quarta-feira 29 2012

Mais de 1,5 milhão de brasileiros consomem maconha todos os dias


Drogas ilícitas

Levantamento divulgado pela Unifesp aponta que 62% das pessoas tinham menos de 18 anos quando entraram em contato com a droga

Surtos psicóticos: quanto maior for o consumo de maconha durante a juventude, maiores serão os sintomas na fase adulta
Maconha: no Brasil, um em cada 10 adolescentes que usa maconha é dependente da droga (Doug Menuez/Thinkstock)
Mais de 1,5 milhão de brasileiros consomem maconha todos os dias. O dado faz parte do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), primeira amostragem sobre o consumo da droga no Brasil. O trabalho foi realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e divulgado nesta quarta-feira. Segundo o estudo, 3,4 milhões de pessoas entre 18 e 59 anos usaram a droga no último ano e 8 milhões já experimentaram maconha alguma vez na vida - o equivalente a 7% da população brasileira. Desses, 62% deles tiveram contato com a droga antes dos 18 anos.

Principais conclusões

Dados do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas sobre o perfil dos usuários de maconha no Brasil no ano de 2012

  1. • Um em cada dez homens adultos já experimentou maconha
  2. • Mais de 1% da população brasileira é dependente de maconha
  3. • Cerca de 40% de todos os usuários de maconha são dependentes da droga
  4. • Um em cada dez adolescentes usuários de maconha é dependente da droga
  5. • Mais de 60% dos usuários de maconha experimentaram a droga antes dos 18 anos de idade
  6. • Os homens usuários de maconha consomem três vezes mais a droga do que as mulheres
  7. • 75% da população brasileira não concorda com a legalização da maconha
  8. Fonte: Unifesp
De acordo com a amostragem, o índice de uso da droga no Brasil no último ano foi de 3%, o que o deixa fora da lista dos países de maior consumo. Na Europa, por exemplo, o índice é de 5%. Nos Estados Unidos, o número sobe para 10% e no Canadá para 14%. Embora a porcentagem parece pequena, os pesquisadores salientam que a quantia de dependentes em números absolutos é a mesma encontrada em países com maior prevalência do uso. Cerca de um terço dos usuários adultos, por exemplo, já tentou parar alguma vez, mas não conseguiu. Enquanto isso, 27% já tiveram sintomas de abstinência quando tentaram interromper o uso da droga.
Consumo – No estudo, foi comparada a taxa de uso da maconha entre 2006 e 2012. Foi visto, então, um aumento no número de usuários adolescentes da droga. Enquanto em 2006 existia menos de um adolescente para cada adulto usuário, em 2012 esse índice subiu para 1,4 adolescentes para cada adulto.
O levantamento mostra ainda que 600.000 adolescentes (4% da população) já utilizaram maconha pelo menos uma vez na vida. Já no dado referente ao uso no último ano, a taxa encontrada foi idêntica a de adultos: 3%, equivalente a mais de 470.000 adolescentes.
Em relação à legalização da maconha no Brasil, 75% dos entrevistados disseram não concordar com ela, enquanto 11% se diz favorável à legalização da maconha e 14% diz não ter opinião formada sobre o assunto.
Estudo – O levantamento realizado pela Unifesp realizou entrevistas a domicílio em 149 municípios do país. Foram ouvidos 4.607 indivíduos, todos com 14 anos ou mais. Os voluntários tiveram de responder a um questionário com mais de 800 perguntas que avalia o padrão de uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas, bem como fatores associados como depressão, qualidade de vida, saúde física e violência infantil e doméstica.

Maconha na adolescência reduz a capacidade intelectual


Drogas

Pesquisa divulgada nos Estados Unidos registrou uma queda de oito pontos no QI de usuários que começaram a fumar a droga antes dos 18 anos de idade

Surtos psicóticos: quanto maior for o consumo de maconha durante a juventude, maiores serão os sintomas na fase adulta
Queda no QI não foi observada entre usuários que começaram a fumar maconha após os 18 anos (Doug Menuez/Thinkstock)
Fumar maconha regularmente durante a adolescência reduz a capacidade intelectual de forma permanente na vida adulta, aponta uma pesquisa publicada nesta segunda-feira nos Estados Unidos.

