sexta-feira 10 2014

Carmita Abdo - Bloco 1



Carmita Abdo - Bloco 2



Carmita Abdo - Bloco 3



Médicos detectam Parkinson pela saliva do paciente

Doenças neurodegenerativas

Após analisarem a presença de proteínas anormais na saliva de 11 pacientes com Parkinson, pesquisadores detectaram a doença em nove deles

Parkinson
Doença de Parkinson: Teste de saliva pode oferecer um diagnóstico preciso da doença (Thinkstock)
Pesquisadores americanos estão desenvolvendo uma forma de diagnosticar a doença de Parkinson por meio da análise da saliva dos pacientes. Segundo os especialistas, isso é possível pois as glândulas salivares de pessoas que sofrem do problema contêm proteínas anormais associadas ao Parkinson, o que pode tornar possível “um diagnóstico muito mais preciso para a doença do que os disponíveis atualmente”, afirmam eles.
O primeiro teste envolvendo a técnica foi feito pela Clínica Mayo em parceria com o Instituto de Pesquisa em Saúde Banner Sun, ambos nos Estados Unidos. Os resultados foram divulgados nesta quinta-feira pela Academia Americana de Neurologia e serão apresentados em março, quando acontecerá o encontro anual da entidade.
Ainda não existe um teste que faça um diagnóstico preciso da doença de Parkinson. Geralmente, a detecção da doença é feita na consulta clínica, quando os pacientes relatam o surgimento e o progresso de sintomas relacionados à condição, como alterações do sono e do olfato e problemas motores, principalmente rigidez muscular e tremores. Exames de imagens, como o ultrassom transcraniano, podem auxiliar o médico quando há dúvidas sobre a presença do Parkinson. O diagnóstico também pode ser feito por exclusão de outras doenças.

Segundo Charles Adler, neurologista da Clínica Mayo e coordenador desse novo estudo, autópsias realizadas anteriormente em pacientes com Parkinson permitiram que os médicos identificassem que proteínas anormais associadas à doença são “consistentemente encontradas nas glândulas salivares submandibulares, que ficam sob a mandíbula inferior”. No entanto, ainda de acordo com Adler, essa é a primeira vez que uma pesquisa mostra a possibilidade de utilizar essas glândulas para fazer o diagnóstico de Parkinson em pacientes que vivem com a doença. “Fazer o diagnóstico em pacientes vivos é um grande passo adiante em nossos esforços para tratar melhor os pacientes.”
Teste — Para testar a técnica, a equipe de Charles Adler selecionou 15 pacientes com uma média de 68 anos de idade que tinham a doença de Parkinson há, ao menos, 12 anos. Todos esses indivíduos faziam tratamento para a doença e respondiam bem aos medicamentos. Os pesquisadores realizaram biópsias de glândula salivar submandibular e de glândula salivar menor (no lábio inferior) e, então, examinaram a presença das proteínas anormais relacionadas ao Parkinson.
Essa análise foi possível em 11 dos 15 participantes, pois somente eles tinham “tecido suficiente para ser examinado”. Segundo os resultados, o teste da saliva detectou a doença de Parkinson em nove desses 11 pacientes, e a eficácia do procedimento foi maior quando examinadas as glândulas salivares submandibulares do que quando estudadas as glândulas menores. "Essa descoberta pode ser de grande utilidade quando é necessária uma prova definitiva da doença de Parkinson, especialmente nos momentos em que se considera a execução de procedimentos invasivos, como a cirurgia de estimulação cerebral profunda ou a terapia genética", diz Andler.

Cientistas bloqueiam proteína relacionada ao Parkinson

Parkinson

Mutações na proteína quinase LRRK2 estão ligadas ao aparecimento da doença e também ao aumento do risco de desenvolvê-la

Parkinson
Parkinson: a doença tem causas genéticas e atinge principalmente pessoas acima de 60 anos (Thinkstock)
Pesquisadores conseguiram bloquear a produção de uma proteína que, quando sofre mutação, está relacionada à doença de Parkinson. A pesquisa foi realizada pela Genentech, empresa do grupo Roche, especializada em biotecnologia e publicada nesta quarta-feira, no periódicoScience Translational Medicine.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Ser1292 Autophosphorylation Is an Indicator of LRRK2 Kinase Activity and Contributes to the Cellular Effects of PD Mutations

Onde foi divulgada: periódico Science Translational Medicine

Quem fez: Zejuan Sheng, Shuo Zhang, Daisy Bustos, Tracy Kleinheinz, Claire E. Le Pichon, Sara L. Dominguez, Hilda O. Solanoy, Jason Drummond, Xiaolin Zhang, Xiao Ding, Fang Cai

Instituição: Genentech, empresa do grupo Roche

Resultado: Os pesquisadores desenvolveram um método para monitorar a atividade da proteína quinase LRRK2. Com isso, eles testaram um composto denominado G1023, que se mostrou capaz de bloquear a ação dessa proteína, relacionada ao Parkinson.
A doença de Parkinson acomete de 1 a 2% da população brasileira acima de 60 anos, e se caracteriza pelos sintomas motores (tremores no repouso, movimentos mais lentos e rigidez) e não-motores, como alterações de sono, do olfato e da função cognitiva e depressão.
Genética - Atualmente, existem estudos que relacionam o Parkinson a fatores ambientais, mas ela ainda é considerada uma doença de causas genéticas. As alterações nos genes que a causam não são totalmente conhecidas, e podem surgir de forma hereditária ou esporádica (sem que haja um histórico familiar).




















Um dos genes que tem sido relacionado à doença em diversos estudos é o responsável pela produção da proteína quinase LRRK2. De acordo com os pesquisadores, mutações nessa proteína estão ligadas ao aparecimento da doença e também ao aumento do risco de desenvolvê-la, mas o mecanismo envolvido nesse processo ainda não é conhecido, bem como a função da proteína no organismo.
Estudo - Um dos desafios dos pesquisadores era monitorar a atividade da quinase LRRK2 nos neurônios, para estudar sua relação com o Parkinson. "Monitorar a atividade da quinase é tão importante quanto monitorar a temperatura na culinária. Assim como uma pessoa utiliza um termômetro para determinar a temperatura de um prato, os pesquisadores têm procurando um termômetro para medir a atividade dessa proteína no cérebro de camundongos e em culturas de células", afirma Don Kirkpatrick, pesquisador da Genentech.
No estudo, os pesquisadores conseguiram desenvolver esse termômetro, feito de anticorpos que ajudam a estimar a presença dessa proteína. "Uma vez que tínhamos esse termômetro, nós o usamos para verificar como cada um dos componentes que nós testamos afetava a atividade da quinase", diz Kirkpatrick. Dessa forma, eles perceberam que o composto denominado G1023poderia bloquear a ação da quinase. Porém, para o pesquisador, mais estudos serão necessários para demonstrar que o bloqueio da quinase pode reverter a progressão da doença.
 


