sexta-feira 06 2013

Estudo mostra resultados promissores para vacina contra esclerose múltipla

Doença autoimune

Em teste com humanos, método foi capaz de diminuir o número de lesões cerebrais causadas pela moléstia, que afeta o funcionamento dos neurônios

Cérebro
A esclerose múltipla destrói a mielina, camada que reveste as fibras nervosas no cérebro, prejudicando a comunicação entre os neurônios e dando origem a uma série de problemas (Thinkstock)
Uma pesquisa realizada na Itália pode ser mais um passo rumo à prevenção da esclerose múltipla, uma doença autoimune incurável e de causas ainda desconhecidas. De acordo com um artigo publicado na última quarta-feira no periódico Neurology, os cientistas testaram, em humanos, a eficácia de uma vacina contra a doença e verificaram que o método foi capaz de evitá-la em mais da metade dos casos.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Effects of Bacille Calmette-Guérin after the first demyelinating event in the CNS

Onde foi divulgada: periódico Neurology

Quem fez: Giovanni Ristori, Silvia Romano, Stefania Cannoni, e outros

Instituição: Sapienza - Universidade de Roma, na Itália, e outras

Dados de amostragem: 73 pessoas com sintomas iniciais de esclerose múltipla

Resultado: Os pesquisadores descobriram que a vacina BCG, usada para a prevenção contra a tuberculose, pode ser eficaz também para prevenir contra a esclerose múltipla
A vacina testada pelos pesquisadores é a BCG (Bacille Calmette Guerin), que contém uma bactéria em estado atenuado capaz de induzir uma resposta imunológica do organismo, impedindo inflamações. Criada na década de 1920, a BCG tem sido utilizada em todo o mundo como uma forma de imunização contra a tuberculose. 
Como a esclerose múltipla e as demais doenças autoimunes costumam ser mais comuns em nações industrializadas, os cientistas responsáveis pelo trabalho defendem a hipótese de que as pessoas desses países têm menos contato com infecções na infância, o que impede o desenvolvimento de seu sistema imunológico. A exposição a certas bactérias por meio da vacina, portanto, seria capaz de fortalecer a imunidade. 
Trabalho — Os pesquisadores reuniram 73 pessoas que tiveram algum sintoma inicial de esclerose múltipla, como problemas relacionados a visão, equilíbrio ou dormência em partes do corpo. Todos os participantes passaram por exames de ressonância magnética que indicavam o início da doença. Os sinais do distúrbio costumam piorar e se tornar mais frequentes com o passar do tempo. 
Dos 73 voluntários, 33 receberam uma dose da vacina BCG, os demais não. Durante seis meses, os participantes de ambos os grupos foram submetidos a ressonâncias magnéticas mensais com o objetivo de verificar o grau de lesões cerebrais existentes. Ao fim desse período, enquanto os não vacinados tinham sete lesões, os vacinados tinham três. 
Depois dessa fase, todos os voluntários tomaram medicações indicadas por neurologistas para atenuar os sintomas da esclerose. Cinco anos depois, 58% dos vacinados estavam livres do distúrbio, ante 30% dos participantes que não tomaram a vacina. Segundo os pesquisadores, mais estudos são necessários para avaliar a segurança e os efeitos a longo prazo da vacina como prevenção da esclerose múltipla. 

Brasil pega Croácia, México e Camarões na Copa de 2014

Futebol

Mas a sorte da seleção de Felipão poderá terminar logo nas oitavas - com um possível cruzamento com Espanha ou Holanda (que se enfrentarão na estreia)

