sábado 11 2013

Dieta rica em fibras previne contra síndrome metabólica


Metabolismo

Segundo estudo, focar em alimentos ricos em fibras é mais eficaz do que controlar o consumo de gorduras saturadas

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Síndrome metabólica: dieta rica em fibras pode melhorar fatores de risco desse problema, como colesterol alto e acúmulo de gordura abdominal (Reprodução)
Uma dieta rica em fibras, mas não necessariamente com baixo teor de gorduras saturadas ou de colesterol, está associada a um menor risco de doenças cardíacas e diabetes tipo 2 em adolescentes. É o que concluiu um estudo feito na Universidade do Estado de Michigan e publicado neste mês no Journal of the American Dietetic Association.
Segundo os pesquisadores, o maior consumo de alimentos ricos em fibras e em nutrientes é mais eficaz em reduzir fatores de risco para uma síndrome metabólica. Uma pessoa é considerada com essa síndrome quando apresenta três ou mais dos seus cinco fatores de risco. São eles: pressão alta; níveis elevados de açúcar e gordura no sangue; baixos níveis de bom colesterol (HDL); acúmulo de gordura abdominal.
Por isso, segundo o estudo, uma dieta que busque combater esse problema deve focar mais no aumento do consumo de fibras, nutrientes e vegetais do que na exclusão de alimentos com gorduras saturadas. “Isso não significa, entretanto, que os adolescentes têm carta branca para comerem muita gordura saturada, uma vez que, entre outras coisas, ela aumenta o colesterol ruim (LDL)”, diz Joseph Carlson, coordenador do estudo e professor da Universidade do Estado de Michigan.
A pesquisa - O estudo analisou dados coletados de cerca de 2.100 jovens de 12 a 19 anos que passaram pelo Observatório Nacional de Exames em Saúde e Nutrição dos Estados Unidos entre 1999 e 2002. Os pesquisadores observaram a alimentação dos adolescentes e também se tinham três ou mais fatores de risco para a síndrome metabólica. Ao todo, 70% tinham pelo menos um desses fatores, e 6,4% sofriam da síndrome.
Os pesquisadores observaram que o grupo de jovens que consumia a menor quantidade de fibras apresentou três vezes mais incidência de síndrome metabólica do que aqueles que consumiam mais fibras. Por outro lado, não houve relação significativa com ingestão de gorduras saturadas nem de colesterol.
Maus hábitos - Para Carlson, a grande variedade de alimentos deveria incentivar os adolescentes a comer bem. Mas na prática o que se verifica é o contrário: um estudo recente indicou que mais de 30% de tudo o que um jovem come é composto por bebidas e lanches ricos em açúcar.
Embora a recomendação diária de ingestão de fibra seja de 26 gramas para as meninas e 38 gramas para os meninos, hoje os adolescentes consomem em torno de 13 gramas de fibras. Isso se deve ao fato de comerem muito pouco de frutas, vegetais e grãos.
Esse estudo, de acordo com os pesquisadores, deve estimular os especialistas a encontrarem a melhor maneira de impulsionar uma dieta rica em fibras nos jovens. Se uma pessoa comer três frutas ou vegetais, uma porção de feijão e três porções de algum grão, já terá consumido 30 gramas de fibras no dia. “O segredo está em fazer com que as pessoas encontrem alimentos que gostem e também que sejam convenientes para elas”, explica Carlson.
Obesidade no Brasil - Segundo dados do IBGE, no Brasil, 5,9% dos meninos e 4% das meninas entre 10 e 19 anos são obesos. O sobrepeso atinge 21,7% dos garotos e 19,4% das garotas dessa idade.

Alimentos ricos em fibras podem barrar o avanço do câncer de próstata


Saúde masculina

Pesquisa feita com roedores observou que nutriente é capaz de impedir que tumor obtenha energia necessária para crescer