Opinião do especialista

Erich Fonoff
Professor de neurologia da Universidade de São Paulo e neurocirurgião do Hospital das Clinicas

"A quinase LRRK2 sabidamente tem relação com a doença de Parkinson. Uma mutação faz com que ela se expresse de modo alterado e é um dos elos na cascata de eventos moleculares que culminam na morte das células dopaminérgicas, relacionadas ao controle dos movimentos.
"Para que a doença se desenvolva, uma cadeia de eventos deve ocorrer. Se essa cadeia for em série, e uma etapa depender necessariamente da anterior, ao bloquear uma delas se poderá aniquilar a cadeia e parar o processo de morte celular. Mas, na verdade, nós não sabemos se essa cadeia ocorre em série ou em paralelo. O bloqueio de uma proteína como essa pode significar um auxilio para que isso não ocorra, mas é difícil prever, porque não sabemos o quão parecido é o modelo de Parkinson em animais com o do ser humano.
"Além disso, mais de 50% das células dopaminérgicas devem ter morrido para que o paciente comece a apresentar os primeiros sintomas motores. Por essa razão, a gente acabaria bloqueando uma cascata de eventos em alguém que já esta doente há muito tempo. Para que qualquer tentativa de cura seja feita é necessário que o diagnóstico seja mais precoce, e isso também tem sido alvo de muitas pesquisas".

Teste pode ajudar a detectar Parkinson antes de os sintomas aparecerem

Doenças neurodegenerativas

Pesquisa descobriu que baixos níveis de determinadas proteínas no fluido cerebrospinal estão associados à presença da doença

Parkinson: Doença acontece quando a comunicação entre os neurônios é prejudicada pela falta de um neurotransmissor chamado dopamina
Parkinson: Doença acontece quando a comunicação entre os neurônios é prejudicada pela falta de um neurotransmissor chamado dopamina (Thinkstock)
Pela primeira vez, uma pesquisa conseguiu identificar biomarcadores específicos para o Parkinson — ou seja, substâncias presentes no corpo de uma pessoa que acusam a existência de uma doença antes mesmo do surgimento dos primeiros sintomas. Segundo os autores do estudo, a descoberta pode levar a um teste que detecte a condição de forma mais precoce do que é feito atualmente, mudando tanto o diagnóstico da doença quanto o seu tratamento. Hoje, o Parkinson é diagnosticado com base em sintomas clínicos, como tremores nas mãos e lentidão nos movimentos.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Comparison of Cerebrospinal Fluid Levels of Tau and Aβ 1-42 in Alzheimer Disease and Frontotemporal Degeneration Using 2 Analytical Platforms​

Onde foi divulgada: periódico JAMA Neurology

Quem fez: David J. Irwin, Corey McMillan, Jon Toledo, Steven Arnold, Leslie Shaw, Li-San Wang, Vivianna Van Deerlin, Virginia Lee, John Trojanowski e Murray Grossman

Instituição: Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos

Dados de amostragem: 102 pessoas com e sem doença de Parkinson

Resultado: Os níveis de determinadas proteínas no fluido cereborspinal de uma pessoa podem acusar a doença de Parkinson antes do surgimento dos primeiros sintomas.
A nova pesquisa foi desenvolvida na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, e publicada neste mês na revistaJAMA Neurology. As conclusões são as primeiras de um estudo que começou há cinco anos e que se chama Iniciativa de Marcadores da Progressão do Parkinson (PPMI, sigla em inglês).
Essa primeira etapa da pesquisa analisou o fluido cefalorraquidiano (líquido que protege o cérebro e a medula espinhal) de 102 pessoas. Dessas, 63 apresentavam um estágio inicial de Parkinson, mas não haviam começado a receber tratamento para a doença. O restante não apresentava a condição. Os pesquisadores observaram especialmente cinco proteínas nas amostras.
Mecanismo — De acordo com os resultados, pessoas com a fase inicial da doença apresentam níveis mais baixos das proteínas beta amiloide e alfa sinucleína em comparação com indivíduos saudáveis. Além disso, os participantes com Parkinson que tinham os problemas motores mais graves também foram aqueles que apresentaram os menores níveis das proteínas tau e alfa sinucleína. Por outro lado, as pessoas que apresentavam enrijecimento muscular apresentaram níveis muito baixos de beta amiloide.
A doença de Parkinson acontece quando a comunicação entre os neurônios é prejudicada pela falta de um neurotransmissor chamado dopamina. Ele torna os sinais enviados para os músculos mais fortes. Quando as células nervosas que produzem a dopamina começam a morrer, a comunicação é prejudicada e surgem sintomas como descoordenação motora, tremores, e movimento lento. Para os autores desse novo estudo, a degradação de determinadas proteínas pode ajudar na melhor compreensão sobre a doença.
Ainda segundo os pesquisadores, essas conclusões sugerem que, um dia, será possível detectar precocemente a doença de Parkinson e a sua progressão por meio de um teste que analise o fluido espinhal. Com isso, a equipe acredita que será possível desenvolver tratamentos que barrem o avanço dos sintomas o mais cedo possível, melhorando a qualidade de vida de pessoas com a doença.

Terapia genética melhora função motora de pacientes com Parkinson

Doenças neurodegenerativas

Ao alterar o DNA de neurônios de pacientes com a doença, pesquisadores da França conseguiram atenuar um dos principais sintomas do Parkinson

DNA: terapia genética pode ser opção para pessoas com Parkinson que não responderam aos tratamentos convencionais
DNA: terapia genética pode ser opção para pessoas com Parkinson que não responderam aos tratamentos convencionais (Thinkstock)
Um estudo publicado nesta sexta-feira na revista médica The Lancet conseguiu melhorar a função motora de pacientes com Parkinson usando terapia genética. Esse tipo de tratamento consiste em alterar o DNA de uma célula para combater determinada doença.
A doença de Parkinson acontece quando a comunicação entre os neurônios é prejudicada pela falta de um neurotransmissor chamado dopamina, responsável por fortalecer os sinais enviados do cérebro aos músculos. Quando as células nervosas que produzem a dopamina começam a morrer, surgem sintomas como descoordenação motora, tremores, e movimento lento. 

