domingo 23 2014

Como os vereadores gastam o seu dinheiro





Levantamento do "Estado" analisou todas as notas fiscais apresentadas em 2013; na lista, há gastos com lavagem de BMW, brindes e até papel higiênico

Veja.Com - Alckmin diz que não há necessidade de CPI da Petrobrás se houver boa investigação

Governador é a favor que Polícia Federal investigue compra da refinaria de Pasadena

Elizabeth Lopes e Pedro Venceslau- O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - O Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse neste sábado, 22, durante inauguração de uma estação esgoto em Campos do Jordão (SP), que não há necessidade de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobrás se for realizada uma boa investigação a respeito da compra da refinaria de Pasadena, no Estado norte-americano do Texas.
O governador é o terceiro líder de seu partido a se posicionar contrário à CPI, defendida pelo senador e provável candidato à Presidência da República Aécio Neves (PSDB).
"Se houver uma boa investigação não precisa de CPI", disse Alckmin. "Sou favorável que se faça uma investigação pela Polícia Federal (PF) e por órgãos corregedores", completou. O governador paulista participa hoje do encerramento 58ª edição do Congresso Estadual de Municípios, realizado pela Associação Paulista de Municípios (APM), onde estará ao lado de Aécio.
Ontem, o ex-governador de São Paulo José Serra também se manifestou sobre o tema e disse que em ano eleitoral "não é recomendável instalar uma CPI". Já o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso teme que uma CPI em ano eleitoral acabe sendo partidarizada.
Indagado sobre o esforço que Aécio no Congresso Nacional para instalar a CPI na próxima terça-feira, Alckmin respondeu: "Este é um tema do Congresso Nacional", disse, logo antes de encerrar a entrevista coletiva.

Mercadante liga para líder do PT para dar informações sobre Petrobras


Articulador político da presidente Dilma Rousseff, o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, ligou, na tarde desta quinta-feira (20), para o líder do PT na Câmara dos Deputados, Vicentinho (SP), para municiar o comandante da bancada com informações sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras. O negócio é investigado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por ter gerado prejuízo bilionário à estatal.
Segundo Vicentinho, Mercadante ligou para passar informações sobre o cenário econômico da época e reforçar que a decisão de adquirir a refinaria foi tomada pelo Conselho de Administração da Petrobras por unanimidade.
Ontem, em resposta à reportagem do jornal O Estado de S. Paulo — que divulgou que Dilma, que era presidente do Conselho de Administração da estatal na época, votou a favor da compra —, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência soltou nota para afirmar que a decisão foi tomada com base em um “resumo técnico falho”.
De saída da reunião do diretório nacional do PT em Brasília, o líder do PT não quis adiantar a defesa, porque afirmou que estava sem os dados completos, mas afirmou que as informações prestadas por Mercadante estariam em discurso que vai fazer nesta tarde, na tribuna da Câmara dos Deputados.
Os petistas que saíram da reunião do diretório nacional tentaram usar o discurso de que o caso é antigo – a compra foi em 2006 – e foi ressuscitado agora pela oposição para desgastar a presidente perto da campanha eleitoral. “Essa situação é antiga, mas chegou o período pré-eleitoral e recomeçam os ataques”, disse Vicentinho.
A compra da refinaria é investigada pelo TCU por ter causado prejuízo bilionário à estatal, que comprou 50% da empresa em 2006 por US$ 360 milhões. Um ano antes, a belga Astra Oil tinha adquirido 100% da refinaria por US$ 42,5 milhões. Em 2012 uma cláusula do contrato fez com que a Petrobras tivesse que pagar US$ 1,18 bilhão pelo restante da refinaria.


Fonte: Valor Econômico
http://www.tnpetroleo.com.br/noticia/mercadante-liga-para-lider-do-pt-para-dar-informacoes-sobre-petrobras/

Marido da nova presidente da Petrobras tem 42 contratos com a estatal, 20 deles sem licitação