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Barrinha de cereal é uma dos alimentos que contém fibras: nutriente pode ser aliado no combate ao câncer de próstata(Thinkstock)
Uma dieta rica em fibras, com alto consumo de alimentos integrais, frutas, verduras, legumes e cereais, pode ajudar a barrar o avanço do câncer de próstata em homens que apresentam a doença ainda em estágios mais precoces. Ao menos foi o que constataram pesquisadores da Universidade de Colorado, nos Estados Unidos, em um estudo feito com roedores. Segundo os especialistas, o nutriente parece privar as células cancerígenas da energia necessária para a formação de novos vasos sanguíneos, que são responsáveis por fornecer energia ao tumor. Sem energia suficiente, portanto, o tumor é impossibilitado de crescer. O trabalho foi publicado neste mês no periódico Cancer Prevention Research.
Os autores do estudo chegaram a essa conclusão após realizarem testes com camundongos que foram induzidos a apresentar câncer de próstata. Os pesquisadores alimentaram uma parte desses animais com hexafosfato de inositol (IP6), o principal ingrediente ativo de alimentos ricos em fibras. Depois, com base em exames de ressonância magnética, eles monitoraram a progressão dos tumores tanto dos roedores que receberam IP6 quanto dos que não receberam. 
“Os resultados do estudo foram significativos. Vimos que o volume do tumor dos animais alimentados com IP6 foi drasticamente reduzido”, diz Komal Raina, coordenadora da pesquisa. De acordo com Raina, o IP6 provavelmente está associado à ação de uma proteína conhecida como GLUT4, que é fundamental para o transporte de glicose dentro das células. No entanto, mais estudos são necessários para entender de que forma essa relação ocorre.

Teste genético prevê progressão do câncer de próstata


Saúde do homem

Exame desenvolvido nos EUA diz quais pacientes são mais propensos a apresentar casos agressivos da doença e que precisam ser monitorados de perto. Exame também pode ajudar a evitar tratamentos desnecessários

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Genética: Teste que analisa os genes do paciente pode ajudar a prever se ele terá câncer de próstata avançado(iStockphoto)
Um teste genético desenvolvido nos Estados Unidos pode ajudar médicos a identificar se um paciente com câncer de próstata é mais propenso a desenvolver casos agressivos da doença — e, assim, prever se ele precisará, ou não, de tratamentos mais intensivos. O exame foi desenvolvido na Universidade da Califórnia, San Francisco. De acordo com os autores da pesquisa, com o teste, os médicos também poderão saber quais pacientes diagnosticados com o câncer devem ser acompanhados de forma mais intensa para que a progressão da doença seja controlada.
Em um comunicado divulgado pela universidade, pesquisadores afirmaram que o teste, chamado Oncotype DX Genomic Prostate Score (GPS), fornece informações prognósticas “clínica e estatisticamente significantes e dados adicionais acima e além dos já existentes”. "Com o novo teste, podemos ter mais confiança em recomendar uma vigilância ativa quando é apropriado”, diz Matthew Cooperberg, coordenador do estudo. 
Acompanhando de perto — A vigilância ativa consiste no monitoramento intenso da doença de um paciente, feito com a realização de uma série de exames, para que o médico controle a progressão da condição. Com isso, é possível adiar ou até evitar cirurgias e tratamentos intensos em certos casos. “Essa é a melhor estratégia para lidar com pacientes com baixo risco de câncer de próstata agressivo, mas ela é usada com pouca frequência. Há várias razões para isso, uma delas é que os homens não querem viver ansiosos pela possibilidade de apresentar um progresso da doença. Por isso, precisamos prever melhor quais tumores têm potencial para serem metastáticos e, assim, que precisam de fato ser monitorados”, diz Cooperberg.
Segundo os autores do estudo, o exame, portanto, além de identificar homens com um maior risco de desenvolver casos graves de câncer de próstata, também pode fazer com que pacientes menos propensos a apresentar progressão da doença sejam poupados dessa ansiedade, além de tratamentos desnecessários e efeitos adversos que poderiam ser evitados.
Essas conclusões foram obtidas após a equipe de pesquisadores avaliar a capacidade de 17 genes em fornecer informações sobre o risco de progresso do câncer de próstata. Depois, os autores aplicaram o teste em 395 homens de 38 a 77 anos de idade que haviam sido diagnosticados com a doença. A gravidade do tumor dos participantes variou de baixa para média.  Os resultados do estudo foram divulgados nesta quarta-feira durante o encontro anual da Associação Americana de Urologia, em San Diego. Segundo os pesquisadores, o teste já está disponível nos Estados Unidos.

