quarta-feira 18 2013

Leandro Karnal - Juventude



CASA GRANDE & SENZALA



Direto ao Ponto Caso ressuscitasse no Rio de Janeiro do século 21, Maria Antonieta saberia o que dizer às vítimas das chuvas: ‘Se o povo não puder nadar, que use o helicóptero!’



“Acabei de falar pela segunda vez com a presidenta Dilma”, comunica Sérgio Cabral nos primeiros segundos do vídeo divulgado nesta quarta-feira para mostrar que o governador está em ação, e combate simultaneamente em todas as frentes, cumprindo o dever de abrandar os estragos causados pelas chuvas que castigam o território fluminense. “Ela tem dado todo o apoio ao nosso governo, à nossa estrutura. Falei com o ministro Cardozo (…), falei com o ministro Teixeira, da Integração Nacional, que também tem dado todo o apoio, e o general Adriano, que é o secretário Nacional de Defesa Civil. Pedindo três coisas básicas neste momento, que são prioritárias: colchonetes, água potável e cestas básicas”.
Pelos antecedentes de Cabral, é bom que os beneficiários das promessas esperem sentados, e rezando para que os próximos temporais sejam menos severos. A discurseira deste dezembro é apenas a versão revista e atualizada do palavrório endereçado aos flagelados da Região Serrana depois dos aguaceiros que no começo de 2011, durante duas semanas, atingiram com especial intensidade os municípios de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo. Naquele ano, em 27 de janeiro, Cabral apareceu ao lado de Dilma Rousseff para tranquilizar a imensidão de flagelados.
Tudo seria diferente no verão seguinte, garantiu a dupla. “Posto que os empresários estão colocando duas mil casas para atender a emergência”, desandou a presidente, “nós fizemos um cálculo e estamos colocando mais seis mil casas para as famílias da Região Serrana para atender a emergência, fora, obviamente, do conjunto do Minha Casa, Minha Vida, que aqui para a região do Rio de Janeiro é bem mais do que isso”.
A conversa fiada não parou por aí: “Então, para esse momento de emergência, nós acrescentamos seis mil casas, moradias, que assuma a forma ou de casa ou de apartamento para que essa população que perdeu o seu lar, que perdeu o seu lugar de morar, tenha acesso o mais rápido possível ao seu lar”. Além das construídas pelos governos estadual e federal, outras 2.000 seriam erguidas através de parceria com empreiteiros.
Em 2013, quando as enchentes anuais voltaram, nenhuma casa aparecera por lá. Só em março a presidente e o governador deram as caras no local das promessas criminosas, agora para anunciar que as 8 mil moradias haviam sido reduzidas a 4.702. Neste 12 de dezembro, 1064 dias depois da tragédia de 2011, apenas 506 imóveis ficaram prontos. E 6.589 famílias continuam a receber o aluguel social (entre R$ 400 e R$ 500 reais). Segundo uma reportagem do site de VEJA, a Secretaria Estadual de Obras atribui o atraso a dificuldades de encontrar terrenos disponíveis para a construção dos imóveis.
O início prematuro da temporada de chuvas de 2014 encontrou milhares de brasileiros entregues às mãos do destino. Em vez de casas, o governo estadual providenciou um sistema de alerta amparado em meia dúzia de sirenes. E adicionou ao espetáculo do cinismo a distribuição de 1,7 mil kits compostos de uma cartilha explicativa, um imã de geladeira com orientações para desocupação, uma pasta impermeável para guardar documentos e uma capa de chuva.
Maria Antonieta às vésperas da Revolução Francesa disse: “Se o povo não tem pão, que coma brioches!”. Caso ressuscitasse no Rio de Janeiro do século 21, a rainha saberia o que dizer aos flagelados fluminenses: “Se o povo não puder nadar, que use o helicóptero”. Maria Antonieta acabou na guilhotina. Sérgio Cabral dificilmente escapará da degola nas urnas.
dilma sobrevoa