Por Implicante

petrobras 04 pag Marido da nova presidente da Petrobras tem 42 contratos com a estatal, 20 deles sem licitação
Reportagem da Folha.com (grifos nossos):
Quem conhece as duas de perto costuma dizer que a engenheira Maria das Graças Silva Foster, 58, é um “clone” da presidente Dilma Rousseff. A diretora de Gás e Energia da estatal substituirá José Sergio Gabrielli na presidência da empresa.
Rígida e extremamente exigente, assim como Dilma, Graça, como gosta de ser chamada, tem fama de agressiva no trato com sua equipe. São uma espécie de “criador e criatura”, dizem.
Por causa dessa fama de difícil no trato, no começo do governo Dilma havia na Petrobras uma torcida para que seu destino fosse um ministério em Brasília –ela foi cogitada para a Casa Civil– e não a presidência da estatal, o que se consumou só agora.
Nessa época surgiram as informações de que a empresa do marido de Graça multiplicou os contratos com a Petrobras a partir de 2007, ano em que a engenheira ganhou cargo de direção na estatal.
De 2007 a 2010, a C.Foster, de propriedade de Colin Vaughan Foster, assinou 42 contratos, sendo 20 sem licitação, para fornecer componentes eletrônicos à estatal. Entre 2005 e 2007, apenas um havia sido firmado.
Em nota, a Petrobras informou que não firmou contratos com a empresa de Colin Foster, marido de Graça, mas fez “pequenas compras de componentes”, entre 2005 e 2010. Não informou, no entanto, o valor total das compras.
Segundo a Petrobras, houve dispensa de licitação em 20 delas por terem valores abaixo de R$ 10 mil. Nenhuma das compras, afirma a nota, foi feita por alguma área vinculada à diretoria de Gás e Energia.
PRIMEIRA MULHER
Primeira mulher a ocupar uma diretoria da Petrobras e a ser indicada para assumir a presidência da companhia, Graça Foster é funcionária de carreira. Começou como estagiária em 1978 e ocupou cargos gerenciais na estatal antes do governo Lula (2003-2010).
Mas foi pelas mãos da então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, que, no começo de 2003, trocou o Rio de Janeiro por Brasília e começou a alçar voos maiores na sua trajetória profissional.
A aproximação profissional ocorreu quando Dilma era secretária de Energia do Rio Grande do Sul (1999-2002) e ambas tratavam sobre o gasoduto Bolívia-Brasil. A então secretária queria um ramal adicional do duto para atender ao sul do Estado, mas ouviu um não como resposta da então gerente da estatal.
Nem por isso, a amizade deixou de prosperar. Graça filiou-se ao PT e engajou-se na campanha de Dilma à presidência. Tem três estrelas tatuadas no antebraço esquerdo, duas delas vermelhas.
No período em que Dilma esteve no Ministério de Minas e Energia, Graça Foster foi secretária de Petróleo e Gás. De volta ao Rio de Janeiro, em 2005, dirigiu as subsidiárias Petroquisa e a BR Distribuidora.
Em setembro de 2007, ao sóbrio e desejado 23º andar do Edifício Sede da Petrobras, no centro do Rio de Janeiro, onde estão as salas dos diretores. Agora, só mudará para uma sala mais ampla, a da presidência da maior empresa do país.
(…)

Comentário

A matéria segue descrevendo o estilo “durão”, “intransigente” e “eficaz” de Maria das Graças Foster. Já vimos esse filme antes…

Pearl Jam - Just Breathe (unofficial video)






No berço político de Dilma, PT patina e complica palanque

Eleições 2014

Pesquisas indicam que o governador Tarso Genro (PT) terá dificuldades para buscar a reeleição contra adversários ligados à base de Dilma no plano federal

Laryssa Borges, de Brasília
Dilma Rousseff e Tarso Genro
Dilma Rousseff e Tarso Genro (Tadeu Vilani/RBS/Folhapress)
A sete meses das eleições, a presidente Dilma Rousseff decidiu se dedicar pessoalmente à montagem de palanques regionais para sua candidatura à reeleição. A presença de Dilma à mesa é parte da estratégia da direção do PT para tentar destravar conflitos entre partidos que compõem sua base em Brasília, mas que poderão se enfrentar nas disputas locais. Nas últimas semanas, ao analisar o xadrez eleitoral, conselheiros da presidente chegaram a um diagnóstico nada favorável: Dilma poderá enfrentar dificuldades em seu berço político, o Rio Grande do Sul. Porém, ao contrário dos embates entre aliados pelo país, é o próprio PT quem causará dor de cabeça para Dilma.
Isolado na Assembleia Legislativa gaúcha, onde apenas PTB, PCdoB e o nanico PPL ainda se mantêm fiéis à sua gestão, o governador Tarso Genro (PT) aparece em segundo lugar em pesquisas encomendadas por partidos. Em ambas, é superado pela senadora Ana Amélia Lemos (PP) – 41% a 27% em levantamento feito a pedido do PSB, e 39% a 29% em sondagem realizada pelo PP. 
Tarso anda às turras com os professores da rede estadual, que não recebem o piso nacional do magistério. Em Brasília, a situação tampouco é das mais confortáveis desde que ele passou a liderar uma frente de governadores cobrando um novo indexador para a dívida dos Estados com a União. Mais: é alvo frequente de fogo amigo no PT, que ressalta as declarações de sua filha, a barulhenta ex-deputada Luciana Genro (PSOL), contra o governo Dilma.
Ex-ministro da Justiça e presidente do PT após o estouro do escândalo do mensalão, Tarso não tem a simpatia da ala do PT ligada aos próceres petistas condenados no julgamento feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – o que não chega a ser um mérito. O governador gaúcho já defendeu publicamente a refundação do partido depois do escândalo dos mensaleiros e, antes do veredicto do STF, afirmou que altas autoridades da República deveriam ser levadas para o banco dos réus. As declarações foram mal recebidas pela antiga cúpula petista e até hoje causam retaliações internas de aliados do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
Paralelamente ao enfraquecimento do governador, candidato à reeleição, PP e PMDB, ambos aliados de Dilma na esfera federal, articulam candidaturas próprias, o que deverá fazer do Estado um campo minado para a presidente na campanha. O PP apresentou o nome da senadora Ana Amélia Lemos, enquanto o PMDB formalizou a candidatura do ex-prefeito de Caxias do Sul José Ivo Sartori ao Palácio Piratini. Sartori é ligado ao senador Pedro Simon (PMDB). Também são candidatos ao governo gaúcho o deputado federal Vieira da Cunha (PDT), o empresário José Paulo Dornelles Cairoli (PSD) e o professor Roberto Robaina (PSOL).
Diante do cenário embaraçoso para Dilma, os adversários na corrida pelo Palácio do Planalto, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), já negociam o apoio de Ana Amélia, cujo palanque poderá servir a ambos. O PSB de Campos poderá estar representado em sua chapa, indicando o vice-governador. O nome mais cotado é do deputado federal José Stédile (PSB), irmão de João Pedro Stédile, dirigente do Movimento dos Sem Terra (MST). Como o PP gaúcho é ligado a grandes produtores rurais, a aliança seria uma forma de dobrar a resistência de pequenos agricultores. O PSDB também seria contemplado: a eventual vitória de Ana Amélia abriria espaço para que o tucano Alberto Wenzel, ex-prefeito de Santa Cruz do Sul, suplente dela, herdasse uma cadeira no Senado Federal. "Na formação de alianças políticas não pode haver radicalismo. Precisamos de uma ação mais criativa e menos preconceituosa”, diz a senadora Ana Amélia. 
“A vitória do PP depende muito mais de nós não errarmos do que do risco de concorrência de Tarso Genro”, afirma o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS). Por enquanto, a frase deve ser vista tão somente como uma provocação. Mas, se os rumos não se alterarem nos próximos meses, não é exagero afirmar que Dilma terá de cabalar votos para Tarso.

