriota gerou palmas nos segundos iniciais, mas a comemoração foi logo abafada por uma sonora vaia que tomou conta da sala 2 do pavilhão 3, no Riocentro, onde ocorre a plenária. A medida encerra as negociações ministeriais para a formação do texto da declaração oficial da Rio+20, que agora passa para os debates de alto-nível, com a presença dos chefes de estado.

Como mostra reportagem especial do site de VEJA, que acompanhou a madrugada de exaustivos debates no Riocentro, as manobras do Itamaraty deixaram atordoados alguns dos negociadores. No sábado, o Brasil havia apresentado um texto considerado limpo, sem as contestações marcadas no documento que, até então, era coordenado pelas Nações Unidas. As negociações recomeçaram tendo como base o documento do Brasil, que estabeleceu a madrugada desta terça-feira como data limite para se chegar ao acordo.

Por toda a manhã desta terça-feira as delegações examinaram o documento entregue na madrugada pelo Brasil. O texto tem 49 páginas, 283 parágrafos -- quatro a menos do que o rascunho anterior – e propõe a criação de um fórum intergovernamental de alto nível para acompanhar a implementação do desenvolvimento sustentável. A proposta é de que essa nova estrutura substitua a Comissão de Desenvolvimento Sustentável que existe atualmente.
Entre outras coisas, o fórum poderia "oferecer liderança política, orientação e recomendações para o desenvolvimento sustentável" e, acompanhar e rever o progresso na implementação de compromissos como os contidos na Agenda 21 e no Plano de Implementação de Johannesburgo. As decisões relativas à estrutura de funcionamento do fórum seriam tomadas na Assembleia Geral da ONU.
A previsão é de que os chefes de estado que vão participar da cúpula cheguem ao Rio já nesta terça-feira – pelo menos a maior parte do grupo. A partir de quarta-feira, o Rio de Janeiro tem feriado de três dias, para não prejudicar os deslocamentos dos chefes de estado e suas delegações – e para evitar que esse fluxo cause um colapso no trânsito da cidade.
Outros pontos importantes do documento são:
Responsabilidades diferenciadas
O documento reafirma um dos princípios aprovados pela Rio-92, e considera que países desenvolvidos e em desenvolvimento têm “responsabilidades comuns, porém diferenciadas” no que se refere ao desenvolvimento sustentável.
Meios de implementação
O texto reconhece que países ricos e em desenvolvimento têm necessidades diferentes, e que estes precisam de recursos adicionais. 
Mudanças climáticas
O documento reafirma que as mudanças climáticas são o maior desafio do mundo na atualidade. E acentua a importância da criação de “mobilizar recursos de diversas fontes, públicas e privadas, bilaterais e multilaterais, incluindo fontes inovadoras, para apoiar as ações de mitigação, adaptação, desenvolvimento e transferência de tecnologia em países em desenvolvimento. 
Erradicação da pobreza
O documento reconhece que a erradicação da pobreza é um dos pré-requisitos fundamentais do desenvolvimento sustentável e o maior desafio do planeta. O adjetivo “extrema” foi retirado.
Pnuma
O documento diz que as nações signatárias se comprometem a fortalecer o papel do Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente (Pnuma) e consolidar de forma progressiva sua sede em Nairóbi (no Quênia). Uma das sugestões para ser aprovada pela Assembleia Geral da ONU em sua próxima sessão é adotar uma resolução que permita o fortalecimento financeiro do Pnuma, que não seria transformado em agência, como chegou a ser proposto.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
No mesmo espírito que determinou a reafirmação de “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, o documento estabelece que os objetivos devem ser traçados levando em conta as particularidades de cada país. Uma comissão criada a partir da conferência ficaria responsável pela elaboração desses objetivos.

Droga para osteoporose freia perda de cartilagem


Articulação

Um remédio que está há mais de dez anos no mercado pode ser uma opção para pessoas com osteoartrite, doença crônica que afeta a cartilagem e o tecido das articulações

esqueleto
(Thinkstock)
Um remédio para osteoporose  que está há mais de dez anos no mercado pode ser uma opção para pessoas com osteoartrite, doença crônica que afeta a cartilagem e o tecido das articulações. Pesquisa apresentada no Congresso Europeu de Osteoporose e Osteoartrite, que acontece na França até este domingo, mostrou que aqueles que tomaram ranelato de estrôncio apresentaram redução de 27% na perda da cartilagem - o equivalente a um ano de perda do tecido.
O estudo, liderado pelo professor Cyrus Cooper, das Universidades de Oxford e South, foi feito com 1.371 pacientes com idades entre 62 e 72 anos - 69% eram mulheres e 31%, homens. Nos pacientes que receberam doses diárias de 2 mg, a perda de cartilagem foi reduzida em relação aos que tomaram placebo.

Essa diferença foi avaliada por meio de radiografias. Os pacientes foram acompanhados por três anos, em 98 centros médicos de 18 países. "Foi demonstrado que, com o passar do tempo, havia perda de altura da cartilagem no grupo placebo e perda muito menor no grupo que tomou a droga. Houve diferença estatisticamente significativa da diminuição do espaço articular", afirma Márcio Passini, presidente do Comitê Doenças Osteometabólicas da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot) e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Passini explica que já era sabido que o ranelato de estrôncio agia sobre o osteoblasto, célula que estimula a formação óssea - daí seu uso no contra a osteoporose. O estudo mostrou que ele age também no condrócito, célula que produz a cartilagem. "Descobriu-se que pessoas que tomavam ranelato de estrôncio tinham menos lombalgia. Supunha-se que era pelo fato de estarem sendo tratadas da osteoporose, o que evitava as microfraturas. Estudo posterior mostrou que os sinais de osteoartrite na coluna haviam melhorado. E aí surgiu o estudo para o uso do ranelato no tratamento também da osteoartrite", explica. "Essa foi uma das surpresas do congresso. Houve bastante discussão em relação a isso."

A osteoartrite é relacionada à idade: atinge 60% da população com mais de 50 anos. "A doença atinge com frequência joelhos, e a dor acaba incapacitando. O paciente tem problemas de locomoção, não pode subir e descer escada", explica Passini. Em muitos casos é necessária prótese para substituir a articulação. "É uma belíssima esperança de solução para dois problemas com uma só medicação." O ranelato de estrôncio é vendido no Brasil, mas não é fornecido pelo SUS. 

Lulu Santos um certo alguem/o ultimo romantico

Chico Buarque - Essa Moça Tá Diferente

Pesquisadores da PUC-RJ dizem que Bolsa Família reduziu criminalidade em SP! Pesquisa do Tio Rei informa: esse estudo é uma cascata autoevidente! Mas posso provar!


