quinta-feira 31 2013
Autor de 'As Aventuras de Pi' é suspeito de plagiar brasileiro
da Livraria da Folha
Yann Martel, autor de "As Aventuras de Pi", livro que inspirou o filme indicado ao Oscar ("Life of Pi"), é suspeito de ter plagiado a história de "Max e os Felinos", de Moacyr Scliar (1937-2011).
Em "As Aventuras de Pi", um adolescente indiano, filho do dono de um zoológico, acaba em um bote após um naufrágio. Um tigre-de-bengala --que aparece na capa do livro-- faz companhia ao protagonista.
Mais de dez anos depois --temendo que a lendária "memória curta" dos brasileiros tenha algum fundamento--, vale relembrar o episódio.Essa história começou quando o título recebeu o prêmio Booker de 2002. Na época, a imprensa suspeitou de plágio.
Em "Max e os Felinos", um jovem alemão, que está fugindo do nazismo num navio que transporta animais, acaba em um bote após um naufrágio. Um jaguar --que aparece na capa do livro-- faz companhia ao protagonista.
Abaixo, assista ao vídeo produzido pela editora L&PM com o depoimento de Scliar sobre o caso.
Médico e escritor
Moacyr Jaime Scliar nasceu em Porto Alegre (RS), no Bom Fim, bairro judaico da cidade. Alfabetizado pela mãe, uma professora primária, Scliar cursou medicina na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Autor de mais de 70 livros e colunista da Folha, o gaúcho escreveu de romances a crônicas, de literatura infantil a ensaios sobre história.
Passou a integrar a Academia Brasileira de Letras (ABL) em 2003. Recebeu prêmios Jabuti em 1988, 1993, 2000 e 2009. Scliar morreu no dia 27 de fevereiro de 2011, aos 73, no Hospital das Clínicas de Porto Alegre, onde estava internado.
Eleito em 2002 pelo National Yiddish Book Center, dos Estados Unidos, um dos cem melhores livros de temática judaica escritos nos últimos 200 anos, "O Centauro no Jardim" é um romance sobre uma família judia na qual nasce um ser metade homem, metade cavalo.
Leia trecho da introdução ao livro "Max e os Felinos" escrita após as denúncias.
Atenção: o texto reproduzido abaixo mantém a ortografia original do livro e não está atualizado de acordo com as regras do Novo Acordo Ortográfico. Conheça o livro "Escrevendo pela Nova Ortografia".
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INTRODUÇÃO
Moacyr Scliar
Moacyr Scliar
O Destino ainda bate à porta, claro, mas nesta época de comunicações instantâneas prefere o telefone. Na tarde de 30 de outubro de 2002, voltando para casa cansado de uma viagem, recebi uma ligação. Era uma jornalista do jornal O Globo, dando-me uma notícia que, a princípio, não entendi bem: parece que um escritor tinha ganho, na Europa, um prêmio importante com um livro baseado em um texto meu.
Minha primeira reação foi de estranheza: um escritor, e do chamado Primeiro Mundo, copiando um autor brasileiro? Copiando a mim? Ela se ofereceu para me dar mais detalhes, o que foi feito em telefonemas seguintes, e assim aos poucos fui mergulhando no que se revelaria, nos dias seguintes, um verdadeiro torvelinho, uma experiência pela qual eu nunca havia passado.
Sim, um escritor canadense chamado Yann Martel havia recebido, na Inglaterra, o prestigioso prêmio Booker, no valor de 55 mil libras esterlinas, conferido anualmente a autores do Common wealth britânico ou da República da Irlanda (entre outros: Ian McEwan, Michael Ondaatje, Kingsley Amis, J.M.Coetzee, Salman Rushdie, Iris Mur doch). Sim, ele dizia que havia se baseado em um livro meu, Max e os felinos, publicado no Brasil em 1981, pela L&PM (Porto Alegre), e traduzido poucos anos depois nos Estados Unidos como Max and the Cats (New York, Ballantine Books, 1990) e na França como Max et les Chats (Paris, Presses de la Renais sance, 1991). É uma pequena novela que escrevi com grande prazer - lembro-me de um fim de semana na serra gaúcha em que matraqueava animado a máquina de escrever, em todos os minutos em que não estava cuidando de meu filho, ainda pequeno.
Minha primeira reação não foi de contrariedade.
