domingo 06 2014

Os benefícios da meditação



Redução do stress


Meditar é mais repousante do que dormir. Uma pessoa em estado de meditação consome seis vezes menos oxigênio do que quando está dormindo. Mas os efeitos para o cérebro vão mais longe: pessoas que meditam todos os dias há mais de dez anos têm uma diminuição na produção de adrenalina e cortisol, hormônios associados a distúrbios como ansiedade, déficit de atenção e hiperatividade e stress. E experimentam um aumento na produção de endorfinas, ligadas à sensação de felicidade. A mudança na produção de hormônios foi observada por pesquisadores do Davis Center for Mind and Brain da Universidade da Califórnia. Eles analisaram o nível de adrenalina, cortisol e endorfinas antes e depois de um grupo de voluntários meditar. E comprovaram que, quanto mais profundo o estado de relaxamento, menor a produção de hormônios do stress.

Este efeito positivo não dura apenas enquanto a pessoa está meditando. Um estudo conduzido pelo Wake Forest Baptist Medical Center, na Carolina do Norte, colocou 15 voluntários para aprender a meditar em quatro aulas de 20 minutos cada. A atividade cerebral foi examinada antes e depois das sessões. Em todos os pesquisados, foi observada uma redução na atividade da amígdala, região do cérebro responsável por regular as emoções. E os níveis de ansiedade caíram 39%.

Para quem já está estressado, a meditação funciona como um remédio. Foi o que os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos descobriram ao analisar 28 enfermeiras do hospital da Universidade do Novo México, 22 delas com sintomas de stress pós-traumático. A metade que realizou duas sessões por semana de alongamento e meditação viram os níveis de cortisol baixar 67%. A outra metade continuou com os mesmos níveis. 

Resultados parecidos foram observados entre refugiados do Congo, que tiveram que deixar suas terras para escapar da guerra. O grupo que meditou ao longo de um mês viu os sintomas de stress pós-traumático reduzir três vezes mais do que as pessoas que não meditaram – índices parecidos aos já observados entre veteranos americanos das guerras do Vietnã e do Iraque.

Melhoria do sistema cardiovascular

A Universidade de Ciências da Saúde da Geórgia conseguiu melhorar a sobrecarga cardíaca de 31 adolescentes americanos hipertensos. Os jovens apenas acrescentaram um hábito a suas rotinas: meditar duas vezes por dia, durante 15 minutos, ao longo de quatro meses. Outros 31 receberam orientações médicas, mas não meditaram. A primeira metade terminou o período de testes com a massa do ventrículo esquerdo menor – sinal de redução dos riscos de desenvolver doenças cardíacas e vasculares.
 
Outro levantamento, este da Universidade da Califórnia em Los Angeles, mediu o acúmulo de gordura nas artérias de 30 pessoas com pressão alta. Depois de meditar 20 minutos, duas vezes por dia, ao longo de sete meses, a quantidade estava menor, enquanto que ela não havia sido alterada no grupo de controle.

Meditar também é útil para reduzir em 47% as chances de ataque cardíaco e infarto em adultos. Foi o que concluiu a Associação Americana do Coração, depois de acompanhar um grupo de pacientes de 59 anos de idade, em média, ao longo de nove anos, de 2000 a 2009. Todos continuaram recebendo a medicação necessária, mas metade foi convidada a participar de sessões de meditação sem regularidade definida. Neste grupo, a pressão arterial caiu significativamente. "Foi como se a meditação funcionasse como um medicamento totalmente novo e muito eficiente para prevenir doenças cardíacas", afirma o fisiologista americano Robert Schneider, diretor do Center for Natural Medicine and Prevention e responsável pelo estudo.

Insônia e distúrbios mentais

Técnicas de relaxamento profundo, colocadas em prática durante o dia, podem melhorar a quantidade e a qualidade do sono. É o que aponta um estudo de 2008, do Northwestern Memorial Hospital, de Illinois. Cinco pessoas, com 25 a 45 anos e sofrendo de insônia crônica, foram submetidas a meditação durante dois meses. Passaram a dormir duas horas a mais por dia e alcançaram níveis de sono REM mais próximos do considerado saudável.