Cabral a bordo’, de Ricardo Noblat

Publicado no Blog do Noblat
Ou o governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) já não está mais aí para nada ou foi vítima de um dos defeitos mais flagrantes de sua personalidade – a arrogância. Que tal um governador flagrado utilizando helicópteros do Estado para viajar com a família nos fins de semana à sua casa de veraneio? Diante do escândalo, ele assina decreto tornando seus passeios impossíveis. Depois, simplesmente volta a voar.
Pois é disso que se trata. Em julho último, a VEJA descobriu que Cabral abusava da utilização dos helicópteros oficiais. Cabral mora no Leblon, a curta distância da Lagoa Rodrigo de Freitas. Escoltado por seguranças, ele ia de carro até a Lagoa e, de lá, de helicóptero para o Palácio Guanabara – um voo de 10 minutos. Nos fins de semana embarcava com a família, empregados e cachorro, para Mangaratiba.
Ali, num condomínio de luxo, Cabral construiu duas casas valorizadas pela paisagem paradisíaca da baia de Sepetiba e pela proximidade com Angra dos Reis e Parati. Com frequência, um dos helicópteros fazia mais de um voo às sextas-feiras e aos domingos para levar e trazer a comitiva de Cabral. Na época, ensaiou-se a desculpa de que o uso dos helicópteros se devia a razões de segurança. Não colou.
Então, humildemente, Cabral desculpou-se e assinou um decreto restringindo o uso de helicópteros ao “governador, vice-governador, chefe de poderes, secretários e presidentes de autarquias e de empresas públicas”. Teve o cuidado de registrar que os helicópteros só poderiam ser requisitados para “atividades próprias do serviço público”. Como suas viagens de fim de semana nada tinham a ver com tais atividades… Cabral suspendeu-as.
Até que na semana passada a Folha de S. Paulo anunciou em seu site: Cabral voltou a se valer dos helicópteros do Estado para ir veranear em Mangaratiba com a família e empregados. Notou-se a ausência do cachorro. A mesma desculpa esboçada da vez anterior foi sacada desta: razões de segurança. Cabral atendeu a recomendação da Subsecretaria de Segurança Militar da Casa Civil. Ele é um alvo precioso para traficantes e bandidos. Não pode se arriscar.
Palavras de Cabral: “Infelizmente, o fato de ser governador impõe que temos que enfrentar a segurança pública, a marginalidade, o tráfico de drogas. Para ganhar essa luta difícil, o gabinete militar impõe a mim e à minha família restrições. E eu tenho que segui-las por uma questão de segurança”. O poder da bandidagem deve ter aumentado muito entre julho último, quando Cabral renunciou aos voos a Mangaratiba, e agora, quando os retomou.
Não faz sentido que o poder tenha se mantido o mesmo e, no entanto, Cabral tenha mudado sua conduta. Ou faz sentido, sim, se admitirmos que Cabral possa estar mentindo – ele e seus assessores. O governador é obrigado a comparecer diariamente ao seu local de trabalho – e nada mais natural, no Rio ou em qualquer outro lugar, que seja acompanhado por seguranças. Não é obrigado a veranear nos fins de semana. Se o fizer que seja às suas próprias custas.
Cabral vai mal. Entre os 17 governadores do país é o quarto pior avaliado. Há três anos foi um dos cabos eleitorais mais cortejados por Lula para eleger Dilma presidente. Lula já o abandonou. O PT terá candidato ao governo do Rio – o senador Lindberg Farias. Foi tal o número de erros políticos cometidos por Cabral que a maioria dos políticos quer distância dele. O que Cabral fez de mais certo – as UPPs – está a perigo.

(VEJA) Morre aos 84 anos Ronald Biggs, o 'ladrão do século XX'

Grã-Bretanha

Um dos autores do assalto ao trem pagador Glasgow-Londres em 1963, Biggs ficou famoso após fuga para o Rio de Janeiro, onde viveu por décadas

Ronald Biggs no Rio de Janeiro, em 1992
Ronald Biggs no Rio de Janeiro, em 1992 (Sergio Moraes/Reuters)
O britânico Ronald Biggs, conhecido como o "ladrão do século XX" pelo assalto ao trem pagador Glasgow-Londres em 1963, morreu nesta quarta-feira aos 84 anos, informou a agência Press Association (PA), da Grã-Bretanha.
Biggs, que ficou famoso após sua fuga espetacular para o Rio de Janeiro depois do roubo, morreu em um asilo para idosos em East Barnet, no Norte de Londres. Ele estava com a saúde debilitada por causa de três derrames, tinha sido visto pela última vez em público no último mês de maio, quando esteve presente ao funeral de seu companheiro de assalto Bruce Reynolds, segundo informações da agência britânica.
A história de Biggs serviu de inspiração para vários filmes. O britânico foi o mentor do chamado "roubo do século", o assalto ao trem pagador Glasgow-Londres, no qual ele e vários cúmplices levaram 2,6 milhões de libras, a maior quantia roubada até então em um único assalto.