O levantamento comparou o quociente intelectual (QI) de mil neozelandeses aos 13 anos e aos 38, incluindo fumantes regulares de maconha e não usuários. Entre os usuários que começaram a fumar na adolescência -- com o cérebro ainda em desenvolvimento -- e continuaram com o hábito até a fase adulta, houve uma queda de oito pontos no QI. Já entre os não usuários, o QI subiu até um ponto. "Em média, o QI deve permanecer estável à medida que a pessoa envelhece", explica a responsável pela pesquisa Madeline Meier, psicóloga da Universidade de Duke.

A queda do QI não foi atribuída a diferenças na educação ou por abuso de outras substâncias, como álcool e outras drogas, destacou Meier.
Os que começaram a fumar maconha na adolescência também registraram piores resultados em testes de memória, concentração e raciocínio rápido. Os que abandonaram a maconha ou reduziram seu uso até um ano antes do teste dos 38 anos apresentaram os mesmos déficits intelectuais.
Período vulnerável - Por outro lado, os usuários que começaram a fumar maconha na idade adulta -- após os 18 anos -- não tiveram sua capacidade intelectual reduzida. "A adolescência é um período particularmente vulnerável no desenvolvimento do cérebro", destacou a pesquisadora. Os jovens que começam a fumar cedo "podem estar interrompendo processos normais chave para o cérebro", e de forma permanente.
Meier especula que um estudo mais aprofundado pode ajudar a determinar se abandonar a maconha por mais de um ano permitiria "recuperar a capacidade" intelectual. "Não estudamos isto, mas é definitivamente possível", concluiu ela.
(Com Agência France-Presse)

Tempero pronto tem excesso de sódio, o vilão da hipertensão


Pesquisa

A praticidade dos temperos industrializados pode custar caro para a saúde. Das 19 principais variedades do produto vendidas no Brasil - em pó, pasta e tablete-, nenhuma tem o consumo recomendado pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste). O motivo é a alta concentração de sódio.
Entre as amostras analisadas, três delas continham - em uma porção pequena, equivalente a uma colher de chá ou tablete - 70% da quantidade de sódio indicada para um dia inteiro. Os campeões do sódio, de acordo com a Proteste, são os temperos à base de alho e sal, vendidos sob a forma de pasta, em potes. O primeiro da lista, aliás, traz a inscrição "sabor natural" na embalagem.
Com a ingestão dos temperos, garante a Proteste, o risco de passar do limite em relação ao sódio aumenta - um perigo sobretudo para hipertensos. "O consumidor ultrapassará a quantidade recomendada porque, além dos temperos, irá ingerir outros alimentos com sódio ao longo do dia", diz a nutricionista da Proteste, Manuela Dias. Para evitar excessos, os médicos aconselham a substituição dos temperos prontos por ingredientes - realmente - naturais. "Ervas para dar o aroma à comida, cebola e alho para dar gosto", indica Bottoni.
Coração - O sódio em excesso é apontado pelos médicos como o principal vilão da hipertensão, podendo agravar doenças cardiovasculares. Elas afetam 308.000 brasileiros, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). "Metade poderia ser evitada com medidas preventivas, como o respeito ao limite do consumo de sódio por dia", diz o cardiologista e coordenador de ações sociais da SBC, Carlos Alberto Machado.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselha o consumo diário máximo de 2 g de sódio. Algumas pessoas devem ter atenção redobrada. "Cardiopatas, hipertensos, pacientes com problemas renais, neurológicos ou que usem medicamentos antidepressivos estão no grupo que corre mais risco com o excesso (de sódio)", alerta o cardiologista Martino Martinelli Filho, do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas.
(Com Agência Estado)

Ministério da Saúde reduz quantidade de sódio em temperos, caldos, cereais matinais e margarinas


Alimentação

Esta é a terceira etapa do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis, assinado em agosto de 2011

