terça-feira 24 2015

Presos da Lava Jato são transferidos para presídio


Fernando Baiano e Gérson de Mello Almada não acompanharam o grupo porque ainda têm audiências marcadas para os próximos dias

Presos da Operação Lava Jato, deixam a sede da PF e seguem para o Complexo Médico Penal do Estado, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba - 24/03/2015
Presos da Operação Lava Jato, deixam a sede da PF e seguem para o Complexo Médico Penal do Estado, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba(Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Folhapress)
Dez executivos presos na Operação Lava Jato que estavam na carceragem da Polícia Federal em Curitiba foram transferidos nesta terça-feira para Complexo-Médico Penal, em Pinhais. Na penitenciária, o grupo ficará em uma ala separada dos demais presos, poderá assistir TV e ouvir rádio, além de tomar banho de sol por uma hora todos os dias. No presídio, o banho é frio.
A transferência foi autorizada na segunda-feira pelo juiz federal Sérgio Moro, após solicitação da Polícia Federal. Dos doze presos que constam no despacho de Moro, dez foram transferidos. O empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, e o empreiteiro Gérson de Mello Almada foram mantidos na carceragem da PF porque ainda devem prestar depoimentos entre esta terça e quinta-feira.
Nas celas do presídio não há chuveiro individual, ou seja, o banho é coletivo. O vaso sanitário é o chamado 'boi', um buraco no chão - o preso tem que ficar de cócoras, sentado sobre os calcanhares.
Segundo a PF, as celas do complexo são "no mínimo 80% maiores" que as mais amplas celas da Superintendência da PF na capital paranaense. As visitas podem ser realizadas às sexta feiras, "no período vespertino, no pátio do complexo".
O pátio onde os prisioneiros da Lava Jato poderão receber seus familiares "é local amplo, aberto, com mesas e bancos", segundo relatório da PF. Pelas regras da nova casa dos réus da investigação sobre esquema de corrupção e propinas na Petrobras, a visita dos advogados pode ocorrer a qualquer dia da semana.
(Com Estadão Conteúdo)

Empresário entrega recibos da propina paga ao PT


Augusto Mendonça Neto, sócio do grupo Toyo Setal, entregou comprovantes de doações partidárias que ocultavam suborno. Ele repassou 4,2 milhões de reais ao partido


Recibo de doação PEM Engenharia Ltda ao Partido dos Trabalhadores em 2010
Recibo de doação PEM Engenharia Ltda, uma das empresas de Augusto Mendonça Neto, ao Partido dos Trabalhadores em 2010(VEJA.com/Reprodução)
Comprovantes de transferências bancárias e recibos de doações eleitorais são algumas das provas do Ministério Público para demonstrar como o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, cobrou propina de fornecedores da Petrobras. O suborno era liberado na forma de contribuições partidárias, como revelou o empresário Augusto Mendonça Neto, sócio do grupo Toyo Setal. Com base no depoimento de Mendonça Neto, que fechou acordo de delação premiada, o Ministério Público sustenta que o empresário e comparsas desviavam dinheiro da Petrobras para contas bancárias do PT, com a cobrança e o conhecimento do tesoureiro do partido.
Mendonça Neto apresentou à Justiça recibos e comprovantes de pagamentos como prova. Apenas o empresário fez 4,2 milhões de reais em doações que, na verdade, eram oriundos do propinoduto da Petrobras. Foram 24 repasses por empresas controladas por ele em dezoito meses, no período de 2008 a 2012. Por exigência do acordo de delação premiada fechado com o Ministério Público, o empresário entregou aos investigadores os recebos dos pagamentos.

"O próprio Augusto Mendonça, em colaboração premiada, declarou que teria feito as doações em questão por solicitação de Renato Duque e que elas comporiam o acerto de propina com a Diretoria de Serviços", afirmou o juiz Sérgio Moro na decisão em que tornou Vaccari e outras 26 pessoas réus em ação penal por desvio de recursos da Diretoria de Serviços da Petrobras. "Portanto, a realização de doações eleitorais, ainda que registradas, com recursos provenientes de crime, configura, em tese, crime de lavagem de dinheiro", acrescentou Moro.
Os documentos foram anexados na segunda-feira passada à denúncia apresentada à 13ª Vara Federal do Paraná, contra Vaccari e outras 26 pessoas envolvidas no esquema de corrupção em contratos da Diretoria de Serviços da Petrobras. Nos recibos, é possível ver a assinatura de Ângela Silva, da Secretaria Nacional de Finanças do PT.
Não foi só a Toyo Setal que pagou propina na forma de doações ao PT. De acordo com o vice-presidente da construtora Camargo Corrêa, Eduardo Leite, a empresa também foi cobrada a pagar mais de 10 milhões de reais ao PT. O PP também recebia parte da propina na forma de doações oficiais, de acordo com o doleiro Alberto Youssef. Mesmo sem ocupar nenhum cargo no partido, Youssef chegava a cobrar executivos da Queiroz Galvão, por exemplo, a efetivar doações para o partido.
O juiz cobrou do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que apresente, se possível em 15 dias, informações sobre doações feitas pelas empresas de Augusto Mendonça Neto (Setal Óleo e Gás, Setec, Projetec, Tipuana, PEM Engenharia e Energex).