Saiba mais

TERAPIA GENÉTICA
Tratamento que busca alterar o DNA de uma determinada célula, em busca de um resultado benéfico para a saúde de um paciente. Para isso, os cientistas precisam inserir um gene no núcleo da célula e fazer com que substitua outro. Os pesquisadores costumam usar como veículo desse gene um vírus ou retrovírus, pois esses vetores conseguem alterar o material genético de seu hospedeiro. Dentro da célula, o novo gene passa a fazer parte de seu DNA, e pode ser usado para tratar alguma doença.

O tipo de terapia genética usada no novo estudo, chamada ProSavin, alterou geneticamente um vírus inativo para que ele passasse a carregar genes capazes de produzir dopamina. Depois, os pesquisadores fizeram com que esse vírus entrasse em células nervosas presentes na camada do cérebro responsável pelo controle dos movimentos. Com isso, foi possível fazer com que neurônios que não produziam dopamina se tornassem uma fonte constante do neurotransmissor.
A pesquisa, feita no do Hospital Universitário Henri-Mondon de Créteil, na França, testou a abordagem em quinze pacientes que apresentavam um nível avançado da doença de Parkinson. Os participantes tinham entre 48 e 65 anos e não haviam respondido aos tratamentos convencionais.
Os pacientes receberam três doses do ProSavin. Para medir a eficácia da terapia, os pesquisadores empregaram um sistema padrão que avalia algumas funções motoras como a fala, os tremores, a rigidez, o movimento dos dedos, a postura, a forma de andar e a lentidão. Segundo os resultados, todos os participantes apresentaram melhoras no controle dos movimentos. Os autores também concluíram que a abordagem é segura (os efeitos adversos apresentados foram leves) e tolerável. 
De acordo com Stéphane Palfi, que coordenou o estudo, os resultados, embora promissores, ainda são limitados e devem ser interpretados com precaução. “A segurança da abordagem pode ser vista como um primeiro passo para futuros estudos voltados para a avaliação rigorosa da eficácia”, diz.

Pesquisa mostra irracionalidade em financiamento eleitoral

Eleições 2014

Levantamento da ONG Transparência Brasil revela que o custo do voto diverge fortemente nos diferentes estados - e aponta possíveis soluções

Gabriel Castro, de Brasília
Urnas eletrônicas que serão usadas nas eleições de 7 de outubro
Urnas eletrônicas (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)
O debate sobre o financiamento das campanhas eleitorais tem ganhado força no Brasil. No Congresso, o tema é o eixo central da recorrente discussão sobre a reforma política. O Supremo Tribunal Federal (STF) deve concluir em breve o julgamento sobre a constitucionalidade das doações de empresas privadas a partidos políticos e candidatos. O julgamento foi interrompido quando o placar estava em 4 votos a 0 pela proibição da prática. Em meio à discussão, um levantamento da ONG Transparência Brasil traz dados relevantes sobre o tema.
Os números confirmam a influência do poder econômico sobre as eleições e mostram que os gastos com as campanhas não seguem um padrão racional pelo país. Na avaliação de Claudio Abramo, diretor da ONG e responsável pela pesquisa, os dados reforçam a necessidade de uma mudança na legislação em vigor e da adoção de um modelo que reduza excessos. Ao mesmo tempo, ele aponta alternativas ao financiamento público de campanha, que não resolveria os problemas atuais. 
A pesquisa detalhou o custo do voto nas eleições de 2010 e 2012. Uma das conclusões é que a correlação entre gastos elevados de campanha e o sucesso dos partidos nas urnas é quase automática: em uma escala de 0 a 1, a taxa é de 0,9: quem tem mais dinheiro tem mais eleitores. Isso explica porque, do ponto de vista partidário, a corrida por recursos financeiros é a prioridade. Com os cofres cheios, a vitória eleitoral torna-se consequência. 
O levantamento também revela algumas distorções. O custo das campanhas não segue um padrão lógico nos diferentes estados do país. Por exemplo: o voto em certas unidades da federação com baixa renda per capita acaba saindo mais caro aos candidatos do que em outras, mais ricas. No Acre, os candidatos eleitos para a Câmara gastaram em média 22,8 reais por voto. Em São Paulo, foram 10,9 reais. Eleger um deputado estadual em Rondônia custou, em média, 42 reais por voto – contra 11,5 reais em Minas Gerais. 
Os dados mostram ainda que o valor mínimo gasto nas campanhas bem-sucedidas para a Câmara Federal em 2010 variou de 48.200 reais, no Ceará, a 616.900 reais, em Mato Grosso. O desequilíbrio se repete nas eleições para cargos majoritários: A eleição para governador em Rondônia teve um custo de 43 reais por voto. No Pará, foram 4 reais. Os números apontam ainda discrepâncias semelhantes entre os municípios de um mesmo estado.
Na visão de Claudio Abramo, a falta de lógica dos financiamentos é fruto da ausência de limites às doações, o que gera verdadeiras corridas do ouro em algumas disputas eleitorais. Uma ideia apresentada por Abramo é a instituição de um teto absoluto às doações de empresas privadas."A limitação obrigaria os financiadores a discriminar melhor quem eles financiam, e isso causaria uma regularização desse cenário de irracionalidade", afirma ele. 
Hoje, a lei estabelece um máximo relativo: 2% do percentual sobre o faturamento do ano anterior. Com a criação de um valor-limite idêntico para todas as empresas, o peso das grandes companhias (como bancos e empreiteiras) seria reduzido, o que ajudaria a equilibrar as eleições. Abramo também acredita que a nova regra reduziria um fenômeno tipicamente brasileiro: o dos empresários que, por segurança, financiam simultaneamente candidatos rivais.
O diretor da Transparência Brasil também sugere a criação de limites para as autodoações. O levantamento da Transparência Brasil mostrou que, em 2010, 303 candidatos deram à sua campanha um valor superior a 50% do patrimônio declarado, um claro sinal de os números são fictícios. Essa irregularidade, contudo, não tem chamado a atenção do Ministério Público. Em 2012, 4.443 candidatos entregaram a seu próprio comitê eleitoral mais da metade do patrimônio declarado. Hoje, não há limite para as autodoações. A falta de regras favorece candidatos mais abonados, especialmente nos pleitos com menos concorrentes.
Doações — A pesquisa da ONG mostra ainda que empresas foram a fonte de 59,1% dos recursos aplicados nas campanhas eleitorais de 2010, o que equivale a 1,2 bilhões de reais. Ao mesmo tempo, as doações de pessoas físicas se revelaram uma ferramenta muito mais comum às pessoas de alta renda do que ao cidadão assalariado. Ao todo, 92% dos recursos dessa fonte vieram de doações superiores a 1.000 reais. De acordo com a Transparência Brasil, o artifício é usado por empresários que pretendem burlar o limite legal para as doações de pessoa jurídica — hoje, em 2% do faturamento da empresa no ano anterior. Os dados reforçam a tese de que a força econômica é um fator de desequilíbrio nas disputas eleitorais.