Em:17/06/2012
 às 8:51
O jornal O Globo traz uma reportagem com informações que estão naquela categoria que chamo estupefaciente. Não recrimino a reportagem, não, mas a bobajada produzida por pesquisadores da PUC-RJ, que não resiste a cinco minutos de reflexão. Leiam o que informa Alessandra Duarte e Sérgio Roxo (em vermelho). Volto em seguida:
*
A redução da desigualdade com o Bolsa Família está chegando aos números da violência. Levantamento inédito feito na cidade de São Paulo por pesquisadores da PUC-Rio mostra que a expansão do programa na cidade foi responsável pela queda de 21% da criminalidade lá, devido principalmente à diminuição da desigualdade, diz a pesquisa. É o primeiro estudo a mostrar esse efeito do programa na violência.
Em 2008, o Bolsa Família, que até ali atendia a famílias com adolescentes até 15 anos, passou a incluir famílias com jovens de 16 e 17 anos. Feito pelos pesquisadores João Manoel Pinho de Mello, Laura Chioda e Rodrigo Soares para o Banco Mundial, o estudo comparou, de 2006 a 2009, o número de registros de ocorrência de vários crimes - roubos, assaltos, atos de vandalismo, crimes violentos (lesão corporal dolosa, estupro e homicídio), crimes ligados a drogas e contra menores -, nas áreas de cerca de 900 escolas públicas, antes e depois dessa expansão.
“Comparamos os índices de criminalidade antes e depois de 2008 nas áreas de escolas com ensino médio com maior e menor proporção de alunos beneficiários de 16 e 17 anos. Nas áreas das escolas com mais beneficiários de 16 e 17 anos, e que, logo, foi onde houve maior expansão do programa em 2008, houve queda maior. Pelos cálculos que fizemos, essa expansão do programa foi responsável por 21% do total da queda da criminalidade nesse período na cidade, que, segundo as estatísticas da polícia de São Paulo, foi de 63% para taxas de homicídio”, explica João Manoel Pinho de Mello.
O motivo principal, dizem os autores, foi a queda da desigualdade causada pelo aumento da renda das famílias beneficiadas- Há muitas explicações de estudos que ligam queda da desigualdade à queda da violência: uma, mais sociológica, é que diminui a insatisfação social; outra, econômica, é que o ganho relativo com ações ilegais diminui - completa Rodrigo Soares. - Outra razão é que muda a interação social dos jovens ao terem de frequentar a escola e conviver mais com gente que estuda.
Reforma policial ajudou a reduzir crimesApesar de estudarem no bairro que já foi tido como um dos mais violentos do mundo, os alunos da Escola Estadual José Lins do Rego, no Jardim Ângela, periferia de São Paulo - com 1.765 alunos, dos quais 126 beneficiários do Bolsa Família -, dizem que os assaltos e brigas de gangues, por exemplo, estão no passado. “Os usuários de drogas entravam na escola o tempo todo”,conta Ana Clara da Silva, de 17 anos, aluna do ensino médio. “Antes, você estava dando aula e tinha gente vigiando pela janela”, diz a diretora Rosângela Karam.
Um dos principais pesquisadores do país sobre Bolsa Família, Rodolfo Hoffmann, professor de Economia da Unicamp, elogia o estudo da PUC-Rio: “Há ali evidências de que a expansão do programa contribuiu para reduzir principalmente os crimes com motivação econômica”, diz. “De 20% a 25% da redução da desigualdade no país podem ser atribuídos ao programa; mas há mais fatores, como maior valor real do salário mínimo e maior escolaridade”.
Professora da Pós-Graduação em Economia da PUC-SP, Rosa Maria Marques também lembra que a redução de desigualdade não pode ser atribuída apenas ao Bolsa Família: “Também houve aumento do emprego e da renda da população. E creio que a mudança na interação social dos jovens beneficiados contou muito.” Do Laboratório de Análise da Violência da Uerj, o professor Ignácio Cano concorda com a relação entre redução da desigualdade e queda da violência: “Muitos estudos comparando dados internacionais já apontaram que onde cai desigualdade cai criminalidade.”
Mas são as outras razões para a criminalidade que chamam a atenção de Michel Misse, coordenador do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana da UFRJ. Misse destaca que a violência na capital paulista vem caindo por outros motivos desde o fim dos anos 1990:
“O estudo cobre bem os índices no entorno das escolas. Mas não controla as outras variáveis que interferem na queda de criminalidade. Em São Paulo, a violência vem caindo por pelo menos quatro fatores: reforma da polícia nos anos 2000; política de encarceramento maciça; falta de conflito entre quadrilhas devido ao monopólio de uma organização criminosa; e queda na taxa de jovens (maioria entre vítimas e autores de crimes), pelo menor crescimento vegetativo.” Para Misse, a influência do programa não foi pela desigualdade: “É um erro supor que só pobres fornecem agentes para o crime; a maioria dos presos é pobre, mas a maioria dos pobres não é criminosa. Creio que, no caso do Bolsa Família, o que mais afetou a violência foi a criação de outra perspectiva para esses jovens, que passaram a ter de estudar.”
Voltei
Há tempos não lia tanta bobagem. O único que diz aí coisa com coisa, com algumas ressalvas, é Michel Misse. O resto é o besteirol de sempre, que associa pobreza a violência. O índice de homicídios em São Paulo vem caindo de forma consistente há mais de 12 anos. O estado está em antepenúltimo lugar no ranking de homicídios por 100 mil habitantes; a capital, proporcionalmente, é a que menos mata no país.
O Mapa da Violência desmente esse estudo de maneira vexaminosa, assombrosa. E não com estudozinho focado na escola X ou Y, não, mas com dados objetivos. Leiam trecho de um post deste blog de 14 de dezembro do ano passado (em azul):
Nesta quarta, foi divulgado o Mapa da Violência com dados de 11 anos, de 2000 a 2010. Pois é… Em 2000, a cidade de São Paulo tinha 64 mortos por 100 mil habitantes, segundo o mapa. Em 2010, apenas 13 - uma queda de 80%. No outro extremo, Salvador tinha 12,9 naquele ano; em 2010, saltou para 55,5 mortos por cem mil: um crescimento de 330,2%…
(…)