Exagero no sal: cerca de 69% das mulheres e 88% dos homens brasileiros consomem quantidades diárias de sódio acima das recomendadas
Menos sal na comida: medida deve retirar 8,7 mil toneladas de sódio do mercado brasileiro até 2020 (Thinkstock)
O Ministério da Saúde anunciou nesta terça feira o início da terceira etapa de seu programa para reduzir o consumo de sódio pelos brasileiros. O ministro Alexandre Padilha e o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação, Edmundo Klotz, assinaram um documento que estabelece metas nacionais para reduzir o teor de sódio em diversos alimentos processados. O termo de compromisso prevê diminuir a quantidade da substância em temperos, caldos, cereais matinais e margarinas vegetais. 
Nos documentos anteriores, foram regulados macarrões instantâneos, bisnagas, pães de forma e francês, mistura para bolos, salgadinhos de milho, batata frita, biscoitos e maionese. Somadas as três etapas, a previsão é de que até 2020, estejam fora das prateleiras brasileiras mais de 20.000 toneladas de sódio. A iniciativa faz parte do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis, lançado em agosto do ano passado.
O termo de compromisso estabelece o acompanhamento das informações da rotulagem nutricional dos produtos e análises laboratoriais destes alimentos. "Com esse novo termo, pretendemos oferecer um alimento mais saudável, tanto no ambiente familiar quanto nos locais de trabalho. O Brasil se antecipa às ações que a Organização Mundial de Saúde pretende adotar em relação ao sódio. O modelo seguido pelo Ministério da Saúde pode se tornar referência para outros países", afirma o ministro Padilha.
Coração — Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a recomendação de consumo máximo de sal por dia é de menos de cinco gramas por pessoa. No entanto, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que o brasileiro consome, em média, 12 gramas por dia.
Esse consumo elevado pode trazer graves danos à saúde da população. Uma pesquisa realizada em 2011 revelou que a hipertensão arterial atinge 22,7% da população adulta no Brasil. Se o consumo de sódio for reduzido para o valor recomendado pela OMS, as mortes por acidentes vasculares cerebrais podem diminuir em 15%, e as mortes por infarto em 10%. Além disso, o Ministério da Saúde estima que 1,5 milhão de brasileiros não precisariam de medicação para hipertensão e a expectativa de vida seria aumentada em até quatro anos.

Cientistas descobrem gene que deixa mulheres felizes


Comportamento

Versão mais branda do gene MAOA favorece ação de neurotransmissores responsáveis pela sensação de prazer e motivação - mas só nas mulheres

Mulher feliz após fazer exercícios. Gene desempenha papel na felicidade, mas só na das mulheres.
Gene MAOA desempenha papel na felicidade das mulheres. Nos homens, alto nível de testosterona parece minar seus efeitos (Hemera Technologies)
O que faz uma mulher feliz? Segundo um grupo de cientistas americanos, parte da resposta para essa pergunta está no gene chamado monoamine oxidase A (MAOA). Um estudo feito com 345 homens e mulheres descobriu que variações desse gene interferem na ação dos neurotransmissores serotonina e dopamina, responsáveis pela sensação de prazer e motivação. O resultado foi publicado no periódico Progress in Neuro-Psychopharmacology & Biological Psychiatry.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: The MAOA gene predicts happiness in women

Onde foi divulgada: periódico Neuro-Psychopharmacology & Biological Psychiatry

Quem fez: Henian Chen, Daniel S. Pine, Monique Ernst, Elena Gorodetsky, Stephanie Kasen, Kathy Gordon, David Goldman, Patricia Cohen

Instituição: Universidade de Colúmbia, Universidade do Sul da Flórida e Instituto Nacional de Saúde dos EUA

Dados de amostragem: 193 mulheres e 152 homens adultos

Resultado: o gene monoamine oxidase A (MAOA) interfere na felicidade das mulheres, mas não na dos homens. Mulheres que têm uma versão mais branda do gene são mais felizes.
Existem duas versões do MAOA, uma delas mais ativa que a outra. Ao analisarem o DNA e os depoimentos de 193 mulheres, os cientistas das universidades de Columbia e do Sul da Flórida e do Instituto Nacional de Saúde dos EUA verificaram que aquelas que possuíam a versão mais branda do gene eram mais felizes.
Os pesquisadores explicam que este gene atua na quebra dos neurotransmissores. Assim, sua versão mais branda permite que a serotonina e a dopamina permaneçam mais tempo no corpo. Já sua versão mais ativa elimina mais rapidamente os hormônios responsáveis pelo bem estar.
"Este é o primeiro gene da felicidade para as mulheres", diz Henian Chen, principal autor do estudo e professor associado do Departamento de Epidemiologia e Bioestatística da Universidade do Sul da Flórida.