Os assaltantes foram detidos um ano depois e Biggs, após ser processado e condenado a 30 anos de prisão, foi levado para a penitenciária de Wandsworth, em Londres, mas conseguiu fugir 15 meses depois. Após a fuga, o assaltante passou por Bélgica, França e Austrália, antes de chegar ao Brasil, no início dos anos 70.
Biggs se estabeleceu no Rio de Janeiro, onde viveu até 2001, quando decidiu se entregar à Justiça britânica porque queria voltar ao país para viver seus últimos anos. No Brasil, Biggs teve um filho, Michael, com uma dançarina chamada Raimunda de Castro. Quando criança, Michael teve um breve período de fama integrando o elenco do grupo musical infantil Turma do Balão Mágico.
Por causa do filho, Biggs beneficiou-se da legislação brasileira – que determina que qualquer estrangeiro que tiver um filho com um brasileiro não pode ser extraditado – e conseguiu ficar no país.
Ao desembarcar em Londres, em 2001, foi submetido a exames médicos, e um juiz determinou o cumprimento dos 28 anos restantes de sua pena de trinta anos. Foi libertado em 2009, porém, por razões humanitárias, pois estava muito doente. No dia 8 de agosto de 2013 o assalto ao trem pagador completou 50 anos.
Filme e minissérie – A história do assalto inspirou vários filmes, sendo Buster - Procura-se um Ladrão, de 1988, o mais fiel deles. Bruce Reynolds (1931-2013), parceiro de Biggs na ação, assessorou pessoalmente o roteiro e as filmagens.
Neste ano, por causa dos 50 anos do assalto, a TV britânica BBC exibiu a série The Great Train Robbery, de dois episódios. A história é situada entre novembro de 1962 e agosto de 1963, período em que Reynolds, Biggs e seu grupo de marginais (que inclui um advogado corrupto) planejaram e executaram o assalto ao trem que fazia a viagem entre Glasgow e Londres. 
Andrew Cowie/AFP
Ronald Biggs em março de 2013, após a série de derrames que sofreu

(Com agência EFE)

Morre Ronald Biggs, o 'ladrão do século XX'

Por EFE Brasil, EFE Multimedia



Morre Ronald Biggs, o 'ladrão do século XX'
Morre Ronald Biggs, o 'ladrão do século XX'
Londres, 18 dez (EFE).- O britânico Ronald Biggs, conhecido como o 'ladrão do século XX' pelo assalto ao trem pagador Glasgow-Londres em 1963, morreu nesta quarta-feira aos 84 anos, informou a agência 'Press Association' (PA) do Reino Unido.
Biggs, que ficou famoso após sua fuga espetacular para o Rio de Janeiro depois do roubo, morreu em um asilo para idosos em East Barnet, no norte de Londres.
O ladrão, que estava com a saúde debilitada por causa de várias apoplexias, tinha sido visto pela última vez em público no último mês de maio quando esteve presente no funeral de seu companheiro de assalto Bruce Reynolds, segundo informações da agência britânica.
Biggs, cuja história serviu de inspiração para vários filmes, foi o mentor do chamado 'roubo do século XX', o assalto ao trem pagador Glasgow-Londres, no qual ele e vários cúmplices levaram 2,6 milhões de libras, a maior quantia roubada até então em um único assalto.
Os assaltantes foram detidos um ano depois e Biggs, após ser processado e condenado a 30 anos de prisão, foi levado para a penitenciária de Wandsworth, em Londres, mas conseguiu fugir 15 meses depois.
O lendário assaltante esteve foragido em vários países e acabou chegando ao Brasil, onde se estabeleceu no Rio de Janeiro até o ano de 2001, quando decidiu se entregar à Justiça britânica porque queria voltar ao Reino Unido para viver seus últimos anos.
Após ser preso no Reino Unido, foi libertado em 2009 por razões humanitárias, pois estava muito doente. No dia 8 de agosto o assalto ao trem pagador completou 50 anos.

Chimpanzés também têm senso de justiça

Primatas

Pesquisa mostra que, assim como os humanos, macacos são capazes de dividir suas recompensas se dependerem de outros para consegui-las

chimpanzés
Segundo os cientistas,a origem evolutiva do senso de justiça humano pode ser a mesma que a dos chimpanzés(Thinkstock)
Algumas das decisões dos seres humanos podem soar irracionais de um ponto de vista estritamente egoísta. Não faz sentido, por exemplo, abrir mão de parte de uma recompensa para dividi-la com parceiros, mesmo que eles tenham ajudado a alcançar o prêmio. Mesmo assim, esse tipo de atitude é comum entre diversas culturas humanas. Uma nova pesquisa, publicada no periódico científico PNAS, da Academia Nacional de Ciências Americana, nesta segunda-feira, mostra que esse senso de justiça também é compartilhado por nossos parentes evolutivos mais próximos: os chimpanzés.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Chimpanzees play the ultimatum game

Onde foi divulgada: revista PNAS

Quem fez:Darby Proctora, Rebecca A. Williamson, Frans B. M. de Waal e Sarah F. Brosnana

Instituição: Universidade Emory, Estados Unidos

Dados de amostragem: Seis chimpanzés, separados em duplas, que participaram do jogo do ultimato. Nele, um dos macacos deveria decidir como dividiria uma recompensa.

