domingo 11 2013

"stand by me" john lennon live 1975



The Beatles - Let it be - Lyrics.





The Beatles - Yesterday



John Lennon stand by me



The Beatles - Get Back - Original Studio Version



The Beatles - Hey Jude (Live)



My Father Multitracking The Beatles- Here There And Everywhere



Invasão da Câmara põe Eduardo Paes na mira dos protestos

Rio de Janeiro

Prefeito do Rio estava à sombra de Sérgio Cabral como principal alvo das manifestações. Com maioria das cadeiras, base governista, comandada pelo PMDB, controla CPI dos Ônibus, proposta pelo PSOL

Pâmela Oliveira e Cecília Ritto
Rio: Manifestantes tomam o plenário da Câmara de Vereadores, nesta sexta (9/8)
A invasão da Câmara Municipal do Rio na manhã de sexta-feira põe o prefeito Eduardo Paes novamente no alvo dos manifestantes. Menos atacado do que seu padrinho político, Sérgio Cabral, Paes vinha se mantendo em uma área bem mais confortável, principalmente em função de uma estratégia de comunicação distinta: enquanto o governador se fechou e ampliou a revolta, Paes deu entrevistas – uma delas para o grupo chamado Mídia Ninja – e distanciou-se de Cabral. A tática peemedebista de usar o rolo compressor para neutralizar uma iniciativa da oposição – a CPI dos Ônibus – põe os dois, agora, no mesmo balaio.
A CPI de agora passou a existir por causa das manifestações. Os protestos surgiram como um movimento pelo passe livre, concentrado principalmente em São Paulo, em Porto Alegre e no Rio. Foi Paes quem capitaneou, a partir do Rio, um recuo estratégico para tentar acalmar os ânimos: o prefeito peemedebista, com aval da presidente Dilma Rousseff, articulou com Fernando Haddad, de São Paulo, a suspensão dos aumentos de passagens. Os vereadores do Rio, mesmo os governistas, entenderam que ficar fora da lista que pedia a abertura da CPI dos Ônibus era um mau negócio, e aos poucos se juntaram, pelo menos formalmente, aos que querem uma apuração sobre os contratos firmados entre o município e as empresas de ônibus.
Com os protestos inflamados, o prefeito Eduardo Paes orientou sua base na Câmara a escolher, individualmente, o que preferiam em relação à CPI. Temendo o desgaste com a opinião pública, os vereadores governistas mudaram de posição. E a lista de Eliomar Coelho, que tinha apenas doze nomes, em três horas somou outros quinze – chegou a formar uma fila na porta do gabinete do vereador do PSOL.
Encerrado o recesso, a Câmara deveria escolher o nome do presidente da CPI na próxima terça-feira, 13. Na plenária da última quarta-feira, no entanto, os vereadores disseram que antecipariam a data sob o pretexto de que era necessário dar uma resposta mais rápida às ruas. O PSOL quis usar o clamor popular para fazer frente à maioria governista na Casa. Eliomar Coelho chamou os manifestantes para acompanhar a escolha do presidente, marcada para 9 horas. Às 8h30, formou-se uma fila de cerca de 200 pessoas no portão da Câmara.
Teve início, então, o que os vereadores que conhecem a composição da Casa já anteviam: líder do maior bloco da casa – chamado Por um Rio Melhor, de 24 vereadores de sete partidos da coligação de Eduardo Paes –, Professor Uóston (PMDB), escolheu a si próprio e outros três governistas para integrar a mesa, além do proponente da CPI, Eliomar Coelho.
Quando foram anunciados os nomes de Uóston como relator, de Chiquinho Brazão (PMDB) como presidente, começou a revolta. A fila que era organizada transformou-se em uma coluna de manifestantes, que invadiu o plenário e entrou pelos corredores do segundo e do sétimo andares, encurralando um grupo de vereadores governistas.
Estratégia – Paes manteve, na sexta-feira, uma distância segura do Legislativo – apesar de ter maioria folgada e de ser também um dos beneficiados por um naufrágio da CPI. Evitando falar publicamente, tratou o problema na Câmara como algo “de um outro poder”, no qual não tem que se envolver. O prefeito está, no entanto, invariavelmente envolvido.
No Rio, no momento, há duas CPIs incômodas para os governos municipal e estadual. As duas sob o controle do PMDB: a dos ônibus diz respeito à prefeitura; e a da Serra, referente a desvios de recursos federais para a reconstrução de escolas destruídas pela chuva de 2011, ao governo do Estado. Sérgio Cabral já conseguiu praticamente eliminar as chances de instalação da comissão no âmbito da Assembleia Legislativa (Alerj). Pouco antes do recesso parlamentar de julho, Cabral conseguiu esvaziar a possibilidade de instalar a CPI, que chegou a ter 29 assinaturas. Agora, no retorno aos trabalhos, havia menos de 15, com a debandada de deputados convencidos no boca a boca.
O tumulto na Câmara, com o PMDB no papel de vilão, ocorreu um dia antes do início da exibição da propaganda do partido na TV, ação mais incisiva da estratégia de reconstrução da imagem de Sérgio Cabral. Os manifestantes – que não estão nem aí para o regimento ou para a liturgia do legislativo – revoltaram-se com o fato de que parlamentares assumidamente contra a iniciativa de investigar os contratos das empresas de ônibus tenham ficado com total controle sobre a CPI, algo do jogo político. A prática, uma tradição na história do PMDB Brasil afora, foi apontada no livro ‘Choque de Democracia – Razões da Revolta’ (Companhia das Letras, 62 páginas), escrito pelo professor de Filosofia Marcos Nobre, da Unicamp, como uma das principais razões do levante. A tese de Nobre é de que a partir da formação de um bloco majoritário capaz de aprovar e derrubar qualquer projeto que seja o legislativo perdeu progressivamente a capacidade de ouvir a voz das ruas, pouco importando se estão honrando quem os elegeu.

Conheça Pablo Capilé, o líder por trás da Mídia Ninja

Uma prévia

Ele vive entre dois mundos, com um pé fora do eixo e o outro dentro do governo.