Dilma trata a política externa brasileira com o mesmo cuidado e habilidade dispensados à Petrobras. Ou: A mais recente delinquência do Itamaraty

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

Quando se pensa que a política externa brasileira chegou ao fundo do poço, a gente descobre que é possível descer um pouco mais. Como já informei aqui, a deputada venezuelana Maria Corina Machado — aquela que teve a cara chutada por parlamentares bolivarianos — está ameaçada de perder a imunidade parlamentar e pode ir para a cadeia. Estava prevista uma intervenção sua, nesta sexta, na OEA (Organização dos Estados Americanos). Em dois lances, com a ajuda do Brasil, sua palavra foi cassada.
Num primeiro, a Nicarágua, governada pelo orelhudo Daniel Ortega, propôs que Maria Corina falasse a portas fechadas, sem a presença de público ou da imprensa. A proposta venceu com 22 votos a favor, 9 contra e 1 abstenção. Numa segunda, sugeriu-se pura e simplesmente cortar o tema Venezuela da pauta, o que também foi aprovado, aí com 22 votos a favor, 3 contra e nove abstenções. A deputada só conseguiu se pronunciar brevemente — e a portas fechadas — porque o embaixador do Panamá cedeu a ela a sua palavra, um recurso que é permitido.
Nas duas vezes, o Brasil votou para cassar a palavra de Maria Corina. É nojento!
A parlamentar venezuelana foi à OEA evocar a Carta Democrática Interamericana para que a entidade cumpra a sua função e cobre o respeito do governo da Venezuela aos fundamentos da democracia. Leiam, por exemplo, dois artigos:
Carta Democrática Interamericana 
Restou a Maria Corina falar com mais vagar numa entrevista coletiva: “Não viemos aqui pedir nenhum favor, mas exigir que a OEA cumpra o seu dever. Esta é uma organização de Estados, não um clube de presidentes”. Ela cobra que a OEA reúna o Conselho Permanente para discutir a crise em seu país; que se condem a repressão e a supressão de liberdades e que se faça uma comissão, compostas por reais democratas — como Óscar Arias, ex-presidente da Costa Rica — para visitar a Venezuela.
Ironias
Ao emprestar a sua cadeira para Maria Corina, o Panamá repetiu o gesto generoso da Venezuela pré-chavista, em 1989, quando cedeu o seu lugar para que um representante panamenho denunciasse a ditadura do delinquente Manuel Noriega. Em 2009, já sob os auspícios do bolivarianismo, o representante da Venezuela na OEA, Roy Chaderton, também cedeu seu posto a Patricia Rodas, ex-chanceler de Honduras, para atacar Porfirio Lobo, presidente eleito e legítimo do seu país. Ocorre que Patricia era da turma do maluco Manuel Zelaya. Nesse caso, como lembra o jornal “El Nacional”, a sessão foi aberta e transmitida ao vivo pela TV chavista VTV.
Já são 31 os mortos na Venezuela desde o dia 12 de fevereiro. Mais de 1.800 pessoas foram detidas. Na semana passada, foram presos os prefeitos Daniel Ceballos, de San Cristóbal, no estado de Táchira, e Enzo Scarano, de San Diego, em Carabobo. O primeiro foi acusado de incitar a violência; o segundo, de não ter impedido a formação de barricadas. É espantoso! O Brasil não apenas se cala diante da escalada ditatorial como também cala uma representante da oposição, tentando impedi-la de se manifestar até na OEA.
O governo Dilma poderia se contentar em ser apenas medíocre. Mas não! A mulher está disposta a nos cobrir de vergonha.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/dilma-trata-a-politica-externa-brasileira-com-o-mesmo-cuidado-e-habilidade-dispensados-a-petrobras-ou-a-mais-recente-delinquencia-do-itamaraty/