Por que a dieta do "jejum intermitente" não é uma boa ideia


Alimentação

Nova queridinha das celebridades, a dieta 'intermittent fasting' consiste na restrição extrema de calorias em dias alternados. Quem exagera no jejum, porém, está colocando a saúde em risco

Vivian Carrer Elias
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Restrição calórica: nova dieta prega que pessoas façam jejum ou comam muito pouco em dias alternados (ThinkStock)
No mundo das celebridades, as dietas seguem a mesma lógica das coleções de roupas: a cada estação tudo muda. Já estiveram na moda dietas nas quais se come apenas proteína, somente sopa, e, argh!, até um regime baseado no consumo de chás e sucos de limão e pimenta, mais conhecida como "detox". A dieta do momento é o jejum intermitente - intermittent fasting, em inglês.  Ela prega uma redução extrema na quantidade de calorias ingeridas por um determinado período, que pode variar bastante. Alguns adeptos pulam uma refeição por dia, outros comem muito pouco durante um ou dois dias por semana e há quem leve a abordagem ao limite e afirme que chega a jejuar por até dez dias seguidos — uma insensatez sem tamanho, é bom frisar.
Gurus — Como qualquer dieta abraçada por estrelas de Hollywood, há "gurus" e livros por trás da abordagem que supostamente validam a sua eficácia. Michael Mosley, médico, celebridade da televisão britânica e autor do livro The Fast Diet ("A dieta do jejum", sem edição em português), lançado neste ano, recomenda a seus pacientes que, duas vezes por semana, consumam um quarto das calorias que ingerem em um dia normal e que, no restante dos dias, comam normalmente. Ele afirma que suas dicas são baseadas em evidências cientificas e que viu os resultados em si mesmo após seguir a sua própria dieta.
"Comecei a olhar para a restrição calórica e vi que as pesquisas sobre isso são realmente boas. É praticamente a única coisa que prolonga a vida. Mas eu nunca poderia me imaginar sem comer as coisas que eu amo. Então eu comecei a investigar o jejum intermitente como uma forma de controlar as calorias", disse Mosley em entrevista ao site The Huffington Post.  O médico diz ter conseguido perder peso e melhorado seus níveis de colesterol e resistência à insulina. Ao mesmo tempo, sua conta bancária, ironicamente, engordou bastante.

Cientistas apresentam projeto de 'manto da invisibilidade' térmico


 Por BBC, BBC Brasil

Cientistas apresentam projeto de 'manto da invisibilidade' térmico
"Foto: Divulgação"
Pesquisadores da França e da Alemanha criaram e testaram um novo tipo de 'manto da invisibilidade', capaz de tornar objetos invisíveis ao calor.
Já há mantos semelhantes para tornar objetos invisíveis à luz e a ondas sonoras, mas este é o primeiro a trabalhar com o calor.
O protótipo conta com uma área de 5 cm de largura em seu centro, que é impermeável ao calor que flutua ao seu redor.
O manto foi criado a partir de um composto de cobre e de silicone conhecido como PDMS.
A tecnologia pode vir a ser utilizada em experimentos eletrônicos de gerenciamento térmico.
O manto atua canalizando o fluxo térmico em volta da região central, com anéis alternados de cobre e de silicone.
Alta condutividade
'Se você acompanhar o anel, você pode seguir essas áreas de alta condutividade (de calor). Mas, se você se dirige para o meio, você vai ser repetidamente bloqueado por uma camada de baixa condutividade', explicou o principal autor do estudo, Robert Schittny, do Instituto Karlsruhe de Tecnologia, na Alemanha.
'É mais fácil para o calor se locomover ao redor deste objeto do que pelo seu centro', diz Schittny, em entrevista à BBC.
Mas o esforço não consiste apenas em insular a região central do calor, mas fazer 'parecer' com que a região simplesmente não esteja ali.
'Você quer que o fluxo de calor dê a impressão de que não há quaisquer problemas no meio e que, basicamente, se você quer conduzir o calor em direção ao centro, ele precisa fazer um desvio, precisa realizar um caminho maior para dar a volta', acrescenta o cientista.
'Cada anel é construído de um jeito que visa especificamente compensar pelo desvio que o calor precisa fazer', comenta.
Schittny afirma que a pesquisa expõe possibilidades promissoras para dispositivos em que o calor precisa ser movimentado, como sistemas eletrônicos ou sistemas de aquecimento ou de resfriamento de energia.

O suicídio literário de Karl Knausgard



Norueguês vem à Flip falar sobre a polêmica série autobiográfica 'Minha Luta', que resultou em sua retirada da ficção