"Fiquei surpreso com o resultado, porque a baixa expressão de MAOA já havia sido relacionada a agressividade, alcoolismo e comportamento antissocial. Mas, pelo menos para as mulheres, o nosso estudo aponta uma influência benéfica."
Homens – Já no grupo dos homens, não foi verificada qualquer relação entre o MAOA e sensação de felicidade. Os pesquisadores suspeitam que a diferença possa ser explicada em parte pelo hormônio testosterona, encontrado em quantidade quase 30 vezes maior nos homens. Os cientistas supõem que a testosterona possa anular o efeito do MAOA. "Talvez os homens sejam mais felizes antes da adolescência, quando seus níveis de testosterona são mais baixos", diz Chen.
O cientista afirma que mais pesquisas são necessárias para identificar quais outros genes influenciam especificamente no bem-estar, Segundo Chen, estudos com gêmeos estimaram que fatores genéticos podem ser responsáveis por até 50% da variação da felicidade.

Dormir pouco pode elevar o risco de câncer de mama agressivo


Sono

Estudo concluiu que menos do que seis horas de sono também aumenta as chances de recorrência da doença na pós-menopausa

Mulher com insônia
Sono insuficiente está ligado a casos agressivos de câncer de mama (Getty Images)
Dormir pouco pode ser um fator de risco para um tipo agressivo de câncer de mama, indicou uma nova pesquisa feita na Universidade Case Western Reserve, nos Estados Unidos. O estudo, que é o primeiro a olhar para essa relação, também concluiu que o sono insuficiente está ligado a uma maior probabilidade de recorrência da doença. Os resultados foram publicados na edição deste mês do periódico Breast Cancer Research and Treatment.
Participaram da pesquisa 412 mulheres que já haviam passado pela menopausa e que tinham acabado de ser diagnosticadas com câncer de mama. Elas responderam a questionários contendo perguntas como qual era a duração média do sono de cada uma nos últimos dois anos. Os autores do estudo descobriram que as pacientes que dormiam, em média, menos do que seis horas por noite foram aquelas que apresentaram os tumores mais agressivos e as maiores chances de recorrência da doença após o tratamento.
"As conclusões sugerem que a falta de sono suficiente pode causar tumores mais agressivos, mas mais pesquisas precisam ser feitas para compreendermos as causas desta associação", diz a coordenadora do estudo, Cheryl Thompson. A autora lembra que essa relação foi estabelecida em mulheres que estavam na pós-menopausa, e que ela pode não ser a mesma entre pacientes que não passaram por esse período. “A duração do sono é um perigo para a saúde pública, já que também pode desencadear obesidade, diabetes e doença do coração. Uma intervenção eficaz em aumentar o tempo em que um indivíduo dorme e melhorar a qualidade de seu sono pode ser um bom caminho para evitar essas doenças e também tumores agressivos na mama”, afirma.

Atividade física ajuda no tratamento contra o câncer, mas oncologistas pouco discutem o assunto com pacientes


Atividade física

Levantamento da Clínica Mayo ainda concluiu que a maioria das pessoas com a doença desconhece os benefícios dos exercícios sobre os sintomas do câncer