Petrobras – A resolução politicamente delinquente do PT; com a companheirada, empresa perde mais de R$ 200 bilhões do seu valor de mercado e despenca do 12º lugar entre as maiores do mundo para o 120º

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/


O PT publicou mais uma daquelas suas resoluções que ainda comporão a História Universal da Infâmia. E resolveu falar da Petrobras, investindo, de novo!, na fraude histórica, na pilantragem ideológica, no raciocínio falacioso, na vigarice intelectual, na impostura… Escolham aí os substantivos e adjetivos que lhes parecem bem degradantes.
Leiam (em vermelho) o trecho da resolução que trata da Petrobras. Volto em seguida.
Mais uma vez estamos presenciando a oposição e os setores conservadores da nossa sociedade fazer ataques para atingir a imagem da Petrobras. É importante relembrarmos que a nossa maior empresa pública foi alvo da política de privatizações no governo liderado pelo PSDB, apoiado pela elite nacional, representado por FHC.
A Petrobras é a mais sólida das empresas brasileiras com um lucro superior a 23 bilhões de Reais, e a sétima empresa de energia do mundo, tornando-se competitiva no mercado internacional e simbolizando o arrojo do nosso projeto de Nação. A tentativa da oposição e do conservadorismo nacional em atacar a Petrobras é mais uma iniciativa daqueles que sucatearam o Estado brasileiro e aprofundaram as desigualdades sociais.
A defesa intransigente da Petrobras é a defesa do nosso projeto de Nação que tem resultado no crescimento econômico e na justiça social. Um projeto que colocou o Brasil “em pé” perante o mundo.
(…)
Retomo
Essa gente mente com um desassombro capaz de impressionar até mesmo os que não esperam que saia dali nada além de mentiras. A direção do partido repete a farsa de 2002, de 2006 e 2010, segundo o qual o PSDB teria tentado privatizar a Petrobras. Caso se cobre que os petistas exibam um só indício ou documento a respeito, eles não serão capazes.
Quem privatizou a Petrobras, como deixa clara a compra da refinaria de Pasadena, foi o PT. Não privatizou apenas. Destruiu também. Em 2009, a empresa estava em 12º lugar entre as maiores do mundo; há um ano, em 48º e, agora, em 2014, em 120º. Perdeu mais da metade de seu valor.
Ora, se nada de errado foi feito na Petrobras, então a senhora Dilma Rousseff cometeu uma arbitrariedade quando mandou demitir Nestor Cerveró da diretoria financeira da BR Distribuidora. Nem esperou o homem, que está em férias no exterior, chegar ao Brasil. Foi demissão à distância, num gesto também de execração pública.
Não, senhores! O que o Brasil precisa é salvar a Petrobras das mãos dos petistas. Eles já torraram mais de R$ 200 bilhões do valor da empresa.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

Reinaldo Azevedo - Quanto mais mexe, pior fica. Uma proposta da diretoria da Petrobras ao conselho e um e-mail complicam um pouco mais a situação de Dilma; caso esbarra em Graça Foster e vai se tornando, a cada dia, mais inexplicável