Maria Fernanda Rodrigues - O Estado de São Paulo
Um escritor insatisfeito com o resultado do trabalho de uma manhã olha fixamente para o piso do escritório que acabara de alugar e vê nos nós da madeira a imagem de Cristo. Ele levanta, vai passar um café e é imediatamente levado para uma tarde qualquer da infância: ele, sozinho na sala, vendo um rosto no mar enquanto o noticiário da TV mostra o local do naufrágio de um barco; ele correndo para contar sua visão ao pai no jardim.
Karl Knausgard - Reprodução
Reprodução
Karl Knausgard
Não é assim que começa o primeiro volume da série Minha Luta, do norueguês Karl Ove Knausgard. Mas foi aí que o autor encontrou a conexão entre o passado e o presente e conseguiu concluir um projeto frustrado ano após ano durante uma década - escrever uma ficção sobre o pai. E o que era um experimento literário resultou numa grande briga familiar. Porque essa história que ele tanto queria contar, sobre a transformação de um homem de família num bêbado e sua derrocada, só saiu na forma de não ficção.
O protagonista é Karl Ove Knausgard e os personagens, familiares, amigos, a mulher, a ex-mulher, os filhos. Todos ali, expostos com seus nomes verdadeiros. "Minha família tentou proibir o livro. A questão ética foi levantada - mas não porque escrevi alguma mentira sobre eles, mas porque escrevi tão abertamente sobre meu pai", conta o autor, de Beirute, onde participou esta semana do Hay Festival. Ele é um dos convidados da Festa Literária Internacional de Paraty, em julho, quando lança, aqui, A Morte do Pai (Companhia das Letras). Ele, porém, não considera sua iniciativa antiética. "Não revelo nada sobre ninguém, só sobre meu pai e minha avó, que já estão mortos", diz. Mesmo assim. Contar a intimidade de sua família não pegou bem. No entanto, como todo livro polêmico, a obra virou best-seller na Noruega.
Knausgard não assistiu a essa reação toda. Enquanto escrevia, não leu as resenhas, não viu televisão. "Estava tentando me proteger. Tenho um lado autista, que não se preocupa com ninguém, e por isso pude continuar." Hoje ele não fala mais com a família, exceto com a mãe e o irmão, que ficaram bravos no início, mas acabaram aceitando.
"Essa é a história mais importante da minha vida e eu tinha que escrevê-la", conta. Quando começou o livro, aos 40, ele já era pai e essa figura em que seu próprio pai se transformou pesou sobre ele como uma ameaça. "Se isso aconteceu com ele, poderia ter acontecido comigo."
Durante toda a narrativa, o que vemos é a tentativa de um encontro com esse pai ausente mesmo quando presente. Um encontro do autor com ele mesmo e a descoberta de sua identidade. E isso se dá na infância e adolescência, que ocupam a primeira parte do livro, no tempo presente, da escrita da obra, e num passado não muito distante, quando a tão esperada, porque previsível, notícia da morte do pai chega e ele volta para casa com o irmão para enterrá-lo.
O cenário que encontram é de guerra. O apartamento da avó, para onde ele se mudara depois de algumas tentativas de tratamento, está destruído, com garrafas de bebida barata pelos cantos, pilhas de roupa suja, urina e fezes no sofá, vômito no tapete. Essa descrição poderia ser usada para a própria avó de mais de 80 anos, ela também abandonada, que encontrou o filho morto na poltrona.
"Enquanto escrevia sobre minha infância, fui tomado por uma alegria, a alegria desse tempo, mas foi emocionalmente difícil escrever sobre ele e sobre morte", conta. Tudo o que está na obra aconteceu, garante, embora confesse não se lembrar exatamente dos diálogos - e abusa deles.
Abusa também das descrições, por vezes, desnecessárias. Levou, por exemplo, seis páginas para dizer como era ruim na guitarra e outras seis para contar como o primeiro show de sua banda foi um desastre. Escreve, ainda, coisas do tipo: "O banho não me ajudou em nada, então desliguei o chuveiro e me enxuguei com uma toalha grande, passei um pouco de desodorante nas axilas, me vesti e fui à cozinha para ver as horas, secando o cabelo com uma toalha menor". Há outras passagens como essa nas 512 páginas deste primeiro volume, que era para ser único.
"Quando terminei, percebi que havia um estilo ali de contar histórias sobre a vida cotidiana, sobre o que acontece entre os grandes momentos, e resolvi continuar." Em dois anos escreveu os cinco primeiros títulos. O derradeiro levou mais um ano - ele traz um ensaio de 400 páginas sobre Mein Kampf, obra de Hitler que serviu de inspiração para o título da série - outra polêmica. "É a minha luta, a luta diária de todo mundo. Mas ao mesmo tempo é uma luta universal, ideológica. Queria um título que conectasse todos esses demônios", explica. "Foi uma forma de dizer dane-se eu não me importo, que foi como me senti enquanto escrevia", completa.
O autor não imaginou que tinha tanto fôlego e que sua vida renderia tantos volumes. "Fui ingênuo, não percebi o tamanho do que eu estava fazendo, mas isso foi totalmente necessário para mim." Mas agora disse chega. Com a série Minha Luta - por enquanto, a Companhia das Letras só comprou os direitos dos dois primeiros títulos -, ele se aposenta da ficção.
"Quando tinha 19 anos, frequentei um curso de escrita criativa e uma das regras era não chegar ao principal conflito de sua vida. Era o que queria fazer. Queria esvaziar tudo, e a isso dou o nome de suicídio literário. Não quero escrever outro romance." Se voltar a escrever, ficará com os ensaios ou talvez se arrisque na ficção científica. "Você só escreve ficção quando está infeliz, quando há algo quebrado, e espero que meus filhos não queiram ser escritores porque aí saberei que algo está errado." As crianças, de 9, 7 e 6 anos, e a mulher também virão à Flip.
Se valeu a pena? "Sim, mas eu não seria capaz de ir lá de novo. Não, não quero voltar", conclui. 