Claudio Abramo diz que, embora o modelo atual precise de mudanças, o financiamento público exclusivo não é a única — muito menos a melhor — solução possível. "Provavelmente não vai funcionar, porque os interesses continuarão por aí. Não é porque você tem um pedaço de papel dizendo que é proibido que vai deixar de acontecer", afirma.

Além da instituição de limites às grandes doações, Abramo defende uma divisão mais equilibrada do Fundo Partidário, que nas eleições de 2010 foi a fonte de mais de 20% dos recursos aplicados nas campanhas. O estudo realizado pela ONG sugere que o método de divisão desses recursos, que hoje privilegia os partidos com a maior bancada na Câmara, gera um aumento do desequilíbrio entre os grandes e os pequenos partidos.
O STF deve retomar em breve o julgamento sobre o financiamento de campanha. Mesmo se a corte decidir que as doações de empresas são ilegais, isso não significa que o financiamento público de campanha será adotado automaticamente. Caberá ao Congresso elaborar uma nova norma para o sistema de financiamento eleitoral. Por isso, o debate é mais importante do que nunca.

Três razões para comer batata doce:



1. É uma excelente fonte de energia para quem faz exercícios físicos. A batata doce é um carboidrato de alto valor energético que possui muitas fibras. Por isso, a glicose é liberada lentamente, evitando um pico indesejável de insulina. Resultado: ficamos com um nível de glicose no sangue mais baixo e ainda além disso, por um tempo bem mais prolongado. Por isso, se você vai treinar ou praticar esportes, uma boa dica é comer uma batata doce cozida mais ou menos 40 minutos antes de iniciar sua atividade física. Energia total!

2. Diminui o apetite e dá a sensação de saciedade. Como a glicose é liberada mais lentamente e por um tempo mais prolongado, não temos a sensação de fome depois de comer batata doce. Por isso é um bom alimento para ajudar no controle o peso. Mas atenção! Procure orientação profissional para não extrapolar suas necessidades diárias.

3. É uma fonte de vitamina A, que atua como antioxidante, ou seja, ajuda a “limpar” as células de substâncias indesejáveis. Por isso, a batata doce é importante para o sistema imunológico que é o responsável por nos defender de agentes agressores.

Pode ser cozida, assada, na forma de purê ou do jeito que você imaginar. Escolha sua receita e gaste a energia da batata doce saudavelmente!


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Disfunções sexuais femininas


Rubens 'The Frigid Venus'
A insatisfação pessoal com o sexo está presente na vida de muitas pessoas. Até mesmo os adolescentes, que se supunha estarem no auge do apetite sexual e livre de atitudes puritanas em relação ao sexo, muitas vezes têm queixas referentes à sexualidade. Um grande número de adultos solteiros diz não conseguir encontrar os parceiros "certos", e se queixam de que o sexo é feito sob pressão e não como meio de relaxamento ou prazer, o que acaba inibindo ou frustrando sua sensibilidade erótica. Metade dos adultos casados também revela algum problema sexual, desde desinteresse até disfunções sexuais crônicas. Em se tratando de disfunções sexuais femininas, elas se definem como desordens psicossomáticas que impedem que a mulher cumpra o Ciclo de Resposta Sexual Feminina (sistematizado por Masters e Johnson e modificado pela Associação Psiquiátrica Americana): desejo, excitação, orgasmo, e resolução.

O ciclo se altera em uma ou mais das fases, impossibilitando a mulher de obter prazer sexual ou mesmo de ter atividade sexual. Só se considera a existência de disfunção sexual se essas características forem persistentes ou recorrentes e trouxerem insatisfação, mal-estar, aborrecimento pessoal ou interpessoal. Qualquer disfunção sexual feminina pode ser: Primária ou Absoluta: Quando a mulher sempre vivenciou a sexualidade com os limites das disfunções sexuais femininas. Secundária: Quando a mulher já usufruiu de uma sexualidade completa (nem que tenha sido uma única vez) e, posteriormente, desenvolveu algum tipo de disfunção.

Geral: Quando a mulher apresenta disfunção sexual feminina em todas as ocasiões, com qualquer parceiro, em qualquer circunstância. Situacional ou Ocasional: Quando a mulher apresenta disfunção sexual somente em determinadas situações. As disfunções sexuais constituem a grande maioria dos problemas de sexualidade. O "Estudo da Vida Sexual do Brasileiro", coordenado pela psiquiatra Carmita Abdo, do Projeto Sexualidade (com 7103 participantes), revela que cerca de 50% das mulheres brasileiras sofrem de algum tipo de disfunção sexual. O parceiro sexual da mulher com vaginismo pode ficar muito frustrado por não ser possível ter relações sexuais com penetração. 
Quando não sabe que os espasmos musculares da mulher são involuntários, pode imaginar que está fazendo algo que machuca a parceira e torna-se cada vez mais passivo nas situações sexuais, chegando até a apresentar disfunção erétil.

Ou pode concluir que a mulher está evitando as relações sexuais propositalmente e rejeitando-o. Depois de algum tempo, pode perder a paciência ou se tornar ressentido, hostil, ou simplesmente procurar outras parceiras sexuais. O vaginismo pode constituir-se em causa de casamentos não consumados, mesmo que tenham muitos anos de duração, ou em motivo para anulação do matrimônio, ou ainda uma causa de infertilidade do casal, uma vez que não ocorre o depósito do sêmen no interior da vagina e que a possibilidade de inseminação com ejaculação nas proximidades da vagina é muito pequena. Dependendo do grau do vaginismo, alguns exames ginecológicos só podem ser realizados sob anestesia. Causas das disfunções Há uma multiplicidade de fatores causais que podem atuar isoladamente ou de modo associado.