Helena Borges
Pablo Capilé e Dilma Rousseff
Pablo Capilé e Dilma Rousseff
Pablo Santiago Capilé Mendes, de 34 anos, vive em dois mundos. No circuito Fora do Eixo (FdE), nome da comunidade que fundou e da qual é líder com status de guru, ele diz ser politicamente apartidário e defende a independência financeira do grupo a ponto de, dentro dele, fazer circular um dinheiro de mentirinha, o card. A “moeda” serve para “remunerar” o trabalho de cerca de centenas de jovens que moram nas 25 casas do FdE, espécie de repúblicas de muros grafitados onde tudo é de todo mundo -- incluindo as roupas, guardadas em um armário único e à disposição do primeiro que chegar.
Já no outro mundo em que vive, Capilé é um “companheiro”, como se referiu a ele o presidente do PT, Rui Falcão, e o dinheiro com que lida não só é de verdade como vem, em boa parte, dos cofres públicos.
O mais recente empreendimento do Fora do Eixo, por exemplo -- uma casa inaugurada em Brasília no mês de junho para hospedar convidados estrangeiros e a cúpula da organização --, foi montado com dinheiro da Fundação Banco do Brasil. A título de convênio, a fundação repassou à turma de Capilé 204.000 reais destinados, segundo sua assessoria, a “estruturação do local, salários de educadores e implementação de uma estação digital”. O Fora do Eixo tem outras duas dezenas de casas espalhadas pelo Brasil em lugares como Fortaleza, Porto Alegre e Belém do Pará. Não tão chiques nem tão bem aparelhadas quanto a de Brasília, elas abrigam, no mesmo esquema da casa de São Paulo, jovens que trabalham voluntariamente para a organização.
Parte deles atua no Mídia Ninja, grupo que ficou conhecido por fotografar, filmar e transmitir pela internet em tempo real os protestos de rua de junho. Outra parcela, bem maior, trabalha na organização e na divulgação de atividades culturais, como os festivais de música -- o negócio mais forte do Fora do Eixo, e o caminho mais curto para o dinheiro público. Para chegar até ele, Capilé conhece bem os atalhos.

12 formas evitar o diabetes tipo 2


Perca a barriga


Um dos principais fatores de risco para o diabetes tipo 2 é o acúmulo da gordura visceral, ou seja, a gordura acumulada na região abdominal que também se concentra no fígado e entre os intestinos. “Essa gordura obriga o pâncreas a produzir cada vez mais insulina para que a glicose consiga entrar nas células. Esse excesso estimula uma série de mudanças no metabolismo, como aumento da pressão arterial e das taxas de colesterol no sangue”, explica Carlos Alberto Machado, diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Portanto, o ganho de peso pode significar o aumento da gordura visceral e, consequentemente, do risco de diabetes tipo 2.

Faça 30 minutos de atividade física diária

Muitos estudos já relacionaram o exercício físico ao menor risco de diabetes tipo 2, assim como outras pesquisas mostraram que o sedentarismo pode levar ao desenvolvimento da doença. Em 2002, um estudo clássico sobre diabetes, o Diabetes Prevention Program (DPP), mostrou que uma mudança no estilo de vida é melhor para evitar a doença do que medicamentos como a metformina, que reduz a resistência à insulina. Essa mudança no estilo de vida significa 150 minutos de atividade física por semana, uma melhora na alimentação e a perda de 7% do peso corporal em seis meses. “Embora a pesquisa tenha sido feita há dez anos, seus resultados foram comprovados pelos estudos que vieram depois”, diz Carlos Alberto Machado, diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

Cuidado com o sono

Um estudo da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, que foi publicado neste ano mostrou que dormir mal — ou seja, pouco ou de forma inconstante — aumenta o risco tanto de obesidade quanto de diabetes. Isso ocorre porque noites mal dormidas alteram o relógio biológico e retardam o ritmo metabólico. Essa redução pode significar um aumento de 4,5 quilos ao ano sem qualquer alteração da prática de atividade física ou dos hábitos alimentares. Com isso, há o risco do aumento de glicose e resistência à insulina no organismo, fatores que podem levar ao diabetes.

Controle o stress

Por diferentes motivos, o stress pode elevar o risco de uma pessoa desenvolver diabetes tipo 2. Uma pesquisa feita no Canadá com mais de 7.000 mulheres, por exemplo, concluiu que o stress no trabalho chega a dobrar o risco de mulheres terem a doença. Os autores desse estudo mostraram que o problema emocional está ligado a um maior consumo de alimentos gordurosos e calóricos e a um maior sedentarismo, fatores que aumentam as chances de desenvolver a doença. Além disso, o trabalho sugeriu que o diabetes se favorece por perturbações geradas nos sistemas neuroendocrinológico e imunológicos, que provocam maior produção de hormônios como o cortisol e a adrenalina.

Coma pouco e devagar e não faça jejum

Comer muito, especialmente alimentos calóricos e gordurosos, aumenta o acúmulo da gordura abdominal, um fator de risco importante para o desenvolvimento do diabetes tipo 2. No entanto, não é só a qualidade e a quantidade do que se come que interfere nas chances da doença aparecer. De acordo com uma pesquisa apresentada no Congresso Internacional de Endocrinologia, em maio deste ano, na Itália, a incidência do diabetes é maior em pessoas que comem muito rápido em comparação com quem come mais devagar. O risco, segundo esse estudo, pode chegar a ser 2,5 vezes maior. A frequência com que comemos também interfere nessa probabilidade: uma pesquisa apresentada durante a FeSBE (Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental) de 2011, mostrou que intercalar períodos de jejum e comilança pode causar diabetes, perda de massa muscular e aumentar a produção de radicais livres

Sempre que puder, evite comer gordura

A gordura abdominal favorece a resistência a insulina, quadro que está relacionado ao diabetes tipo 2. Portanto, alimentos gordurosos são fatores de risco para a doença, como provaram diversos estudos sobre o assunto. Pesquisadores da Harvard, por exemplo, concluíram que o risco de desenvolver diabetes tipo 2 aumenta 51% se forem consumidos 50 gramas de carne vermelha processada por dia, e 19% se forem ingeridos 100 gramas diárias de carne vermelha não processada. No entanto, algumas mudanças nos hábitos alimentares podem evitar a doença. No mesmo estudo, esses especialistas mostraram que se uma pessoa que consome 100 gramas de carne vermelha todos os dias substitui o alimento por frutas secas para obter a mesma quantidade de proteínas, o risco diminui em 17%. Este número aumenta para 23% se forem consumidos cereais integrais.

Prefira alimentos integrais

Os alimentos integrais, como pães e arroz, por exemplo, são excelentes alternativas para substituir alimentos que possuem farinha de trigo, como o pão francês. Esse tipo de comida é conhecida por elevar rapidamente as taxas de glicose no sangue, o que pode favorecer o surgimento do diabetes tipo 2, especialmente entre pessoas com maior risco da doença. Açúcar branco, frutas em calda enlatadas e batatas também possuem alta carga glicêmica. "Quanto menor o índice glicêmico, melhor para o paciente evitar a doença. Alimentos ricos em fibra e integrais são ideais para isso", diz o médico Celso Cukier. 