Giancarlo Lepiani, da Costa do Sauípe
Cerimônia do sorteio dos grupos da Copa de 2014
Colocados no Grupo B, holandeses e espanhóis formam uma das chaves mais difíceis da Copa, ao lado do Chile. Mas nada que se compare ao grupo da morte - sim, ele apareceu - desta Copa: é o D, com Uruguai, Itália e Inglaterra, além da Costa Rica
Croácia, México, Camarões: eis os adversários da seleção brasileira na primeira fase da Copa do Mundo de 2014. O sorteio dos grupos, realizado nesta sexta-feira, na Costa do Sauípe, na Bahia, foi generoso para a equipe da casa: uma seleção mediana da Europa, um rival antigo mas modesto das Américas e uma seleção africana que não vem jogando bem há anos. A estreia será contra os europeus, no dia 12 de junho de 2014, no Itaquerão. É a segunda vez em três Copas que o Brasil abre sua campanha contra os croatas - foi assim também na Alemanha-2006. O duelo com os mexicanos será em Fortaleza, e a partida contra os camaroneses, em Brasília. Resolvido o mistério sobre os três primeiros rivais, a seleção passa a ter motivos para se preocupar quando olha para seu caminho na competição. Se cumprir sua obrigação e avançar à segunda fase, o time de Luiz Felipe Scolari tem grande chance de encarar dois rivais extremamente perigosos: a Holanda, que eliminou o Brasil na última Copa, ou a Espanha, atual campeã, ansiosa para vingar a derrota na final da Copa das Confederações. Holandeses e espanhóis, aliás, vão se encontrar logo na estreia, uma reedição da final da África do Sul-2010 em plena Arena Fonte Nova, em Salvador, em 13 de junho.
Colocados no Grupo B, holandeses e espanhóis formam uma das chaves mais difíceis da Copa, ao lado do Chile, que vive excelente momento, e da Austrália. Mas nada que se compare ao grupo da morte - sim, ele apareceu - desta Copa: é o D, com Uruguai, Itália e Inglaterra, mais a coadjuvante Costa Rica (que já deve estar reavaliando a ideia de vir ao Brasil no ano que vem...). Nessa chave com três campeões do mundo (e um total de sete taças conquistadas), italianos e ingleses fazem um grande clássico num palco de que esperavam fugir: a Arena da Amazônia, em Manaus. Os técnicos das duas seleções se diziam mais preocupados com o calor do que com os rivais - e terão de encarar um jogo dificílimo justamente na sede que mais preocupa os europeus. O técnico Roy Hodgson, da Inglaterra, chegou a ser provocado pelas autoridades amazonenses depois de ter dito que esperava evitar Manaus a qualquer custo. Outro grupo forte é o G, que colocará frente a frente alguns dos melhores jogadores do planeta na atualidade: a abertura da chave será entre Alemanha, de Ozil, e Portugal, de Cristiano Ronaldo. Quem deu sorte foi a Bahia - assim como no caso de Espanha x Holanda, o estádio da partida será a Fonte Nova. O grupo tem também Estados Unidos (do técnico Klinsmann, ícone histórico da seleção alemã) e Gana (que já tinha caído com os alemães em seu grupo no último Mundial).
Se alguns grupos deixam o torcedor ansioso desde já, outros despertam reações bem menos empolgadas. Caso da chave encabeçada pela Bélgica, que deu a sorte de pegar como adversários Rússia, Argélia e Coreia do Sul. Ou do Grupo C, encabeçado pela Colômbia, acompanhada por Grécia, Costa do Marfim e Japão. Argentina e França se deram bem na definição dos grupos. Os vizinhos sul-americanos ocupam o Grupo F, ao lado de seleções modestas: Bósnia-Herzegovina, Irã e Nigéria. Os franceses, que só entraram na Copa depois de uma sofrida repescagem contra a Ucrânia, vão enfrentar Suíça, Equador e Honduras na primeira fase. Montados os grupos, passa a ser possível também projetar os cruzamentos das etapas seguintes. O Brasil poderia pegar Itália, Inglaterra ou Uruguai nas quartas, e a semifinal poderia ser contra a Alemanha (caso ela confirme o favoritismo em seu grupo). É difícil um encontro entre Brasil e Argentina antes da grande final - isso só aconteceria se uma das duas ficasse em segundo de seu grupo, o que, diante dos adversários definidos nesta sexta, não parece muito provável. Uma reedição do jogo decisivo entre Brasil e Uruguai no Rio, 64 anos depois do Maracanazo, também é possível, se os uruguaios liderarem o grupo da morte e o Brasil ficar em primeiro na sua chave. Todas essas dúvidas começam a ser respondidas em 188 dias, quando brasileiros e croatas disputarem os primeiros lances da Copa do Mundo.