Para Odette Fiorda (psicóloga da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana), as causas orgânicas são responsáveis por cerca de 20% a 40% das disfunções sexuais femininas; entre elas, 10% da falta de desejo sexual, 60% da falta de excitação, e 10% da anorgasmia. Entre as principais estão: menstruação (a inibição do desejo sexual pode acontecer, antes, durante ou depois deste período; climatério (devido à diminuição na produção de estrógeno e outras alterações, como ressecamento vaginal); doenças orgânicas (pela interferência direta ou indireta na sexualidade); distúrbios afetivos provocados por componentes físicos (mudanças de humor bruscas que interferem no equilíbrio psíquico); cirurgias como as realizadas para remoção do útero (histerectomia) e/ou ovários; doenças sexualmente transmissíveis (DSTs); dependência química; uso de medicamentos, contraceptivos, perfumaria (como os desodorantes vaginais, que podem propiciar infecções) e intervenções como a infibulação (costura dos grandes lábios da vulva) e clitoridectomia (extirpação do clitóris), ainda comuns em algumas culturas. Causas sociais e culturais

 A história da nossa civilização parece ter contribuído para o surgimento de disfunções sexuais femininas. Por exemplo, com a instituição do patriarcado os laços afetivos entre homens e mulheres transformaram-se em relações de poder. A partir da dominação econômica exercida pelo marido e sua família sobre a mulher, esta introjetou um sentimento de inferioridade, muitas vezes traduzido em disfunções sexuais. A imagem cultural secular da mulher feita para servir o homem coincide com uma postura submissa e acomodada durante o coito, que diminui suas próprias oportunidades de expressão orgástica e inibe a busca ou a solicitação de práticas sexuais mais estimulantes. A partir da Idade Média até muito recentemente, a mulher orgástica era vista como prostituta ou como alguém que tinha parte com o demônio.

A verdadeira mulher deveria ser fria, anorgástica e submissa. No século XVIII, o corpo da mulher passou a ser o locus de moléstias desconhecidas, sendo qualquer doença explicada por influência das funções reprodutivas femininas. Nasceram assim a "histérica", a "frígida" a "mulher com furor uterino". Os estereótipos culturais de gênero feminino construídos ao longo dos séculos traçavam o destino da mulher: ela deveria casar-se, ter filhos, ser boa esposa, mãe e dona-de-casa. Sexualmente, ser feminina era ser cordata, meiga, não muito fogosa nem esfuziante, não pensar sexualmente em outro homem, ser cegamente fiel ao marido, mesmo que estivesse insatisfeita sexualmente. Esses estereótipos limitaram muito a expressão sexual da mulher. O advento do movimento feminista nos anos 1960, a explosão da força do trabalho feminino, a pílula anticoncepcional e a crescente liberalização dos costumes, fizeram com que a coesão machista e as pressões sociais começassem a arrefecer.

A mulher passou a exigir seus direitos, a disputar espaço social e profissional com o homem, a fazer valer a disposição de seu próprio corpo. Mas ainda hoje, vários são os fatores sociais, culturais e religiosos causadores de disfunções sexuais femininas, sendo os mais comuns a repressão sexual, os preconceitos, os mitos, as crenças e os tabus acerca da sexualidade feminina, gerando vergonha, culpa e inibição sexuais. Há também na nossa cultura, uma nova inibição sexual, agora provocada pelo culto ao corpo, obsessão com a beleza e saúde física. Se a mulher não possui atributos físicos identificados com a beleza, angustia-se e transfere a sensação de imperfeição de sua auto-imagem física para padrões tangíveis de comportamento sexual. A desinformação sexual, a educação sexual inadequada que a mulher recebe (na família, na escola, na sociedade em geral) e a aceitação sem restrições dos mitos culturais também precipitam o surgimento de disfunções sexuais. A inadequação do ambiente também pode interferir na sexualidade da mulher. Por exemplo, a preocupação com a possibilidade de ser ouvida ou interrompida durante a relação sexual, pode bloquear a sua resposta sexual.

Causas psicológicas
A maioria das disfunções sexuais femininas tem causas psicológicas. Entre as mais freqüentes, não conhecer, não gostar, não aceitar o próprio corpo, sentir-se feia, pouco atraente, ter baixa auto-estima, dificuldade em se entregar para o outro e/ou recebê-lo, dificuldade em assumir um "papel erótico", em evidenciar sua sensualidade, temor à perda de controle e satisfação plena; sexo sem envolvimento (por inabilidade de reunir afeto, amor e sexo), mecanismos de defesa como conversão, somatização, racionalização, comorbidades. Outras causas emocionais são os medos. O "Estudo do Comportamento Sexual", pesquisa nacional coordenada por Carmita Abdo (com 2835 participantes), revela que os principais temores da mulher brasileira durante o ato sexual, são: contaminar-se com doenças sexualmente transmissíveis, não satisfazer o parceiro, engravidar sem programação, não ter orgasmo e a ejaculação precoce do parceiro, nesta ordem.

 A mulher pode ter medo do seu desempenho sexual (não corresponder às expectativas do parceiro, não ser sedutora, não alcançar o orgasmo ou não fazer o parceiro atingir o seu), medo de ser rejeitada pelo parceiro (por ser passiva ou demasiadamente ativa), medo do sucesso sexual e amoroso (após grande esforço para alcançar o objetivo desejado, quando está bem próxima disso, "sabota-se", ficando ansiosa com a ideia de perder o parceiro, descuidando da aparência; ou pode até atingir o alvo, mas desinteressa-se logo em seguida), medo de intimidade (geralmente devido a experiências decepcionantes na infância que fizeram com que a criança não desenvolvesse a confiança básica nos pais). Todos esses medos também impedem a mulher de relaxar e se excitar, pois é acometida de ansiedade coital.

Ainda como causas emocionais das disfunções sexuais femininas encontram-se ansiedade, tensão, nervosismo, raiva, culpa, angústia, depressão; necessidade extrema de se sentir aceita por homens; negação de sentir-se atraída pelo mesmo sexo (homossexualidade); necessidade de provar que não é anorgástica; preocupação com o uso de preservativos; medo de sentir dor com a penetração vaginal; fatos desagradáveis, humilhantes e ameaçadores subseqüentes à atividade sexual; dificuldade de se expressar emocionalmente; inibição de conversar sobre sua sexualidade com o parceiro; excessiva preocupação com a satisfação do parceiro. A ansiedade presente em tratamentos feitos para engravidar também pode atrapalhar e resultar em disfunção sexual.