Resultado: Quando o segundo macaco podia recusar a distribuição da recompensa, as divisões costumavam ser mais igualitárias. O resultado foi semelhante ao teste realizado com bebês humanos – e semelhante a pesquisa anteriores com adultos.
Para analisar como as pessoas se comportam na divisão de recompensas, cientistas e economistas costumam usar dois experimentos: o jogo do ultimato e o jogo do ditador. Ambos precisam de dois participantes, que têm de decidir como vão dividir certa quantia de dinheiro. No jogo do ultimato, o primeiro participante tem de escolher como a recompensa será compartilhada, e o outro pode aceitar ou não a divisão. Se ele recusar, ninguém ganha valor nenhum. O jogo do ditador funciona de modo parecido, mas o segundo jogador não tem poder para recusar a oferta do primeiro.
As respostas variam de cultura para cultura, mas, no geral, os participantes dos dois jogos costumam abrir mão de seus interesses próprios para realizar uma divisão mais igualitária do dinheiro. Nas sociedades ocidentais, por exemplo, os participantes dos jogos do ultimato costumam oferecer 50% da quantia ao parceiro. No jogo do ditador, a quantia oferecida não é tão grande, mas ainda assim é maior do que se a decisão tivesse sido guiada por interesses puramente egoístas.







Segundo os pesquisadores, dois fatores poderiam explicar esse comportamento. Primeiro, os humanos podem estar preocupados com o bem-estar dos outros e são capazes de agir de maneira altruísta. Em segundo lugar, eles são capazes de antecipar a recusa de distribuições desiguais, e fazem ofertas maiores para garantir que serão aceitas. O que permanecia em aberto, até agora, era como outros primatas respondiam a esse tipo de situação.
Justiça primata – Para saber se os chimpanzés seriam capazes de dividir um prêmio de maneira justa, uma equipe de pesquisadores coordenada pelo famoso primatologista Frans de Waal, da Universidade Emory, em Atlanta, no estado da Geórgia (EUA), adaptou o jogo do ultimato para ser realizado nessa espécie de animal. Na nova versão, dois macacos são colocados em jaulas separadas. O primeiro deve escolher entre duas fichas, que funcionam como dinheiro e podem ser trocadas por seis bananas. Para receber a recompensa, ele deve entregar a ficha para o segundo macaco, que escolhe se a repassa para o pesquisador. Uma das fichas representa um recipiente onde as bananas estão divididas de modo igualitário. Na outra, elas estão dividas em uma proporção de 5 para 1, favorecendo o primeiro macaco.
A pesquisa foi realizada com seis chimpanzés especialmente treinados para participar do jogo. Em nenhuma das vezes o segundo macaco se recusou a entregar a ficha para os pesquisadores. Mesmo assim, na maioria dos experimentos, os chimpanzés escolheram uma distribuição igualitária das bananas. Quando realizaram uma adaptação do jogo do ditador, onde o segundo participante não pode recusar a ficha, as decisões do primeiro macaco foram mais egoístas. Segundo os pesquisadores, isso prova que os macacos haviam compreendido a dinâmica do jogo.
Em seguida, os pesquisadores repetiram o teste em vinte crianças que tinham entre dois e sete anos. O resultado foi semelhante ao dos macacos, com as divisões justas sendo escolhidas mais vezes no jogo do ultimato. Segundo os pesquisadores, isso é muito semelhante ao comportamento visto nos humanos adultos. Apesar de o mecanismo por trás dessas decisões ainda não estar claro, os chimpanzés mostraram a mesma sensibilidade dos seres humanos à distribuição de recompensas. Para os cientistas isso mostra que o senso justiça não é exclusivo da espécie humana, e pode ter uma antiga origem evolutiva. 

Jovens bonobos lidam com suas emoções como as crianças humanas

Comportamento animal

Pesquisa mostra que, como acontece com os seres humanos, os filhotes de bonobo que possuem uma capacidade maior de controlar suas emoções demonstram mais empatia em relação aos outros

bonobo
Empatia primata: um filhote de bonobo abraça e consola um companheiro que perdeu uma briga (Zanna Clay)
Um estudo publicado nesta segunda-feira mostra que o desenvolvimento emocional dos filhotes de bonobo é semelhante ao das crianças humanas. Segundo a pesquisa, realizada pelo primatologista holandês Frans de Waal, os bonobos possuem a mesma tendência humana de aprender a lidar com suas emoções a partir do contato com outros seres de sua espécie — principalmente a mãe —, o que acarreta em um aumento de sua empatia em relação a seus semelhantes. Isso pode significar que o quadro emocional e social humano tem uma origem evolutiva mais antiga do que se pensava.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Development of socio-emotional competence in bonobos

Onde foi divulgada: periódico PNAS

Quem fez: Zanna Clay e Frans de Waal

Instituição: Universidade Emory, EUA

Dados de amostragem: Bonobos filhotes que habitavam um santuário localizado na República Democrática do Congo