O Brasil teve 49.932 homicídios no ano de 2010. De acordo com o Mapa da Violência divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto Sangari com informações dos ministério da Saúde e da Justiça, a taxa de homicídios no ano passado ficou em 26, 2 mortes para 100.000 habitantes. O número significa uma pequena redução em relação a 2009, quando a taxa foi de 27 mortes. Mas a taxa é superior à de conflitos armados em países como o Afeganistão, a Somália, ou o Sudão. Qualquer taxa acima de 10 mortes por 100.000 pessoas é considerada epidêmica por organismos internacionais. Uma epidemia que, no Brasil, tirou 1 milhão de vidas nos últimos 30 anos.
O maior índice de homicídios é o de Alagoas, com 66, 8 mortes por 100.000 habitantes. Em seguida, vêm o Espírito Santo (50, 1), Pará (45, 9), Pernambuco (38,8) e Amapá (38,7). Os menores números são os de Santa Catarina (12,9), Piauí (13,7), São Paulo (13,9), Minas Gerais (18,1), Rio Grande do Sul (19,3) e Acre (19,6). Entre as capitais, Maceió é a que tem o maior número de homicídios por habitante. São Paulo possui a menor taxa. A trajetória da capital paulista, aliás, chama a atenção: em 2000, a cidade tinha a 4ª maior taxa entre as capitais. De lá para cá, o índice de homicídios no município caiu cerca de 80%.
“A grande novidade é que há um processo de nivelamento nacional da violência que não existia dez anos atrás. Há dez anos, ela estava concentrada nas regiões metropolitanas. Agora se espalhou. As taxas dos sete estados que em 2000 eram os líderes de violencia caíram, e os sete que tinha as taxas menores subiram”, diz Julio Jacobo, coordenador da pesquisa.
Aumento
Uma análise em perspectiva mostra um aumento da violência nas regiões Norte e Nordeste: entre 2000 e 2010, o número de homicídios mais do que quadruplicou no Pará, na Bahia e no Maranhão. A maior queda se deu em São Paulo, que registrou uma redução de 63, 2% no número de homicídios durante a década passada, mesmo com o aumento populacional. O Rio de Janeiro também teve uma diminuição expressiva, de 42,4%, no período.
A pesquisa mostra que os números da violência têm se estabilizado nas capitais, enquanto a criminalidade avança nas cidades menores. Em 2010, a maior taxa de homicídios ficou com a cidade de Simões Filho (BA): o índice chegou a 146, 4 assassinatos por 100.000 pessoas. De acordo com o levantamento, três causas contribuíram para essa mudança de perfil: a desconcentração econômica do país, o aumento do investimento em segurança nas grandes cidades e a melhoria nos sistemas de captação de dados sobre crimes nos pequenos municípios.
RetomoUsar o Bolsa Família para explicar a queda de violência em São Paulo é a mais nova farsa influente. A anterior era atribuir a queda à campanha do desarmamento. Pergunto aos iluminados: por que, então, a campanha do desarmamento não produziu os mesmos efeitos no resto do Brasil? Por que, então, houve, na média, aumento da violência no Norte e Nordeste, embora sejam as regiões mais beneficiadas pelo Bolsa Família? A verdade é bem outra. No dia 12 de janeiro, o Globo dava uma notícia relevante. Segue em preto, com comentários em azul.
Estados brasileiros que prenderam mais registraram menos homicídios. Levantamento feito pelo GLOBO com base nos dados do Sistema Nacional de Informação Penitenciária (InfoPen) do Ministério da Justiça e do Mapa da Violência 2012, do Instituto Sangari, revela que as unidades da Federação em que há menos presos por homicídio do que a média nacional viram, na década passada, a taxa de assassinatos aumentar 16 vezes mais em comparação aos estados com população carcerária maior.
Em 12 estados do grupo que tem menos presos houve aumento no número de assassinatos, incluindo a Bahia, que teve uma explosão no índice de homicídios, passando de 9,4 por 100 mil habitantes para 37,7 por 100 mil habitantes entre 2000 e 2010. Alagoas, o estado mais violento do Brasil, também tem menos presos pelo crime do que a média nacional. Lá, em dez anos, o índice de assassinatos subiu de 25,6 para 66,8 por 100 mil habitantes.
Já havia chamado a atenção de vocês para o caso da Bahia, onde a elevação do índice de homicídios é assustadora. O Mapa da Violência, diga-se, evidencia que essa é uma realidade de quase todos os estados nordestinos. Mais um mito caiu: aquele segundo o qual o baixo crescimento econômico induz a violência. O Nordeste cresceu mais do que a média do Brasil nos últimos anos e muito mais do que a própria média histórica.
A única exceção no quadro é o Rio de Janeiro. Segundo os dados do InfoPen, o estado tem o menor número de presos por assassinatos do Brasil e, ainda assim, conseguiu reduzir o número de homicídios de 51 para 26,2 por 100 mil habitantes.
O dado precisa ser visto com cuidado. Havia no estado, como se tornou público, um problema de subnotificação. Mas isso é o menos relevante agora. Bem ou mal, o Rio decidiu enfrentar o crime organizado. O índice é ainda brutal. Se quiser chegar ao número que a ONU considera aceitável,  terá de prender mais.
Na outra ponta, em cinco dos 14 estados com mais presos (Mato Grosso, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Roraima e Pernambuco, além do Distrito Federal) houve queda nas taxas de assassinatos. O estado que mais reduziu o crime é São Paulo. Passou de 42,2 para 13,9 homicídios por 100 mi habitantes. Em outros dois (Rondônia e Acre), os indicadores mantiveram-se estáveis.
Bem, os dados estão aí. Pode-se tentar entendê-los; pode-se ignorá-los, como, vocês verão, farão um “especialista” e uma representante do governo. No caso dela, pesam certamente dois fatores: a ideologia e a zona do conforto.
A taxa de detentos cumprindo pena por homicídios simples, qualificado e latrocínio no Brasil é de 36,9 presos por 100 mil habitantes. Em 13 estados as populações carcerárias de homicidas estão abaixo desse total. Na média, os assassinatos nesses estados cresceram 62,9% na década passada ante 3,8% dos 14 estados que têm mais detentos.
Alguma dúvida sobe o que vai acima?
Alguém precisa contar aos tais pesquisadores da PUC-RJ que, assim como não se deve oferecer polícia a quem precisa do Bolsa Família, não se deve conter com Bolsa Família quem precisa de polícia. E uma recomendação final: parem com esse preconceito asqueroso contra pobre, sob o pretexto da benevolência social. Se pobreza induzisse violência, ninguém conseguiria botar o nariz fora da porta. Nem os pesquisadores da PUC…
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/pesquisadores-da-puc-rj-dizem-que-bolsa-familia-reduziu-criminalidade-em-sp-pesquisa-do-tio-rei-informa-esse-estudo-e-uma-cascata-autoevidente-e-posso-provar/

