domingo 22 2012

Cabral prepara terreno para entregar Pezão de bandeja



Acuado com as denúncias publicadas na mídia sobre a extensão e a suspeição dos negócios do seu governo com a Delta, do seu amigo e compadre Fernando Cavendish, o governador Cabral, conforme foi publicado esta semana, saiu-se com mais uma declaração que zomba da inteligência alheia, ao comentar os contratos sem licitação assinados com Delta, na recuperação da Região Serrana: “Eu não sabia desses contratos. Estou sendo informado pela imprensa”. Claro que essa afirmação é um monumento ao cinismo. Tanto assim que revoltou até colunistas políticos que durante um bom tempo pouparam Cabral. 

Todos falaram do cinismo de Cabral nessa declaração de que não sabia. Mas não sejam ingênuos. Não foi uma declaração qualquer, despropositada. Nem foi orientação dos seus marqueteiros. Foi uma frase cuidadosamente elaborada pelos seus advogados. Faz parte da estratégia de defesa jurídica de Cabral se a CPI da Delta fugir ao controle e o atingir em cheio. 

Observem que junto com essa declaração, Cabral anunciou a criação de uma comissão de sindicância, coordenada pelo seu braço-direito Régis Fichtner, segundo o governador para analisar os contratos com a Delta, e se houver irregularidades cancelá-los. 

Cabral prepara o terreno no campo jurídico para se as coisas derem errado na CPI e houver risco para si e seu mandato, covardemente tentar tirar o corpo fora e entregar numa bandeja a cabeça de seu vice Pezão. 

Nesta quinta, Pezão foi escalado por Cabral para o primeiro sacrifício. Teve que dar uma entrevista onde defendeu os contratos com a Delta. Isso é a estratégia para reforçar que Pezão é que responde pelos contratos e que Cabral confiou nele. Se alguma coisa der errado vai dizer que foi traído. 

Cabral, Pezão e a síndrome do escorpião 

Os leitores mais antigos do blog, quando ele começou há 5 anos, lembram de um aviso que dei aqui a Pezão, em 2007, logo no início do governo Cabral, quando ele (o vice) me deu as costas, me traiu e passou a atacar o governo de Rosinha, do qual participou. 

Os leitores mais recentes talvez não saibam, mas em 2006, quando eu e Rosinha apoiamos Cabral e nos coube indicar seu vice, que ele não queria Pezão de jeito nenhum. Todo mundo no PMDB sabe que foi uma luta para dobrarmos Cabral e emplacar Pezão como seu vice. Cabral não confiava nele e na época fazia juras de amor públicas a mim e a Rosinha. Depois de eleito todos sabem o que aconteceu. Cabral mostrou sua verdadeira face e traiu todo mundo. 

Alertei aqui Pezão naquela época: “Não se iluda com Cabral. Ele vai usar você, vai seduzi-lo com promessas e vantagens, mas só pensa nele, quando for preciso ou lhe interessar também vai te trair”. 

Mas Pezão se deslumbrou com o poder, as benesses, as mordomias e as viagens e hotéis de luxo. Aquele prefeito trabalhador do interior, um cara humilde como era quando o conheci se inebriou, se perdeu. Além disso, caiu no conto de Cabral que por conveniência lhe deu a missão de cuidar de todas as obras do governo, sempre dizendo que confiava nele plenamente. Pezão devia achar estranho que um governador que não o queria como vice, tinha sérias restrições, de uma hora para a outra passou a tratá-lo como se fosse um velho amigo de infância. Mas a essa altura Pezão não conseguia enxergar mais nada. Sentia-se no paraíso. 

Cabral é ardiloso e passou a massagear o ego de Pezão dizendo que ele será o seu candidato à sucessão em 2014. Pezão se iludiu e passou a sonhar acordado. E tome de colocar sua assinatura nos contratos com a Delta e outras empreiteiras. E sempre Cabral frisando que quem cuida de obras é o Pezão. Se achava todo poderoso. 

A esta altura Pezão já deve ter compreendido a jogada maquiavélica de Cabral na qual caiu como um pato. Sem perceber foi usado como bucha por Cabral. Não tem mais como fugir dessa armadilha. É um caso perdido e Pezão sabe disso. 

Todo mundo político do Rio de Janeiro sabe hoje que Cabral não tem a menor intenção de lançar Pezão à sua sucessão. O plano dele é Beltrame ou dependendo do quadro eleitoral em 2014, Eduardo Paes. Pezão foi iludido. 

Mas o pior é que na hora do “salve-se quem puder”, Pezão será como eu disse antes, entregue de bandeja para Cabral tentar se safar. 

O que vai acontecer num curto prazo é uma incógnita. Não tenho bola de cristal. Ninguém sabe os desdobramentos da CPI. Mas está chegando a hora de Cabral, Pezão e companhia começarem a acertar suas contas com a Justiça e com o povo do Rio de Janeiro. 

Se isso vai demorar pouco ou mais algum tempo para ocorrer, vamos ter que aguardar. Mas com base na minha bagagem política e por tudo que tenho conhecimento podem estar certos de uma coisa: Pezão vai terminar mal nessa história. Cabral com seu instinto de escorpião está pronto pra lhe dar a ferroada mortal. 

Quando der a última badalada da meia-noite, Pezão vai descobrir que o conto de fadas acabou e que a Cinderela virou Gata Borralheira. Não foi por falta de aviso. 
Garotinho

Por: http://professordoc.blogspot.com.br/ 

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