Resultado: Os pesquisadores descobriram que os bonobos que eram capazes de lidar com suas próprias emoções também apresentam maior empatia em relação aos outros, oferecendo mais consolo quando eles sofriam
Junto com os chimpanzés, os bonobos (Pan paniscus) são os parentes evolutivos mais próximos dos seres humanos — o DNA de ambas as espécies é 1,3% diferente doHomo sapiens e 0,4% diferente entre si. Ao contrário do chimpanzé, no entanto, o bonobo é um animal extremamente empático e pacífico, não compete por hierarquia e parece mais preocupado em brincar do que se envolver em conflitos. "Isso torna a espécie candidata ideal para comparações psicológicas", diz de Waal. "Qualquer semelhança fundamental entre os seres humanos e os bonobos remonta provavelmente a seu último ancestral comum, que viveu há cerca de seis milhões de anos."
Os pesquisadores realizaram seu estudo em um santuário de bonobos localizado perto de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo. Muitos dos animais são levados após serem resgatados de caçadores ou traficantes e recebem ajuda para se recuperar dos traumas da captura. Alguns poucos bonobos nasceram ali mesmo, filhos de mães resgatadas.
A pesquisa foi realizada a partir de vídeos documentando a vida dos primatas do santuário, o que permitiu aos cientistas medir como eles lidavam com suas próprias emoções de forma cotidiana. Assim, eles conseguiram descobrir que alguns dos filhotes tinham uma capacidade maior de regular seus altos e baixos emocionais, sofrendo por menos tempo após passar por algum tipo de transtorno.
Os pesquisadores documentaram que esses bonobos capazes de controlar suas emoções eram justamente os que demonstravam sentir mais empatia quando algum semelhante estava sofrendo, oferecendo consolos como abraços e beijos. O mesmo se passa entre as crianças humanas: aquelas que possuem uma capacidade maior de lidar com suas próprias emoções reagem mais às emoções alheias e demonstram maior interação social.
Família e sociedade — O santuário bonobo também inclui muitos filhotes órfãos, separados à força de suas famílias por seus captores. Ao chegarem ao local, recebem o cuidado de mães humanas substitutas, que os acompanham durante anos. Quando estão finalmente prontos para interagir com os outros, são transferidos para um recinto arborizado, onde convivem com bonobos de todas as idades.
Esse cuidado, porém, não substitui o da família original. "Em comparação com seus pares criados por suas próprias mães, os órfãos têm maior dificuldade em controlar sua excitação emocional", diz Zanna Clay, pesquisadora da Universidade Emory, nos Estados Unidos, que também participou do estudo. “Esses bonobos costumavam ficar muito mais chateados. Depois de uma briga, gritavam por minutos, enquanto os jovens criados por suas mães superavam a derrota em segundos."


Segundo Frans de Waal, o estudo das emoções animais tem sido um tabu científico, mas é importante por ajudar a descobrir informações valiosas sobre os seres humanos e sua vida em sociedade. "Ao medir a expressão de angústia e excitação dos grandes primatas, e como eles lidam com isso, nós fomos capazes de confirmar que a regulação da emoção é uma parte essencial da empatia. É a empatia que permite, tanto aos humanos quanto aos grandes primatas, lidar com o sofrimento alheio."

Agressividade pode ter influenciado a forma da mão humana

Evolução

Pesquisa mostra que o formato das mãos pode ter evoluído para potencializar a força dos socos

Formato da mão
O formato da mão humana permite que o polegar seja dobrado sobre as articulações, fornecendo rigidez ao punho e ajudando a proteger a mão de eventuais danos durante o combate (Thinkstock)
O formato das mãos dos seres humanos é um fator de grande importância evolutiva, que permitiu ao homem realizar diversas atividades para garantir sua sobrevivência e perpetuação da espécie. Grande parte dos especialistas atribui a forma da mão humana à necessidade de utilizar ferramentas primitivas e apanhar frutas, por exemplo. Mas uma pesquisa realizada na Universidade de Utah, nos Estados Unidos, sugere outro fator para explicar o formato das mãos: a agressividade. O estudo foi publicado nesta quarta-feira no periódico Journal of Experimental Biology.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Protective buttressing of the human fist and the evolution of hominin hands

Onde foi divulgada: periódico Journal of Experimental Biology

Quem fez: Michael H. Morgan e David R. Carrier

Instituição: Universidade de Utah, nos EUA

Resultado: Os cientistas observaram que a força do golpe com o polegar sobre as juntas é o dobro daquela presente nos golpes executados com o polegar estendido para o lado. Para os pesquisadores, isso ocorre porque o apoio do polegar possibilita um direcionamento maior do impulso em um alvo específico.
Os autores do estudo admitem que a destreza manual é um motivador na evolução da mão, mas argumentam que a violência também tem seu papel nesse processo. "Há pessoas que não gostam desta ideia, mas está claro que, em comparação com outros mamíferos, os grandes símios são um grupo relativamente agressivo, com muita luta e violência, e isto nos inclui", afirmou David Carrier, que promove a nova teoria juntamente com o colega Michael Morgan.
A principal diferença entre as mãos humanas e as dos chimpanzés, os primatas evolutivamente mais próximos do homem, é que esses animais têm palmas e dedos mais longos, enquanto a configuração mais robusta da mão humana permite que o polegar seja dobrado sobre as articulações, fornecendo rigidez ao punho e ajudando a proteger a mão de eventuais danos durante o combate.
Potência do golpe - Os pesquisadores pediram a lutadores de artes marciais para alternar socos e tapas em um saco de pancadas e mediram a força dos 



