terça-feira 24 2012

Relator da CPI do Cachoeira diz que investigará 'doa a quem doer'

Odair Cunha (PT-MG) foi indicado pela bancada do PT na Câmara.
Deputado afirmou que não é possível controlar alvos de investigação.

Marcelo Parreira e Nathalia Passarinho Do G1, em Brasília
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O deputado Odair Cunha (PT-MG), indicado para a relatoria da CPI que investigará as ligações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos e empresas, disse nesta terça-feira (24) não ser possível controlar os alvos da investigação que será realizada pela comissão. O nome dele foi indicado mais cedo pela bancada do PT na Câmara, e deve ser oficializado em sessão do Congresso na noite desta terça.
"Nós temos que analisar o que realmente existir de provas, de indícios, e a partir dessas provas ou indícios, produzir uma investigação que pode atingir A ou B. Essa é uma questão que nós não temos controle", afirmou o petista antes de reunião com o líder do PT, Jilmar Tatto. "A partir dos indícios, produziremos uma investigação doa a quem doer", afirmou ainda.

Advogado, Cunha cumpre o terceiro mandato consecutivo como deputado é o vice-líder do governo na Câmara. Cunha é considerado próximo ao Palácio do Planalto, e principalmente da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
O deputado minimiza, no entanto, a relação e diz que não haverá qualquer tipo de blindagem ao governo na CPI. "Não há contradição entre o PT e o governo. Todos os assuntos que têm a ver com o fato determinado na CPI serão analisados por nós com tranquilidade", afirmou.
O deputado não quis adiantar os primeiros passos que tomará na CPI, alegando que a discussão precisa ser feita no âmbito da comissão e com os demais integrantes. Ele não descartou, no entanto, a quebra de sigilo de envolvidos com o bicheiro.
"Nós vamos estabelecer um roteiro de trabalho, vamos analisar o que existe a disposição nossa na CPMI, e a partir daí tomar as medidas adequadas. Pode ser inclusive que a gente chegue a pedir quebra de sigilo, mas é uma coisa que nós vamos analisar ao seu tempo."
http://g1.globo.com/politica/noticia/2012/04/relator-da-cpi-do-cachoeira-diz-que-investigara-doa-quem-doer.html 

Sem consenso na base aliada, Código Florestal será votado na Câmara

PT e PMDB discordam sobre texto final, que pode anistiar desmatadores.
Ainda pela manhã, ministros e líderes se reúnem para tentar alternativa.

Do G1, em Brasília
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A Câmara dos Deputados deve colocar em votação na tarde desta terça-feira (24) a proposta da reforma do Código Florestal sem que haja consenso dentro da base aliada, rachada entre PT e PMDB. O principal impasse no texto final, relatado pelo deputado Paulo Piau (PMDB-MG), está na ausência de regras fixas para a recomposição de Áreas de Preservação Permanente (APPs) desmatadas em beiras de rio. Por causa da polêmica, não está descartada a votação na quarta (25).
O governo quer que a nova lei mantenha regras aprovadas no Senado, que exige dos produtores recompor matas ciliares, numa faixa que varia de 15 metros a 100 metros ao longo das margens, dependendo da largura do rio. Tal regra foi eliminada do texto por pressão da bancada ruralista. O governo considera que isso poderá resultar em anistia, já que os critérios poderão só ser definidos posteriormente pelos estados.
Ainda durante a manhã desta terça, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, faz nova reunião com líderes da base aliada e com os ministros do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e da Agricultura, Mendes Ribeiro, para negociar alternativas ao texto de Piau.
Arte Código Florestal atualizada 24/04/12 (Foto: Editoria de Arte / G1)
Na tarde desta segunda, ainda sem acordo, o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), afirmou que não tentará adiar a votação do projeto, mesmo que não consiga construir um acordo em torno do texto. A data foi acertada com a oposição e a base aliada no mês passado para agilizar a votação da Lei Geral da Copa, que estava emperrada na Casa.
"Nós não vamos pedir para não votar. Vamos trabalhar para discutir o conteúdo e vamos defender uma posição. A posição é que seja aprovado na Câmara o que foi aprovado no Senado", afirmou Chinaglia.
O líder do PT, Jilmar Tatto (SP), que criticou duramente o texto, disse que o partido não cederá. "O governo tem maioria aqui na Casa, então não vai ter derrota. Nós vamos ganhar", afirmou. Segundo ele, "está havendo uma construção coletiva entre os partidos" que deve permitir a aprovação do texto do Senado.
Em maio do ano passado, na primeira votação no plenário da Câmara, a bancada ruralista impôs derrota ao governo. O texto aprovado pela Casa abria caminho para a anistia de pequenos produtores que desmataram áreas de preservação permanente (APPs) e dava aos estados autonomia para regulamentar produções em APPs. O texto seguiu para o Senado, onde foi modificado para prever maiores garantias de proteção ambiental.
http://g1.globo.com/politica/noticia/2012/04/sem-consenso-na-base-aliada-codigo-florestal-sera-votado-na-camara.html 