Ao contrário, de alguma forma senti-me envaidecido por ter alguém se entusiasmado pela idéia tanto quanto eu próprio me entusiasmara. Mas havia, na notícia, um componente desagradável e estranho, tão estranho quanto desagradável. Yann Martel não tinha, segundo suas declarações, lido a novela. Tomara conhecimento dela através de uma resenha do escritor John Updike para o New York Times, resenha desfavorável, segundo ele.
Esta afirmativa me perturbou. Max and the Cats não chegou a ser um best-seller, mas os artigos sobre o livro, que me haviam sido enviados pela editora, eram favoráveis - inclusive o doNew York Times, assinado por Herbert Mitgang. Teria Updike escrito uma outra resenha - para o mesmo jornal? Se era esse o caso, por que eu não a recebera? Será que os editores só mandavam resenhas favoráveis?
À afirmativa seguia-se um comentário de Martel. Uma pena, dizia ele, que uma idéia boa tivesse sido estragada por um escritor menor. Mas, em seguida, levantava uma outra hipótese: e se eu não fosse um escritor menor? E se Updike tivesse se enganado? De qualquer maneira a idéia principal do livro serviu-lhe de ponto de partida para sua obra The Life of Pi. E qual é essa idéia?
O Max Schmidt de meu livro é um jovem alemão que está fugindo do nazismo e que embarca para o Brasil. O navio em que viaja, um velho cargueiro, transporta também animais de um zoológico. Há um naufrágio, criminoso, mas Max salva-se em um escaler. E de repente sobe a bordo um sobrevivente inesperado e ameaçador: um jaguar. Começa então a segunda parte da novela, que tem como título O jaguar no escaler.
Esta, a idéia que motivou Martel. O seu personagem, Piscine Molitor Patel, Pi, é um menino hindu cujo pai é dono de um zoológico. A família emigra para o Canadá, levando os animais a bordo. Há, na segunda parte do livro, um naufrágio (que depois será considerado criminoso). Pi salva-se. No mesmo barco estão um tigre de Bengala, um orangotango e uma zebra. O tigre liquida os três e Pi fica à deriva com o felino por mais de duzentos dias.
O texto de Martel é diferente do texto de Max e os felinos. Mas o leitmotiv é, sim, o mesmo. E aí surge o embaraçoso termo: plágio.
Embaraçoso não para mim, devo dizer logo. Na verdade, e como disse antes, o fato de Martel ter usado a idéia não chegava a me incomodar. Incomodava-me a suposta resenha e também a maneira pela qual tomei conheci mento do livro. De fato, não fosse o prêmio, eu talvez nem ficasse sabendo da existência da obra. No lugar de Martel eu procuraria avisar o autor. Aliás, foi o que fiz, em outra circunstância. Meu livro A mulher que escreveu a Bíblia teve como ponto de partida uma hipótese levantada pelo famoso scholar norte-americano Harold Bloom segundo a qual uma parte do Antigo Testamento poderia ter sido escrita por uma mulher, à época do rei Salomão. Tratava-se, contudo, de um trabalho teórico. Mesmo assim, coloquei o trecho de Bloom como epígrafe do livro - que enviei a ele (nunca respondeu - nem sei se recebeu -, mas eu cumpri minha obrigação). Martel agiu de maneira diferente. No prefácio, em que agradece a muitas pessoas, atribui a "fagulha da vida" ("the spark of life") que o motivou a mim. Mas não entra em detalhes, não fala em Max e os felinos.
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"Max e os Felinos"
Autor: Moacyr Scliar
Editora: L&PM
Páginas: 128
Quanto: R$ 13,90 (preço promocional*)
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha
Autor: Moacyr Scliar
Editora: L&PM
Páginas: 128
Quanto: R$ 13,90 (preço promocional*)
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha
* Atenção: Preço válido por tempo limitado ou enquanto durarem os estoques. Não cumulativo com outras promoções da Livraria da Folha. Em caso de alteração, prevalece o valor apresentado na página do produto.
Texto baseado em informações fornecidas pela editora/distribuidora da obra.
Modelo propõe que marcações no DNA levariam à homossexualidade
MARCO VARELLA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Uma equipe de cientistas está propondo um novo modelo biológico para explicar a existência da homossexualidade usando a epigenética -ou seja, alterações na maneira como os genes são lidos, e não no próprio DNA.
A proposta é que a homossexualidade seria consequência da transmissão, para os filhos, de marcadores responsáveis pela ativação de genes que direcionam o desenvolvimento sexual.