Vejam este documento (se preciso, clique na imagem para ampliá-la).
telegrama

Já volto a ele. Antes, algumas considerações.
Eu não sou o único a tentar entender a tumultuada cabeça de Dilma Rousseff — nos limites, deixo claro, de sua atuação pública (sou um homem de ambições modestas…). Outros tentam fazê-lo sem chegar a um desfecho satisfatório. Alguém consegue explicar por que ela mandou demitir, em 2014, um diretor que lhe teria dado um truque em 2006, induzindo-a e aos demais conselheiros ao erro? Por que agora e não antes?
A hoje presidente da República demorou oito anos para concluir que Nestor Cerveró não teria agido, então, com a devida transparência? A gente sabe que membros de conselhos administrativos não leem milhares de páginas eventualmente disponíveis sobre determinados investimentos. Contentam-se, nem poderia ser diferente, com memoriais executivos, pareceres de analistas, dos bancos etc. É assim em qualquer lugar do mundo. O ponto não está aí. A questão é saber por que Dilma demorou tanto para agir. E, ao fazê-lo, CONFESSA A SUA OMISSÃO DE OITO ANOS. Reitero: COMO ADMINISTRADORA E SENHORA ABSOLUTA DO SETOR ENERGÉTICO, DILMA DESMORALIZA DILMA AO DEMITIR CERVERÓ SÓ AGORA.
Parafraseando Ricky em Casablanca, ao se despedir de Ilse, “US$ 1,18 bilhão (na verdade, um pouco mais) é um punhado de feijão quando a empresa perdeu mais de R$ 200 bilhões em valor de mercado de 2010 a esta data, despencando de R$ 380 bilhões para R$ 179 bilhões. Era a 12ª maior empresa do mundo em 2010, e agora é a 120ª. Performance tão desastrada e desastrosa não é corriqueira. Ainda que fossem verdadeiras todas as bobagens que o petismo disse sobre a privatização de estatais no governo FHC, só o tombo dado na Petrobras já faria do PT um vitorioso no campeonato da dilapidação da patrimônio público. E, não custa notar, eram acuações falsas, num misto, em doses idênticas, de ignorância e pilantragem ideológica. Mas a dilapidação da Petrobras é verdadeira.
Reportagem da VEJA desta semana intitulada “Um poço de suspeitas” agrega um documento novo ao imbróglio de Pasadena — aquele que está lá no alto da página. No dia 2 de julho de 2008, o então procurador-geral da Fazenda Nacional, Luis Inácio Adams, que é hoje advogado-geral da União, enviou à então secretária-geral da Casa Civil, Erenice Guerra, um e-mail em que solicitava que se incluíssem na ata de uma reunião do conselho de administração da Petrobras duas ressalvas sobre a compra da refinaria de Pasadena. A primeira advertia que a tal Cláusula Marlim (aquela segundo a qual a Petrobras garantia à sua sócia, Astra, uma rentabilidade anual de 6,9% independentemente dos resultados da refinaria) não havia sido objeto de aprovação. A segunda informava que a diretoria executiva da empresa havia aberto um procedimento para investigar a falha.
O e-mail reforça a informação de que o conselho acabou aprovando, originalmente, uma operação sem ter conhecimento de todos os dados. Mas, então, que fique claro: a partir de 2 de julho de 2008, Dilma não poderia alegar ignorância de mais nada. E ATENÇÃO! NÃO SE TRATA DE EVOCAR, NESTE MOMENTO, A ENTÃO PRESIDENTE DO CONSELHO, MAS A CHEFE DA CASA CIVIL, A GERONTONA DO PAC, A SABICHONA, A QUE DECIDIA TUDO, A DAMA-DE-FERRO, A SENHORA DO ÓLEO, DOS VENTOS, DAS ÁGUAS, DOS RAIOS…
Compra tudo!Mas Dilma nem precisaria ter esperado o e-mail de Adams para saber de tudo. Reportagem da Folha publicada neste domingo informa que a direção da Petrobras defendeu diante do conselho, no dia 3 de março de 2008, a compra da outra metade da refinaria — e de seu estoque de óleo — por US$ 788 milhões. Sabem quem foi, de novo, o orador da turma? Nestor Cerveró — sim, o tal senhor que Dilma mandou agora demitir. Era ele quem falava, mas o fazia em nome de toda a direção executiva da Petrobras, a saber: José Sérgio Gabrielli, então presidente, e os diretores Graça Foster, Almir Barbassa, Renato Duque, Cerveró (afastado da diretoria da BR Distribuidora) e Paulo Roberto da Costa (preso em operação que apura lavagem de dinheiro).
Note-se: isso aconteceu no dia 3 de março de 2008. O que se debateu, então, nessa reunião era a tal cláusula “PuT Option”. Até porque, ATENÇÃO PARA OUTRO DADO, a Astra já havia recorrido à Justiça americana no ano anterior: 2007! Se Dilma não sabia de nada em 2006 porque o resumo executivo de Cerveró era incompleto, ela certamente tomou ciência — NEM QUE FOSSE COMO MINISTRA DA CASA CIVIL, NÃO COMO PRESIDENTE DO CONSELHO — da ação judicial. Não fosse isso, teria sido informada de sua existência no dia 3 de março de 2008; se escapou de ficar sabendo ali, o e-mail de Adams, do dia 2 julho, era mais uma advertência.
Dilma não apenas se omitiu como ouviu a nova exposição de Cerveró. O conselho se recusou a pagar o que pediam os belgas, e a Petrobras teve de ir à Justiça se defender. Contratou um escritório de advocacia por US$ 7,9 milhões ,ligado a ex-integrantes da cúpula da empresa.
Não dá soberana!- Em 2006, a senhora não sabia de nada? Ok.- Mas e em 2007, quando a Astra recorreu à Justiça? Atenção! Em 2008 começa o litígio porque a Petrobras decide não ficar com a outra metade.- E em março de 2008, quando o conselho discutiu a compra da outra metade, recusando-a?- E em julho de 2008, quando recebeu o e-mail de Adams?- Por que Cerveró continuou, então, à frente da diretoria da Área Internacional?- Por que voltou para o grupo, como diretor financeiro da bilionária BR Distribuidora?- Por que foi demitido só em março de 2014?- Por que Cerveró é mais culpado do que Graça Foster?- A que titulo a Petrobras remeteu para a refinaria, em 2008, US$ 200 milhões, depois que a Astra já tinha entrado na Justiça contra a Petrobras?
Parece evidente que se está tocando, por enquanto, apenas na superfície desse imbróglio.
- Como foi que a Astra, e por intermédio de quem, entrou na vida da Petrobras?
- De quanto foi exatamente o investimento feito pelos belgas na refinaria antes de vender 50% para a Petrobras?
- Na composição do preço da primeira metade (US$ 360 milhões), US$ 170 milhões seriam correspondentes ao estoque de petróleo. Assim, por metade da refinaria propriamente, a Petrobras pagou US$ 190 milhões — o empreendimento inteiro tinha sido comprado pelos belgas menos de um ano antes por US$ 42,5 milhões! Ora, se a apenas metade correspondiam US$ 190 milhões, ela toda, sem contar o estoque de óleo, já estaria avaliada, então, em US$ 380 milhões! Haja valorização!
Os petistas zangados se acalmem! Não são os “oposicionistas de sempre” que acham a história mal contada. Dilma também! Por isso mandou botar Cerveró na rua. Ela não explica por que só agora decidiu arrumar um bode expiatório, mantido, até anteontem, num dos cargos mais cobiçados do país.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