Bolsa Família e violência: economista CONFESSA (não percam!) como fez sua pesquisa e acha que, se me agredir e me xingar, vai provar que está certo. Ele explica quase tudo, menos o essencial



Ai, ai, com tanta coisa sobre a qual falar, dedico uma parte do meu tempo ao senhor, como é mesmo?, ah, sim: João Manoel Pinho de Mello. Se fosse importante, a esta altura, eu já teria ouvido falar. Mas ele se tem em altíssima conta e acha que caio em alguns truques. O Manoel, que não tem três penas no chapéu, integra um grupo de economistas da PUC do Rio que decidiu mensurar os efeitos do Bolsa Família na queda da violência em São Paulo. Compararam os índices antes e depois de 2008 e chegaram à conclusão de que o programa foi responsável por 21% — encantadora essa precisão! — do total da queda da criminalidade. Huuummm… Escrevi um post a respeito fazendo algumas indagações. João Manoel ficou zangado, escreveu uma catilinária imensa me desqualificando e, pasmem!, acusando-me de agressivo. Mentira! Não o agredi, não! Chamei as conclusões do estudo de “bobajada”. No mais, destaquei evidências que caminham no sentido contrário ao de suas conclusões. Só isso. Ele enviou o texto ao blog. Só não publiquei ontem porque, obviamente, requer resposta. O repaz saiu divulgando o texto por aí e em enviou mais alguns comentários — mobilizou também alguns amigos, parece — me acusando de estar com medo de publicar a sua resposta ou algo assim. Eu nunca tinha ouvido falar dele e desconfio que a recíproca é verdadeira, ou não viria com essa tolice. Vamos lá. Ele segue em vermelho. Eu em azul.
Sr. Reinaldo Azevedo,
Escreve João Manoel Pinho de Mello, professor associado do Departamento de Economia da PUC-Rio e PhD em economia pela Stanford University (2005). Sou um dos autores do estudo sobre Bolsa Família e crime a respeito do qual você fez comentários em seu blog. Resolvi respondê-los. A maioria de meus comentários se refere à ciência do artigo supracitado e à “ciência” dos seus comentários. Mas confesso que alguns poucos refletem minha indignação com sua agressividade e sua arrogância. Peço perdão aos leitores interessados apenas na ciência da mensuração do efeito do Bolsa Família sobre o crime. Infelizmente receio que sejam poucos.
Ele começa me tratando de “Sr.” como quem diz: “Seu filho da mãe” na versão não-publicável em blogs de família. Em seguida, tenta me intimidar com o seu currículo. Respeito competências e títulos, claro!, mas não me assustam. Uma bobagem é uma bobagem é uma bobagem, não importa o pedigree de quem a pronuncie. Todo o parágrafo, na verdade, vale por um “sabe com quem está falando?” Agora sei. E daí? O Mané de Stanford não está habituado ao confronto de ideias e ao debate. Ao acusar a minha “agressividade e arrogância” — leiam o texto original e verão que não —, diz, humilde que é, que vai responder (eu poderia enroscar com a regência do verbo “responder” em seu texto tão douto, mas deixo pra lá…) com a ciência (sem aspas) para se contrapor à “ciência”, com aspas, do meu comentário. Logo, ele é um cientista pronto a humilhar este pobre leigo! Atenção para o que vem agora. A coisa começa a esquentar.
Normalmente não escreveria este comentário. Não é muito útil debater assuntos de natureza técnica com interlocutores ideológicos (à esquerda e à direita). Mas há pessoas que eu respeito intelectualmente e admiram o que você escreve. Por isso resolvi tomar meu tempo para corrigir seus erros. Não acho que seja vigarice. Apenas viés ideológico ao discutir um assunto que, de fato, é difícil. A maioria das pessoas educadas e inteligentes, mas sem treinamento científico, tem dificuldade em distinguir correlação e causa. Não se sinta diminuído por isso, blogueiro.
Então comecemos por uma boa diferença entre nós. Há um monte de pessoas que respeito intelectualmente que não o admiram porque nunca ouviram falar de você. Lamento que o contrário seja verdade. Fazer o quê? Tente doutriná-las e provar que estão erradas. Não, eu não me sinto diminuído em ser chamado de “blogueiro”. Afinal, por que tanta preocupação em responder a alguém tão desprezível, Mané de Standord? Quanto a você desprezar “interlocutores ideológicos à esquerda e à direita”, dizer o quê? Geralmente os que negam a ideologia com esse vigor em nome de uma suposta neutralidade científica — especialmente no terreno das ciências humanas — são apenas candidatos a pensadores do regime, seja ele de direita ou de esquerda. Entendeu ou pequei por excesso de sutileza?
Vou me referir a você como “blogueiro”, pois afinal esse é seu título, não?
Não, não é meu título. Você comete um primeiro pecado para um candidato a polemista: desconhece o sentido preciso das palavras. Se quiser, pode chamar de atividade, profissão, ocupação até. “Título” é outra coisa. Eu sou um “destitulado”.
O blogueiro reclama, quase sempre com razão, dos métodos de argumentação do Luis Nassif. Pois bem: ele se comportou como o Nassif. Falou sobre o que não entende com um misto de arrogância e primitivismo. Não gosto muito de adjetivação, mas parece ser o estilo do blogueiro. Por isso me permitirei essa pequena indulgência (não é muito grave; é quase como comer uma caixa inteira de Sonho de Valsa).
Mané está com informações falsas a meu respeito. Há muito tempo, como sabem os leitores, Luis Nassif foi banido deste blog. Quanto a “comer a caixa inteira de Sonho de Valsa” como quem se entrega a uma compulsão depois de um período de repressão, huuummm… Cuidado, Manoel! Certas imagens revelam mais do que o autor pode desejar. Deve ser torturante viver com vontade de cair de boca no Sonho de Valsa, mas ter de se reprimir com medo da reprovação social, né?
Sobre arrogância tenho pouco a falar por ser autoevidente. Mas, a título de ilustração, o blogueiro comenta um artigo científico que, pela natureza de seus comentários, não leu (ou não entendeu), e acha que pode rebatê-lo com uma mirada superficial nos dados do mapa da violência. Para esclarecimento, o artigo cujo conteúdo desagrada tanto ao blogueiro está em processo de revisão para re-submissão para publicação no American Economic Journal, Economic Policy (da American Economic Association), uma das 20 publicações científicas mais prestigiosas do mundo em economia.
Até agora, Manoel, o fortão do Bairro Peixoto, não respondeu à minha crítica (sim, queridos, eu vou relembrá-la aqui). Ele já me chamou de “arrogante”, “agressivo” e “blogueiro”, já expôs o seu currículo e agora diz que seu artigo pode ir parar numa publicação de prestígio. Atenção, senhores! Até agora, ele está certo, e eu, errado porque:
a) é economista, e eu não;
b) porque é PhD por Stanford, e eu não;
c) porque eu sou arrogante e agressivo, e ele não (como se vê…);
d) porque seu artigo pode ser acolhido numa publicação de prestígio.
Sobre primitivismo tenho mais a falar, pois se trata de conteúdo. Começo com uma observação simples. Consideremos o Nordeste, o contraexemplo preferido. É possível, na realidade provável, que o crime tivesse aumentado ainda mais no Nordeste na ausência do Bolsa Família, mas não temos como saber. Em linguagem científica isso se chama contrafactual. É um raciocínio que requer alguma sutileza intelectual. Mas suponho (?) que o blogueiro conseguirá perceber.