Coma frutas, mas não exagere

Frutas fazem parte de uma alimentação saudável e devem ser ingeridas todos os dias. Porém, há uma grande disparidade na quantidade de frutose, o açúcar das frutas e do mel, que elas contêm. Como ela é metabolizada diretamente pelo fígado, não precisa de insulina para sua quebra primária. Porém, isso não permite o seu consumo em excesso. "A fruta tem muito carboidrato e frutose, mas ela não pode ser eliminada da dieta. Por isso, pessoas predispostas ao diabetes tipo 2 devem evitar as mais adocicadas, como as uvas ou o caqui, ou então consumí-las de forma moderada", diz Roberto Betti, coordenador do Centro de Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Coma queijo e iogurte, mas não exagere

Duas fatias de queijo ou meio pote de iogurte (55 gramas) por dia podem reduzir o risco de diabetes tipo 2 em 12%. O restante dos laticínios, porém, não surtem o mesmo benefício, embora não aumentem o risco da doença. Essas foram as conclusões de um estudo holandês publicado em julho deste ano. Segundo os autores dessa pesquisa, como o queijo, além das gorduras saudáveis, também contenha gordura saturada, o excesso desse tipo de alimento não é recomendado. "Alguns estudos já mostraram que existe uma inteiração entre as células de gordura e o cálcio que ajuda a prevenir a obesidade. No entanto, é preciso tomar cuidado com os excessos", diz Celso Cukier, nutrólogo do Hospital Albert Eistein.

Beba café descafeinado

Por causa do efeito da cafeína, o café nem sempre é recomendado a pessoas que apresentam tendência a ter doenças cardiovasculares. No entanto, um estudo americano publicado no início do ano mostrou que a bebida descafeinada, além de não provocar condições como pressão alta, pode proteger o organismo contra diabetes tipo 2. "Vários estudos mostraram que os antioxidantes presentes em bebidas como café e chá podem, de alguma forma, reduzir o risco do diabetes. O que falta sabermos é qual a quantidade e o tipo ideais da bebida que surtem tal efeito", afirma Celso Cukier, nutrólogo do Hospital Albert Einstein.

Se beber, vá de vinho tinto

Várias pesquisas já provaram os benefícios do vinho tinto à saúde (desde que consumido moderadamente). Por isso é possível considerar uma taça ao dia como um aliado na diminuição do risco de diabetes tipo 2, como confirmaram os resultados de um estudo da Universidade de Recursos Naturais e Ciências da Vida, em Viena, na Áustria. Porém, além do teor alcoólico, o vinho também pode ser extremamente calórico. Portanto, o exagero não só não reduz as chances do diabetes, como também eleva o risco.

Coma amêndoas

Pelo menos de acordo com os resultados de um estudo americano publicado no final de 2010, as amêndoas são armas poderosas contra o diabetes tipo 2, especialmente entre pessoas que têm predisposição à doença — ou seja, com níveis de glicose no sangue acima do normal ou com histórico familiar da condição. Segundo a pesquisa, esses alimentos aumentam a sensibilidade à insulina e, consequentemente, reduzem os níveis de açúcar na corrente sanguínea.

Fontes: Carlos Alberto Machado, diretor de promoção de saúde cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia; Celso Cukier, médico nutrólogo do Hospital Albert Einstein; e Roberto Betti, coordenador do Centro de Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz

Conheça 12 formas de evitar o diabetes


Embora não seja possível prevenir completamente o surgimento da doença, há uma série de hábitos e de alimentos que reduzem esse risco

Vivian Carrer Elias
Diabetes: hábitos e alimentos saudáveis podem evitar a doença
Diabetes: hábitos e alimentos saudáveis podem evitar a doença (Thinkstock)
O diabetes tipo 2 é uma doença que pode surgir a partir da combinação de dois fatores: o genético, ou seja, o histórico da doença na família, e o ambiental, que são fatores de risco para o problema, como obesidade e sedentarismo. Isso não quer dizer, porém, que uma pessoa sem histórico familiar não possa desenvolver a doença. No entanto, médicos ouvidos pelo site de VEJA concordam em uma coisa: hábitos saudáveis reduzem de forma significativa o risco do diabetes tipo 2.
A doença — Enquanto o diabetes tipo 1 ocorre pela falta da produção de insulina, hormônio que controla os níveis de glicose no sangue, no do tipo 2 a insulina continua a ser produzida normalmente, mas o organismo desenvolve resistência ao hormônio. Segundo o Ministério da Saúde, essa doença, nas duas modalidades, atinge 5,2% dos homens e 6% das mulheres. Entre as pessoas acima de 65 anos, a incidência é de 21%.
"O diabetes tipo 2 está muito relacionado à obesidade. A gordura que se acumula no abdome promove inflamação e obriga o pâncreas a produzir cada vez mais insulina para que a glicose entre nas células", diz Celso Cukier, médico nutrólogo do Hospital Albert Einstein. Como não há nada que possa ser feito quanto à predisposição genética para uma doença, Cukier explica que a manutenção do peso (ou o emagrecimento) e uma vida fisicamente ativa são essenciais para reduzir o risco do diabetes. Além disso, como atestaram várias pesquisas científicas, há outros hábitos e determinados alimentos que podem ajudar nessa proteção. Veja abaixo quais são eles.

Novas drogas contra o diabetes são seguras, diz agência europeia

Medicamentos

Após uma revisão de estudos sobre o assunto, o órgão eliminou a possibilidade de esses remédios prejudicarem o pâncreas, como pesquisas haviam sugerido

Diabetes: Cirurgia bariátrica ajuda a manter a doença sobre controle, apontam pesquisas
Diabetes: Agência europeia descarta risco de novas drogas contra a doença sobre o pâncreas (Thinkstock)
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA, sigla em inglês) concluiu que novos medicamentos à base do hormônio GLP-1, usados para o tratamento do diabetes tipo 2, não apresentam problemas de segurança. Após revisar uma série de estudos sobre o assunto, o órgão concluiu que remédios como o Victoza (liraglutida) e o Byetta (exenatida) não aumentam o risco de inflamação no pâncreas ou de câncer na região, como algumas pesquisas haviam apontado. 
A preocupação em torno desses medicamentos começou há alguns anos, com a divulgação de estudos que apontavam para efeitos adversos das drogas. Uma pesquisa feita por Peter Butler, chefe de endocrinologia da Universidade da Califórnia em Los Angeles, por exemplo, mostrou que diabéticos que faziam uso de medicamentos à base de GLP-1 eram mais propensos a apresentar inflamação e sinais pré-cancerosos no pâncreas do que pessoas com diabetes que não tomavam esses remédios. 
No entanto, a EMA afirmou que essa e outras pesquisas tinham uma série de limitações metodológicas. A agência assumiu, porém, que ainda existem algumas incertezas em relação aos efeitos dos medicamentos a longo prazo.
O Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos, também já havia começado uma revisão dos estudos sobre possíveis efeitos adversos desses medicamentos. Segundo o jornal The New York Times, o FDA disse concordar com a conclusão do órgão europeu, mas mesmo assim continuará com a sua revisão.