Em caso de gravidez, o extremo cuidado em causar mal ao bebê ou sentimentos como o de perda e culpa provocados por um aborto induzido, também se refletem negativamente na sexualidade feminina. No puerpério, conflitos entre a maternidade e a sexualidade, uma eventual depressão pós-parto ou mesmo o receio de voltar a engravidar também podem contribuir para disfunções sexuais na mulher. Da mesma forma, o surgimento de disfunções pode ser precipitado devido a estados emocionais desfavoráveis provocados pela cirurgia de laqueadura (por exemplo fazendo com que a mulher se sinta em pecado por ter relações sexuais sem a possibilidade de engravidar, ou se sinta mutilada), pelo climatério (em decorrência não apenas de mudanças fisiológicas, mas também de mitos e crenças que envolvem a mulher nesta fase da vida), pela obesidade (sentindo vergonha do próprio corpo, angústia ao se despir), por doenças de maneira geral (a mulher doente pode achar que é "errado" ter desejo sexual, ou que não vai conseguir ter prazer sexual), ou por ter sofrido intervenções cirúrgicas realmente mutilantes, como a mastectomia (que prejudica sua auto-estima).

Causas conjugais
Apesar de a mulher ser a maior responsável pelo seu prazer sexual, o parceiro sexual tem grande importância no desempenho sexual feminino. Aliás, acreditamos que as disfunções sexuais femininas, mais do que conflitos intrapsíquicos, são conseqüências de vicissitudes das relações conjugais. Nesse âmbito, entre os principais fatores relacionais, podemos citar: falta de identificação (física, psicológica ou comportamental) com o parceiro sexual; atitudes do parceiro que provocam a repulsa feminina (aí se inclui desde o descuido com a higiene até o tom de voz áspero ou rispidez com a parceira); falta de aquecimento ou aquecimento inadequado antes do intercurso sexual; discrepância entre as necessidades sexuais do casal (traduzida, por exemplo, pelas diferenças de ritmo, ou de preferências de posições sexuais no momento das relações) tensão ou pressão por parte do parceiro antes ou durante a relação sexual (despertadas por assuntos que geram ansiedade ou preocupação, críticas à parceira, ameaça de abandono); monotonia e falta de criatividade na vida sexual do casal; problemas na comunicação (agravados pela inibição em expor os próprios desejos); luta pelo poder no relacionamento (como negar sexo ao parceiro com o objetivo de punição ou de controle), outros conflitos conjugais (medos, desconfianças, traições, agressões); problemas de saúde do parceiro sexual (diabetes, problemas cardíacos, transtornos psicológicos ou psiquiátricos). Há casos, além disso, em que a disfunção sexual não é da mulher, mas é ela quem assume a "culpa" e se considera inadequada. Como já foi dito, muitas vezes a disfunção sexual não é o problema real e sim reflexo de um relacionamento conjugal insatisfatório. Causas familiares É importante acrescentar que dificuldades no relacionamento familiar também prejudicam a vida sexual da mulher.

Por exemplo, relacionamentos conflitantes entre pais e filhos (como alcoolismo por parte dos pais, uso de drogas por parte dos filhos, falta de contatos físicos afetivos entre pais e filhos), educação familiar inadequada ou atitudes negativas da família em relação ao sexo (como punição severa frente à masturbação ou perante às brincadeiras inocentes em torno da sexualidade entre as crianças), o predomínio do papel materno em detrimento das atribuições de esposa e amante (como a mulher ficar sempre de "prontidão" e dormir com a porta aberta). Causas ligadas à sexualidade Por fim, cabe lembrar que, para a mulher, o fato de ter sofrido algum tipo de trauma sexual, como abusos na infância ou na adolescência, ou ainda o fato de ter tido anteriormente experiências sexuais frustrantes e insatisfatórias também é relevante para o surgimento de disfunções sexuais. Da mesma maneira, influenciam negativamente a livre expressão da sexualidade feminina, a ausência de fantasias sexuais e até mesmo a falta de experiência (para mulheres que só tiveram um parceiro, ou pela rotina monótona da vida sexual), a prática recorrente do coito interrompido, as disfunções do parceiro, (ejaculação precoce ou disfunção erétil), a tentativa de relações heterossexuais por parte de uma mulher com orientação afetivo-sexual homossexual.

Principais disfunções
Falta de desejo sexual
A falta de desejo sexual (ou anafrodisia) traduz-se pela ausência ou diminuição prolongada do desejo sexual, incluindo ausência de sonhos e fantasias sexuais, de atenção para elementos eróticos, da vontade de praticar o ato sexual ou falta de iniciativa sexual e a existência de sentimentos de angústia e frustração na abstenção do sexo. Mas é preciso frisar que a resposta sexual varia muito de pessoa para pessoa, o que dificulta a conceituação de "normalidade" em termos de freqüência de desejo. Daí o cuidado em usar essa definição. "Entretanto, pode-se a grosso modo considerar como 'normal' o surgimento de impulsos sexuais desde diários até quinzenais, na dependência da disponibilidade de parceiros interessantes e interessados, tipo de atividade, faixa etária, e outras variáveis", de acordo com Nelson Vitiello, ginecologista e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana.

A falta de desejo sexual pode ser causa de outras disfunções sexuais femininas, mas não necessariamente leva à falta de excitação sexual ou à anorgasmia, e não impede a mulher de participar do contato sexual quando solicitada. Segundo Carmita Abdo, a falta de desejo é uma condição apresentada por 8,2% das mulheres brasileiras, quatro vezes mais do que por homens. E a tendência é aumentar conforme a idade avança: 20% das mulheres brasileiras acima dos 60 anos não têm mais nenhum tipo de interesse sexual. No "Estudo com Terapeutas Psicodramatistas sobre Queixas Sexuais Femininas", minha tese de doutorado (uma pesquisa qualitativa na cidade de São Paulo), a falta de desejo sexual aparece como a principal das disfunções das pacientes. 
E os resultados divulgados pelo Projeto Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das clínicas de São Paulo, mostram a falta de desejo sexual como a segunda disfunção feminina mais importante (26%). O que parece justificar esta incidência é a mudança nas condições de vida atual, muito mais estressante, com o acúmulo de trabalho, os transtornos do trânsito, má alimentação e qualidade de sono ruim. Nessa rotina exaustiva não há muito espaço para a mulher pensar em si e uma das conseqüências é a diminuição do interesse por sexo. A mulher que sofre de falta de desejo evita as relações sexuais e apela para pretextos como cansaço, dor de cabeça, cólica menstrual, perigo de acordar os filhos. Falta de excitação sexual

É a ausência ou insuficiência de lubrificação, vasocongestão pélvica, dilatação vaginal e tumescência dos genitais externos (clitóris, grandes e pequenos lábios); ou a impossibilidade de manter essa resposta até o final da atividade sexual. Pode ser primária, se a mulher nunca teve prazer sexual em atividade sexual anterior; ou secundária, se a mulher já respondeu à estimulação com excitação e prazer sexuais em alguma ocasião anterior; geral, se a falta de excitação aparece em todas as situações, com qualquer tipo de estímulo e com todas as pessoas com quem a mulher realiza a atividade sexual; ou ainda, situacional, se a mulher deixa de responder aos estímulos sexuais apenas em determinadas circunstâncias, com certos parceiros, tipo de estimulação, falta de anseio do parceiro, depois de uma briga ou frustração.