Vamos aqui recuperar a natureza da polêmica, que este bobalhão arrogante tenta esconder com usa pseudociência. Este senhor assina um trabalho afirmando que o Bolsa Família, que tem menos importância na cidade de São Paulo do que em qualquer capital do Norte ou Nordeste, responde por 21% da queda de criminalidade, comparando-se os dados anteriores e posteriores a 2008. E por que se escolheu esse divisor? É quando o Bolsa Família começa a atender os jovens de 16 e 17 anos. A redução da desigualdade teria tido, pois, um grande impacto na queda  da violência (ele próprio exporá seu método mais adiante).
Qual foi a objeção levantada por este desprezível “blogueiro” — que não cai de boca no Sonho de Valsa — e que deixou o PhD de Stanford tão furioso? A violência no Nordeste, com algumas exceções, cresceu em vez de diminuir nesse período. Na Bahia, em Salvador especialmente, assume contornos explosivos, dramáticos. Aí ele resolveu adotar o mesmo método de argumentação dos cientistas que faziam terrorismo com o aquecimento global: se ele não pode provar que está certo, pede, de modo enviesado, que eu prove que ele está errado. Mas não me furto, não! Desde logo, coloca-se uma questão evidente: por que o tal programa teria tido um impacto tão forte em São Paulo, mas não no Nordeste?
Ocorre que a suposta ciência do Mané de Stanford nasce de um preconceito, que ele não se intimida em enunciar: “É possível, na realidade provável, que o crime tivesse aumentado ainda mais no Nordeste na ausência do Bolsa Família, mas não temos como saber.” É evidente que a hipótese de seu trabalho é esta: “O Bolsa Família diminuiu a violência”. Aí ele fez o que faz muita gente — em especial a turma do aquecimento global: resolveu torturar os dados até que confessassem o que estava buscando. Como sua tese se afina com a metafísica influente, tudo ficou mais fácil. No parágrafo seguinte, quando ele decide, definitivamente, me humilhar, ele se estrepa.
Agora para as considerações um pouco mais intrincadas. É muito difícil estabelecer relações de causa e efeito em ciências sociais. A razão é simples: diferentemente das ciências duras, em geral não é possível fazer experimentos aleatorizados em criminologia (em ciências sociais em geral, na verdade).
Certo! Ciências sociais permitem muitos chutes. Não me diga! Logo, Manoel está admitindo que as conclusões têm muito de gosto, arbitrariedade, ideologia, escolhas. Ou com ele seria diferente?
Por isso a análise superficial com os dados do mapa da violência é um exercício fútil na melhor das hipóteses. Perigoso e, portanto, leviano na pior delas. Recife é mais pobre, mais desigual e violento do que Blumenau. Isso prova que pobreza e desigualdade causam crime? Não. Mostra tão somente que essas três variáveis andam juntas. Não estabelece nenhuma relação de causa e efeito. Afinal, outros fatores podem causar tanto pobreza e desigualdade como crime. Por exemplo, debilidade institucional. Estado fraco causa polícia fraca e pobreza. É essa a verdadeira causa? Não sei. O argumento é feito somente para ilustrar por que não se deve inferir absolutamente nada com a comparação simples entre estados.
Evitei a palavra até agora, mas não dá mais! Trata-se de um truque intelectualmente vigarista, ainda que Manoel seja um gênio. Em primeiro lugar, por amor à precisão, destaco o aspecto em que estamos de acordo: são muitas as variáveis que resultam em mais ou menos violência — E, PORTANTO, NA REDUÇÃO DA VIOLÊNCIA TAMBÉM.
Onde está a vigarice? O texto de Manoel mente ao afirmar que argumento comparando estados distintos. Não! Eu me referi a estados e cidades na comparação consigo mesmos, Manoel! Não engane seus eventuais leitores! Não tente enganar os meus! Eu vou comparar, rapaz, São Paulo com São Paulo. Os números negam de forma tão escandalosa a hipótese — e o estudo dele não passa disso, ainda que aspire à condição de teoria ou teologia — que fico até um tantinho constrangido em exibi-los. Em 2000, a região metropolitana de São Paulo, senhores leitores, tinha 63,3 homicídios por 100 mil habitantes. Chegou a 2010 com 15,4 (hoje está em torno de 10), com uma redução de 75,6%. Queda abrupta? Não! Vejam a evolução dos dados de 2000 a 2010.
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O estudo do companheiro que repudia a direita e a esquerda — nada como se declarar “de centro” para poder aspirar à santidade e à, como direi?, inimputabilidade científica — compara dados anteriores a 2008 com dados posteriores. Sei. Os mortos por 100 mil na região metropolitana de São Paulo já haviam caído 69,8% entre 2000 (63,3) e 2007 (19,1). “Ah, mas poderiam ter caído menos a partir de 2008 não fosse o Bolsa Família”. Nada posso fazer com a crença das pessoas.
Agora vejam o que acontece com o índice de homicídios, sempre segundo dados do Mapa da Violência, nas regiões metropolitanas de Maceió, João Pessoa, Belém, Vitória, Salvador, Curitiba, Recife e São Luiz .
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Não é preciso comparar os números de São Paulo com os de Salvador, senhor Manoel sem penas no chapéu. Basta comparar Salvador consigo mesma. O Bolsa Família, no atual formato, foi criado em 2003, começou a ser aplicado ainda timidamente em 2004 e foi se expandindo. O estudo dele faz um corte entre antes e depois de 2008? Pois bem. Serve esse cotejo. “Ah, mas a capital baiana é mais desigual do que Curitiba”. É? Pois bem: vejam os dados dramáticos da região metropolitana da rica capital paranaense. Em Recife, já se nota uma queda, embora os números sejam ainda alarmantes. O noticiário nos informa que estão em cursos medidas virtuosas de reforma da polícia pernambucana — ainda no começo. E esse mesmo noticiário dá conta de que, na polícia baiana, acontece o contrário. Jaques Wagner conseguiu piorar o que já era ruim. Os números estão aí. Manoel achou — com todo respeito, viu, doutor PhD — que ainda não tinha trapaceado intelectualmente o bastante e escreve o seguinte.
Mutatis mutandis, o aumento da criminalidade no Nordeste ao mesmo tempo em que o Bolsa Família lá se expandiu não demonstra que o Bolsa Família não ajudou a diminuir o crime. Nem que ajudou a aumentar. De fato, pouco se sabe sobre as causas do aumento da criminalidade em alguns estados do Nordeste (principalmente BAHIA e ALAGOAS, não, não foi generalizada no Nordeste). Quero dizer, pouco se sabe cientificamente. Achismo há de monte. O blogueiro, por exemplo, dever ter uma porção deles.
De saída: você não sabe empregar “mutatis mutandis”. Estude latim ou seja menos pretensioso. Ou faça a as duas coisas. A expressão não cabe aí. Adiante. Não lido com achismo nenhum, mas com dados! Quem foi achar o que jná tinha encontrado foi o sedizente cientista. Entre 2000 e 2010 ou entre 2008 e 2010, o único estado nordestino que não teve um aumento escandaloso de homicídios foi Pernambuco (embora o número seja elevadíssimo). Eu pratico achismo? Faltar com a verdade é certamente coisa bem mais feia.
Coloco alguns fatos científicos e algumas especulações, feitas com base em evidências anedóticas. Esclareço que algumas são especulativas, ou seja, o mesmo que o blogueiro faz com sua mirada superficial sobre o mapa da violência. A diferença é que o blogueiro tem a arrogância dos apedeutas. Acha que faz alguma inferência estatística válida. Blogueiro, deve doer quando um termo tão caro é usado contra você, não?