KURT COBAIN



Foto da capa tirada no Crocodile Cafe (Seattle) - Outono de 1992

A vida de Kurt Cobain contada através dos seus objectos e fotografias (cortesia Courtney Love), incluindo réplicas de bens tão preciosos como o manuscrito de "Smells Like Teen Spirits" ou os primeiros autocolantes (manufacturados) dos Nirvana. Inclui um CD de "spoken word" com Cobain em registo livre.
Autor: Charles C. Cross
Little, Brown & Company
Por: Blitz de Dezembro 2008.


Guitarra autografada de Kurt Cobain no Hard Rock Cafe de Manchester, Reino Unido.


 O banco no Viretta Park tornou-se um memorial a Cobain.

 Em 2005, um sinal foi colocado em Aberdeen, Washington onde se lê "Welcome to Aberdeen - Come As You Are" como um tributo a Cobain.

Kurt Cobain tocando com o Nirvana em 1992 no MTV Video Music Awards.
Informação geral
Nome completo Kurt Donald Cobain
Apelido Kurt
Nascimento 20 de fevereiro de 1967
Local de nascimento Aberdeen, Washington
 Estados Unidos
Data de morte 5 de abril de 1994 (27 anos)
Local de morte Seattle, Washington
 Estados Unidos
Gêneros Grunge e rock alternativo
Ocupação Músico, compositor
Instrumentos Vocal, guitarra, guitarra acustica
Modelos de instrumentos Fender Stratocaster
Fender Mustang

Fender Jaguar

Fender Jag-Stang

Univox Hi-Flyer

Martin D-18E
Período em atividade 1987 – 1994
Gravadora(s) Sub Pop, DGC/Geffen
Afiliações Nirvana, Fecal Matter

Assustado, PT define relator só hoje; Lula já deu ordem: não é para investigar crime nenhum. ele só quer a CPI para atacar a oposição e a imprensa

24/04/2012 às 6:05
Curiosamente ou nem tanto, o PT se mostrou o partido mais indeciso na indicação dos nomes para compor a CPI do Cachoeira. O partido terá a relatoria da comissão e deve definir só hoje o nome, depois de reunião com o ex-presidente Lula. O Apedeuta estará em Brasília para o lançamento de mais um filme sobre a era da mistificação petista (trato do assunto em outro post) e vai bater o martelo sobre a estratégia do partido na comissão. Ou por outra: Lula assume o lugar de Dilma. Dados os riscos que o governo também corre, deveria ser ela a conduzir o processo.
Lula já deixou claro o que quer. O papel dos petistas na CPI não é investigar coisa nenhuma — até porque a investigação a fundo não interessa ao PT. A obrigação que ele impôs ao partido é dar um jeito de incriminar a oposição, livrar a cara dos companheiros e do governo e, muito importante!, atacar a imprensa por seu suposto conluio com o esquema Cachoeira, que teria levado à denúncia do mensalão. Ele sabe que se trata de uma versão fraudulenta, mas está acostumado. Essa mentira é irmã gêmea da outra, aquela segundo a qual nunca existiu mensalão. Ou por outra: Lula quer é chicana. Assim subiu na vida e se tornou o homem mais poderoso da República. Tarde demais para mudar. Vai conseguir? Não sei!
Brasília está tensa. O diz-que-diz-que é frenético. A indústria de vazamentos continua em operação. Ora mira de um lado, ora mira de outro. Por enquanto, o chamado jornalismo investigativo se concentra nos recortes de diálogos que vão sendo vazados, mas começou a corrida por informações que estejam fora dessa área de controle. Todos os reportes sabem que Cachoeira é, por exemplo, um homem meticuloso e costuma documentar as conversas que mantém com políticos e seus prepostos. Aquela fita em que aparece acertando uma segunda doação de R$ 100 mil ao deputado petista Rubens Otoni (PT-GO), então candidato à Prefeitura de Anápolis, é da lavra, nota-se pela posição da câmera, dos “Estúdios Cachoeira de Artes Visuais”. Sabem como é… Quem grava conversa com peixinho também grava com peixão.
Outra suposição, que muita gente dá como certa, é a de que é praticamente impossível que um esquema tão azeitado e com tantas ramificações tenha ficado fora da eleição presidencial. Cachoeira, bom jogador — especialista nessa área —, não é do tipo que faz apostas para perder. No seu ramo de negócios, é preciso ganhar sempre. Outra fonte gigantesca de preocupação é a Delta, cuja idoneidade o governo conhecia desde 2010, quando a Controladoria Geral da União e a PF descobriram uma série de pilantragens no Ceará. Mesmo assim, depois daquilo tudo, o governo fechou novos contratos de quase R$ 800 milhões com a empresa. Há quem esteja convencido de que a Delta era usada para fazer acertos com políticos nos Estados, sim, mas especialmente no governo federal. Seria, nessa hipótese, um valerioduto ampliado e mais sofisticado.
Jornalistas habituados à investigação também se esforçam para ter acesso aos documentos da Operação Las Vegas. Dela pouco se sabe. Mas há quem assegure que ali já estavam evidências cabeludas de muita falcatrua agora descoberta pela Monte Carlo. Naquela investigação haveria evidências incontestes do ecumenismo cachoeirístico no que respeita a partidos, Poderes da República e políticos. Cachoeira, aliás, começa a ser visto também como um representante de categoria, entenderam? Ele seria, assim, um líder de classe da contravenção espalhada Brasil afora, quase um porta-voz, um chefe de sindicato. Não está sozinho; é uma legião. E isso significaria estar em permanente contato com as células do jogo Brasil, com sua enorme capacidade de comprar consciências.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/assustado-pt-define-relator-so-hoje-lula-ja-deu-ordem-nao-e-para-investigar-crime-nenhum-ele-so-quer-a-cpi-para-atacar-a-oposicao-e-a-imprensa/ 