Ainda que de curta duração, atividade física diária já apresenta benefícios duradouros para a saúde, conclui pesquisa realizada em Taiwan
Atividade física: estudos já provaram que exercício é benéfico para tratamento contra o câncer, mas poucos oncologistas falam sobre o assunto e a maioria dos pacientes com a doença desconhece os efeitos positivos(Thinkstock)
Embora inúmeros estudos tenham demonstrado os benefícios da atividade física sobre o tratamento e a recuperação de um câncer, os médicos oncologistas pouco discutem o assunto com seus pacientes, que ainda são relutantes em exercitar-se. Essas são as conclusões de um levantamento feito pela Clínica Mayo, nos Estados Unidos, e publicado neste mês no periódicoJournal of Pain and Symptom Management.
A pesquisa, que analisou 20 pacientes diagnosticados com câncer de pulmão, ainda mostrou que quando a sugestão da prática de exercício físico vem direto do oncologista, os pacientes são mais propensos a levar a atividade a sério. “De maneira geral, essas pessoas não estão recebendo conselhos concretos sobre como a atividade física pode ajudá-los a manter a funcionalidade e melhorar os resultados do tratamento contra a doença”, diz Andrea Cheville, coordenadora do estudo.
Além disso, as pessoas que já costumavam praticar alguma atividade física antes de serem diagnosticadas com câncer foram mais propensas a continuar se exercitando durante o tratamento contra a doença. O estudo também mostrou que a maioria dos indivíduos considera atividades do dia-a-dia, como jardinagem, por exemplo, como exercício suficiente para completar as recomendações diárias. “Grande parte dessas pessoas não sabe que as atividades diárias exigem o mínimo de esforço. Ou seja, nem tudo pode ser considerado como exercício moderado ou intenso”, afirma Cheville.
Benefícios desconhecidos — Segundo o levantamento, a maioria dos indivíduos entrevistados não sabia que a falta de atividade física pode contribuir para o enfraquecimento do corpo e para uma maior vulnerabilidade a outros problemas de saúde, especialmente a sintomas relacionados à doença. No artigo, os autores explicam que outras pesquisas já mostraram que o exercício pode reduzir em até 50% a recorrência dos cânceres de mama e cólon. Além disso, as atividades melhoram a mobilidade dos pacientes em tratamento, reduz a fadiga associada à doença e também evita que os indivíduos fiquem isolados em suas casas.

Sapatos com Saltos Quadrados



Os saltos quadrados voltaram com a moda vintage – Foto: Reprodução
A moda vintage está em alta e com ela vieram os sapatos femininos de salto quadrado de volta aos armários e aos looks das mulheres mais antenadas. Unindo conforto e moda, essa tendência remete inclusive aos calçados das avós – seguros e firmes – mas chegam aos catálogos, passarelas e ruas com uma pegada mais moderna, arrematada pela criatividade dos fashionistas mais ousados.
Com pegada mais moderna, os quadrados retornaram aos armários – Foto: Reprodução
Independente de biotipos, os saltos quadrados caem bem para as mais magrinhas e também para as mais cheinhas, já que sustentam o corpo com estabilidade e agregam um tom romântico à composição dos looks. Uma grande vantagem desse tipo de calçado é não oferecer restrições ao tempo de permanência nos pés, sendo ideal tanto para passeios quanto para o ambiente de trabalho, mesmo que a rotina seja composta por longas horas sem ter onde se sentar. Ou seja: combinam elegância e conforto na medida certa. Por exigir menos dos ligamentos do tornozelo, essa espécie de salto é até mais saudável, e quando se trata do charme vintage em seu estilo mais tradicional em nada deixa a desejar. Um excelente investimento para o verão!

Os mais básicos em tom nude e com cordas – Foto: Reprodução
E os mais modernos, com brilho e glamour – Foto: Reprodução
Com tiras e fivelas, menos formais – Foto: Reprodução

Eis o homem de Gilberto Carvalho, a sua “pérola”. Se ele ganhar, diz o ministro, Dilma manda dinheiro; se perder, a presidente vai punir o povo!