Encontrar a cara metade não significa que exista o par perfeito, dizem psicólogos

Por Redação, Tempo de Mulher
Para psicóloga, achar nossa cara metade significa encontrar pessoas mais parecidas conosco para se relacionar. Veja 10 questões sobre achar ou não a sua.



10 questões sobre achar ou não sua cara metade / Foto: Thinkstock
10 questões sobre achar ou não sua cara metade / Foto: Thinkstock






















Da REDAÇÃO
Embarcar num relacionamento exige aceitar as diferenças e aproveitar as afinidades. Por isso, boa parte das pessoas sonha com a ideia de encontrar uma 'cara metade', alguém que as complete e traga a felicidade suprema. Mas essa pessoa perfeita e especial não vem pronta, será preciso trabalhá-la como se fosse uma pedra a ser polida.
Para a psicóloga clínica Triana Portal, um relacionamento demanda trabalho e investimento. "Depende muito da tolerância do casal. Um relacionamento harmonioso onde se supõe ser constituído por 'cara metade', pode ser, na verdade, o de duas pessoas dispostas", explica Triana. E, apesar das afinidades serem importantes nesse processo, seu excesso pode ser prejudicial mais à frente.
"O excesso de afinidades pode tornar o relacionamento muito simbiótico, sem muitas trocas e, com o passar do tempo, pode parecer mais uma relação fraternal", ressalta a psicóloga. Para ela, a atração física e o bom entrosamento sexual são o combustível necessário para sedimentar os pilares dessa relação.
Já Renata Yamasaki, psicóloga especialista em terapia familiar, ressalta que um sinal de que estamos com a pessoa certa é quando começamos a ter certeza que podemos ser nós mesmos, sem fingimentos ou máscaras, ao lado de alguém que nos dá o valor que temos. "Ou seja, onde encontramos um refúgio emocional em que nos sentimos confortáveis com o outro, sabendo que este se preocupa com nossa felicidade e dá máxima importância à nossa pessoa", analisa.
No entanto, ressalta Renata, em um relacionamento é muito difícil dizer que tudo será perfeito. Não há garantias que não haverá problemas e a diferença está na cumplicidade. "Nos momentos de tempestades, quando as dificuldades e os conflitos surgirem, o que irá sustentar o relacionamento será o respeito, o amor e a confiança que um terá no outro", completa a psicóloga.

"Encontrar a alma gêmea não significa que exista o par perfeito"
Na avaliação de Juliana Bonetti, psicóloga especialista em sexualidade, é possível estruturar e construir esta relação a partir de duas formas: uma é a partir das diferenças e a outra das semelhanças. E a maioria das pessoas se sente atraída pelo seu oposto.
"As pessoas discursam que sonham em encontrar a alma gêmea, mas quando você observa mais profundamente o comportamento de muitos descobre que aquilo que dizem não é compatível com suas escolhas. Encontrar a alma gêmea não significa que exista o par perfeito. Significa encontrar pessoas mais parecidas com a gente para se relacionar", opina Juliana.
E o perfil ideal nem sempre será aquele que poderá fazer você feliz. A psicóloga Eliete Medeiros, especialista em relacionamentos afetivos e diretora da agência de namoro "Eclipse Love", explica que essa rigidez em querer encontrar apenas um perfil é determinante para alguém permanecer sozinho.
"É preciso ampliar as possibilidades de conhecer pessoas. Não se deve deixar de conhecer uma pessoa só porque ela não se encaixa no perfil que se sonhou a vida inteira. Pessoas muito mentais, cheias de critérios e rígidas acabam ficando sozinhas. O perfil ideal nem sempre é o perfil real que te fará feliz", defende Eliete.