O poder do esquecimento

Neurociência

A neurociência caminha rapidamente na direção de criar medicamentos capazes de apagar lembranças indesejáveis e memórias traumáticas. Mas será que isso não mudaria nossa personalidade?

Tiago Cordeiro
Kate Winslet e Jim Carrey no filme 'Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças' (2004)
Kate Winslet e Jim Carrey no filme 'Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças' (2004): em breve poderemos apagar as memórias com uma pílula. Valerá a pena? (Reprodução)
O filme é de 2004, mas ainda está vivo na memória de quem assistiu: Clementine (Kate Winslet) quer esquecer seu ex-namorado Joel (Jim Carrey), e para isso se submete a um tratamento experimental que apaga todas as lembranças dos momentos que passaram juntos. Quase dez anos depois, pesquisadores estão perto de fazer com que a ficção de Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças se torne realidade. Em breve, finalmente poderemos deletar fatos traumáticos ou indesejados do passado.
Se isso vai ser possível, é porque as memórias não são arquivos fixos. Muito recentemente, a neurociência confirmou uma hipótese que surgiu nos anos 1960, mas nunca tinha sido levada a sério: nossas lembranças são muito mais flexíveis do que se pensava — estão mais para uma peça de teatro, com suas mudanças sutis noite após noite, do que para um filme. A cada vez que acessamos uma lembrança, podemos moldá-la novamente. Não por acaso, em Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças, quando percebe que foi deletado do passado de Clementine e resolve fazer o mesmo, o personagem Joel precisa relembrar toda sua história com ela. E na medida em que as lembranças veem à tona é que elas podem ser apagadas. Na vida real, o mesmo objetivo pode ser atingido, experimentalmente, bloqueando a síntese das proteínas certas.
O resgate e a reconsolidação das lembranças depende da ativação de uma vasta conexão de neurônios. Para ser formada, uma memória de um evento qualquer ativa uma série de neurônios, que passam então a ficar conectados. É essa ligação a responsável por lembrarmos do primeiro beijo, por exemplo. Se a transmissão é interrompida exatamente no momento em que determinada memória estava desengavetada, ela não volta mais para seu lugar de origem — o hipocampo, apesar de muitas das lembranças negativas ficarem armazenadas na amígdala.

"No nível molecular, o processo de arquivar, acessar e armazenar novamente a memória, com pequenas mudanças, é simples", afirma a psicóloga israelense Daniela Schiller, professora da Mount Sinai School of Medicine, em Nova York, e uma das líderes mundiais nas pesquisas sobre formação e consolidação de memórias – seu estudo sobre a maleabilidade das lembranças, publicado em 2010 na respeitadíssima revista Nature, ajudou a mudar a visão tradicional que os próprios cientistas tinham da memória. "Um medicamento que induza a produção de certas proteínas, exatamente no momento em que o paciente está repassando determinada lembrança, faz com que ela desapareça." (Daniela, aliás, se mudou de Telavive para Nova York, a capital dos estudos de ponta sobre memória, porque acreditou no boato, infundado, de que o filme Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças era baseado em uma experiência real conduzida na cidade. Não era, mas ela acabou entrando em um pós-doutorado sobre memória graças ao erro.)
Fim dos traumas — Uma das proteínas responsáveis por este processo de reestabilização das conexões neurais é a já conhecida PKMzeta, descoberta pelo neurologista americano Todd Sacktor, que pesquisa o assunto dentro do Sunny Downstate Medical Center, no Brooklyn. E é no desenvolvimento de um medicamento que iniba temporariamente sua produção que os pesquisadores estão trabalhando. O desafio é chegar a uma pílula que funcione por pouco tempo e  com precisão cirúrgica: apenas nos circuitos neurais corretos.

Enquanto isso não é possível, existem formas de apagar a lembrança indesejada antes que ela se consolide. Como a memória é formada em duas etapas, já é possível neutralizar a primeira, a chamada memória de curto prazo. "Existem medicamentos que bloqueiam a transformação das memórias de curto prazo em definitivas. Mas não é possível selecionar a lembrança que se quer apagar", diz Sacktor. Ou seja: se a pessoa recebe o tratamento imediatamente após o incidente traumático, ela não vai se lembrar de absolutamente nada do que aconteceu nos minutos anteriores. O exército americano está especialmente interessado neste tipo de pesquisa.

Também já é possível modificar a lembrança, para que ela pareça menos terrível. Um estudo realizado na Universidade McGill, no Canadá, com dez pacientes de stress pós-traumático, alcançou resultados expressivos usando uma droga chamada propranolol, ministrada enquanto as pessoas contavam, em voz alta, os detalhes dos incidentes traumáticos pelos quais passaram.

A droga, também usada de forma experimental no tratamento de ansiedade, alterou os circuitos neuronais o suficiente para que as lembranças fossem rearmazenadas, agora sem a mesma carga de stress. Uma semana depois, os pacientes voltaram para a universidade e contaram novamente suas histórias. Já não apresentavam sintomas de stress, como o batimento cardíaco acelerado observado no grupo de controle, formado por nove pessoas. Este tipo de tratamento poderia ser usado para casos de ataques de pânico – ele poderia amenizar o pavor de ambientes fechados, ou de aranhas, por exemplo.
Implicações éticas — Mas um remédio capaz de apagar memórias pode ser perigoso. Ele poderia, em tese, ser usado contra a vontade do paciente. E pode descaracterizar nossa personalidade. "Nós somos o o resultado dos relatos que fazemos sobre nossa própria existência", afirma Todd Sacktor. O americano Henry Gustav Molaison é a prova disso. Em 1953, ele fez uma cirurgia para conter sua epilepsia: o neurocirurgião tirou metade de seu hipocampo e toda a amígdala. Quando acordou, Henry não era mais capaz de armazenar nenhuma memória e apenas se lembrava de seu passado antes da cirurgia. Até a morte aos 82 anos, em 2008, ele se olhava no espelho e não se reconhecia: tinha certeza de ter eternamente 27 anos, a mesma idade com que fez a cirurgia.

Daniela Schiller defende que este tipo de tratamento deverá ser usado com parcimônia extrema. "As memórias indesejadas também fazem parte do que somos, e muitas vezes nos impedem de repetir erros do passado", diz. "Mas, em casos de stress pós-traumático, o trauma é tão profundo que a lembrança não fica mais fraca com o tempo. E isso inviabiliza uma rotina normal e saudável. Para estas pessoas, o tratamento pode trazer um grande alívio". É o caso, por exemplo, de pessoas que sofreram ou presenciaram acidentes graves, veteranos de guerra ou vítimas de sequestros, estupros e tortura. Contudo, é bom lembrar que em Brilho Eterno apagar as memórias do prévio relacionamento não evita que Clementine e Joel voltem a ficar juntos e passem pelos mesmos problemas de antes.
 