O estudo teórico foi publicado neste mês na revista científica "The Quarterly Review of Biology". William Rice, da Universidade da Califórnia, é o autor principal.
EPIGENÉTICA
Os marcadores epigenéticos são moléculas que se ligam ao DNA, ajudando a ativar ou silenciar genes.
Na maioria das vezes, essas marcas não passam de uma geração para outra, sendo apagadas e restabelecidas de outra maneira nos óvulos e espermatozoides.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
As marcas que aumentam a sensibilidade ao hormônio masculino testosterona na gestação garantem a masculinização de bebês meninos, enquanto as que diminuem a sensibilidade à testosterona "feminizam" as meninas (mulheres têm testosterona, pois ela também é produzida nas glândulas adrenais).
Quando essas marcas não são apagadas em meninas, porém, elas dariam origem a filhas com tendências homossexuais. E, quando as marcas que diminuem a sensibilidade à testosterona passam para os filhos, dariam a eles mais tendências à homossexualidade.
A simulação do modelo mostrou que isso pode se manter na população.
Para Eduardo Gorab, geneticista do Instituto de Biociências da USP, "a novidade é que a proposta não se baseia em genética, como já foi feito, mas em fatores epigenéticos". "Como hipótese, não deixa de ser interessante."
A proposta tenta explicar a prevalência da homossexualidade em 8% da população humana, predominantemente em famílias, bem como o fato de estudos genéticos não mostrarem uma explicação consistente para isso.
No caso de gêmeos idênticos, nem sempre ambos são gays, embora eles compartilhem 100% de seus genes. Isso sugere um fator hereditário além da genética.
O modelo prevê, por exemplo, que estudos epigenéticos vão mostrar diferenças significativas entre heterossexuais e homossexuais.
Segundo Jaroslava Valentová, antropóloga do Centro de Estudos Teóricos da Universidade Karlova, na República Tcheca, e especialista em evolução da homossexualidade, o estudo apresenta uma "real alternativa para o desenvolvimento e a evolução" dessa orientação.
PONTOS FRACOS
Para Gorab, a proposta incorre em uma "generalização demasiado ampla sobre epigenética sem pistas concretas".
Valentová aponta que "os autores não definiram precisamente a homossexualidade", misturando todos os não heterossexuais exclusivos, incluindo bissexuais.
Ela ressalta que "os autores não mencionaram a diferença fundamental na orientação sexual masculina e feminina". A masculina tem mais fatores genéticos descritos e muda menos ao longo da vida do que a feminina.
Valentová ainda diz que os autores consideram a orientação homossexual como necessariamente atrelada a traços atípicos de cada sexo.
"Mas um terço dos homens homossexuais tem comportamento considerado masculino, e uma proporção ainda maior das lésbicas seria classificada como feminina."
A busca por explicações biológicas para a homossexualidade, faz sentido porque formas de relacionamento entre membros do mesmo sexo são encontradas em quase todas as culturas estudadas, e estão presentes ainda em vários outros animais.
Pedra lunar presente dos EUA está 'esquecida' em universidade gaúcha
FELIPE BÄCHTOLD
ENVIADO ESPECIAL A BAGÉ (RS)
Em Bagé, cidade gaúcha próxima ao Uruguai, a reverência à personalidade local mais conhecida, o ex-presidente Emílio Garrastazu Médici (1905-1985), está por toda parte: nomes de prédios, placas e uma exposição de objetos pessoais.
A principal fortuna que o presidente entre 1969 e 1974 deixou para a cidade, porém, está escondida em um cofre de uma universidade local.
Em 1973, o militar, que comandou o país no auge da ditadura, recebeu um presente inusitado do então presidente americano Richard Nixon (1913-1994): uma pedra trazida da Lua por astronautas.
Felpe Bächtold/Folhapress | ||
Pedra lunar, acomodada em cilindro de acrílico, está em universidade em Bagé (RS) |
O fragmento foi doado anos depois pelo general ao museu de sua cidade, mantido pela universidade privada local Urcamp (Universidade da Região da Campanha).
Apesar do aspecto de pedaço de carvão e de seu peso de pouco mais de um grama, o valor da pedra pode alcançar milhões de dólares no mercado negro.
O fragmento foi exposto por anos no Museu Dom Diogo de Souza sem ser muito notado. Até o dia em que reportagem em uma revista abordou o caso de uma outra pedra similar, furtada do governo de Honduras e avaliada à época em US$ 5 milhões.