Nossa! Você não sabe como padeço! Se eu fosse do tipo, hoje me acabaria no Sonho de Valsa!!!
Primeiro o fato científico. Houve mudanças adversas na composição demográfica em alguns estados do Nordeste nos últimos anos. Aumentou a proporção de jovens entre 15 e 30 anos em alguns deles, um fator criminogênico importante já fartamente documentado na literatura em criminologia. Demonstro isso em um artigo em revisão para resubmissão ao Economic Development and Cultural Change, um dos principais periódicos CIENTÍFICOS em desenvolvimento econômico no MUNDO. É editado na Universidade de Chicago por pessoas ligadas ao departamento de economia. Credenciais liberais (no sentido britânico da palavra) irreparáveis. Ou seja, pessoas com as quais você se identifica ideologicamente, blogueiro.
Andou comendo muito bombom. Pouco me importa se você é liberal ou não! Quem disse que picaretagem é monopólio da esquerda? Não é, não! Está em curso no país, por exemplo, uma grotesca mistificação sobre a “classe média brasileira” que poderia, em outros tempos, ser considerada coisa da direita. Mas não passa de adesismo e derivação teratológica da “economia da pobreza” transformada em pobreza da economia.
Outros fatores são mais especulativos. Um deles que considero é perda de controle sobre a segurança pública, de novo principalmente na Bahia e em Alagoas. Há bastante evidência anedótica de que a policiamento pirou muito em alguns estados (repito, evidência anedótica, não ciência). E a literatura em Economia do Crime e Criminologia já estabeleceu há anos a importância da solidez da segurança pública. Se quiser se educar a respeito, querido blogueiro, veja Di Tella e Schargrodsky, American Economic Review, 2004 e as referências lá citadas. Mas não é claro que você queira, ou tenha treino, para se informar na literatura científica.
Evidência anedótica? Não! Há fatos mesmo. Como é fato o crescimento do investimento em segurança pública em São Paulo. Como é fato que o estado tem 22% da população, mas concentra 40% dos presos. Como é fato que há menos homicídios nos estados que mais prendem bandidos. Os dados estão no primeiro texto que escrevi a respeito.
Em suma, pouco se sabe sobre a dinâmica recente da criminalidade no Nordeste. Vale muito investigar. Vale bem menos analisar de forma superficial com intuito único de confirmar o viés ideológico apriorístico. Blogueiro, acho que você diria que isso é coisa de petista.
Você é mais fraco de que eu imaginava, com sua exibição de currículo e suas demonstrações de apuro acadêmico que mal escondem o chute de sua pesquisa. Pouco me importa se você é petista ou não. Nem acho que seja! É um tipo pior, disposto a servir, pouco importa o poder de turno. Meu desprezo por gente assim é bem maior. Os petistas, aos menos, não procuram se esconder numa pretensa neutralidade. O índice de homicídios cresceu em 8 dos 9 estados nordestinos entre 2000 e 2010 e, se quiser, entre 2008 e 2010. Nesses estados, o Bolsa Família tem muito mais importância do que em São Paulo, onde a queda na criminalidade é continua e consistente há 12 anos. Ainda que você tivesse encontrado, vá lá, uma correlação entre o programa e os números, estaria obrigado a explicar por que ela se deu em São Paulo. Vejam os homicídios por 100 mil nos estados nordestinos entre 2000 e 2010.
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Agora sobre Bolsa Família e crime em São Paulo. A maneira ideal de estabelecer se o Bolsa Família teve algum efeito sobre a criminalidade é um experimento aleatorizado controlado. Ou seja, decidir no cara-e-corôa as cidades que recebem e que não recebem o Bolsa Família. Assim, garantir-se-ia que as cidades que recebem (Grupo de Tratamento) e que não recebem Bolsa Família (Grupo de Controle) terão, em média, características iguais. Infelizmente não temos acesso a tal experimento.
O professor Raimundo das pesquisas resolveu dar uma aulinha. Muito bem! Como ele não conseguiu as circunstâncias ideais, vamos ver como agiu.
Por isso usamos um procedimento que tenta imitá-lo. Em 2007 o programa passou a contemplar adolescentes de 16 e 17 anos. Como há escolas com mais e com menos adolescentes nessa faixa etária, o Bolsa Família se expande mais fortemente nos arredores de escolas com mais adolescente de 16 e 17 anos (mostramos isso empiricamente). Como as diferenças de distribuição etária entre as escolas de SP em 2006 nada tem a ver com a decisão de expandir o Bolsa Família, é “como se fosse aleatória” a expansão mais forte no entorno das escolas com mais alunos entre 16 e 17 anos. Por isso, quaisquer aumentos de crime mais fortes (ou mais fracos) no entorno dessas escolas podem ser interpretados como o efeito causal do Bolsa Família diminuindo (ou aumentando) o crime. Encontramos que o crime caiu mais fortemente no entorno das escolas com mais alunos de 16 e 17 anos. Por isso a inferência de que o Bolsa Família causou queda na criminalidade em SP. Se tivesse aumentando a inferência seria inversa: o Bolsa Família seria crimininogênico (perdão pelo anglicismo). Blogueiro, cientista é assim: aceita o que os dados dizem.
Esse tipo de raciocínio estatístico pode ser estonteante quando o vemos pela primeira vez. Blogueiro, eu doaria umas três horas do meu tempo para educá-lo com mais detalhe, se achasse que você estivesse disposto a aprender. Mas você hoje demonstrou que só se interessa por proselitismo ideológico. Como dizia minha avó portuguesa, tali e quali o Nassif.