Somos a nossa memória

No provocativo livro O Porco Filósofo (Relume Dumará), o britânico Julian Baggini cria uma pequena história de ficção científica para explicar como nada nos define mais do que a nossa memória. Em um mundo no qual a viagem para Marte é feita por teletransporte em questão de minutos, um cliente da companhia responsável por tais viagens processa a empresa sob a alegação de que foi morto nesse processo. A alegação, a princípio absurda, leva em conta que todo passageiro é recriado em Marte. Então, alega a "vítima", o que se tem é uma cópia, um clone do original.
Mas se esta cópia pensa igual à anterior, tem os mesmos planos e a mesma personalidade e, mais importante, as mesmas memórias, o cliente copiado realmente morreu? O livro não dá respostas fáceis, mas essa pequena história serve para ilustrar o quanto nossas memórias participam da construção do nosso eu.

Apesar de parecer extremamente desejável criarmos maneiras de apagar memórias traumáticas, ou até mesmo as embaraçosas e indesejáveis, filósofos e cientistas concordam que elas são parte constituinte e indispensáveis dos elementos que compõem o que somos. Além do perigo de que, uma vez que nos livremos das memórias que não mais queremos, voltemos a incorrer nos mesmos erros do passado, as experiências de vida ajudam a formar, junto com nossa consciência, grande parte do produto final que convencionou-se chamar de eu.
"A ideia que cada um de nós forma de si mesmo, a imagem que aos poucos construímos de quem somos física e mentalmente baseia-se na memória autobiográfica, em anos de experiência, e está sujeita a contínua remodelação", afirmou o neurocientista português António Damásio em seu livro O Mistério da Consciência (Cia. das Letras).

Outros animais, como chimpanzés e cães, também têm isso. Nada, porém, que se compare à riqueza de detalhes e abrangência como ela se manifesta nos seres humanos. "Essa diferença é amplificada pela linguagem, que é exclusivamente humana. A linguagem é também a capacidade de codificar as memórias não verbais numa forma verbal. Isso expande enormemente tudo o que o ser humano é capaz de memorizar", disse em entrevista a VEJA, em 2010.
Bruce Hood, diretor do Centro de Desenvolvimento Cognitivo da Universidade de Bristol, na Grã-Bretanha, resumiu: "O eu é a pessoa com um passado, as memórias do dia anterior, os planos para o futuro." Ou seja, sem as memórias, o eu não existiria.

Cronica: O Dia Dos Pais e o Flamengo X o Fluminense

Sem perdão

Era um sujeito sério, carrancudo, aquele que bebia cerveja sozinho, em pé ao meu lado no balcão do botequim. Com boa vontade, diante da crescente expectativa de vida da população, talvez se pudesse dizer que era um homem de meia idade, mas a verdade é que estava mais para dois terços.
Reparei que ele era a única pessoa em toda a ruidosa clientela da tarde de domingo a não prestar atenção no jogo em andamento na tela gigante atrás do balcão, próxima ao teto. Ao lado da incongruência de seu paletó preto e gravata cinza entre tantas bermudas e chinelos, o perfeito alheamento contribuía para a impressão de que habitava uma bolha, uma transversal qualquer do tempo em que reinasse a mais pura melancolia.
Cheguei a imaginar bestamente, enquanto esperava pela demorada cobrança de um escanteio, que talvez eu fosse o único a enxergá-lo. Seria um fantasma? Quem sabe o famoso Sobrenatural de Almeida? Afinal, era um Fla x Flu.
De repente, em voz baixa, olhos mergulhados em seu copo, o fantasma disse:
– Eu nunca pedi perdão a ele.
Demorei um pouco a entender que falava comigo. Não havia mais ninguém ao alcance de sua voz.
– Oi?
– Meu falecido pai. Tricolor doente. E hoje é Dia dos Pais.
– Eu sei – respondi secamente, tentando cortar o papo. Talvez não fosse um fantasma, mas com certeza era maluco.
– Quanto está o jogo?
– Zero a zero.
– Tomara que o Fluminense faça um gol – suspirou o homem, sem erguer os olhos para a televisão. – Você me avisa se fizer?
– Não precisa. Metade do bar vai gritar, não tem como não saber.
Pela primeira vez, ele moveu a cabeça e olhou para mim.
– Você acha que ele me perdoou?
– Hein?
– O meu pai. Fico imaginando se de repente ele me perdoou, mesmo eu nunca tendo pedido perdão.
– Isso eu não sei. Depende.
– Depende de quê?
– Do que você fez pra ele.
O homem voltou a encharcar seu olhar na cerveja e baixou a voz ainda mais. O que ouvi foi quase um sussurro:
– Virei Flamengo.
Não contive um riso curto.
– Ah, só isso? Pois fez muito bem.
Voltei a me concentrar no jogo e quando me dei conta, um minuto depois, o homem tinha sumido. No botequim agora só havia bermudas, chinelos, risos, torcedores zoando uns aos outros: a mais pura alegria.
Como se habitasse uma bolha ou uma transversal do tempo, eu já não conseguia fazer parte dela.

Alstom pagou US$ 20 mi de propina no Brasil, diz Suíça

Corrupção

Investigação da Justiça daquele país afirma que parte do dinheiro teria ido parar nos cofres de partidos políticos