A direção da universidade decidiu retirar a relíquia de exposição e, há mais de dez anos, nenhum visitante pode observar o objeto histórico.
SEM PATROCÍNIO
Em 2012, a gestão do museu tentou organizar uma exposição sobre o espaço na qual a pedra seria a grande atração. Não conseguiu levantar R$ 80 mil necessários para o patrocínio, e o objeto de origem espacial continua guardado a sete chaves, em local não revelado.
Em 2012, a gestão do museu tentou organizar uma exposição sobre o espaço na qual a pedra seria a grande atração. Não conseguiu levantar R$ 80 mil necessários para o patrocínio, e o objeto de origem espacial continua guardado a sete chaves, em local não revelado.
A pedra fica acomodada em uma esfera de acrílico pouco menor do que uma laranja. A redoma está fixada em uma placa de madeira, com inscrições em inglês falando em "símbolo do esforço humano".
Um trauma na história do local contribui para o temor de furto: em 1989, o museu foi arrombado e teve objetos levados. Atualmente, um zelador durante o dia e outro à noite cuidam do acervo.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
A universidade não pretende deixar a pedra em exposição permanente. Em uma mostra temporária, a ideia é pedir auxílio ao Exército, que iria atuar na vigilância.
A reitora, Lia Quintana, afirma que não há como arcar com os custos de uma exibição ininterrupta. "É como um quadro valioso", diz.
Para piorar a situação, a Urcamp enfrenta uma crise financeira e esteve ameaçada de ter seu principal prédio levado a leilão neste ano. O orçamento anual da instituição é de R$ 45 milhões.
A Folha foi autorizada a fotografar a pedra. Mas teve de esperar 40 minutos até que a direção da universidade retirasse a pedra do esconderijo.
A Folha foi autorizada a fotografar a pedra. Mas teve de esperar 40 minutos até que a direção da universidade retirasse a pedra do esconderijo.
Em Bagé, cidade de 117 mil habitantes, há quem desconheça a existência do objeto.
CASUALIDADE
O advogado Fernando Sérgio Lobato, 66, diz que o fragmento foi parar no acervo do museu de maneira quase casual. Nos anos 1970, após Médici deixar a Presidência, Lobato era advogado dele e o ajudava com processos sobre escrituras de fazendas. Não cobrava honorários.
O advogado Fernando Sérgio Lobato, 66, diz que o fragmento foi parar no acervo do museu de maneira quase casual. Nos anos 1970, após Médici deixar a Presidência, Lobato era advogado dele e o ajudava com processos sobre escrituras de fazendas. Não cobrava honorários.
Ele conta que certa vez visitou uma sala onde o presidente expunha objetos pessoais. "Tinha camisas de futebol autografadas. Ele perguntou se eu tinha uma escolha ali para fazer como presente. Eu disse que tinha escolhido a pedra da Lua: 'Quero que o senhor dê para o museu de Bagé'."
E assim foi feito. Por pouco a pedra não ficou esquecida na coleção particular do presidente.
GRUPO RASTREIA ROCHAS
studantes americanos liderados por um ex-investigador da Nasa (agência espacial dos EUA) tentam há anos descobrir o paradeiro de pedras lunares como a que foi doada ao Brasil nos anos 1970.
studantes americanos liderados por um ex-investigador da Nasa (agência espacial dos EUA) tentam há anos descobrir o paradeiro de pedras lunares como a que foi doada ao Brasil nos anos 1970.
Os Estados Unidos distribuíram naquela década fragmentos de uma pedra conhecida como "rocha da boa vontade" para 130 países e para os 50 governadores americanos.
Os alunos do ex-investigador Joseph Gutheinz afirmam que já conseguiram rastrear, desde 1998, 79 dos fragmentos dados como presentes.
Os alunos do ex-investigador Joseph Gutheinz afirmam que já conseguiram rastrear, desde 1998, 79 dos fragmentos dados como presentes.
Se parte dos souvenires está exposta em locais de prestígio, como o Museu Alemão de Munique, dezenas ainda têm o destino desconhecido.
À Folha, questionado sobre a situação da pedra de Bagé, Gutheinz, que é professor de direito, diz que a peça pode ser exposta e protegida ao mesmo tempo. "A Nasa faz isso o tempo todo. Todas deveriam estar em exibição para o maior número possível de crianças."