Não culpe a sua avó portuguesa por sua arrogância e por sua tolice. Aliás, cientistas sociais acabaram de ficar espantados com o seu método. A sua pesquisa, explicada por você mesmo, é mais picareta do que eu imaginava. As conclusões são ainda mais arbitrárias do que eu supunha. E a razão é simples. Consulte as autoridades de segurança pública de São Paulo, seu Zé Mané, e você saberá que os jovens infratores não costumam cometer crimes nos bairros onde moram — a exceção são as brigas de gangue. A exposição de seu método é a confissão de um chute fabuloso.
Mas o que foi que Manoel afirmou mesmo? Isto: “Houve mudanças adversas na composição demográfica em alguns estados do Nordeste nos últimos anos. Aumentou a proporção de jovens entre 15 e 30 anos em alguns deles, um fator criminogênico importante já fartamente documentado na literatura em criminologia.” Certo! Em São Paulo, no entanto, ele afirma: “Encontramos que o crime caiu mais fortemente no entorno das escolas com mais alunos de 16 e 17 anos.” Mas os jovens não estão recebendo Bolsa Família no Nordeste em São Paulo? Manoel é um cientista rigoroso: ele concluiu que a violência aumentou no Nordeste por causa do aumento dos jovens e caiu em São Paulo em lugares com maior concentração de jovens. ENTENDERAM? A sua avó portuguesa merece mais respeito. O problema é o neto dela.
Num dado momento de seu texto, Manoel afirma que as pessoas têm dificuldades de entender a diferença entre correlação e causa. É o caso dele. Comete um erro de lógica elementar, definido por uma expressão latina: “post hoc, ergo propter hoc” — ou: “depois disso, logo, por causa disso”. A minha piada para esse tipo de raciocínio é a seguinte: como sempre amanhece depois que o galo canta, há quem acredite que, caso se matem todos os galos do mundo, teremos a noite eterna…  Como Mané constatou que a violência caiu mais nos grupos com maior concentração de jovens de 16 e 17 anos e como eles passaram a receber bolsa família em 2007, então só pode ser por isso, certo?
Só uma coisa: “crimininogenico”, como você escreveu, não é anglicismo, não! É só erro de digitação. E “criminogênico”, bobão, não é anglicismo. O “criminogenic” é que é uma palavra formada de duas outras: uma de raiz latina e outra grega. Não tente fazer graça porque falta estofo. Você já é engraçado o bastante tentando ser sério.
Ah, sim: vá falar mal do Nassif lá no blogue dele. Nem todo inimigo do meu inimigo é meu amigo, entendeu?
A criminalidade ter caído desde 1999 em SP é imaterial para esse raciocínio. Afinal, diferentes fatores podem ter causado a queda no começo e no final dos anos 2000. De fato, a queda do crime no começo dos anos 2000 pode ser consequência de sua subida no final dos anos 1990. Mas para um proselitista como você isso não interessa, não é blogueiro?
Ai, ai… Uma queda de mais de 70% no índice de homicídios em 10 anos, que não pode ser explicada pelo seu achismo, só pode ser explicada por “diferentes fatores”. É… Vai ver eles explicam mesmo!
Pergunta justa: por que SP? Não dava para fazer para outros lugares? O Nordeste, por exemplo, onde o Bolsa Família importa muito mais? A resposta é negativa, infelizmente. SP é o único estado da Federação que tem dados de crime decentes georeferenciados desde o começo da década de 2000. Isso PELO ENORME ESFORÇO de política pública em segurança feito em SP. Esse esforço começou com o Alexandre Schneider, meu co-autor em artigos científicos (mais sobre isso abaixo), quando era secretário adjunto da SSS-SP. Adoraríamos fazer o mesmo em Salvador. Mas não há dados adequados. Viu blogueiro? Nem tudo é conspiração petista.
Repito: os petistas podem ser profissionais da tolice, mas não são seus monopolistas.
Algumas palavras sobre a impressionante queda na criminalidade que ocorreu no Estado de São Paulo nos anos 2000. Essa queda é objeto de minha pesquisa científica desde 2004. Primeiro uma constatação. O crime cai tão fortemente a partir de 1999 porque subiu fortemente nos anos 1990, principalmente depois de 1993. É uma questão mecânica. Blogueiro, seria elegante que você também mencionasse isso. Afinal, os ladrões e assassinos são apartidários em geral.
Você estava comendo bombom quando escreveu isso? Quer dizer que a violência caiu bastante porque havia subido muito? Deve-se inferir que ela subiu muito em alguns estados porque não tinha crescido bastante? Trata-se de mera “questão mecânica”? Deve-se inferir, pois, que, qualquer que fosse a política de segurança pública adotada, o resultado teria sido o mesmo? Você não se envergonha nem um pouquinho? Foi estudar os efeitos do Bolsa Família na diminuição da violência em São Paulo, mas está convicto de que, independentemente das políticas públicas adotadas, o resultado seria o mesmo.
Em criminologia há algum consenso sobre o caráter multi-facetado de mudanças abruptas no crime (bom, tanto quanto há consenso em ciências sociais). Se você estiver realmente interessado em se educar, recomendo fortemente Zimiring (2007), The Great American Crime Decline, disponível em inglês como e-book. O caso mais citado é o dos EUA, e particularmente NYC, nos anos 1980 e 1990. Bogotá e Medellín são outros dois exemplos. O caso de São Paulo não deve ser diferente.
Não seja desonesto! Os dados estão acima! A queda da violência em São Paulo não foi “abrupta” coisa nenhuma! Ao contrário, foi se dando paulatinamente.
Em um capítulo de livro editado pelo National Bureau of Economic Research (NBER, dispensa introdução) e pela University of Chicago (olha aí os petistas de novo!), Alexandre Schneider, aquele que foi secretário de educação do Kassab, e eu mostramos a importância da transição demográfica em São Paulo, que começou antes do país como um todo. Ela responde por 60% do aumento no homicídio na década de 1990, e por 40% da queda nos anos 2000. Em um artigo publicado no Economic Journal (pesquise o status acadêmico desse periódico blogueiro, seja jornalista!), Alexandre Schneider, Ciro Biderman e eu mostramos que os homicídios caíram mais nas cidades que restringiram a venda de bebidas alcoólicas em bares depois das 23h (a velha lei seca). Para ser preciso, 10% mais do que na média da RMSP. Em sua tese de doutorado defendida no departamento de economia da PUC-Rio, Daniel Cerqueira, aquele que desmascarou as estatísticas de homicídio do Rio na era Cabral, mostrou que o estatuto do desarmamento explica outros 8% da queda em São Paulo. Tenho orgulho de dizer que a tese foi orientada por mim e pelo Professor Rodrigo Soares.
O Estatuto do Desarmamento? Seria aquele mesmo que, curiosamente, também só produziu efeitos em São Paulo, mas não no resto do Brasil? São Paulo é hoje a capital com menos homicídios no país por 100 mil habitantes sem restrição para o horário de funcionamento dos bares. E pare com essa bobagem de ficar elencando pessoas e instituições com as quais eu seria ideologicamente afinado. Isso é uma tentativa tosca de exibir a sua isenção ideológica, o que absolutamente não é do meu interesse.
Isso significa que os governos do PSDB não contribuíram em nada? Não! Ainda há pelo menos 50% da queda nos anos 2000 para ser explicada. Corresponde, aproximadamente, a quanto o crime caiu mais em SP do que no resto do país. Só não temos ciência para isso ainda. Entre os cientistas, blogueiro, só se fala com ênfase quando há evidência cientifica. Entre os apedeutas arrogantes, fala-se sempre com ênfase.
Você já expôs os caminhos de sua seriedade científica. Reproduziu, melhor do que eu faria, como chegou à conclusão de que o Bolsa Família responde por 21% na redução da violência. Só não consegue explicar por que o mesmo fenômeno não se repete nos outros estados. Esse é um arcano que guarda só para si mesmo. Afinal, é coisa complicada demais para ser compreendida por não-cientistas e blogueiros…
Posso especular. De novo, ESPECULAÇÃO, para não fazer vigarice intelectual. O crime caiu mais acentuadamente em SP porque as condições eram favoráveis. Entre elas, policiamento e vontade de combater o crime. Suspeito, por exemplo, que o efeito pronunciado do estatuto do desarmamento em SP se deve ao fato de que o Estado já combatia a posse ilegal muito antes de dezembro de 2003. O estatuto legal melhorou o combate, provavelmente. Mas, de novo, não tenho ciência sobre isso. Apenas especulação.
Por fim, duas informações. A primeira por transparência. O estudo foi pago pelo Banco Mundial, uma instituição cheia de petistas (parafraseando um procurado pela Interpol que provavelmente se aliará ao PT em SP). Segunda informação: sou DOUTOR em economia pela Stanford University, esse bastião comunista. Entre a Hoover Tower e o Médio Gávea devo ter sido contaminado pelos petistas. Deve ter sido no Baixo Gávea, aquele antro de comunas. O Rodrigo Soares é DOUTOR em economia pela University of Chicago. Sem mais comentários. A Laura Chioda deve ser a espiã petista. Afinal, é DOUTORA em economia pela University of California, Berkeley, aquele antro de desviantes sociais (além de alguns prêmios Nobel, em economia e outras ciências menos controversas). De resto, você pode encontrar na minha página web os links para meu CV e para o artigo, caso você queira se importunar. É só colocar Joao Manoel Pinho de Mello no google.
Atenciosamente,
João Manoel Pinho de Mello
PhD em economia, Stanford University, 2005
Professor Associado, Departamento de Economia, PUC-Rio