Usina hidrelétrica de Furnas opera com apenas 15% da sua capacidade devido aos baixos níveis de água, em 14 de janeiro de 2013
Dinheiro seria destinado a projetos de energia no país, envolvendo empresas como Furnas (Paulo Whitaker/Reuters)
Segundo investigações da Justiça da Suíça, a empresa Alstom destinou mais de 20 milhões de dólares em propinas ao Brasil, e parte do dinheiro foi parar em cofres de partidos políticos. Um grupo de dez pessoas foi indiciado pela Polícia Federal por causa do esquema de corrupção da empresa francesa, desmantelado pela apuração na Suíça. 
Os documentos mostram informes internos da Alstom que revelariam o esquema para ganhar contratos públicos no Brasil nos anos 1990. Neles, a empresa indica o pagamento de propinas para financiar partidos. A constatação da Justiça de Berna é de que há "evidências claras de suborno" e até uma "tabela oficial" de propina no Brasil. O dinheiro foi destinado a diversos projetos de energia no país, envolvendo Furnas, Eletropaulo, a Usina de Itá e outros empreendimentos.
Um dos depoimentos que marca o caso é o de um colaborador do esquema, Michel Cabane, confirmando que a "Alstom e a Cegelec (subsidiária da Alstom) estavam trabalhando juntas para organizar uma cadeia de pagamentos para tomadores de decisão no Brasil". Havia até mesmo uma lista de nomes de brasileiros na empresa.
A investigação teve acesso a um comunicado interno da Alstom, de 21 de outubro de 1997. Nele, o então diretor da Cegelec Andre Botto escreveu que o dinheiro era propina. "Isso é uma política de poder pela remuneração", afirmou. "Ela é uma 'negociated' ’via o ex-secretário do governador (RM). Ela cobre – as finanças do partido – o Tribunal de Contas (do estado) e a Secretaria de Energia." A meta era cometer o que os suíços ironizaram como "um crime perfeito". Parte do dinheiro iria para os políticos, parte para o tribunal e parte para o secretário de Energia que daria os contratos.
A Justiça suíça não citou partidos, mas indicou que a participação política estava sempre presente. Na época, o estado de São Paulo era governado pelo PSDB. RM seria Robson Marinho, conselheiro do TCE, que, depois de coordenar a campanha de Mário Covas em 1994, foi chefe da Casa Civil entre 1995 e 1997. O Ministério Público suíço revelou cada uma das transferências às contas de Marinho no banco Safdie em Genebra. O dinheiro chegaria via uma offshore uruguaia, a MCA.
Quem também é citado é Romeu Pinto Junior, indiciado como uma das pessoas que teria organizado o pagamento de propinas por meio da MCA. A investigação revela que, em media, 7,5% do valor dos contratos eram destinados ao pagamento de propinas. "De acordo com essas declarações, 7,5% e 1,13% dos contratos iam para a MCA, 3,1% para a Taltos, 0,6% para a Andros e 1,5% para a Splendore." Essas eram empresas de fachada.
Outra empresa era a brasileira Alcalasser, pela qual teriam passados mais de 50 milhões de reais. Em depoimento a autoridades francesas, o ex-diretor financeiro da Cegelec, Michel Mignot, confirma que a Alcalasser foi criada para pagar propinas. "Ela servia para as comissões", respondeu à Justiça. Seu superior, Yves Barbier de La Serre, ex-secretário-geral da Cegelec, também confirmou a "caixa-preta".
(Com Estadão Conteúdo)

Siemens e Alstom: por que elas brigam tanto?

Empresas

Investigadas por crime de formação de cartel, concorrentes europeias do setor de engenharia e infraestrutura travam infindáveis batalhas no Brasil

Ana Clara Costa e Talita Fernandes
Circulação de trens da CPTM é interrompida entre as estações Barra-Funda e Júlio Prestes, devido ao incêndio na favela do Moinho, em São Paulo (SP), na manhã desta segunda-feira (17)
CPTM: licitação para fornecimento de trens teve cenas 'acaloradas' entre Siemens e Alstom (Alex Falcão/Futura Press)
França e Alemanha formam um casal estranho. Ao longo dos últimos 500 anos, alternaram períodos de trégua, que os transformaram em potências, com guerras continentais e mundiais. Hoje,  duas de suas maiores empresas – Alstom e Siemens – reproduzem nas trincheiras dos negócios a rivalidade de suas nações. Essa briga tem reflexos no Brasil e alcança o suposto esquema de cartel em licitações de trens e metrôs que abraça o governo do estado de São Paulo. Os volumes da investigação do Cade, o órgão brasileiro de defesa da concorrência, mostram, em detalhes, as rusgas cultivadas pelas duas empresas líderes mundiais em engenharia ao atuar num setor de infraestrutura que tem baixa concorrência – e grandes contratos.
Filha única – No final dos anos 1990, a Alstom detinha a hegemonia de contratos no estado de São Paulo. Por isso, chegou primeiro na disputa pela licitação da linha 5 do metrô . A contragosto, teve de abrir espaço para a chegada de novos participantes, como a própria Siemens e a espanhola CAF, que haviam se juntado para pleitear o contrato. Na pré-qualificação para o certame, entre os sete candidatos, apenas os consórcios Alstom e T’Trans/Ansaldo foram qualificados. Os grupos Siemens/CAF, Adtranz, Mitsui, Mitsubishi/Kawasaki/Bechtel e Bombardier foram eliminados.
A Siemens, como era de se esperar, protestou contra a decisão, pedindo a admissão de seu consórcio com a CAF. Além disso, valendo-se de certa ousadia, pediu a exclusão da Alstom do grupo de empresas concorrentes. O governo negou a exclusão, aceitou a pré-qualificação do consórcio liderado pela Siemens e, segundo o diário de um dos diretores da Siemens na Alemanha, José Aniorte Jimenez, ainda reafirmou seu desejo de “assegurar um processo tranquilo de licitação com todos os participantes”.
Passadas as discussões sobre a qualificação dos grupos, o trecho 1 da Linha 5, que custou 404 milhões de reais à época,  acabou tendo a participação de Siemens, Alstom, CAF e outras seis empresas – com a operação chefiada pela francesa. Contudo, a Alstom sempre se mostrou uma pedra no sapato do grupo de empresas, nutrindo desavenças com as participantes do suposto cartel, sobretudo a espanhola CAF. Nos relatos analisados pela reportagem, não houve sequer uma menção elogiosa a qualquer atitude da Alstom. Frases como “o clima (com a Alstom) é péssimo” ou “a Alstom nunca está disposta a conversar” eram recorrentes.
Sem espanhóis - No consórcio criado para os trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), em 2000, a empresa francesa determinou que, apesar de participar do mesmo grupo que a CAF, jamais trataria com ela durante as reuniões – e a Siemens seria responsável por transmitir as informações. “A decisão de não ter contato direto com a CAF veio de instâncias superiores da Alstom e os técnicos não devem julgar se faz sentido ou não. Eles cumprem o que foi estabelecido e ponto final”, escreveu Jimenez, citando o discurso de um executivo da Alstom para explicar a rejeição à CAF. Ainda naquele ano, Jimenez escreveu em seu diário de viagem que o clima de tensão nas reuniões com a empresa francesa era tanto que executivos chegavam a sair da sala. “Ficou tão insuportável que pedi que a reunião fosse suspensa. A Alstom se comportou vergonhosamente”, escreveu.
A Alstom não só criava situações desconfortáveis para o consórcio, como também havia proposto uma divisão que deixava em desvantagem o grupo Siemens/CAF. “A Alstom enfiou no bolso 80% do total do projeto. Não se deve aceitar que CAF/VT5HR (que é o código para Siemens) não receba nem 20% dos veículos”, afirmou Jimenez, no diário, ao mencionar o contrato da CPTM. Em uma nova fase das conversas, as três empresas chegaram a um acordo, segundo os relatos do executivo, sem dar mais detalhes sobre como a situação se acalmou. José Luis Postigo, um dos diretores da CAF, chegou a afirmar ao executivo da Siemens que a Alstom havia criado tantos problemas porque estava ressentida por perder hegemonia no Brasil. Jimenez escreveu em seu diário: “ele (Postigo) supõe que a Alstom do Brasil  não suporta ter concorrência e parece se sentir [com direito] a fornecer carros no Brasil como única autorizada”.
Francesa temperamental - Em 2006, durante o processo de licitação para o metrô do Distrito Federal, o diretor da Siemens, Everton Rheinheimer, relatou, em e-mail a outro diretor, Newton Duarte, as dificuldades de negociação com a Alstom. Segundo a mensagem, o consórcio liderado pela Alstom “ficaria com 52% do volume total”, enquanto o liderado pela Siemens teria 48%. “A postura da Alstom durante as negociações causou sérios problemas com seus parceiros IESA e TCBR, a ponto de eles pedirem para reservarmos um lugar (para as duas empresas) em nosso consórcio. Em Brasília, a repercussão também foi péssima, pois perceberam que, ao contrário do que alegavam, era a própria Alstom que dificultava o acordo”, escreveu Rheinheimer. Em outro e-mail, o mesmo executivo relatava a Duarte um encontro com Paulo Borges, então diretor de Transportes da Alstom. Segundo Rheinheimer, Borges, “com toda a sua arrogância usual”, havia informado que a empresa estava desenvolvendo um novo fornecedor de equipamentos sem consultar as outras participantes do consórcio. “Por essas e outras, acho que devemos endurecer com a Alstom”, diz o executivo da Siemens.
Um antigo executivo da Siemens ouvido pelo site de VEJA afirmou que, em São Paulo, as empresas eram concorrentes e se comportavam como tal – sem economizar desavenças. “São competidores globais num setor que tem poucos players. Mas, apesar de concorrentes, são empresas que têm de formar consórcios juntas para dividir o risco. É uma situação complicada de concorrência e parceria, ao mesmo tempo”, explica a fonte.
No exterior - Se no Brasil Siemens e Alstom costumavam colaborar para iniciativas nem sempre dentro da legalidade, no exterior, atualmente, são raras as obras feitas em conjunto. No início do mês, mesmo participando de consórcios distintos, ambas ganharam um contrato de 16,9 bilhões de euros para a construção do metrô de Riad, na Arábia Saudita. A fatia que corresponde à Alstom sozinha será de nada menos que 1,2 bilhão de euros.
Na Rússia, um contrato de expansão do metrô de Moscou também é alvo de atenção das duas empresas. O premiê russo Dimitri Medvedev anunciou, em maio, que abrirá licitação de 6,5 bilhões de dólares para o fornecimento de cerca de 3.500 vagões. O certame deve ocorrer este mês. Novamente, Siemens e Alstom estarão na briga. Desta vez, provavelmente acompanhadas de suas inseparáveis operadoras ferroviárias: a francesa SNCF e a alemã DB.
Enquanto a SNCF é líder em transporte de passageiros na Europa, a DB domina o mercado de cargas. Ambas protagonizam, com suas respectivas parceiras industriais, Alstom e Siemens, disputas homéricas pela reforma da saturada frota de trens da Europa. “A concorrência em Moscou se insere num jogo diplomático maior, que a Rússia sabe jogar, para fazer aumentar as apostas dos grandes contratos industriais”, afirma o pesquisador Antoine Beyer, em artigo publicado pelo Institut Français des Sciences et Technologies des Transports, de l’Aménagement et des Résaux (Ifsttar), um órgão francês dedicado à pesquisa do setor de transportes. Segundo Beyer, empresas como Alstom e Siemens passam por um momento delicado: precisam escolher se permanecerão brigando ou decidirão se unir para evitar a chegada dos concorrentes chineses às licitações europeias.