Gilberto Carvalho (à dir.) e Kiko, a sua “pérola”: ministro faz chantagem eleitoral usando o nome da presidente. Se continua no cargo…
A presidente Dilma Rousseff tem investido na imagem da governante sóbria, que gosta de se portar como magistrada — aliás, é esse o seu papel institucional, como chefe de um Poder — e não se mete em rinhas eleitorais. Atuou para que o PT tivesse um candidato próprio à Prefeitura em Belo Horizonte e fez movimentos para garantir sustentação a Fernando Haddad em São Paulo. Até aí, vá lá. Entendi que são ações que se encaixam no perfil de quem é, também, filiada a um partido político. O que não pode é imitar seu antecessor nos defeitos e mobilizar o estado a serviço de interesses partidários. Por essa razão, deveria chamar o senhor Gilberto Carvalho, o braço operativo de Luiz Inácio Lula da Silva em seu governo, e lhe entregar a carta de demissão. Não o fará, sei disso. E, ao não fazê-lo, falseia a imagem que tenta plasmar de governante equidistante das disputas eleitorais.
Reportagem publicada ontem pela Folha demonstra por que o Brasil ainda está longe de ser uma república corriqueiramente democrática, dessas em que os cidadãos e, sobretudo, os homens públicos defendem e cumprem as leis. No último dia 19, informa o jornal, Carvalho participou do comício do candidato do PT à Prefeitura de Franco da Rocha, o Kiko.
O ministro parece ter por Kiko uma admiração irrestrita.
O ministro parece ter por Kiko um entusiasmo grande mesmo!
O ministro parece ter por Kiko frêmitos de devoção.
Se Kiko ganhar, Gilberto Carvalho promete fazer como o imperador Adriano (o romano, não o da Vila Cruzeiro…) e lhe erguer uma cidade! Quem sabe imite aquele governante e até lhe dedique alguns versos…
Mas o que disse Carvalho? Informa a Folha:
“Se hoje o investimento que a cidade consegue fazer é de R$ 5 milhões ao ano [R$ 20 milhões em quatro anos], eu quero garantir que, com Kiko prefeito, com a nossa parceria, faremos nestes quatro anos um investimento de pelo menos R$ 100 milhões”.
E aí Carvalho ameaçou os eleitores da cidade:
“Se Kiko for eleito prefeito de Franco da Rocha, a presidenta Dilma terá confiança de enviar para cá todos os recursos que nós precisamos para transformar efetivamente esta cidade”.
Entenderam? Se o Kiko não for eleito, deve-se entender que Dilma vai deixar a população chupando o dedo. Quem estava a dizer essa enormidade? Ora, aquele que é nada menos do que secretário-geral da Presidência da República e um dos dois homens verdadeiramente fortes no PT — vocês sabem quem é o outro. NA HIERARQUIA INFORMAL DO PARTIDO, CARVALHO É QUE É CHEFE DE DILMA, NÃO O CONTRÁRIO.
O ministro citou a presidente três vezes no discurso: “Não adianta a gente ter uma presidenta tão forte, tão eficiente como a Dilma [Rousseff], e ter gestores fracos, corrompidos”. E PENSAR QUE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL FAZ O MAIOR JULGAMENTO DA SUA HISTÓRIA E TEM COMO RÉUS JUSTAMENTE A CÚPULA DO PETISMO! Abordo em outro post (sobre o Distrito Federal) a competência do PT para governar e os efeitos da parceria com o governo federal…
A fala de Carvalho é indecorosa. Se age desse modo para eleger o prefeito de Franco da Rocha, a gente pode imaginar do que não é capaz essa turma para fazer valer a sua vontade. A propósito: ninguém precisa imaginar nada! Sabemos, sim, até onde pode chegar, como provam os escândalos do mensalão, dos aloprados e da violação de sigilo e feitura de dossiês.
Nunca soube se comportarGilberto Carvalho nunca soube se comportar. Boa parte dos jornalistas o trata com lhaneza porque ele é mestre em produzir embargos e fofocas auriculares. Gosta de bater papinhos informais com colunistas, quando se comporta como eficaz hortelão. Invariavelmente, e todos sabem disso, é para atingir governos e figuras da oposição. Lembro que foi este senhor que tentou armar, lá de Brasília, a “resistência” à desocupação da área conhecida como Pinheirinho, em São Paulo. Um assessor seu chegou a se dizer atingido por uma bala de borracha, mas se negou a fazer exame de corpo de delito. Ações de policiais militares em estados governados por PT e aliados cegaram três pessoas naquele mesmo período. Carvalho não disse um “a”. Não é um homem de estado. É um petista aparelhando o estado a serviço de seu partido — e de sua corrente dentro desse partido.
Em Franco da Rocha, como resta claro, falou em nome de Dilma Rousseff. Para defender a sua “pérola”, não hesitou em exercitar claramente a linguagem da chantagem. Imaginem se um enviado do governador Geraldo Alckmin repetisse discurso parecido em alguma cidade do interior de São Paulo: “Se Fulano ganhar, o governador manda mais dinheiro pra cá; se não ganhar…”. O mundo viria abaixo.
Sim, senhores! A tarefa do Supremo Tribunal Federal é mesmo gigantesca. “O que tem uma coisa a ver com outra, Reinaldo?” Ou os ministros que têm vergonha na cara, e espero que seja a expressiva maioria, dizem que essa gente não pode fazer o que lhe dá na telha, ao arrepio da lei, ou o país vai mesmo à breca porque entenderá que a sujeira passa a ser admitida como parte do jogo. Se assim é lá em cima, por que não poderia ser cá embaixo?
Se Dilma não desmentir Gilberto Carvalho, então se deve entender que ele falou mesmo em nome dela. Então se deve entender que ela regulará os investimentos federais nas cidades a depender de quem seja o prefeito. Dada essa perspectiva, só petistas deveriam ser eleitos para o bem dos munícipes país afora. O mensalão demonstra o tamanho da competência e da honorabilidade dessa gente. E também prova a sua dedicação à causa do povo.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/eis-o-homem-de-gilberto-carvalho-a-sua-perola-se-ele-ganhar-diz-o-ministro-dilma-manda-dinheiro-se-perder-a-presidente-vai-punir-o-povo/?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+ReinaldoAzevedo+%28Reinaldo+Azevedo%29