Quem leu o primeiro texto que escrevi sabe que não inferi, em nenhum momento, que o Mané de Stanford fosse de esquerda, petista ou sei lá o quê. Até porque a PUC do Rio nem é o melhor lugar para prosperar com essas convicções. Os esquerdistas não têm, reitero, o monopólio do equívoco, não! Só os idiotas, diga-se, diriam que um programa como o “Bolsa Família” é coisa de esquerdistas.
Eis aí a resposta que o professor disse que eu estava com medo de publicar. Fala por si mesma. Como se pôde notar, arrogante e agressivo é Reinado Azevedo, não é? Ele dialoga com suavidade. Sugiro que os governos façam o seguinte: invistam em segurança pública, em policiamento preventivo, em policiamento comunitário, em ronda escolar, na prisão de bandidos etc. E também distribuam Toddynho para os jovens entre 15 e 30 anos. Aí o Mané de Stanford — sempre ciente de que outros fatores podem concorrer para a queda da violência — vai estudar a importância do Toddynho na queda da violência. Poucos chegaram ao fim do texto, sei disso. Lamento. Era necessário.
Eu não tenho dúvida de que ele é mais hábil comendo bombom do que pensando. Ah, sim, professor: peça a seus amigos que parem de pedir a minha cabeça à VEJA. Ao menos não tentem fazer isso no meu blog, né? QUE DESELEGANTE!!!
Água morro abaixo, fogo morro acima e liberal com vontade de bombom oficialista, queridos, ninguém segura!
E só pra arrematar: ao exibir as suas credenciais liberais, transformar em ciência o puxa-saquismo e ainda me acusar de ser obcecado pelo PT, o Mané de Stanford está cuidando da própria carreira. Cai nas graças do petismo, não fica mal com seus amigos liberais e ainda declara a independência da ciência. Ele já é meu candidato a uma diretoria qualquer no Ipea…
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/bolsa-familia-e-violencia-economista-confessa-nao-percam-como-fez-sua-pesquisa-e-acha-que-se-me-agredir-e-me-xingar-vai-provar-que-esta-certo-ele-explica-quase-tudo-menos-o-essencial/