golpes. Ao contrário do que eles esperavam, o soco não apresentou mais força do que o tapa.
Os cientistas pediram então aos mesmos voluntários que executassem golpes com o polegar estendido para o lado ou afastado dos demais dedos por um dispositivo denominado transdutor de força. Dessa forma, eles observaram que a força do golpe com o polegar sobre as juntas era o dobro daquela presente nos golpes executados com o polegar afastado.
Para os pesquisadores, isso ocorre porque o apoio do polegar possibilita um direcionamento maior do impulso em um alvo específico. Além disso, ter um polegar como sustentação significa que a junta da articulação é quatro vezes mais rígida, protegendo os delicados ossos das mãos e ligamentos de lesões.
 
(Com Agência France-Presse)

Fóssil ajuda a desvendar a evolução da mão humana

Antropologia

Descoberta é a mais antiga evidência de uma estrutura de mão semelhante à do homem moderno

Fóssil: imagem mostra onde o osso descoberto pelos pesquisadores se localiza na mão
Fóssil: imagem mostra onde o osso descoberto pelos pesquisadores se localiza na mão (Universidade de Missouri)
A anatomia das mãos do homem o difere dos demais primatas, uma vez que ela possibilita o manuseio de ferramentas. O momento em que essa característica apareceu pela primeira vez durante a evolução humana ainda não foi identificado, mas uma nova descoberta pode ajudar a preencher essa lacuna.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Early Pleistocene third metacarpal from Kenya and the evolution of modern human-like hand morphology

Onde foi divulgada: periódico PNAS

Quem fez: Carol V. Ward, Matthew W. Tocheri, J. Michael Plavcan, Francis H. Brown e Fredrick Kyalo Manthi

Instituição: Universidade de Missouri, nos Estados Unidos, e outras

Resultado: Os pesquisadores encontraram a evidência mais antiga de uma mão humana com a anatomia semelhante à atual. Essa característica facilitou a manipulação de ferramentas
Uma equipe internacional de pesquisadores encontrou um osso da mão de um ancestral humano que habitava o Leste da África há aproximadamente 1.42 milhão de anos. A descoberta é a mais antiga evidência de uma estrutura da mão semelhante à do homem moderno, indicando que essa característica já existia mais de meio milhão de anos antes do que se pensava. A pesquisa foi publicada nesta segunda-feira, no periódico PNAS.
O fóssil, encontrado no Quênia, é o terceiro metacarpo, osso que faz a conexão entre o pulso e o dedo do meio. "O que torna este osso tão notável é a presença de uma formação estiloide, uma pequena projeção que o conecta ao pulso", explica Carol Ward, professora de Patologia e Ciências Anatômicas da Universidade de Missouri, nos Estados Unidos, e principal autora do estudo.
Precisão – Por ser mais pontudo, esse osso se prende melhor ao pulso, permitindo que uma pressão maior seja aplicada à mão. Os autores notaram que a falta da formação estiloide criou desafios para os primatas e humanos ancestrais durante o manuseio de ferramentas, além de aumentar as chances da ocorrência de artrite. "A formação estiloide reflete uma destreza que permitiu às espécies humanas segurar e manipular objetos com força e precisão, coisas que seus ancestrais não podiam fazer", afirma Carol.
Para a pesquisadora, a descoberta preenche uma lacuna na história evolutiva humana. Ela ainda não sabe se esse fóssil representa a primeira aparição da mão moderna na história, mas acredita que sua origem não esteja muito distante disso, uma vez que os fósseis humanos com 1.8 milhão de anos ou mais não apresentam essa característica.

Cidade de São Paulo perde participação no PIB nacional

Pesquisa

PIB dos Municípios 2011, divulgado nesta terça-feira pelo IBGE, expõe concentração da economia nos grandes centros e retrata os efeitos da alta do petróleo, que beneficiou regiões produtoras e prejudicou cidades com instalações de refino

Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
Avenida Paulista, São Paulo
Avenida Paulista, São Paulo (Mario Rodrigues)
A concentração de riqueza nas seis cidades brasileiras com maior participação na economia manteve-se estável em 2011, como mostra o PIB dos Municípios, apresentado nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar disso, no período analisado foi confirmada a trajetória de decadência, retomada em 2009, da participação da capital paulista no PIB nacional – resultado também do recuo da indústria no total de riquezas produzidas no país. São Paulo mantém-se na liderança entre os municípios, com 11,5% de participação no PIB nacional – 0,3 ponto percentual a menos que em 2010. A capital paulista gerou 477.005.597.205,00 de reais em riquezas em 2011.
O retrato do desempenho dos municípios não escapa da realidade global que demarcou o potencial de crescimento brasileiro em 2011. Neste ano, o PIB nacional desacelerou, com alta de apenas 2,7%, depois de avançar 7,5% em 2010. A perda de força foi reflexo da demora do governo federal em se adaptar a um agravamento da crise europeia, que prejudicou o cenário para exportações, enquanto o BC mantinha os juros em alta - até setembro - para tentar segurar a inflação.
Com exceção de algumas regiões agrícolas e de bolsões de prosperidade impulsionados por atividades extrativistas – em especial cidades com instalações petrolíferas –, a produção de riqueza no Brasil ainda aparece concentrada nos grandes centros, apesar de ter ocorrido um processo de desconcentração nos últimos anos. Em 2007, os 10% maiores PIBs municipais geraram 120,1 vezes mais riquezas do que os 50% menores municípios em produção, mas em 2011 essa superioridade foi de 115,3 vezes. Ainda assim, os seis maiores municípios em participação no PIB nacional foram responsáveis por aproximadamente 24,5% de toda a renda produzida no país, em regiões que, somadas, abrigam 13,7% da população brasileira, enquanto essas mesmas cidades geraram 25,3% das riquezas do país em 2007.
Depois de São Paulo, estão Rio de Janeiro (5,1% de participação no PIB nacional), Brasília (4%), Curitiba (1,4%), Belo Horizonte (1,3%) e Manaus (1,2%). Como se observa, as seis maiores participações estão nas capitais. No entanto, se considerado o conjunto, o grupo de 27 capitais teve a menor responsabilidade pela geração de riqueza nacional desde 1999. Naquele ano, responderam por 39,67% do PIB nacional e essa fatia caiu para 33,69% em 2011.
A redução da participação de São Paulo no total do PIB nacional se explica por alguns fatores atrelados ao cenário econômico global e a aspectos específicos da região. De forma geral, o comércio na região expandiu-se menos que em cidades vizinhas, onde houve um incremento acentuado de atividade econômica. Ainda assim, nacionalmente foi um ano em que os serviços cresceram menos do que o setor agrícola e a indústria extrativa mineral. Coordenadora da pesquisa PIB dos Municípios 2011, a pesquisadora Sheila Zani lembra que, após a inauguração do trecho Sul do Rodoanel em 2010, aumentaram os investimentos em centros de distribuição nos municípios da Região Metropolitana de São Paulo, o que tirou espaço de crescimento da capital. 
"O setor de serviços cresceu pouco no país em 2011, sendo que o comércio cresceu mais nos municípios vizinhos da capital paulista", afirmou Sheila, coordenadora do PIB dos Municípios.
Com área livre cada vez mais exígua para novos investimentos, é também esperado que a cidade de São Paulo tenha menos potencial de expansão. "São Paulo vive um processo de exaustão. É natural para uma sede de Região Metropolitana", afirma Alexandre Mattos, diretor da consultoria Macroplan.
Além das capitais, onze municípios destacaram-se por gerarem individualmente mais de 0,5% do PIB, contribuindo para 8,7% da renda do país. O IBGE destaca, nesses locais, “grande integração entre indústria e serviços”. São eles: Guarulhos (SP), com 1% de participação no PIB nacional; Campinas (SP), 1%; Osasco (SP), 0,9%, Campos dos Goytacazes (RJ), 0,9%; São Bernardo do Campo (SP), 0,9%; Barueri (SP), 0,8%; Santos (SP), 0,8%; Betim (MG), 0,7%; Duque de Caxias (RJ) e São José dos Campos (SP), que individualmente contribuíram com 0,6%; e Jundiaí (SP), 0,5%.
O IBGE também destacou as maiores variações entre os municípios que produziam pelo menos 0,5% do PIB nacional. Campos dos Goytacazes (RJ), que passou de 0,7% para 0,9% entre 2010 e 2011, foi beneficiada pelos altos preços do petróleo, que motivaram maiores lucros para a região, ainda que nem todos tenham sido convertidos em renda para a população local. A mesma cotação elevada do óleo prejudicou Betim, em Minas Gerais: com o aumento dos custos para o refino dos derivados do petróleo, a cidade desceu de 0,8% para 0,7% de participação no PIB nacional. Segundo o estudo, o baixo crescimento da indústria automotiva também afetou o desempenho do município mineiro.
As regiões Norte e Nordeste exibem um retrato especial da desigualdade entre os municípios. Em diversos estados, atividades ligadas ao setor público são a principal fonte de geração de riqueza. De acordo com o IBGE, 1.976 municípios, ou 35,5% de todas as cidades do país, tinham mais do que um terço da economia dependente do Estado, seja por transferências assistenciais, carreiras de saúde e educação ou aposentadorias. 
Em Roraima, todos os quinze municípios tinham mais de 33% da riqueza gerada pelo setor público. No Amapá, 93,8% dos municípios eram dependentes do Estado, mesmo porcentual que a Paraíba. A lista de estados com mais de 80% das cidades nesse nível de dependência era seguida por Piauí (88,8% dos municípios), Rio Grande do Norte (83,8%) e Pernambuco (80%). "Essas são regiões com economia fraca, que vivem de transferências e apresentam dificuldades para atrair investimentos", explica Mattos, da Macroplan.