Miles Davis - the cool jazz sound (1959)



Sartre e Beauvoir (Globo ciência)



[Arquivo N] Simone de Beauvoir - Parte 1 de 3



[Arquivo N] Simone de Beauvoir - Parte 2 de 3



Phil Collins - Another Day in Paradise



Fernanda Montenegro recitando Simone Beauvoir - Globo News



Enterro de Mandela será realizado em 15 de dezembro

África do Sul

Velório ocorrerá em Johannesburgo e Pretória e deve durar quatro dias

Nelson Mandela com membros da família durante comemoração de seu aniversário em sua casa na cidade de Qunu, na África do Sul
Nelson Mandela com membros da família durante comemoração de seu aniversário em sua casa na cidade de Qunu, na África do Sul - Nelson Mandela Foundation/ PETER MOREY/AFP

O enterro de Nelson Mandela será realizado em 15 de dezembro, no vilarejo de Qunu, na província do Cabo Oriental, anunciou nesta sexta-feira o presidente da África do Sul, Jacob Zuma. O funeral será precedido por quatro dias de velório - aos chefes de Estado está reservada uma cerimônia no dia 14. Nesta sexta, os sul-africanos e o mundo prestam suas homenagens ao líder que guiou a África do Sul de uma ditadura segregacionista para uma democracia multirracial. Desde a madrugada, milhares de pessoas realizam vigílias em frente a casa em que Mandela morou em Soweto. Grupos cantam, dançam, rezam, e espalham bandeiras também em Johannesburgo, Cidade do Cabo e Pretória. De Barack Obama ao papa Francisco, dezenas de líderes mundiais já se pronunciaram acerca do legado de Mandela, que morreu nesta quinta-feira, aos 95 anos. Figura inspiradora por sua incansável resistência ao regime racista do apartheid,Mandela construiu um dos mais belos capítulos da história do século XX ao se tornar o primeiro presidente eleito democraticamente na África do Sul, depois de passar 27 anos preso por sua oposição à ditadura.  
No dia 10 de dezembro, o corpo de Mandela será levado ao estádio FNB (antigo estádio Soccer City), em Johannesburgo, palco da final da Copa do Mundo de 2010, onde será celebrada uma missa em memória do líder sul-africano. Já entre os dia 11 e 13 de dezembro o velório ocorrerá na sede da Presidência do país, em Pretória. “Nós devemos trabalhar juntos para organizar o funeral mais apropriado para o filho deste país e pai da nação”, disse Zuma. “Declaramos o dia 8 de dezembro um dia para preces e reflexão. Nós convocamos todas as pessoas em igrejas, mesquitas, templos e sinagogas para que realizem preces e meditem sobre a vida de Madiba (apelido de Nelson Mandela) e sua contribuição para o nosso país e o mundo”, completou. 
A assessoria do Planalto já informou que a presidente Dilma Rousseff confirmou presença na cerimônia reservada a chefes de Estado. O jornal britânico The Guardian destaca que o funeral de Mandela deverá rivalizar com o do papa João Paulo II em 2005, ao qual compareceram cinco reis, seis rainhas, setenta presidentes e primeiros-ministros, além de 2 milhões de fiéis. Às cerimônias dedicadas a Mandela, todos os ex-presidentes americanos vivos devem comparecer, além de chefes de Estado e muitas celebridades. “Tudo isso significa um planejamento sem precedentes e um pesadelo de segurança para a África do Sul”, destaca o jornal, citando um documento do governo sul-africano.
A despedida ao ícone da luta contra o apartheid será o maior evento da história da África do Sul. A TV estatal SABC já avisou que fará a cobertura ao vivo de todos os atos relacionados à morte de Nelson Mandela “nas próximas duas semanas”. O presidente Jacob Zuma, ao anunciar a morte em um pronunciamento transmitido pela televisão, disse que Madiba “terá funerais de Estado” e que as bandeiras do país permanecerão a meio mastro a partir desta sexta-feira até a realização do enterro.
Uma avalanche de tributos se espalhou pelo mundo em homenagem a Mandela, que estava doente há quase um ano. A saúde do líder sul-africano vinha se deteriorando nos últimos dois anos, principalmente por causa da infecção pulmonar – resquício de uma tuberculose contraída na prisão. O ex-presidente esteve internado em um hospital de Pretória por quase três meses, entre junho e setembro, respirando com a ajuda de aparelhos. No início desta semana, a filha mais velha de Mandela, Makaziwe, disse que seu pai estava lutando “em seu leito de morte”. "Cada momento, cada minuto com ele me assombra. Às vezes não acredito que sou filha desse homem que é tão forte, tão lutador", afirmou, em entrevista à TV estatal.   
Para a África do Sul, a perda de seu líder mais amado ocorre em um momento em que a nação, depois de ganhar reconhecimento global com o fim do apartheid, vive crescentes conflitos e protestos contra serviços precários, pobreza, criminalidade, desemprego e escândalos de corrupção que atingem o governo de Zuma. Ao acordar nesta sexta para um futuro sem Mandela, alguns sul-africanos reconhecem temer que a morte do herói possa deixar o país vulnerável a tensões raciais e sociais que ele lutou tanto para combater. O dia nasceu e as pessoas saíram de casa para o trabalho em Pretória, em Johanesburgo e Cidade do Cabo, mas muitos ainda estavam em choque pela morte do homem que foi um símbolo mundial da reconciliação e da coexistência pacífica.

