sexta-feira 29 2014

Vítimas de Roger Abdelmassih contam suas histórias

Helena Leardini, 45 anos, dona de casa



“Em 2003, fui ao consultório do Roger Abdelmassih por uma indicação médica. Tinha 34 anos e queria engravidar do meu segundo marido. Paguei 30.000 reais pelo pacote de três tentativas de inseminação artificial. Em uma das primeiras conversas, ele me agarrou e tentou me beijar à força. Abri a porta do consultório a saí correndo. Sempre fiz questão de dizer para todo mundo que fiz tratamento para engravidar com o tarado do Roger Abdelmassih”.

Teresa Cardioli, 63 anos, escritora

“Tinha 17 anos quando me tratei de uma cólica renal com Roger Abdelmassih, quando ele atuava como urologista. Durante o procedimento de introdução de uma sonda na minha bexiga, ele descobriu que eu era virgem e disse que estava disposto a pagar por minha virgindade. Ele me amarrou na maca e me agarrou”.

Silvia Franco, 43 anos, artista plástica

“Fui à clínica de Roger Abdelmassih em 1997 porque queria engravidar. Durante o procedimento para a retirada dos óvulos, ainda sob o efeito da sedação, senti dor e sangramento no ânus. Fui infectada por uma bactéria que se instalou na minha bexiga. Engravidei após a terceira tentativa e, aos quatro meses da gestação, ele disse que o coração do bebê havia parado de bater e me receitou um abortivo. Só fui entender que havia sido violentada em 2009, quando começaram a aparecer as primeiras denúncias”.  

Ivanilde Serebranic, 49 anos, empresária

“Tinha 34 anos quando o procurei para fazer tratamento de fertilização. Ele já havia dado umas indiretas antes, mas não dei muita importância. Quando passei pelo processo de retirada dos óvulos, ainda grogue, acordei com ele em cima de mim. Na hora sai correndo encontrar meu marido que estava na sala de espera”.

Vanuzia Lopes, 54 anos, estilista

“Acordei no meio da sedação, durante a extração de óvulos, com ele em cima de mim. Ainda com restos de sêmen em mim, fui à delegacia e fiz exame de corpo de delito. Levei o boletim de ocorrência ao Conselho Regional de Medicina, mas não tive atenção: ele era um médico muito poderoso”.

Vítimas de Abdelmassih afirmam ter recebido ameaças

Crime

Promotor Luiz Henrique Dal Poz vai abrir um inquérito para apurar o caso

O ex-médico Roger Abdelmassih é conduzido por policiais civis após chegar no Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo
O ex-médico Roger Abdelmassih é conduzido por policiais civis após chegar no Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo - William Volcov/Brazil Photo Press/Folhapress

Vítimas de Roger Abdelmassih afirmam que estão recebendo ameaças por telefone, mesmo após a prisão do ex-médico, que foi capturado na semana passada, no Paraguai, e cumpre pena na Penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo. Ele foi condenado, em 2010, a 278 anos de prisão por 48 estupros a 37 mulheres.
Integrantes da associação que foi criada para identificar novas vítimas do ex-médico dizem que receberam telefonemas com ameaças para que uma página no Facebook fosse excluída. Os relatos sobre as ameaças foram dados ontem por quatro mulheres ao Ministério Público Estadual, na região central de São Paulo. O promotor de Justiça Luiz Henrique Dal Poz vai abrir um inquérito para apurar as ameaças.
A empresária Ivanilde Serebrenic, uma das coordenadoras do grupo, não foi ameaçada, mas disse que a amiga, que pediu para não ser identificada, está deprimida. "Ela está de cama e não pôde vir. Eles ficam procurando a gente, vendo a localização onde a gente está e mora. Indo a empresas da gente." Ivanilde acredita que as pessoas que ajudaram o ex-médico Roger Abdelmassih durante a fuga no Paraguai são as responsáveis pelas ameaças. "(O ex-médico) foi preso, mas a quadrilha que ele sustentava aqui fora agora está se sentindo sozinha, né? Porque ele financiava todo esse pessoal que ficava ao lado dele."
As ameaças não são novidade. Em junho, quando Roger Abdelmassih estava foragido, três mulheres receberam telefonemas anônimos. Silvia Franco foi uma delas: "Fui ameaçada antes, não agora, mas estou com as meninas para fazer o que for preciso". A advogada Rafaela Azzi, que representa uma das mulheres ameaçadas, afirma que esse "tipo de intimidação faz com que o grupo todo fique assustado". "Tem muita coisa que elas vão acabar deixando de informar, até por causa do medo de envolver famílias. A gente não sabe o que vem", disse Rafaela.
O promotor Luiz Henrique Dal Poz afirma que é possível saber de onde partiram as ligações. "Foram ameaças de telefones que não possibilitam, em um primeiro momento, a identificação, mas dá para a gente fazer um rastreamento."
Processo - O Ministério Público tem quatro processos distintos sobre o caso Roger Abdelmassih: o criminal, que culminou com a condenação de 278 anos de prisão, um com novas vítimas de estupro, um sobre a ajuda que o ex-médico teria recebido no exterior e outro sobre manipulação genética.

TRE apreende remédio com material de Garotinho

Rio de Janeiro

Veja.Com

Panfletos de campanha do candidato ao governo do Rio de Janeiro estava em caixas com amostras grátis de remédios e formulários do Cheque Cidadão

Material de campanha de Anthony Garotinho (PR) foi encontrado no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro
Material de campanha de Anthony Garotinho (PR) foi encontrado no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro (Leonardo Prado/Agência Câmara/VEJA)
Fiscais do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE) apreenderam nesta quarta-feira no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, cem caixas de amostras grátis de remédios e cerca de 200 formulários do programa Cheque Cidadão em caixas com material de campanha de Anthony Garotinho (PR), candidato ao governo estadual. Para conseguir entrar pela primeira vez na Maré nestas eleições, oitenta fiscais do TRE precisaram da ajuda do Exército.
O Complexo da Maré está ocupado desde abril pelas Forças Armadas e deve receber Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) da Polícia Militar. Segundo o tribunal, foram apreendidas uma lista de entrega de cestas básicas e um cronograma das equipes de campanha de Garotinho e de sua filha, Clarissa Garotinho (PR), que tenta uma vaga na Câmara dos Deputados. Também foi encontrado material de campanha de Guiga (PR), candidato a deputado estadual, programas de rádio do PR e oito faixas com ataques ao governador e candidato à reeleição, Luiz Fernando Pezão (PMDB).
O Cheque Cidadão é distribuído pela prefeitura de Campos dos Goytacazes, administrada por Rosinha Garotinho. O programa repassa 200 reais a "famílias em situação de vulnerabilidade socioeconômica".
Também foram apreendidos três computadores e 800 reais. Ao todo, segundo o TRE, uma tonelada de placas irregulares foram recolhidas nas favelas do Complexo da Maré. "Na localidade Vila dos Pinheiros, a maioria das placas encontradas era dos candidatos Gérson Bergher (PSDB) e Del (PSDC), além de Garotinho e Clarissa. O trabalho da fiscalização desta quarta-feira foi desencadeado após uma denúncia de que o conselho de moradores, localizado na Vila Ipiranga, funcionava como centro social", informou o tribunal.
Na noite desta quarta, o TRE decidiu que solicitará ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o envio de tropas federais ao Rio para garantir o "bom andamento" das eleições. A Maré está entre as 41 áreas do estado dominadas por traficantes ou milicianos, onde candidatos enfrentam problemas para fazer campanha – como ameaças e cobrança de "pedágio" pelos criminosos.
(Com Estadão Conteúdo)

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