Advogado de Delúbio faz defesa arrumada, mas tese é furada; empréstimo fraudulento é suborno, não caixa dois; enfiar a mão no dinheiro do BB é peculato, não caixa dois



Arnaldo Malheiros Filho, advogado de Delúbio Soares, fez a melhor defesa até agora. De longe, é o mais experiente. É claro que não concordo com ela e que a considero cheia de furos no que concerne à ordem dos fatos, como demonstrarei. Mas não deixo de lhe reconhecer a competência.
Não caiu na tolice do advogado de José Genoino, segundo quem a opinião púbica não reconhece o mensalão, e a evidência seria a reeleição de Lula e a eleição de Dilma. Malheiros, ao contrário, sabe que reconhece, sim. E sabe que a sociedade espera a condenação dos réus. Por isso encerrou a sua defesa elogiando Paulo Brossard, que defendeu a permanência dos crucifixos nos tribunais porque ele seria um alerta contra erros judiciais. Explicitou a sua figuração: um juiz não pode sair na sacada, ouvir o que quer a praça, decidir segundo a sua vontade e lavar as mãos. A argumentação é inteligente, embora emprestada àquela que é uma má causa. Também evocou a máxima da luta de um simples moleiro contra um rei — “Ainda há juízes em Berlim” (quem quiser saber a origem da expressão, cliqueaqui) —, emendando: “Ainda há juízes em Brasília”. A referência é douta, mas talvez ao avesso. Ela é um emblema da prevalência da lei sobre a vontade dos poderosos. Nesse caso, os poderosos é que são réus. Sigamos.
Os três advogados, com mais ou com menos ênfase, buscam negar a correspondência entre as votações no Congresso e o repasse de dinheiro ilegal do esquema a parlamentares e partidos.
Malheiros exibiu um estudo feito pelo PT, a pedido do deputado Odair Cunha (MG) — atual relator da CPI do Cachoeira — indicando a inexistência de correspondência entre o resultado de determinadas votações e o repasse de dinheiro. Em matérias de interesse do governo, muitos votos foram conquistados entre os partidos de oposição. É verdade! Mas o que isso prova? Pode evidenciar o contrário do que se pretende. Justamente porque a base claudicava, era recalcitrante, foi preciso recorrer a métodos escusos para mantê-la unida, ora. Até porque não se procurava mesmo comprar uma baciada de parlamentares, mas o comando de partidos. Eram eles que passavam a orientação à base. A negociação com o PTB foi conduzida por Roberto Jefferson; a negociação com o então PL, por Valdemar da Costa Neto. Esse gráfico feito parlamentar a parlamentar não significa nada. Não por acaso, foi produzido pela assessoria do PT.
Ao negar o vínculo entre uma coisa e outra, Malheiros insiste, a exemplo de Oliveira Lima (advogado de Dirceu), na ausência do chamado “ato de ofício”. Já tratei desse assunto aqui algumas vezes. Nesse tipo de coisa, não se deixa exatamente rastro. É por isso que em direito existe o chamado “domínio dos fatos”. Não fosse assim, teríamos uma lei convidando a bandidagem a se especializar. Num dado momento, Malheiros notou: “Quanto mais dinheiro entrou (no esquema), menos fiel foi a bancada”. Certo! Quem disse que isso não pode ser justamente a prova da vinculação entre os pagamentos e os votos? Afinal, no regime de cooptação, remunera-se mais o infiel. Acho que nem preciso me estender sobre os motivos.