"Mas há algo no ar New York ...", de Simone de Beauvoir, 1948




Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir:..



Foto: Jean-Paul Sartre and Simone de Beauvoir: "Existentialism is not the cosiest of bedfellows. And the relationship between Sartre (1905-80) and de Beauvoir (1908-86) was nothing if not complicated. They never married, had children or lived together. This was, above all, an intellectual alliance – they read each other’s work and influenced one another. But it also involved sexual entanglements galore – material for de Beauvoir’s fiction. In her first novel, She Came to Stay, de Beauvoir writes about a menage a trois that was, in life, more of a menage a quatre."

http://www.guardian.co.uk/culture/gallery/2013/feb/16/10-best-power-couples#/?picture=404058779&index=2

Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir:.. "O existencialismo não é o mais aconchegante dos companheiros e da relação entre Sartre (1905-1980) e de Beauvoir (1908-1986) não era nada se não complicada Eles nunca se casou, teve filhos ou viveram juntos Isto foi, acima de tudo, uma aliança intelectual -. lêem trabalho uns dos outros e influenciou o outro Mas também envolvido envolvimentos sexuais em abundância -.. material para ficção de Beauvoir em seu primeiro romance, ela veio para ficar, de Beauvoir escreve sobre um menage a trois que foi, em vida, mais de um ménage à quatre ".

http://www.theguardian.com/culture/gallery/2013/feb/16/10-best-power-couples#/?picture=404058779&index=2

O túmulo de Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir, Cemitério de Montparnasse

Foto: The Tomb of Jean-Paul Sartre and Simone de Beauvoir, Montparnasse Cemetery

Em luto, África do Sul presta homenagens a Nelson Mandela

Memória

Sul-africanos fazem vigílias em frente a casas em que viveu o ex-presidente, morto nesta quinta-feira. Cerimônias fúnebres devem durar doze dias

Crianças seguram um cartaz com a imagem de Nelson Mandela  em frente da casa onde ele morava após o anúncio de sua morte, em Johannesburgo