OMS: Diagnóstico falho facilita difusão de tuberculose resistente

Doenças infecciosas

Menos de um quarto das 500 000 pessoas que contraíram variações da "supertuberculose" em 2012 recebeu o diagnóstico correto

Tuberculose
Segundo OMS, tuberculose representa um "risco à segurança sanitária global" (Thinkstock)
Cerca de 500 000 pessoas contraíram perigosas variações da "supertuberculose" em 2012, mas menos de um quarto delas foi adequadamente diagnosticada. As demais correram risco de vida por causa da falta de tratamentos ou por receberem medicamentos inadequados.

Saiba mais

TUBERCULOSE
A tuberculose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, que é propagada pelo ar de maneira direta, ou seja, de pessoa para pessoa. Embora possa atingir quase todos os órgãos do corpo, a tuberculose afeta principalmente os pulmões, provocando problemas como dificuldades respiratórias e derrame pleural (presença de líquido no espaço entre pulmões e tórax). O principal sintoma é a tosse frequente, mas há outros, como suores noturnos e diminuição de apetite. Ao contrário da maioria das doenças infecciosas, a tuberculose demora para se manifestar, levando em média de 4 a 12 semanas para que as primeiras lesões sejam descobertas. Estima-se que uma pessoa infectada possa contaminar de 10 a 15 pessoas por ano. A doença é tratada com uma combinação de antibióticos. Como a bactéria cresce lentamente, os medicamentos devem ser tomados por pelo menos 6 meses.
Os novos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgados nesta quinta-feira, mostram que um terço das cerca de 9 milhões de pessoas que contraem alguma forma de tuberculose por ano não recebe o tratamento necessário. A entidade diz que a doença representa um risco à segurança sanitária global.
Segundo a OMS, as deficiências no tratamento fazem com que a resistência aos medicamentos se espalhe pelo mundo em ritmo alarmante, propiciando o surgimento de cepas incuráveis da bactéria da tuberculose. "Um diagnóstico mais precoce e rápido de todas as formas da tuberculose é vital", diz Margaret Chan, diretora-geral da OMS. "Isso melhora as chances de as pessoas receberem o tratamento correto e serem curadas, e as ajuda a conter a difusão da doença resistente a drogas."
No ano passado, a OMS propôs que a tuberculose resistente a múltiplas drogas (MDR-TB, pela sigla em inglês) fosse reconhecida como uma crise de saúde pública. Mesmo o tratamento da tuberculose comum é um processo longo, que exige o consumo de um coquetel de antibióticos durante seis meses. A interrupção do tratamento e a prescrição de medicamentos errados, ou em doses inadequadas, leva ao surgimento de uma versão resistente às drogas, um problema que se agravou na última década.
A dificuldade de diagnóstico também contribui para essa situação. Em alguns países mais pobres há apenas um laboratório, frequentemente com capacidade limitada para diagnosticar a MDR-TB. Em outros casos, as amostras para exames precisam ser enviadas a outros países.
Os exames comuns podem levar mais de dois meses para revelar resultados, criando um perigoso intervalo em que o paciente deixa de receber o tratamento adequado e se expõe a contaminar outras pessoas.
A OMS diz que até 2 milhões de pessoas podem ser infectadas pela MDR-TB até 2015. Exames mais rápidos já foram desenvolvidos nos últimos anos, mas a dificuldade é levar a tecnologia e a capacitação técnica aos países onde eles são mais necessários.
Margaret Chan, no entanto, citou sinais encorajadores em um projeto internacional chamado Expand-TB, financiado pela Unitaid, que ajudou a triplicar o número de casos de MDR-TB diagnosticados nos países participantes. Atualmente, esse projeto está presente em 27 países de baixa e média renda, que respondem conjuntamente por cerca de 40% dos casos globais da MDR-TB.
(Com Reuters)

‘Autoinsuficiência’ Não há mistério nem mérito na confissão da presidente Dilma Rousseff de que aprovou sem ler os termos do contrato de compra da refinaria de Pasadena, no Texas, quando era ministra da Casa Civil e presidia o Conselho de Administração da Petrobrás.