O jovem guia sua carreira por um propósito e por prazer'

A presidente da agência de recrutamento Cia. de Talentos fala de dúvidas que atormentam novos profissionais no mercado de trabalho. E como fugir delas

Nathalia Goulart
Sofia Esteves, psicóloga e sócia-diretora da Cia. de Talentos, profissional especializada em orientação de carreira e recrutamento de trainees Sofia Esteves, psicóloga e sócia-diretora da Cia. de Talentos, profissional especializada em orientação de carreira e recrutamento de trainees (Daniela Toviansky)
Há quase três décadas, a consultora de recursos humanos Sofia Esteves trabalha com jovens em início de carreira. Sua missão é ajudá-los a identificar os melhores caminhos para ingressar no mercado de trabalho. Sua experiência a levou à especialização na chamada geração Y, jovens nascidos entre as décadas de 1980 e 1990, inquietos e capazes de desenvolver várias tarefas simultaneamente, fruto da era digital em que cresceram e do consequente acesso quase irrestrito à informação. "Estamos falando aqui de um jovem que é guiado por propósito e prazer", diz Sofia. Profissionalmente, porém, eles são indecisos, têm dificuldade em encontrar um curso e em fazer parte de empresas que ainda não se adaptaram à nova realidade. "Existem hoje mais de 22.000 cursos à disposição e o jovem sente dificuldade em escolher aquele com o qual se identifica de verdade. O que acontece na prática é que essa é uma geração que aprende pela tentativa e erro." O remédio, diz Sofia, é o autoconhecimento. "Tudo o que o jovem puder fazer para se conhecer melhor é válido, encurta caminhos." Sofia colocará todo o seu know-how agora à disposição de jovens talentos. Ela é parceira do Prêmio Jovens Inspiradores, iniciativa de VEJA.com e da Fundação Estudar que vai selecionar estudantes ou recém-formados com espírito de liderança e compromisso permanente com a busca da excelência: os vencedores ganharão iPads, bolsas de estudo no exterior e um ano de orientação profissional com nomes de destaque do meio empresarial e político (mentoring). As inscrições no Prêmio se encerram neste domingo. Confira a entrevista que Sofia concedeu ao site de VEJA.