A África do Sul é uma nação de luto: desde a madrugada desta sexta-feira milhares de pessoas prestam suas homenagens a Nelson Mandela, morto na quinta-feira, aos 95 anos. Em Johannesburgo e Soweto, sul-africanos realizam vigílias diante das casas em que o líder que guiou a África do Sul de uma ditadura segregacionista para uma democracia multirracial morou. As pessoas rezam, acendem velas, cantam e dançam. Por toda a capital, Pretória, bandeiras se espalham pelas ruas. Segundo informações do jornal britânico The Guardian, o governo do país planeja cerimônias fúnebres ao longo dos próximos doze dias em memória de Mandela. Figura inspiradora por sua incansável resistência ao regime racista do apartheid,Mandela construiu um dos mais belos capítulos da história do século XX ao se tornar o primeiro presidente eleito democraticamente na África do Sul, depois de passar 27 anos preso por sua oposição à ditadura.
A despedida ao ícone da luta contra o apartheid será o maior evento da história da África do Sul. A TV estatal SABC já avisou que fará a cobertura ao vivo de todos os atos relacionados à morte de Nelson Mandela “nas próximas duas semanas”. O presidente Jacob Zuma, ao anunciar a morte em um pronunciamento transmitido pela televisão, disse que Madiba “terá funerais de Estado” e que as bandeiras do país permanecerão a meio mastro a partir desta sexta-feira até a realização do enterro.
A rede americana CNN informou que haverá cerimônias públicas e privadas em homenagem ao prêmio Nobel da Paz. Segundo a CNN, o corpo será encaminhado a um hospital militar para ser embalsamado. A TV também cita, em sua página na internet, a organização de uma cerimônia fúnebre no estádio Soccer City, em Johannesburgo, onde foi disputada a final da Copa do Mundo de 2010. Citando fontes do governo sul-africano, acrescenta que o corpo será levado para a sede do governo em Pretória e, finalmente, para Qunu. Mandela nunca deu instruções exatas para seu funeral. Apenas indicou o desejo de ter uma cerimônia singela nesta aldeia para a qual se mudou quando ainda era criança.
A estrutura prevista para a despedida ao líder sul-africano, porém, passa longe da simplicidade. O Guardian destaca que o funeral de Mandela deverá rivalizar com o do papa João Paulo II em 2005, ao qual compareceram cinco reis, seis rainhas, setenta presidentes e primeiros-ministros, além de 2 milhões de fiéis. Às cerimônias dedicadas a Mandela, todos os ex-presidentes americanos vivos devem comparecer, além de chefes de estado e muitas celebridades.
“Tudo isso significa um planejamento sem precedentes e um pesadelo de segurança para a África do Sul”, destaca o jornal, citando um documento do governo sul-africano que prevê atividades para um período de doze dias. “Apesar de o documento ter sido elaborado mais de um ano atrás e possa ter sido revisto, é uma amostra de como as autoridades se prepararam para um momento único”. O governo sul-africano criou uma página na internet específica para publicar os avisos relacionados ao funeral de Mandela. Por enquanto, o texto diz apenas que cerimônias serão realizadas em vários locais “para dar a todos a oportunidade de participar”. 
Uma avalanche de tributos se espalhou pelo mundo em homenagem a Mandela, que estava doente há quase um ano. A saúde do líder sul-africano vinha se deteriorando nos últimos dois anos, principalmente por causa da infecção pulmonar – resquício de uma tuberculose contraída na prisão. O ex-presidente esteve internado em um hospital de Pretória por quase três meses, entre junho e setembro, respirando com a ajuda de aparelhos. No início desta semana semana, a filha mais velha de Mandela, Makaziwe, disse que seu pai estava lutando “em seu leito de morte”. "Cada momento, cada minuto com ele me assombra. Às vezes não acredito que sou filha desse homem que é tão forte, tão lutador", afirmou, em entrevista à TV estatal.   
Para a África do Sul, a perda de seu líder mais amado ocorre em um momento em que a nação, depois de ganhar reconhecimento global com o fim do apartheid, vive crescentes conflitos e protestos contra serviços precários, pobreza, criminalidade, desemprego e escândalos de corrupção que atingem o governo de Zuma. Ao acordar nesta sexta para um futuro sem Mandela, alguns sul-africanos reconhecem temer que a morte do herói possa deixar o país vulnerável a tensões raciais e sociais que ele lutou tanto para combater. O dia nasceu e as pessoas saíram de casa para o trabalho na capital, Pretória, em Johanesburgo e Cidade do Cabo, mas muitos ainda estavam em choque pela morte do homem que foi um símbolo mundial da reconciliação e da coexistência pacífica.
(Com agência Reuters) 