Em muitos casos, a insônia é sintoma de depressão. A meditação também funciona para atacar a causa. A Universidade da Califórnia conseguiu reduzir os casos de depressão entre 20 idosos com um simples programa de oito semanas de relaxamento, meia hora por dia. "No limite, meditar atrasar o aparecimento de sintomas do Alzheimer. A depressão na terceira idade é um fator de risco para o desenvolvimento desta doença", afirma o psiquiatra Michael Irwin, professor do Semel Institute for Neuroscience and Human Behavior da universidade.
 
O psicólogo Michael Posner e o neurocientista e professor da Universidade de Tecnologia do Texas Yi-Yuan Tang mediram a densidade dos axônios de pessoas que começaram a meditar. Quanto mais densos, maior a capacidade de realizar conexões cerebrais e menores os riscos de sofrer distúrbios mentais, de depressão a esquizofrenia. "A quantidade de conexões cerebrais está diretamente relacionada à saúde mental. Neste sentido, podemos dizer que a meditação é um exercício para a mente, excelente para deixá-la mais 'musculosa' e prevenir doenças", afirma o professor Posner.

Alívio da dor

Quem tem a meditação como hábito sente menos dor. O pesquisador Joshua Grant, do Departamento de Fisiologia da Universidade de Montreal comprovou esta hipótese encostando placas aquecidas nas nucas de 26 pessoas, 13 delas sem contato com a técnica e outras 13 com mais de 1000 horas de experiência em meditação. A placa era aquecida a 46 graus, depois 47, e assim sucessivamente, até 56. Todos os meditadores suportaram temperaturas acima dos 52 graus.
Nenhuma das pessoas inexperientes aguentou mais do que 50 graus. Na medida, o grupo que medita respirou 12 vezes por minuto. O outro respirou 15 vezes, um indício de stress maior. "As pessoas que meditam precisam menos de analgésicos. Elas sofrem menos pela antecipação da dor", diz Grant, que, no cruzamento de dados, concluiu que o hábito de meditar provocou uma resistência à dor 18% maior. De acordo com um grupo de neurocientistas do Center for Investigating Healthy Minds da Universidade de Wisconsin-Madison, a resistência de quem medita é maior em situações em que o stress influencia diretamente no nível de dor – caso de artrite e inflamações intestinais.

Reforço do sistema imunológico

O sistema imunológico também é favorecido. "O aumento da atividade cerebral relacionada a pensamentos positivos tem influência direta na maior produção de anticorpos. A meditação também intensifica a ação da enzima telomerase", diz Judson A. Brewer, de Yale. As implicações desta descoberta são fundamentais para o tratamento de tumores malignos. A Associação Americana de Urologia já declarou que a meditação é recomendada para ajudar a conter o câncer de próstata.
Também ajuda a lidar com o câncer de mama. Um grupo de 130 mulheres com a doença, todas com mais de 55 anos, aceitaram participar de um teste que reforça esta teoria. Ao longo de dois anos, elas foram divididas em dois grupos, um deles fazendo meditação. A situação foi monitorada pelos médicos do Saint Joseph Hospital, em Chicago. A metade que meditou teve maior resistência para lidar com as dores provocadas pela quimioterapia e experimentou uma reação física melhor à doença.

Melhoria na concentração

Na escola estadual Bernardo Valadares de Vasconsellos, em Sete Lagoas (MG), os 1.400 alunos fazem, todos os dias, o Tempo de Silêncio. Quem desejar pode aproveitar os 15 minutos para meditar. Quem não quiser, pode apenas descansar. A iniciativa foi inspirada pela Fundação David Lynch, que já orientou a criação de programas de meditação na escola estadual Presidente Roosevelt, em São Paulo, e na escola estadual Helio Pelegrino, no Rio de Janeiro.
 