Quais as características da geração Y? Estamos falando aqui de um jovem que é guiado por propósito e prazer. Ele precisa se identificar com algo para poder se dedicar verdadeiramente a ele. Profissionalmente, isso gera um impasse, porque ele está exposto a um volume muito grande de oportunidades. Existem hoje mais de 22.000 cursos à disposição e o jovem sente dificuldade em escolher aquele com o qual se identifica de verdade. O que acontece na prática é que essa é uma geração que aprende pela tentativa e erro: o jovem ingressa em um curso, não gosta e desiste. E assim ele segue até encontrar um que lhe dê prazer. Por outro lado, a geração Y é mais colaborativa e já sabe quais são seus valores e ética. E já está cientificamente comprovado que são mais inteligentes do que as gerações anteriores.
Esses jovens são mais imaturos? Sim. Os pais da geração Y vieram de um ambiente mais repressor e costumaram oferecer tudo aos filhos. Como consequência, os jovens crescem com menos responsabilidade e costumam ter tudo nas mãos. O processo de amadurecimento é postergado.
Como um jovem assim faz para descobrir o que realmente o interessa? Tudo passa pelo autoconhecimento. Tudo o que o jovem puder fazer para se conhecer melhor é válido, encurta caminhos. Sempre recomendo aos jovens que consultem pais, professores e amigos e os questionem quais os talentos são mais salientes em sua personalidade. Identificar a percepção que pessoas próximas têm de nós nos ajuda a perceber quais são nossos traços mais fortes. Aliado a isso, existe um exame de consciência intenso que precisa ser feito. Questionar-se sobre os valores e desejos ajudam a construir um futuro profissional sólido.
Quais são os principais equívocos dos jovens que estão ingressando agora no mercado de trabalho? Eles não têm foco. Eles fecham os olhos e atiram para todos os lados. Com frequência vejo garotos se inscrevendo em 30 processos seletivos de uma única vez. Como os processos costumam ser longos, eles acabam desgastados ou desistem diante dos primeiros obstáculos. Para evitar essa situação, sugiro que antes de se inscrever o jovem faça uma pesquisa criteriosa das empresas. Ele precisa encontrar aquelas que mais têm a ver com ele, com seus valores e objetivos. Sem esse conhecimento, aumentam as chances de frustrações e diminuem as chances de sucesso.
De maneira geral, que perfil profissional as empresas buscam hoje? Elas buscam pessoas com iniciativa, que tenham determinação, capacidade de análise e argumentação. Os candidatos precisam ter sustentação pessoal, saber trabalhar em time e comunicar com clareza. Recentemente realizamos um levantamento sobre os requisitos que mais eliminam candidatos nos processos seletivos. São eles: capacidade de análise e sustentação. Percebemos que os jovens leem cada vez menos e por isso tem dificuldade de fazer uma análise mais profunda dos temas mais variados. Sem essa capacidade, eles não conseguem sustentar seus pontos de vista.
Que tipo de atividade ajuda nesse processo? Recomendo sempre participar de agremiações, organizações estudantis e empresas júnior. Tudo o que puder ser feito nesse sentido é enriquecedor porque ajuda a desenvolver capacidades valorizadas pelo mercado de trabalho. Esportes coletivos também auxiliam bastante. Por fim, indico sempre o envolvimento com trabalho voluntário. Conhecer e se sensibilizar com diferentes realidades é extremamente importante.
O que mudou nos processos seletivos nos últimos anos? Antes, ter cursado uma boa universidade era certificação de sucesso profissional. Um diploma conceituado era como um atestado de inteligência – e isso bastava. As empresas concluíam que, se o candidato tinha tido capacidade de passar em um vestibular difícil, ele era um bom profissional. Mais tarde, elas perceberam que não as coisas funcionavam exatamente dessa forma. Uma pessoa pode ser inteligente, mas se não sabe se comunicar, trabalhar em grupo ou liderar sua inteligência não é muito efetiva no trabalho. Hoje, o que importa são as características comportamentais e os valores pessoais de cada um. Até o inglês, que costumava ser prérrequisito indispensável, hoje já não é mais: inglês se aprende, mas certas habilidades, como iniciativa, não.
As empresas já se adaptaram aos jovens da geração Y? Algumas lidam melhor com eles do que outras. O que as companhias começam a entender agora é que, para atrair os jovens, elas precisam treinar seus gestores para que eles saibam lidar com essa geração. Caso contrário, haverá um choque. Quando as duas partes se dispõem a dialogar e a aprender uma com a outra, as coisas fluem melhor.
Quem são os líderes dessa geração? São gente de carne e osso. Pessoas próximas, que servem de exemplo no dia a dia e não mais aquelas figuras históricas das quais sempre ouvimos falar que mereciam respeito. Muitas vezes, são pessoas que não fizeram nada de extraordinário, mas que exercem bem o papel de gestor. A admiração hoje está mais ligada às figuras que cumprem aquilo que falam, que lideram pelo exemplo. É uma figura palpável, não o mito como costumava ser antigamente.
O Prêmio Jovens Inspiradores pretende revelar novas lideranças para o Brasil. A senhora sente que os profissionais dessa nova geração estão mais preocupados com o país em que vivem? Sem dúvida. Em uma pesquisa recente pedimos para os jovens apontarem em que empresa gostariam de começar a carreira. Quase metade deles citou companhias nacionais. Isso reflete a realidade do Brasil hoje. Há 30 anos, quando comecei a trabalhar com programas de trainee, o maior sonho dos jovem brasileiro era ter uma carreira no exterior. Eles queriam passagem de ida sem data para voltar. Hoje, eles querem experiência internacional, mas já não estão mais dispostos a abrir mão de viver em seu país. Eles vão para fora, estudam, trabalham e voltam para construir uma carreira aqui.
http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/o-jovem-guia-sua-carreira-por-um-proposito-e-por-prazer