Morre Nelson Mandela; agora o CNA precisa deixar nascer a África do Sul

Nelson Mandela
Nelson Mandela morreu. E uma África do Sul ainda está por nascer. Não que ele não tenha feito um trabalho gigantesco. Todas as homenagens são justas. Pertencia a um aparelho chamado Congresso Nacional Africano, o partido que centralizou o luta contra a delinquência moral do apartheid e que, no poder, se transformou numa formidável máquina de assalto ao Estado. A questão se torna particularmente complicada porque o partido traz consigo a densidade moral da histórica luta contra o regime racista, de que ele se tornou a expressão máxima.
A biografia de Mandela está aí, em toda parte. Não vou repisar o que todo mundo já leu, já sabe ou pode acessar num clique. Vamos lá. Qual foi o grande acerto de Nelson Mandela? Ter, a partir de um determinado momento, percebido que a luta pacífica — sem jamais ter desmobilizado seus partidários — era o melhor caminho. Ele fez, sim, parte de um grupo que se dedicava a ações violentas e a sabotagens — e por isso foi preso e condenado à prisão perpétua.
O CNA tinha o seu braço armado, o Umkhonto we Sizwe (Lança da Nação), também conhecido como MK. Oficialmente ao menos, até a libertação de Mandela, o MK jamais renunciou à luta armada, mas o líder, mesmo na cadeia, percebeu que aquela era a pior escolha. A mística, no entanto, continuou. Abaixo há um vídeo de 2006, sete anos depois de ele ter deixado a Presidência, em que ainda canta o hino do MK. A letra fala por si: eles dizem se orgulhar de matar os brancos.