“Estimamos que 20% dos estudantes continuam meditando por conta própria”, diz Joan Roura, diretor da fundação no Brasil. “Alunos que meditam são mais tranquilos, mais focados e têm maior capacidade de apreender informações.” A prática rende melhores notas: entre 235 crianças de colégios de Connecticut que começaram a meditar, representou um aumento de 15% nas provas e avaliações. 
 
As áreas do cérebro responsáveis pela memória e pela atenção chegam a ficar mais densas quando se medita. Foi a conclusão a que chegaram pesquisadores de Harvard, Yale e MIT, municiados por scanners de cérebro. Pessoas que mediram com frequência ao longo de vários anos também demoram mais para sofrer a redução destas áreas, em especial o córtex frontal. 
 
“Um estudante que medita pode ter melhores notas, uma vida mais saudável e boas condições de lutar por melhores postos no mercado de trabalho, com menor tendência para sofrer doenças cardiovasculares, stress ou distúrbios mentais”, diz Judson A. Brewer. Em resumo: “Meditar é uma boa forma de alcançar uma vida mais feliz, saudável e produtiva”.

Meditar 25 minutos por dia já ajuda a reduzir o stress

Terapia

Segundo nova pesquisa, praticar esse tempo de meditação por três dias consecutivos é suficiente para produzir um efeito calmante

Meditação: Benefícios podem vir com prática de 25 minutos ao dia
Meditação: Benefícios podem vir com prática de 25 minutos ao dia, diz estudo (Thinkstock)
Pesquisas recentes vêm comprovando o efeito da meditação na redução do stress. Enquanto a maior parte desses estudos reforça que o benefício ocorre após semanas de prática, um novo trabalho sugere que o efeito calmante pode ser mais imediato do que isso. Segundo especialistas americanos, meditar durante 25 minutos por três dias seguidos é suficiente para aliviar o stress.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Brief mindfulness meditation training alters psychological and neuroendocrine responses to social evaluative stress.​

Onde foi divulgada:
periódico Psychoneuroendocrinology

Quem fez: David Creswell, Laura Pacilio, Emily Lindsay e Kirk Warren Brown

Instituição: Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos

Resultado: Meditar por 25 minutos ao dia ajuda a diminuir o stress em situações em que existe tensão.
O estudo, feito na Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos, contou com a participação de 66 pessoas saudáveis de 18 a 30 anos. Parte delas realizou, por três dias consecutivos, um programa de meditação que trabalhava respiração e concentração durante 25 minutos. O restante dos participantes foi submetido a um programa cognitivo, também ao longo de três dias, no qual eram orientados a analisar poesias.
Depois disso, todos os voluntários realizaram tarefas estressantes, como fazer um discurso na frente de uma plateia e resolver exercícios de matemática na presença de um grupo de avaliadores. Os participantes, então, descreveram como se sentiram ao concluir essas atividades e tiveram amostras de saliva recolhidas para que os pesquisadores medissem seus níveis de hormônios associados ao stress.
De acordo com as conclusões, as pessoas submetidas às aulas de meditação relataram ter se sentido menos estressadas ao realizarem o discurso e os exercícios matemáticos do as que passaram pelo treinamento cognitivo. Elas também apresentaram menores níveis de hormônios do stress. 
"Cada vez mais pessoas relatam que a meditação as ajuda a reduzir o stress, mas pouco se sabe sobre quanto você precisa praticar para ter esse benefício", diz David Creswell, professor da Universidade Carnegie Mellon e coordenador do estudo, que foi publicado neste mês no periódico Psychoneuroendocrinology. O pesquisador afirmou que seu grupo agora vai estudar os impactos da meditação a longo prazo sobre a saúde.