 O problema aparece em 27% das mulheres brasileiras, sendo mais comum naquelas entre 18 e 25 anos, e acima dos 40 anos, como nos mostra Carmita Abdo. Anorgasmia Anorgasmia (ou disfunção orgástica) se define como a ausência recorrente ou persistente de orgasmo, tanto por sexo vaginal, anal, orogenital, como pela masturbação, após as fases de desejo e excitação. A anorgasmia também pode ser classificada como: primária, quando a mulher nunca experimentou orgasmo; secundária, quando, depois de um período em que era possível para a mulher atingir o orgasmo, isso deixa de acontecer, independentemente da forma da relação ou masturbação (é mais freqüente que a anorgasmia primária e em mulheres jovens e solteiras); situacional ou ocasional, ocorre quando a mulher alcança o orgasmo somente em situações específicas (por exemplo, não atinge o orgasmo com o marido, mas o alcança com um amante, ou vice-versa). 
A anorgasmia situacional pode se dar por desajuste orgástico masturbatório (se a mulher não se satisfaz por meio da masturbação, independentemente de como é praticada, mas alcança o orgasmo durante o coito) ou por desajuste orgástico coital (se a mulher nunca obtém orgasmo durante o coito, mas tem retorno orgástico através de masturbação e sexo orogenital. Diferentemente da anterior, esta categoria aplica-se a um grande número de mulheres).A anorgasmia também pode ser fortuita, quando a mulher tem orgasmo em diferentes tipos de atividades sexuais, mas de maneira pouco freqüente. É preciso não confundir anorgasmia situacional com, por exemplo, ocorrências ocasionais de falta de lubrificação, de orgasmo, ou de prazer numa relação sexual que não chegam a se constituir em uma disfunção sexual. A anorgasmia atinge cinco vezes mais mulheres do que homens. Já foi a disfunção sexual feminina mais numerosa entre as brasileiras: em 1990, correspondia a 74%; atualmente, diminuiu para 30%, ainda que continue sendo a disfunção mais freqüente, de acordo com Carmita Abdo.

Mudanças comportamentais, avanço das normas morais e de educação e o maior acesso à informação sobre o corpo e a sexualidade ocorridos nos últimos anos explicam a grande diferença estatística. Segundo Oswaldo Rodrigues Jr. (psicólogo diretor do Centro de Estudos e Pesquisas de Comportamento em Sexualidade), apesar disso, no consultório dos terapeutas sexuais três a cada cinco mulheres ainda se queixam de dificuldades ou falta de orgasmo. O problema pode levar à diminuição da auto-estima, à depressão e à sensação de inutilidade.

E o parceiro da mulher anorgástica pode experimentar uma gama variada de sentimentos, da ameaça à irritação, podendo chegar ao limite da resignação. Para a mulher, com o tempo a anorgasmia pode desencadear também falta de desejo sexual. Antes da publicação de A Inadequação Sexual Humana, de Masters e Johnson, em 1970, a palavra frigidez era usada para descrever uma série de problemas sexuais femininos que variavam desde a falta de interesse em sexo e a ausência de excitação sexual à não ocorrência do orgasmo, sendo usada de forma pejorativa. "A expressão 'mulher frígida' mais parece acusação que descrição de um problema sexual. Foi associada à frieza de sentimentos, o que é imperdoável, já que qualquer um pode constatar sensibilidade, afeto e ternura na mulher embora ela não consiga atingir o orgasmo nas práticas sexuais comuns", pondera Juan Kusnetzoff, psiquiatra argentino. 


O reconhecimento desta realidade justifica o abandono do termo "frigidez" e suas variações do vocabulário dos especialistas. Mas cerca de 35% das mulheres que sofrem de anorgasmia ainda simulam o orgasmo, temendo o estigma, afirma Ângelo Monesi, psicólogo diretor do Instituto Paulista de Sexualidade. Dispareunia Outra disfunção é a dispareunia, que quer dizer dor na relação sexual, sem apresentar causa orgânica. Pode incidir tanto em mulheres quanto em homens, mas é mais freqüente em mulheres. A dor aparece como ardor, dor cortante, queimação ou contração; pode ser externa, na vagina (intróito, região média ou profunda), na bexiga, no útero, na cérvix. A dispareunia pode ser causa e/ou manutenção de uma inibição em relação à manifestação e realização da sexualidade feminina; o medo da dor pode tornar a mulher tensa e diminuir o seu prazer sexual, alterando as fases de desejo, excitação, orgasmo e resolução.

 A dispareunia pode ser transitória (acontece às vezes), permanente (sempre surge), ou adquirida (surge depois de um tempo); generalizada (aparece com todos os parceiros sexuais e em todas as circunstâncias), ou situacional (ocorre com determinado parceiro sexual, com certo tipo de estímulo ou num contexto específico). E pode culminar em vaginismo, do qual falaremos adiante. O parceiro sexual pouco pode fazer, a não ser diminuir a freqüência das relações sexuais entre os dois e insistir para que a mulher busque ajuda profissional. Entre as brasileiras, 18% apresentam a disfunção, mais incidente na faixa etária de 18 a 25 anos e acima dos 60 anos, segundo Carmita Abdo. Vaginismo Consiste na contração espasmódica e involuntária, recorrente ou persistente, dos músculos que circundam a entrada da vagina e dos músculos constritores do ânus, que ocorre na iminência e tentativa de penetração.