Não há mistério nem mérito na confissão da presidente Dilma Rousseff de que aprovou sem ler os termos do contrato de compra da refinaria de Pasadena, no Texas, quando era ministra da Casa Civil e presidia o Conselho de Administração da Petrobrás.
Ela simplesmente quis tirar o corpo fora de um negócio altamente suspeito, investigado pelo Ministério Público, Tribunal de Contas e Polícia Federal devido aos prejuízos causados à estatal, que pagou US$ 1,18 bilhão por uma refinaria negociada a US$ 42 milhões sete anos antes.
Pela singeleza da nota oficial divulgada pela assessoria de comunicação do Palácio do Planalto, transferindo sem mais nem menos a responsabilidade a um resumo "incompleto" da diretoria internacional da Petrobrás, a presidente da República acreditou-se na posse dos mesmos poderes do antecessor a quem todos se dobravam calados e reverentes.
Fez o que lhe deu na cabeça, talvez estimulada pelos conselheiros eleitorais que a colocam na rota de gestos passíveis de repercussão popular. Dilma tinha em mãos um texto redigido por Graça Foster, dizendo em síntese que o caso da refinaria estava aos cuidados dos órgãos de fiscalização. Saída pela tangente.
A presidente não quis. Rasgou a nota e fez outra, ela mesma, provavelmente na tentativa de se mostrar "verdadeira" diante do eleitorado. De imediato, contabilizou inúmeros prejuízos, a começar por levar o tema que estava aos cuidados da polícia e do Tribunal de Contas para dentro do Palácio do Planalto.
Causou espanto no PT, que não conseguiu articular uma defesa. Ofereceu de bandeja um assunto para a oposição, abriu espaço para que seja criada uma comissão de inquérito para investigar esse e outros negócios da Petrobrás, pôs lenha na crise com o Congresso e deu mais um empurrão ladeira abaixo na empresa em momento já bastante delicado de preços de combustíveis defasados, perda de valor de mercado e risco para a classificação do grau de investimento.
Na estatal o clima é de beligerância total contra a presidente.
Primeiro porque é considerada inaceitável a versão dada por ela sobre a documentação incompleta, uma vez que os resumos para orientar as decisões do Conselho de Administração podem não conter todas as informações, mas eles são sempre acompanhados dos processos completos aos quais os conselheiros têm acesso a qualquer tempo.
E, depois, a maneira como Dilma apresentou a questão deu a impressão de que a Petrobrás é uma empresa sem governança, desprovida de controles, comparável a um armazém de secos e molhados. A presidente quis usar a estatal à sua conveniência e a corporação sentiu o golpe.
Publicamente não haverá reação, mas a falta de respaldo às declarações da presidente da República é eloquente. A presidente da empresa ficou em silêncio, bem como os outros participantes da reunião em que foi aprovada a compra da refinaria. Satisfeito com a atitude de Dilma ninguém está no governo nem no PT. Ao contrário. O mínimo que se ouve é que ela mais uma vez fez uma "trapalhada", piorou uma situação que já era ruim no momento mais inadequado possível.
A presidente está desprovida de defesas no Congresso, de onde é quase certo que virão convocações da presidente atual, de ex-presidentes da Petrobrás, de conselheiros e do diretor responsável pelo parecer que Dilma considerou "técnica e juridicamente falho", Nestor Cerveró. Funcionário de carreira, com 30 anos de empresa, dificilmente vai se acomodar de modo confortável à sinuca em que a presidente o colocou.
A saída do governo será trabalhar para evitar as convocações e a CPI. Tarefa complicada no cenário de conturbação na base governista, hoje muito mais interessada em dificultar que em facilitar a vida da presidente da República.
Nesse quadro, se custar caro ao Planalto ainda sairá barato porque nessa altura é possível que já não tenha preço que pague a imposição de novas derrotas a Dilma.
Pode ser que a presidente encontre abrigo na oposição, caso prevaleça a voz contrária do ex-presidente Fernando Henrique à criação da CPI da Petrobrás. Mas, nesse caso o pressuposto seria um pedido de arreglo que contrariaria os interesses de parte a parte.