Justiça barra demolição de viaduto que ruiu em Belo Horizonte

Minas Gerais

TJMG quer que o local fique preservado para conclusão dos trabalhos de perícia

Viaduto desaba em Belo Horizonte
Viaduto desaba em Belo Horizonte - Divulgação/Polícia Militar

A Justiça mineira barrou neste domingo a demolição do viaduto Guararapes, em Belo Horizonte,que desabou na última quinta-feira, provocando a morte de duas pessoas. Segundo o jornal O Estado de Minas, o Tribunal de Justiça do Estado (TJMG) decidiu que o local deve permanecer inalterado para os trabalhos de perícia. A demolição estava agendada para este domingo. Na noite de sábado, a força-tarefa montada para demolir o viaduto aguardava autorização da Polícia Civil mineira para iniciar os trabalhos para retirada da estrutura da Avenida Pedro I, na região da Pampulha.
Desde o início da manhã de sábado máquinas já estavam a postos para iniciar a demolição da estrutura, que será feita inclusive com uso de máquinas da Construtora Cowan, responsável pela obra. Segundo a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec), a estrutura poderia ser demolida em 24 horas, de forma mecânica - com o uso de maquinário ao invés de explosivos para cortar o concreto. O uso de explosivos foi descartado por causa da possibilidade de desabamento da outra alça do viaduto, que foi escorada por exigência da polícia para reduzir o risco de colapso, mas que também deverá ser demolida.
Para a conclusão da perícia técnica ainda serão necessárias sondagens e análises do solo para tentar confirmar o que levou o pilar a afundar. A estrutura de sete metros era sustentada por cinco estacas de cada lado, com 22 metros cada. Parte dos trabalhos dos peritos é feito com uma espécie de scanner que reproduz a área em três dimensões para facilitar a compreensão do laudo que será elaborado.
Há urgência na demolição do viaduto por causa da necessidade de liberação da avenida Pedro I. Na terça-feira, o Estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão, localizado na mesma região onde ocorreu o desabamento, receberá a partida entre Brasil e Alemanha e a avenida é uma das duas únicas vias de ligação do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte, com o centro da capital.
Ao desabar, o viaduto atingiu um micro-ônibus, um Fiat Uno e dois caminhões. A motorista do coletivo, Hanna Cristina, de 26 anos, e o condutor do Uno, Charlys Frederico Moreira do Nascimento, de 25, morreram na hora.
(Com Estadão Conteúdo)

O fim da injeção diária: FDA aprova insulina inalável

 Veja.Com

Adriana Dias Lopes
A insulina inalável promete livrar das picadas até 90 milhões de doentes, 3 milhões no Brasil
A insulina inalável promete livrar das picadas até 90 milhões de doentes, 3 milhões no Brasil (Montagem sobre fotos Thinkstock e divulgação)
Em 27 de junho, o bilionário americano Alfred Mann, de 88 anos, almoçava com a mulher em um restaurante em Las Vegas, onde mora, quando recebeu por telefone a notícia mais importante de sua carreira como físico e empresário na área de saúde: a insulina inalável Afrezza, produto no qual ele investira 2 bilhões de dólares, finalmente recebera o o.k. da FDA, a agência do governo dos Estados Unidos de controle de remédios e alimentos. No dia do anúncio da aprovação, as ações do laboratório MannKind, empresa de sua propriedade, subiram 10%. A boa notícia não era apenas para Mann. A Afrezza representa uma mudança drástica no tratamento do diabetes. Graças à nova insulina, 25% dos diabéticos, um universo de 90 milhões de doentes no mundo, 3 milhões deles no Brasil, podem se livrar das injeções diárias do hormônio, imprescindíveis até agora para o controle da doença. Diz o endocrinologista Freddy Eliaschewitz, diretor do Centro de Pesquisas Clínicas (CPClin), de São Paulo, instituição envolvida nos estudos clínicos com o medicamento: “Este é o maior marco na história do tratamento com insulina nos últimos quarenta anos”. A data refere-se ao lançamento, na década de 70, do hormônio feito com material genético humano, o que livrou os doentes dos efeitos colaterais severos causados pelas insulinas anteriores, produzidas a partir de animais, principalmente porcos.