Em grampo da PF, senador presta contas a Cachoeira

Política

Demóstenes atuou como uma espécie de cobrador a serviço do contraventor

Senador Demóstenes Torres durante sessão Plenária Senador Demóstenes Torres durante sessão Plenária (Iano Andrade/CB/D.A Press)
Mais do que intermediar interesses de Carlinhos Cachoeira, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) atuou como uma espécie de cobrador a serviço do contraventor. Gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo mostram o parlamentar prestando conta de pressões que fez contra o prefeito de Aparecida de Goiânia e o ex-governador de Goiás, Maguito Vilela (PMDB), para que ele começasse a quitar logo compromissos assumidos com Cachoeira.
No registro da PF, Demóstenes diz que o peemedebista prometeu ter "cumprido tudo" e que tentou acalmar o contraventor explicando que "o trem demora a acontecer". Não fica claro se o prefeito se refere a pagamentos ou outros acordos firmados com Cachoeira. O senador ainda ressalta que deixou Maguito "intranquilo" com a conversa.
"Acabei de falar com ele. Ele (disse que) cumpriu tudo e não sei o quê, para você ficar tranquilo, que já vai começar logo. Eu falei: 'o rapaz lá tá uma onça. Vai explodir. Disse que você não fez nada'. Ele disse: 'Não. Eu fiz. É que o trem demora a acontecer' e tal. Deixei ele lá intranquilo", diz Demóstenes a Cachoeira, que, impaciente, desliga o telefone.
Desde dezembro de 2010, o serviço de coleta de lixo e limpeza urbana de Aparecida de Goiânia está sob responsabilidade da Delta Construções. A PF descobriu que Cachoeira atuava para favorecer a construtora – que teve o seu então diretor no Centro-Oeste, Claudio Abreu, denunciado pelo Ministério Público Federal. O contrato para a Delta cuidar do lixo da cidade, assinado na gestão de Maguito, vai render 51,47 milhões de reais à construtora num prazo de cinco anos.
A Delta deve ser um dos alvos de investigação da CPI do Cachoeira, prevista para começar nesta quarta. A assessoria de imprensa de Maguito informou que o prefeito jamais tratou de nenhum assunto relacionado a Cachoeira com Demóstenes.
Em maio de 2009, outra conversa gravada pela PF mostra o senador marcando encontros a serviço de Cachoeira, cujo objetivo era obter uma audiência do então prefeito de Goiânia, Íris Rezende (PMDB), com o ex-governador Maguito Vilela e dois de seus parceiros, identificados como "Enimar" e "professor".
"Fala mestre, onde você está? Tem que ir lá encontrar o Íris", diz Demóstenes a Cachoeira. "Vai lá então e a gente encontra depois. Única coisa que eu quero depois é que você pede (sic) uma audiência para o Enimar (...) Você podia marcar porque o professor, ele podia numa segunda", orienta Cachoeira, acrescentando: "Porque tem que ser conjugado os dois, né? O Maguito e o Íris". Logo depois do encontro com Íris, o senador liga para Cachoeira e presta conta. Os dois, então, combinam um encontro.
Procurado, o advogado de Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Castro, diz que não falaria sobre gravações pontuais. Íris Rezende disse nunca ter tratado da audiência citada no grampo com o senador.
(Com Agência Estado)
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/em-grampo-da-pf-senador-presta-contas-a-cachoeira