O caso da refinaria sepulta as invencionices ufanistas de Lula e Dilma. A Petrobras é deles. Só é nossa a conta bilionária

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/
ATUALIZADO ÀS 16H33
DILMA ROUSSEFF-PLATAFORMA P-56 2
José Sérgio Gabrielli, Graça Foster, Dilma Rousseff e Paulo Roberto Costa em visita à Plataforma P-56, em Angra dos Reis, em junho de 2011
No comício promovido por Lula para oficializar a saída de José Eduardo Dutra e a chegada de José Sérgio Gabrielli, o Brasil ficou sabendo que a Petrobras seria presidida por um gênio da raça disfarçado de economista baiano. “O companheiro José Sérgio Gabrielli  se transformou num dos mais importantes diretores financeiros que a empresa já teve em toda a sua história”, informou o palanque ambulante em 22 de julho de 2005. Nem todos enxergam tão longe, elogiou-se na continuação do palavrório.
“Não faltaram pessoas que me diziam assim: o mercado não vai gostar, o mercado vai reagir, é melhor deixar quem está lá”, foi em frente o recordista brasileiro de bravata & bazófia. ”Como eu não tenho nenhuma relação de amizade com o mercado, resolvi indicar quem eu queria”. O que queria (e, pelo jeito, encontrara) era alguém capaz de acumular a presidência da OPEP com a coordenação do carnaval de Salvador. Como até gente assim pode precisar de conselhos, ele lembrou a Gabrielli que, caso quisesse ajuda, bastaria recorrer à onisciente e onipresente Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras.
Ainda em 2005, a sumidade descoberta por Lula encampou a grande ideia de Nestor Cerveró, diretor da Área Internacional: comprar por US$ 360 milhões metade de uma refinaria no Texas que a empresa belga Astra Oil havia adquirido meses antes por US$ 42,5 milhões. Com a ajuda de outro diretor, Paulo Roberto Costa, Cerveró produziu o “resumo executivo” apreciado em 3 de fevereiro de 2006 pelo Conselho de Administração. Foi uma decisão desastrosa, comprovou o desfecho do negócio: em 2012, para encerrar a disputa judicial iniciada cinco anos antes, a Petrobras pagou mais US$ 820 milhões à Astra Oil e transformou-se na única proprietária de uma refinaria inútil.
Feitas as contas, a aquisição da velharia no Texas, sugerida por Gabrielli e aprovada por Dilma, custou US$ 1,18 bilhão ─ ou 2,8 bilhões de reais, que poderiam ter atendido a angustiantes urgências do viveiro de miseráveis fantasiado de potência emergente. Só nesta semana a supergerente mandona que tudo quer saber, e confere até o custo do cafezinho, resolveu enxergar o monumento à inépcia, à vigarice e à gatunagem. Com a candura de uma Filha de Maria, alegou desconhecer a existência de cláusulas leoninas infiltradas no contrato. Bastaria ter lido os documentos colocados à disposição da presidente do Conselho.
Em outubro de 2010, todos no Planalto sabiam da história inverossímil. Menos Lula, reiterou a visita do maior governante desde Tomé de Souza ao campo de Tupi. “Quando a gente quiser ter orgulho de alguma coisa neste país a gente lembra da Petrobrás, de seus engenheiros, de seu geólogos, do pessoal que é a razão maior do orgulho, mais do que o Carnaval, do que o futebol”, recomeçaram as invencionices ufanistas. “A Petrobrás é a certeza e a convicção de que este país será uma grande nação. É a prova mais contundente de que o brasileiro é capaz, é inteligente, não é de segunda classe”.
Depois que o Estadão incorporou a presidente da República ao espetáculo da indecência, a movimentação dos atores ampliou a afronta ao país que presta. Em campanha no Ceará, Dilma recusou-se a comentar a transação vergonhosa: estava lá para não dizer coisa com coisa sobre “mobilidade urbana”. Gabrielli, agora secretário de Planejamento da Bahia, culpou a “crise internacional” pelo negócio suspeitíssimo. Nestor Cerveró, hoje diretor financeiro da BR Distribuidora, tirou férias e foi para a Europa. Cerveró achou prudente cair fora do país tão logo soube que o álibi montado por Dilma  transfere integralmente a culpa para os autores do resumo executivo.
A demissão o alcançou a milhares de quilômetros de distância. Nesta sexta-feira, por ordem do Planalto, o diretor financeiro da BR Distribuidora perdeu o emprego fpelo que fez há mais de oito anos o diretor da Área Internacional da Petrobras. É bom que se cuide: para salvar do naufrágio a candidata à reeleição, o comitê central da campanha pode conferir-lhe o papel que sobrou para Marcos Valério no escândalo do mensalão. Seu parceiro Paulo Roberto Costa está preso, mas por outros motivos: a polícia descobriu que trocou a direção da Petrobras pelo alto comando de uma quadrilha especializada em lavagem de dinheiro.
Afônico de novo, Lula sussurrou a alguns amigos que Dilma não deveria ter confessado o que fez. Daqui a alguns dias vai recuperar a voz para jurar que não sabe de nada. Como os afilhados Dilma e Gabrielli, como os demais sacerdotes da seita que o venera, o padrinho e Grande Pastor sempre soube de tudo. Recitando que o petróleo é nosso, os donos do poder privatizaram a empresa agora reduzida a caso de polícia. A Petrobras é do PT. Só é nossa a conta bilionária.

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