Todas as mães do mundo




Aos pais, às tias e às avós que também são mães reais e não substitutas! E aos filhos que são órfãos – em algum lugar há uma mãe olhando por nós.

Por Adriana Teixeira 3 horas atrás
Conta-se uma história sobre a criação do Dia dos Pais que eu gosto muito: uma garota de 14 anos e cinco irmãos menores, órfã de mãe, decidiu “criar” a data em homenagem ao aniversário do pai que cuidou sozinho dos filhos. Verdade ou não, anos depois o presidente Nixon oficializou aquela data como o Dia dos Pais.  Várias outras histórias se sucederam a essa, assim como as da criação do Dia das Mães, sempre tendo um argumento religioso ou comercial. Mas o que é bacana, por trás delas, é o caráter da homenagem.

Essa homenagem que sendo sincera, não precisa de data. Sendo do coração, não precisa de rótulo. Mãe é quem assina a criação dessa pessoa que hoje você é. Pode ser que sua mãe seja seu pai, o cara que encarou fralda, madrugada, hospital, escola, primeira menstruação, fora da namorada, recuperação. Pode ser que sua mãe seja sua avó, guerreira, topando a maternidade dupla por necessidade ou devoção. Ou pode ser que sua mãe seja a tia torta para quem foi delegada a responsabilidade de cuidar de um bebê. Quantas mães existem nesse mundo?

A propaganda não fala daquelas que mesmo sendo mães, não foram. Umas porque não quiseram. Outras tantas porque não puderam. Mas essas mães também existem. Não exatamente porque um dia deram à luz, mas porque mesmo em sua ausência acabaram por imprimir nos filhos um traço de sua maternidade. Uma mãe que entregou um filho à adoção, uma mãe que deixou os filhos no campo e veio tentar a vida na cidade, uma mãe que morreu cedo demais. Essa falta tamanha de um filho sem mãe tem o outro lado, afinal, uma mãe solitária. Como será o Dia das Mães dessas mulheres?

Sempre ouvi dizer que quando a gente tem um filho passa a entender melhor a nossa mãe. Não sei se é só isso... Acho que a gente entende mesmo é esse sentimento maior e universal que é o coração de mãe! De todas as mães. Entende o esforço e a dedicação que estão implícitos na condição de ser a mãe de alguém. E entende também a gratidão e a plenitude que só quem tem o espírito maternal sente um dia. E que não tem a ver com o tamanho ou valor de presente material.  Nada é mais completo e verdadeiro que a maternidade. 

maternidade absorve a gente por dentro. E isso pode acontecer em diferentes momentos. Quando viajo e deixo meus filhos aos cuidados da amiga querida, ela se desdobra e ocupa um espaço no coração deles por mim – então,obrigada, amiga-mãe! Quando fico doente e minha irmã faz um chá pra mim, abrindo espaço na agenda dela também para me confortar, ela é um pouco minha mãe também, então, obrigada, irmã-mãe! Quando minha filha tem um problema na escola e fica no colo da professora se acalmando, ouvindo história pra distrair, ela tem ali uma mãe temporária, então, obrigada, professora-mãe!

Hoje, me permitam, arrisco até dizer que mãe é a tradução precisa do amar ao próximo como a si mesmo... Sem distinção de raça, sexo, idade, crença, poder - por todas elas e para cada uma, um feliz Dia das Mães.


* A ilustração deste post é do inspirado artista Renato Ventura, para o meu livro Guia Capricho Família (Ed. Marco Zero)
http://estilo.br.msn.com/demaepramae/blog/adriana-teixeira/post.aspx?post=3afd6880-1d5b-4ea3-92ff-0bef74d66349