O pedido de leniência da Siemens no Brasil pode livrar a empresa de qualquer penalidade em troca de sua cooperação para investigar o crime de cartel. Como o acordo pode ser assinado apenas por uma empresa participante do esquema - que foi, no caso, a empresa alemã -, as demais são penalizadas no caso de comprovação de cartel. O pedido de leniência da Siemens dá o tom da estratégia da empresa: nenhuma clemência pelas rivais-parceiras. A Alstom, por ser a maior concorrente, pode figurar como a principal prejudicada. Nas possíveis penalidades aplicadas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), multas bilionárias e sanções administrativas poderão afetar a Alstom - e não a Siemens. E a guerra franco-alemã continua.

Brasil tem 5,5 milhões de crianças sem pai no registro

Família

O estado do Rio de Janeiro lidera o ranking, com 677 676 crianças sem filiação completa, seguido por São Paulo, com 663 375 crianças com pai desconhecido

Bebê com chupeta
Bebê com chupeta (Getty Images)
Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com base no Censo Escolar de 2011, apontam que há 5,5 milhões de crianças brasileiras sem o nome do pai na certidão de nascimento. O estado do Rio de Janeiro lidera o ranking, com 677 676 crianças sem filiação completa, seguido por São Paulo, com 663 375 crianças com pai desconhecido. O estado que apresentou menos crianças sem o nome do pai na certidão foi Roraima, com 19 203 registros.
"É um número assustador, um indício de irresponsabilidade social. Em São Paulo, quase 700 000 crianças não terem o nome do pai na certidão é um absurdo", diz Álvaro Villaça Azevedo, professor de direito civil da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e diretor da Faculdade de Direito da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap). Segundo o professor, ter o nome do pai na certidão de nascimento é um direito à personalidade e à identidade de toda criança. "Além disso, é uma questão legal para que essa pessoa possa ter direito a receber herança, por exemplo", afirma.
Para o juiz Ricardo Pereira Júnior, titular da 12ª Vara de Família de São Paulo, ter tanta criança sem registro paterno é preocupante. "Isso significa que haverá a necessidade de regularizar essa situação mais para a frente. Uma criança sem pai pode sofrer constrangimentos, além de estar em uma situação de maior vulnerabilidade, pois não tem a figura paterna", afirma. Nelson Susumu, presidente da Comissão de Direito de Família da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), também considera o número preocupante, e ressalta que há ações para diminui-lo. "O programa Pai Presente do CNJ foi criado para tentar reduzir esse número."
Aumento - Um ano e meio após a edição de um provimento da Corregedoria Nacional de Justiça que autoriza os cartórios de todo o país a realizar o reconhecimento tardio de paternidade, o número de registros nas repartições do estado de São Paulo aumentou 71% de 2011 para o ano passado. Foram 6 503 registros em 2011, ante 11 120 em 2012. Só neste ano, já foram feitos 6 650 procedimentos, dos quais 4 089 em cartórios.
O fenômeno é diretamente associado à agilidade e à desburocratização do processo, uma vez que as famílias que pretendem fazer o reconhecimento tardio não precisam mais recorrer à Justiça, como acontecia. Antes, mesmo que o reconhecimento fosse voluntário, era preciso um advogado para dar entrada em uma ação judicial e passar por parecer do Ministério Público Estadual, até receber o aval do juiz, que emitia um mandado de averbação para o reconhecimento no cartório.
Mais ágil, agora a certidão do reconhecimento tardio de paternidade pode ser emitida no mesmo dia ou, no máximo, em uma semana - caso o pedido seja feito em outra cidade ou em outro estado. No Judiciário, um processo consensual chega a demorar meses, enquanto um litigioso dura até três anos. No Estado, o procedimento custa 58,15 reais, mas a certidão pode sair de graça se a família não tiver condições de pagar por ela.