Apresenta-se em diferentes graus de intensidade, das versões mais brandas à mais acentuada e grave. Ocasionalmente, o espasmo reflexo involuntário abrange os músculos adutores da coxa, a ponto de os joelhos ficarem colados um contra o outro. Em geral o problema não afeta as fases de desejo e excitação e as mulheres que o apresentam sentem-se aborrecidas pela incapacidade em desfrutar das relações sexuais. Não é raro o vaginismo se associar a fobias, quase sempre relacionadas a repugnância e temor dos órgãos sexuais. A dificuldade também pode se instalar após um estupro ou incesto. Se a penetração for forçada, pode ser doloroso para a mulher, resultando em dispareunia. O vaginismo atinge mulheres de todas as idades. Pode ocorrer ao longo da vida da mulher, ou ser adquirido; pode ser generalizado ou situacional. Dentre as mulheres atendidas pelo ProSex, 3,1% apresentam vaginismo, condição que costuma ter efeito psicológico devastador, tanto para a mulher como para seu companheiro sexual. A mulher pode sentir-se inadequada, humilhada, frustrada, com medo de ser abandonada pelo marido. Como conseqüência procura evitar todo encontro sexual. 

Ana Maria Ramos Seixas

Desejo sexual feminino no século 21 o que mudou ? Carmita Abdo



Wikileaks diz que Roseana Sarney tem 150 milhões de dólares em Caimãs

Postado em 09 Jan 2014
Roseana com o pai José Sarney
Roseana com o pai José Sarney

Um documento vazado pelo Wikileaks em 2009 não mereceu nenhuma atenção da mídia e nem do governo.
É uma pena, porque ele tem um imenso interesse público.
No documento, o Wikileaks fala de um dinheiro que Roseana Sarney, governadora do Maranhão, teria nas Ilhas Caimãs, um dos mais notórios paraísos fiscais do mundo.
Roseana, segundo o Wikileaks, tinha em 1999 cerca de 150 milhões de dólares em Caimãs. Em reais, seriam cerca de 350 milhões em valores de hoje.
Você pode ver o documento aqui.
Dinheiro em paraíso fiscal é uma tragédia para a economia de um país. Primeiro, e acima de tudo, porque significa sonegação de impostos.
É com o dinheiro dos impostos que você constrói escolas, hospitais, estradas, portos, aeroportos e outras coisas que são absurdamente escassas, por exemplo, no Maranhão.
Depois, porque o envio de dinheiro para fora revela falta de confiança no país. Isto é ainda mais doloroso quando se trata de pessoas que tocam, que comandam o país. É um sinal de que tais pessoas sabem que estão fazendo um serviço abjeto em seus cargos públicos.
Um estudo escrito por James Henry, ex-economista-chefe da consultoria McKinsey, mostra que os super-ricos brasileiros tinham, em 2010, cerca de 520 bilhões de dólares (ou mais de 1 trilhão de reais) em paraísos fiscais. É quase um quarto do PIB nacional.
O trabalho foi encomendado pela Tax Justice Network (TJN), organização que combate os paraísos fiscais.
“Quando vejo os ricos brasileiros reclamando de impostos, só posso crer que estejam brincando. Porque eles remetem dinheiro para paraísos fiscais há muito tempo”, afirma John Christensen, diretor da TJN.
As coisas ficam ainda mais complicadas quando você olha para uma conta num paraíso fiscal e se pergunta: como o titular acumulou tanto dinheiro?
Vejamos um exemplo sem essa condição agravante.
Na Alemanha, o presidente do Bayern, Oli Hoeness, caiu imeditamente em desgraça quando a revista Focus publicou que ele tinha uma conta secreta na Suíça.
Hoeness não pagava imposto sobre o patrimônio escondido na Suíça, e isso foi suficiente para que fosse decretada sua prisão.
Ele pagou uma fiança de 5 milhões de euros, cerca de 15 milhões de reais, para escapar provisoriamente da prisão.
Em março, começa seu julgamento. Dificilmente ele vai de safar da cadeia. O governo alemão quer que ele seja punido exemplarmente por um motivo poderoso: você não constroi um país decente quando pessoas fazem o que Hoeness fez.
Hoeness é um homem rico. Não causou estranheza o tamanho da conta suíça – mas o fato de ele não a ter declarado.
É mais dura a situação quando você examina o documento do Wikileaks sobre Roseana. De onde vieram os 150 milhões de dólares denunciados pelo Wikileaks?
Por que ninguém investigou o caso nestes anos todos?
Sabemos os interesses da mídia. A Globo, particularmente, tem uma longa relação de amizade e parceria com a família Sarney no Maranhão.
Esqueça então a Globo.
E o governo, por que não se movimentou? Uma hipótese é que a informação – embora pública – não tenha chegado a Brasília.
Mas a alternativa mais real é a que diz respeito à assim chamada governabilidade. Mexer com os Sarneys – nem que fosse para meramente esclarecer um documento de elevado interesse público – é uma das últimas coisas que um governo que dependa do PMDB deseja.
E então nada muda e nada acontece. O preço colossal é pago, como sempre, pela sociedade.
As Jornadas de Junho mostraram que as pessoas estão cansadas dos arranjos políticos em volta da governabilidade – porque eles atrasam consideravelmente o desenvolvimento social brasileiro.
A mensagem das ruas foi entendida?
Se sim, é hora de enfrentar certas realidades desagradáveis. Se não, as ruas fatalmente voltarão a se manifestar – contra a mídia que só defende seus próprios interesses e contra a “governabilidade” que perpetua iniquidades históricas nacionais.
Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

Desejo, sexo e tchau! -- Carmita Abdo



O Núcleo de Pesquisa em Estudos Culturais através de produção da CPFL Energia coloca em debate o processo de modificação do comportamento da sociedade frente ao desejo, sexo e a sua liberdade proporcionada pela contemporaneidade.


Nas últimas cinco décadas, a liberdade sexual parece ter alcançado níveis nunca antes conhecidos pela civilização ocidental. Podem ser elencados como responsáveis por essa significativa mudança:o advento da pílula, a crescente inserção social da mulher, os casamentos mais tardios e até a AIDS. A AIDS que ensejou o "ficar", como forma de prevenção ao contato genital, teria deflagrado a multiplicidade de parceiros, compensatória desse "sexo interrompido"? O que teria conspirado a favor da permissividade ao desejo à flor da pele, sem freio e sem compromisso?


Carmita Abdo é médica, professora de psiquiatria e coordenadora geral do ProSex -- Projeto de Sexualidade do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, coordenou o Estudo da Vida Sexual do Brasileiro, consideradoo maior do gênero já realizado no Brasil, e escreveu o livro O descobrimento sexual do Brasil, pela Summos Editorial.


Produção: CPFL Cultura - http://www.cpflcultura.com.br