Vacina contra HPV passa a ser indicada para câncer anal
MARIANA VERSOLATO
DE SÃO PAULO
JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA
JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou uma nova indicação para a vacina contra o HPV (papilomavírus humano).
Agora, além de indicada para prevenir câncer do colo do útero em mulheres e verrugas genitais em homens, a mesma vacina passa a valer no combate ao câncer anal, para ambos os sexos.
A idade em que a imunização deve ser feita continua a mesma --de 9 a 26 anos--, para que a prevenção seja feita antes do contato com o vírus.
Por enquanto, a vacina contra HPV não faz parte do programa nacional de imunização e está disponível em clínicas particulares. Municípios como Taboão da Serra (SP) e Campos (RJ) já anunciaram a oferta da vacina.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
A aprovação da nova indicação foi baseada em um estudo publicado no "New England Journal of Medicine", que mostrou que a vacina diminuiu em 77% as lesões causadas pelos tipos de HPV cobertos na vacina quadrivalente (6, 11, 16 e 18) e em 55% as lesões associadas a outros 14 tipos de HPV.
Os 602 voluntários do estudo eram homens mais suscetíveis a desenvolver o câncer anal por praticarem sexo com outros homens.
Mas, segundo a pesquisadora Luisa Villa Lina, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e uma das maiores especialistas em HPV no país, a ampliação da indicação para homens e mulheres em geral foi feita porque entende-se que o benefício pode ser extrapolado.
"A frequência de câncer anal é maior em mulheres e em homens que fazem sexo com homens, mas a doença também acomete héteros e quem nunca fez sexo anal."
Isso porque o HPV é altamente transmissível e pode ser transferido na relação sexual com a mulher ou pela manipulação com os dedos.
Isso porque o HPV é altamente transmissível e pode ser transferido na relação sexual com a mulher ou pela manipulação com os dedos.
Grupos de maior risco, porém, poderão ter a indicação reforçada por seus médicos, como pacientes com HIV.
Fabio Atui, médico responsável pelo ambulatório de proctologia e DST/Aids do Hospital das Clínicas da USP, diz acreditar que a vacina poderá diminuir a incidência do câncer anal no futuro e ser uma arma a mais para a prevenção, principalmente quando o tabu ou o desconhecimento impedem que as pessoas de alto risco façam o diagnóstico precoce das lesões causadas pelo HPV.
RARO
O câncer de ânus é raro (1,5 caso em 100 mil pessoas), mas, nos últimos anos, a incidência do tumor cresceu 1,5 vez entre os homens e triplicou entre as mulheres, segundo artigo da "Revista Femina", da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).
O câncer de ânus é raro (1,5 caso em 100 mil pessoas), mas, nos últimos anos, a incidência do tumor cresceu 1,5 vez entre os homens e triplicou entre as mulheres, segundo artigo da "Revista Femina", da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).
Uma explicação é o fato de mulheres com infecção cervical pelo HPV terem um risco três vezes maior de infecção anal simultânea, segundo estudo feito no Havaí.
Cerca de 80% da população sexualmente ativa já teve contato com o HPV. Nem todos, porém, desenvolverão verrugas genitais ou câncer.
Correr sem top adequado pode causar flacidez nos seios
GIULIANA DE TOLEDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O movimento dos seios durante a prática de exercícios como a corrida pode provocar a distensão das fibras de colágeno do tecido mamário.
O "balanço" contribui para a flacidez dos seios, acelerando a sua queda, caso não se use um top com sustentação adequada, de acordo com Jomar Souza, médico do esporte e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte.
Para Souza, os efeitos são sentidos a longo prazo. "Com o impacto da corrida, se as mamas não estão protegidas, as fibras de colágeno vão se estirar e se tornar menos resistentes. Ao longo dos anos, isso pode fazer com que as mamas caiam. A olhos vistos, a primeira coisa que a mulher pode perceber são estrias."
Joel Silva -16.jul.2009/Folhapress | ||
Mulher correndo no parque Ibirapuera, em São Paulo |
Mulheres praticantes de outros esportes também precisam ter atenção ao uso de tops, segundo Moisés Cohen, ortopedista, professor da Unifesp e diretor do Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte. "A flacidez não é uma consequência da corrida em si, mas sim reflexo do movimento dos seios, que acontece também em atividades com saltos."
