A palavra vem do idioma grego: xeno quer dizer estranho e biótico está relacionado à vida. Assim, xenobióticos são compostos estranhos a um organismo ou a um sistema biológico. É a denominação dada ao conjunto de produtos estranhos à composição normal da água ou de algum alimento, como antibióticos, aditivos sintéticos utilizados em embalagens, praguicidas, hormônios promotores de crescimento de animais, metais pesados, como chumbo, cádmio e mercúrio entre outros. Segundo o comitê de especialistas da FAO/OMS, a ingestão de alimentos contaminados por anabolizantes pode levar ao aparecimento de puberdade precoce, câncer de fígado e pâncreas. O corpo têm mecanismos de eliminar parte deles, atenuando os danos que a retenção de xenobióticos pode causar, como lesões celulares decorrentes da produção de radicais livres. As crianças e os idosos têm essa capacidade de eliminação menos eficiente, sendo mais vulneráveis à ação dos xenobióticos.
Conheça alguns dos xenobióticos:
1) Praguicidas (pesticidas, herbicidas, fungicidas, agrotóxicos) – O Brasil ocupa o quarto lugar entre os maiores consumidores de praguicidas na América Latina, com 50 % do consumo. O ambiente é contaminado pela dispersão desses produtos para o solo, água e atmosfera. A população é afetada pelo consumo de água, verduras, legumes, frutas, ovos, carnes, leite e derivados contaminados. Segundo a OMS, os praguicidas são responsáveis por 700.000 casos de dermatose, 37.000 de câncer e 25.000 de sequelas neurológicas a cada ano.
2) Metais pesados
- Cádmio: É encontrado em praguicidas, fumaça do cigarro e em alguns aditivos alimentares.
- Mercúrio: Pode contaminar peixes e mariscos por meio da contaminação ambiental.
- Alumínio: Os resíduos de alumínio podem resultar da utilização de panelas de alumínio, latas, medicamentos como antiácidos, edulcorantes e no sulfato de alumínio utilizado para o tratamento da água. A intoxicação está associada com distúrbios de aprendizado, hiperatividade e ao desenvolvimento da doença de Alzheimer.
- Chumbo: Fontes de contaminação pode vir de alimentos enlatados (soldas de latas são chumbadas, latas amassadas), panelas e utensílios de cerâmica.
A intoxicação crônica por metais pesados tem efeito principalmente no Sistema Nervoso Central e no fígado.
3) Plásticos (polímeros derivados do petróleo) – Os aditivos de plásticos são encontrados nas embalagens e em rolos de PVC utilizados para cobrir alimentos. As moléculas desses produtos migram das embalagens e têm maior afinidade por alimentos gordurosos. Aquecido ou congelado, o plástico libera substâncias tóxicas, especialmente o bisfenol A, um produto químico usado na fabricação de plásticos e o revestimento interno de latas. É usado na fabricação de mamadeiras e garrafas porque permite que o plástico fique resistente e translúcido. Esses aditivos estão associados a doenças cardíacas, diabetes, infertilidade, obesidade, puberdade precoce e câncer. O prejuízo é grande para gestantes e crianças pequenas, tendo em vista que atravessam a placenta, podendo provocar alterações permanentes no cérebro do feto.
4) Aditivos alimentares
- Nitritos: São utilizados como conservantes nas carnes e têm a finalidade de intensificar a cor vermelha ou a ação bacteriostática, sendo danosos à saúde.
- Tartrazina: Corante relacionado às reações alérgicas, é utilizada no Brasil em vários alimentos e medicamentos, proibida nos EUA há mais de 20 anos.
- Benzidina e o laranja B: Corantes relacionados ao desenvolvimento de câncer de bexiga.
- Edulcorantes artificiais (aspartame, ciclamato, sacarina): Presentes na grande maioria de produtos light e diet, como sucos, refrigerantes, balas, iogurtes e bolachas.
Os corantes e conservantes artificiais estão presentes na maioria dos produtos industrializados.
5) Álcool (bebidas alcoólicas)
A ingestão excessiva promove sobrecarga hepática podendo causar cirrose e até mesmo alguns tipos de câncer.
6) Presença de microorganismos nos alimentos e água A contaminação microbiana de alimentos pode ocorrer ao longo da cadeia de produção, processamento e estocagem.
Para reduzir a ingestão de xenobióticos, seguem algumas orientações:
- Evitar consumir produtos de procedência duvidosa quanto ao uso de praguicidas.
- Evitar consumir em excesso produtos industrializados contendo aditivos, corantes, conservantes e edulcorantes artificiais. Priorizar o consumo de alimentos naturais, livres de conservantes, considerar a utilização de produtos orgânicos quando possível.
- Evitar consumir água de origem duvidosa.
- Desconfiar de legumes muito grandes, pois podem ser resultado de adubação e estimulantes artificiais.
- Preferir a compra de frutas e hortaliças da época.
- Procurar sempre descascar as frutas, alguns resíduos de agrotóxicos repousam nas cascas.
- Evitar o consumo de fígado e vísceras ao máximo! Ao ingerir carne, retire toda a gordura e a pele. Nessas partes dos animais geralmente há maior concentração de resíduos químicos.
- Evitar comprar alimentos embalados em plásticos.
- Caso necessário, retirar imediatamente os alimentos de suas embalagens plásticas, acondicionando-os em outro local (vidro, papel), especialmente alimentos gordurosos.
- Evitar o contato do filme plástico com o alimento.
- Evitar ingerir bebidas quentes ou sopas em copos ou recipientes plásticos.
- Não aqueça alimentos em conteúdos plásticos ou metálicos.
- Não coloque alimentos aquecidos em embalagens de plástico ou de metal.
- Reduzir a compra e o armazenamento de alimentos salgados, ácidos ou com alto conteúdo de frutas em embalagens de alumínio. Procure transferí-los rapidamente para outras embalagens de vidro ou porcelana.
- Não deixar as garrafas PET com água em ambientes com temperatura elevadas, por ex: dentro do carro embaixo do sol.
A idéia não é radicalizar, e sim orientar para a identificação, diminuindo a exposição tóxica dos nossos corpos, objetivando prevenir algumas doenças, maximizar a saúde e a qualidade de vida.
Fonte consultada:
Manual de Orientação – Departamento de Nutrologia – Sociedade Brasileira de Pediatria. 3ª Edição. 2012.
Clinical Nutrition: a funcional approach, IFM, 2004.
BAILLIE-HAMILTON., P.F. Chemical toxins: a hypothesis to explain the global obesity epidemic J Altern Complement Med; 8 185-192, 2002