Pessoas têm mais empatia por cães do que por humanos

Pesquisa

Maus-tratos contra cachorros adultos comovem mais do que contra homens de mesma idade, mas impacto em relação a filhotes e bebês é igual

Cachorro na sala de recuperação após passar por procedimento médico
Cachorro na sala de recuperação após passar por procedimento médico (Eduardo Biermann)
As pessoas têm mais empatia por cães maltratados do que por humanos adultos, concluiu um estudo divulgado neste sábado na 108ª Reunião Anual da Associação Sociológica Americana. O impacto é diferente na questão idade: filhotes comovem tanto quanto bebês, mas cães adultos provocam mais empatia do que pessoas adultas.
"Ao contrário do que se imagina, não é que necessariamente o sofrimento animal nos comove mais que o humano", explicou Jack Levin, professor de sociologia e criminologia da Universidade Northeastern e autor do estudo. "Nossos resultados indicam uma situação muito mais complexa a respeito da idade e da espécie das vítimas, sendo a idade o componente mais importante".
"O fato é que as vítimas de crimes que são humanos adultos recebem menos empatia do que as crianças, os filhotes e os cães adultos que são vítimas de abuso ou crimes. Isso indica que os cachorros adultos são vistos como dependentes e vulneráveis, tais como seus filhotes e como as crianças", explicou Levin.
Em seu estudo, Levin e o coautor Arnold Arluke, outro professor da Universidade de Northeastern, consideraram as opiniões de 240 homens e mulheres, com idades entre 18 e 25 anos.
Durante a pesquisa, os participantes receberam aleatoriamente quatro artigos fictícios sobre abusos de crianças de um ano de idade, um adulto de 30 anos, um filhote e um cachorro de seis anos de idade. As histórias eram idênticas, exceto pela identificação da vítima. Depois que os participantes leram o artigo, os pesquisadores pediram que os mesmos qualificassem seu grau de empatia em relação à vítima.
"Nos surpreendeu a interação de idade e espécie", disse Levin em sua apresentação. "A idade parece ser mais relevante que a espécie quando se trata de obter empatia. Aparentemente, considera-se que os humanos adultos são capazes de se proteger, enquanto os cachorros adultos são vistos como filhotes maiores". A diferença entre a empatia despertada pelas crianças e pelos filhotes de cachorro foi insignificante estatisticamente, segundo o autor.
(Com agência EFE)

Os benefícios do suco verde na sua dieta

Por Paula Faciroli, Tempo de Mulher

Os benefícios do suco verde na sua dieta


Os benefícios do suco verde na sua dieta - 1 (© Foto: Thinkstock)

Composto por vegetais de folhas verde-escuras como couve, espinafre, agrião, salsinha, hortelã, além de frutas, legumes e grãos, o suco verde é uma arma poderosa para quem quer emagrecer e se alimentar de forma mais saudável. Em um copo desta bebida é possível reunir diversos nutrientes importantes para o organismo como Ferro, Vitamina C, Ácido Fólico, Magnésio, fibras, antioxidantes, entre outros.
Entre os benefícios do suco verde estão a diminuição da retenção de líquidos, o auxílio no emagrecimento, ganho de energia e de propriedades desintoxicantes, ideiais para quem quer eliminar aquelas calorias a mais. "Ele age como um suco detox, limpando seu organismo. Se combinado à alimentação balanceada e à prática de exercícios físicos, o suco verde será um excelente aliado contra a balança, agindo na queima de gordura e na retenção de líquido", disse Larissa Paiva, nutricionista da Sanavita.
A nutricionista escolheu três tipos de receita do suco verde (uma para acelerar o metabolismo, outra para melhorar o funcionamento do intestino e outra para desintoxicar o organismo), práticas e fáceis de fazer. "Para um melhor resultado, se recomenda ingerir um ou dois copos destes sucos por dia", disse Larissa.
Aliado para emagrecer
Se combinado a uma alimentação balanceada e à prática de exercícios físicos, o suco verde é um excelente aliado contra a balança, agindo na queima de gordura e na retenção de líquido.

Limpar o organismo
Se você anda se alimentando muito mal, comendo de forma excessiva frituras, alimentos gordurosos, ricos em sódio, conservantes, gordura trans, mas quer começar a ter uma alimentação melhor, pode começar incluindo o suco verde no seu cardápio. Ele age como um suco detox, limpando seu organismo.

Beleza em evidência
O conjunto de nutrientes presentes no suco verde (vitaminas e minerais) faz muito bem para beleza, deixando unhas, pele e cabelos mais bonitos. Além disso, dá mais disposição!

Bom funcionamento do intestino
As fibras presentes nas verduras, legumes e grãos que estão no suco verde, ajudam no bom funcionamento do intestino.

Os benefícios do suco verde na sua dieta - 1 (© Foto: Thinkstock)

Ficou com vontade de incluir o suco verde na sua alimentação? Veja algumas receitinhas que a Larissa Paiva, nutricionista da Sanavita, elaborou:
Suco verde para acelerar o metabolismo

Os benefícios do suco verde na sua dieta - 1 (© Foto: Thinkstock)
Suco verde para desintoxicar o organismo
Ingredientes:
2 fatias grossas de melancia
1 maço pequeno de salsinha
2 maçãs
2 talos de salsão com as folhas
3 talos de erva-doce (ou funcho)
1 cenoura
2 laranjas
2 folhas de couve
1 pepino inteiro
1 pera
1 punhado de brotos de alfafa
Modo de preparo
Bata no liquidificador e adoce com mel. Também pode ser coado ou consumido naturalmente com os gomos, peles e sementes.
Calorias: 60 calorias por copo.

Os benefícios do suco verde na sua dieta - 1 (© Foto: Thinkstock)

Suco verde para melhorar o funcionamento do intestino
Ingredientes:
2 folhas de couve lisa
2 folhas de couve-de-bruxelas
1 rama de couve-flor
1 rama de brócolis
4 cenouras
1 maçã pequena (pode ser feito com outras frutas)
1 copo de suco de laranja
2 folhas de couve lisa
Modo de preparo
Bata no liquidificador e adoce com mel. Também pode ser coado ou consumido naturalmente com os gomos, peles e sementes.
Calorias: 40 calorias por copo.
Para deixar o suco mais saboroso e rico, inclua gengibre, salsinha e hortelã. Depois é só colocar estes ingredientes no processador ou liquidificador. E se seu objetivo é perder peso, fique longe do açúcar. Adoce com sucralose (adoçante) que não tem efeitos nocivos ao organismo, sugere a nutricionista Larissa Paiva.