Malheiros, lê-se aqui e ali, teria sido o verdadeiro autor da tese do “tudo é caixa dois de campanha”, que acabou sendo atribuída a Márcio Thomaz Bastos. Não sei se é fato. Sei que essa foi uma das âncoras de sua defesa. Delúbio não teria usado o dinheiro para corromper ninguém. Apenas se encarregava de pagar as dívidas. E por que recorreu àquele esquema? “Porque era um ilícito”, ele disse. Voltava, assim, à tática original de admitir o ilícito eleitoral, que não rende cadeia pra ninguém.
Crime sem criminososOs três advogados de defesa que falaram até agora fizeram o óbvio: alegaram a inocência de seus respectivos clientes. Dirceu e Genoino não teriam participado das decisões da área financeira do PT e, pois, não podem ser culpados de nada. Delúbio só estava encarregado de pagar as dívidas e recorreu a caixa dois. Certo.
Não coube aos três advogados estabelecer considerações sobre a origem criminosa ou não do dinheiro. Isso ficará a cargo de outros doutores. Nos dois debates de que participei na VEJA, tenho insistido num aspecto: faz diferença a destinação do dinheiro? Se tivesse ido para os velhinhos desamparados, a sua origem seria ilegal?
Esse mundo é interessante mesmo — e cá está a evidência de por que o processo não poderia jamais ter sido desmembrado: cada advogado vai “provar” a inocência do seu cliente — e, pois, nenhum deles cometeu crime. Os crimes, no entanto, aconteceram, o que, suponho, nenhum ministro do Supremo conseguiria negar — crimes sem criminosos, pois…
Por enquanto, estamos assim: as defesas, respectivamente, de Dirceu e Genoino alegaram, na prática, que Delúbio tinha autonomia para cuidar da área financeira. E a do tesoureiro sustenta que ele apenas distribuiu recursos do caixa dois para pagar dívidas. Até agora, não se falou da origem da bufunfa, o que deve ficar a cargo de outros.
Quero encerrar dizendo que doutor Malheiros foi, sim, muito bem. É hábil, mas a tese é furada.  Essa sua versão 5.0 (cinco ponto zero) do caixa dois não convence. Um partido que recebe um empréstimo fraudulento de um banco que está à espera de uma decisão do governo  não é caixa dois, mas suborno. Enfiar a mão na grana do Banco do Brasil não é caixa dois, mas peculato. Atenção! Se, com os recursos do suborno e do peculato, operou-se também caixa dois de campanha, aí, quero crer, uma coisa agrava a outra.
Malheiros contestou também que se quisesse criar um Parlamento paralelo, financiado com dinheiro vivo. Alegou, entendi, que eram poucos os parlamentares envolvidos no “ilícito” para que se sustente tal tese. Vênia máxima, doutor, parte daquela dinheirama buscava comprar partidos inteiros, cujos parlamentares estavam submetidos aos respectivos comandos que negociaram a prebenda.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/tag/delubio-soares/