Após manobra do governo, Congresso aprova Orçamento de 2014

Legislativo

Peça orçamentária prevê salário mínimo de R$ 724 e só foi viabilizada após liberação de bônus de R$ 2 milhões a deputados e senadores para emendas

Marcela Mattos, de Brasília
Sessão plenária do Congresso Nacional para aprovação do Orçamento de 2014
Sessão plenária do Congresso Nacional para aprovação do Orçamento de 2014 (Luis Macedo/Câmara dos Deputados)
O Congresso Nacional aprovou na madrugada desta quarta-feira a peça orçamentária para 2014, com previsão do salário mínimo no valor de 724 reais – aumento de 6,6% em relação ao mínimo atual. A proposta ainda estipula o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 3,8% e a inflação medida pelo Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5,8%. O texto segue para o crivo da presidente Dilma Rousseff, que tem até o próximo dia 31 para sancioná-lo e, assim, poder aplicar as previsões no próximo ano.
Ao longo de todo o dia, o governo teve de articular para viabilizar a votação da matéria – o que provocou uma sequência de adiamentos da análise do texto na Comissão Mista de Orçamento. Diante de um cenário desfavorável, o Planalto negociou a liberação ainda neste ano de umbônus de 2 milhões de reais para deputados e senadores integrantes da comissão, líderes partidários e presidentes de comissões. A barganha foi alvo de críticas de parlamentares, que exaltaram que em 2014, com a aplicação do Orçamento Impositivo, esse tipo de negociação não acontecerá mais.
O governo já havia cedido anteriormente em troca da votação da proposta orçamentária, quando firmou um acordo com o Congresso Nacional de não vetar dispositivo da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que cria o Orçamento Impositivo – uma das principais bandeiras do presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que torna obrigatória a liberação dos recursos previstos para as emendas parlamentares. Atualmente, a execução do montante, que no próximo ano será em torno de 14 milhões de reais para cada deputado e senador, é feita a conta-gotas, conforme a vontade do governo. O recurso é investido nas bases eleitorais dos parlamentares em obras de infraestrutura.
Previsões – Para o Orçamento de 2014, os parlamentares aprovaram uma ampliação de 100 milhões de reais nos recursos do Fundo Partidário – dinheiro público usado para custear as despesas de um partido político. Em ano eleitoral, a previsão é de 364 milhões abasteçam o fundo, que é repartido entre todas as 33 legendas brasileiras de acordo com o tamanho das bancadas eleitas para a Câmara dos Deputados com base nas eleições anteriores. O principal beneficiado com o incremento será o PT – detentor da maior bancada na Casa. 
O relatório final do Orçamento prevê para 2014 uma receita total de 2,488 trilhões de reais, dos quais 654,7 bilhões são direcionados para o refinanciamento da dívida pública. O texto ainda estipula uma menor revisão de receitas em relação aos anos anteriores: 12,1 bilhões para 2014, 10 bilhões a menos em relação ao ano anterior.  
O Orçamento também calcula o superávit primário do setor público de 167,3 bilhões de reais em 2014, com hipótese de abater 58 bilhões de reais relativos ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a desonerações tributárias.
Para o Ministério da Saúde está programada uma reserva financeira de 106 bilhões de reais. Já para a pasta da Educação está prevista a aplicação de 82,3 bilhões, a serem investidos no custeio da manutenção e do desenvolvimento do ensino.
PAC – Para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – uma das principais vitrines do governo petista – está prevista a destinação de 62 bilhões de reais. Esse valor já inclui o abate final de cerca de 1 bilhão ao programa, comandado por parlamentares integrantes da CMO. O recurso cortado foi injetado em emendas parlamentares. 
Os parlamentares seguiram parte da recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU) e decidiram paralisar duas das seis obras consideradas irregulares pelo tribunal. São elas a que prevê o esgotamento sanitário em Pilar (AL) e o controle de enchentes do Rio Poty, em Teresina (PI).
Já em relação aos outros empreendimentos, o relatório final avalia que a paralisação seria mais danosa à sociedade e à administração pública do que a sua continuidade, e por isso decide manter a destinação orçamentária. São eles a construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste – Caetité, em Barreiras (BA), a implantação e pavimentação na BR-448, no Rio Grande do Sul, a construção de ponte sobre o Rio Araguaia na Rodovia BR-153, em Tocantins, e a Vila Olímpica de Parnaíba (PI).