Para corredoras que possuam prótese de silicone nos seios, a orientação é checar com o cirurgião plástico que cuidados devem ser tomados. "É preciso verificar com o médico se a prótese colocada suporta bem esse balanço", diz Souza.
Segundo o médico, apesar do efeito sobre os seios, é incorreto dizer que a corrida causa flacidez em outras partes do corpo que também estão sujeitas a balançar durante a atividade, como a pele do rosto e os glúteos. "Nessas regiões não se tem tecido com peso necessário para causar estiramento das fibras", afirma Souza.
Tathiana Parmigiano, ginecologista especializada no atendimento de esportistas, alerta que mulheres atletas que se alimentam mal e não se hidratam o suficiente podem ter a firmeza da pele prejudicada como um todo.
"Pode haver uma queda nos níveis de estrogênio [hormônio feminino], provocando uma desidratação da pele a nível celular, o que leva a uma perda de elasticidade." Para Parmigiano, no entanto, o exercício sozinho não causaria flacidez.
RISCO DE LESÕES
Correr com sustentação insuficiente nos seios eleva significativamente a força exigida das pernas, aumentando o impacto contra o chão em até 27%, o que faz crescer o risco de lesões.
As conclusões foram encontradas pelo Grupo de Pesquisa da Saúde da Mama da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra, que, desde 2005, analisa em laboratório mulheres com seios de diferentes tamanhos realizando exercícios físicos e atividades cotidianas.
De acordo com as pesquisas, tops esportivos reduzem a atividade do músculo peitoral em torno de 55%.
Em seus estudos, o grupo conseguiu mapear a trajetória do movimentos dos seios, que, além do deslocamento no sentido vertical --o mais fácil de ser notado--, também se movem para os lados e de dentro para fora durante os exercícios.
O "desenho" do deslocamento dos seios aproxima-se ao formato de uma borboleta ou de um número oito. "Eles se movem independentemente do corpo durante a corrida, sendo que 50% do movimento ocorre na direção vertical, 25% para frente e para trás e de 25% no sentido lateral", diz Debbie Risius, pesquisadora sênior do grupo, em entrevista àFolha.
Os efeitos em relação à flacidez dos seios, contudo, ainda não foram pesquisados pelo grupo. "Sentir dor no seios durante o exercício, naturalmente, pode indicar algum dano aos tecidos, no entanto não temos certeza dos efeitos a longo prazo", diz Risius.
Até 72% das mulheres, segundo estimativas do grupo, apresentam dor nos seios durante a prática de exercícios.
TOP DE COMPRESSÃO
Com preços que chegam a R$ 160 --em média, três vezes mais caros do que um modelo comum--, os chamados tops de compressão prometem que os seios balancem o mínimo possível durante o exercício. O diferencial dessas peças, fabricadas por marcas de artigos esportivos, é o tecido mais firme, que "prende" melhor os seios.
Apesar de ter de ficar justo, o top precisa, especialmente, ser confortável de vestir. "Se ficar muito apertado, pode causar dor, assaduras na pele e até limitar o movimento respiratório", alerta Souza, que indica que as corredoras tenham tops que se ajustem bem também no período menstrual, quando os seios costumam ficar mais inchados e doloridos.
Para Adriana Piacsek, treinadora especializada em corrida para mulheres, o modelo de top deve ser escolhido de acordo com a preferência de cada corredora. "Tem gente que gosta mais do modelo nadador [em formato de "x" nas costas], porque dá um suporte maior, mas tem outras que preferem alças retas. O importante é se sentir bem."
Casa onde Hitler nasceu deve ser transformada em um centro para imigrantes
Viena, 31 jan (EFE).- A casa onde o ditador nazista Adolf Hitler nasceu na cidade austríaca de Braunau am Inn está perto de se transformar em um centro para a integração de imigrantes, se as negociações entre as autoridades e uma ONG local se concretizarem.
O que foi o ditador mais sangrento do século XX nasceu na casa em Braunau, muito perto da fronteira com a Alemanha, em 1889, e embora sua família tenha passado ali apenas três anos, seu legado teve um enorme peso nesta cidade de 16.000 habitantes.
'Ainda restam muitos detalhes para esclarecer com os potenciais usuários e o Ministério do Interior', explica em comunicado dirigido à Agência Efe o prefeito da cidade, Johannes Waidbacher, que pediu paciência pela 'delicadeza' do assunto.
A imprensa austríaca informou hoje que existem negociações entre a organização humanitária Volkshilfe para que a casa se transforme em um centro que favoreça a integração de imigrantes por meio de cursos de idiomas e outras atividades de apoio.
Esta ONG próxima ao partido social-democrata SPÖ considera que dar um uso social a este lugar seria 'uma grande sinal' tendo em vista seu passado.
Na atualidade, a casa é propriedade de uma aldeã, embora desde 1972 o Ministério do Interior da Áustria a tenha alugado e a ceda à Prefeitura de Braunau por cerca de 5.000 euros mensais, uma quantidade que o consistório sublinhou que não pode enfrentar a médio prazo.
No passado, se abrigou ali uma biblioteca, um banco, e mais recentemente, uma oficina de formação de uma organização para incapacitados, que a abandonou há um ano para buscar um aluguel mais barato.
Desde então surgiu um debate sobre o que fazer com o imóvel, se estabelecer ali um memorial para lembrar seu passado ou tratar que seja uma casa mais.
A Prefeitura manifestou o temor de que uma organização neonazista pudesse alugá-la de forma encoberta e transformar a cidade em um centro de peregrinação para setores ultradireitistas. EFE
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Justiça nega liberdade a sócio da boate Kiss
MSN.com
Agência Brasil
O juiz da Comarca de Santa Maria (RS) Afif Simões Neto negou nesta quinta-feira (31) o pedido de liberdade provisória em favor de Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, um dos sócios da boate Kiss, onde ocorreu o incêndio que matou 235 pessoas na madrugada do último domingo.
Segundo informações do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, o magistrado afirmou que não há motivos plausíveis para desfazer a sentença do juiz Régis Adil Bertolini, que determinou a prisão.
"O decreto de prisão temporária embasou-se em sólidos fundamentos fáticos e jurídicos, principalmente no que diz respeito à necessidade da custódia para a investigação que se encontra em curso", destacou Simões Neto.
Ainda segundo a decisão do magistrado, a polícia deverá tomar novo depoimento do sócio "agora que já foram reunidos mais elementos para o aprimoramento do trabalho investigativo". Spohr está internado, sob custódia, em Cruz Alta, cidade vizinha a Santa Maria, e o médico ainda não o liberou para prestar novo depoimento. Ele está preso temporariamente por cinco dias e deve ser posto em liberdade amanhã (1º).
Além dele, estão presos dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava no dia da tragédia, e o outro sócio da boate, Mauro Hoffman.
Tentativa de suicídio
Tentativa de suicídio
Ontem, o delegado Marcelo Arigony, que cuida das investigações, confirmou que Spohr tentou se matar na noite de terça-feira (29). Ele teria usado a mangueira do chuveiro para tentar se enforcar. “Mas ele está bem e foi agora algemado na cama para evitar novas tentativas”, disse o delegado.
“Pedimos a prisão temporária por 30 dias e só conseguimos cinco. Agora precisamos renovar essas prisões e estamos com dificuldade. Não é culpa do promotor, do juiz ou do delegado, é a legislação que exige requisitos muito específicos”, afirmou Arigony.
Segundo ele, há uma preocupação com a preservação de provas e que os suspeitos possam corromper testemunhas. “Um deles [sócio da boate], por exemplo, tem muita influência sobre os funcionários”, explicou.
Apesar disso, o promotor criminal Joel Dutra também admitiu que será difícil manter os suspeitos presos. De acordo com ele, a legislação é feita para privilegiar a liberdade, enquanto não houver julgamento, questões como o clamor público não podem ser usadas para justificar as prisões temporárias. “É preciso comprovar requisitos muito específicos [de acordo com a jurisprudência], como a possibilidade de fuga ou a reincidência no crime, coisas que aparentemente não são prováveis de acontecer neste caso”, explicou.
Segundo ele, o Código de Processo Penal Brasileiro prevê a substituição da prisão por medidas preventivas como proibir que os suspeitos deixem a cidade. Nem a preservação da integridade física dos próprios presos, diante do clima emotivo que se estabeleceu em Santa Maria, poderá ser usada como justificativa para manter a prisão deles. “Caberá ao Estado garantir a integridade dessas pessoas, não se pode mantê-las presas sob essa justificativa”, completou o promotor.
*Com informações da Agência Brasil
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O trabalho ininterrupto gera diversas consequências físicas e psicológicas ao empregado. A exigência constante por produtividade faz com ...