Era só memória de um tempo apenas. Na década de 80, o concerto das nações não podia mais admitir um regime oficialmente racista. Da cadeia, contrariando as alas mais radicais do CNA, o ex-guerrilheiro passou a negociar com o governo a transição pacífica. Libertado em fevereiro de 1990, elege-se presidente em 1994, cumpre o mandato até 1999 e deixa o poder, recusando a reeleição, o que teria conseguido sem esforço.
No governo, em vez de promover a revanche contra os brancos, Mandela investiu no entendimento. Sabia que a eventual perseguição à minoria poderia representar o caos econômico para o país. Preferiu investir na paz, não na guerra. Criou a Comissão da Verdade e da Reconciliação para que se contasse a história do período, não para perseguir os antigos poderosos. Crimes cometidos por pessoas ligadas ao próprio CNA também foram tornados públicos, como os cometidos por Winnie Mandela, sua ex-mulher, depois tornada inimiga política.
O Mandela da paz, assim, se tornou uma figura política realmente gigantesca. A África do Sul poderia ter involuído, num primeiro momento, para uma guerra contra os brancos e, depois, para uma guerra entre os próprios negros, separados por etnias e ideologias. Foi o que aconteceu, por exemplo, em Moçambique e, especialmente, Angola. Mandela percebeu que a luta na África do Sul tinha características diferentes de uma guerra contra um colonialismo decadente, excrescente e anacrônico. Era outra coisa. Não havia um país estrangeiro fazendo escolhas em lugar dos sul-africanos. Certamente passou poucas e boas na prisão, mas o fato é que, ao ser retirado da rota das várias derivações do marxismo armado que se espalharam pela África — o movimento que levou, por exemplo, Che Guevara ao Congo —, teve a oportunidade de sonhar outro sonho, em parte realizado.
Além do símbolo
A África do Sul baniu, evidentemente, todas as leis discriminatórias. Segue sendo o país mais rico e desenvolvido do continente e o único que aderiu, no que concerne às instituições, a um regime realmente democrático. Se alguém da minoria branca vencer a eleição vai governar o país — assim como Obama, pertencente a uma minoria de 13% nos EUA, governa os EUA.
Ocorre que não há chance de um branco vencer a disputa no país. É compreensível. O apartheid ainda está vivo na memória. O problema é outro: é impossível que um candidato desvinculado do CNA vença a eleição. O partido, que nunca foi muito ortodoxo em matéria de moralidade, tornou-se uma máquina gigantesca, que tem o pleno domínio de todas as instituições do Estado. É impossível fazer negócio no país sem, como direi?, pagar um tributo extra a alguma autoridade do CNA.
No ranking dos países considerados mais corruptos — ou em que há a percepção de corrupção —, elaborado pela Transparência Internacional, a África do Sul está junto com o Brasil: em 72º lugar. Numa escala de zero (totalmente corrupto) a 100 (livre da corrupção), os dois países obtiveram a mesma nota: 42.
Quando um partido se torna de tal sorte hegemônico — e o apartheid é que acabou sendo o grande estímulo à hegemonia exercida pelo CNA —, as forças políticas já não lutam para convencer a sociedade , mas para controlar esse aparelho. É o que PT sonha realizar no Brasil — em parte, já realiza. Por isso investe na fábula ridícula do “nós” contra “eles”. O petismo pretende ser, assim, o nosso CNA, e seus “negros” seria a “maioria discriminada”…
O apartheid político e racial é uma realidade superada. Acabou. Os brancos que eventualmente sonham com o status anterior não têm voz relevante. A questão agora é saber como a sociedade sul-africana vai controlar a máquina corrupta do CNA. Mandela não teve tempo de se ocupar no assunto na Presidência. Ao encerrar o seu mandato, permaneceu como um símbolo, uma referência, mas sem força para pôr o partido nos trilhos. A tensão social no país, que também é notavelmente violento, é gigantesca. Em agosto do ano passado, um confronto entre mineiros em greve, todos negros, e policiais, todos negros, fez 44 mortos. A violência urbana é proverbial pela crueldade dos crimes cometidos.
Por incrível que pareça, com o fim do apartheid, aumentou a desigualdade social no país — abrindo-se também um valo entre negros e negros —, e caiu a expectativa de vida em razão da violência brutal e da AIDS. O país atentou muito tarde para o risco da doença. O atual presidente, Jacob Zuma, que tem três mulheres e confessou ter um filho com uma amante, chegou a admitir que manteve relações sem proteção com uma mulher que sabia contaminada. Em seguida, afirmou, tomou um banho. Ele não acreditava, então, que o vírus fosse o responsável pela doença e sugeriu que era coisa só de homossexuais. A África do Sul entrou muito tarde no combate à Aids e a doença virou um flagelo no país. 
O grande desafio da África do Sul, hoje e nas próximas décadas, será se livrar do poder acachapante do CNA; será, em suma, criar forças políticas as mais distintas, que possam garantir a alternância de poder — não a alternância entre negros e brancos, mas aquela que existe entre os que divergem. Ou negros não divergem de negros?
Essa poderá ser uma luta mais longa do que a travada contra o apartheid. 
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/morre-nelson-mandela-agora-o-cna-precisa-deixar-nascer-a-africa-do-sul/

Reações à morte de Nelson Mandela

"Nossa nação perdeu seu maior filho. Nosso povo perdeu um pai. Apesar de sabermos que esse dia chegaria, nada pode diminuir nosso sentimento de profunda perda" (Jacob Zuma)


Jacob Zuma, presidente da África do Sul

"Nelson Mandela conseguiu mais do que poderia se esperar de qualquer homem. Hoje ele foi para casa" (Barack Obama)

Barack Obama, presidente dos Estados Unidos

"Uma grande luz se apagou no mundo. Nelson Mandela foi um herói do nosso tempo" (David Cameron)

David Cameron, primeiro-ministro inglês

"A morte de Nelson Mandela torna o mundo mais pobre de referências de coragem, dignidade e obstinação na defesa das causas justas" (Joaquim Barbosa)

Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal

"Nelson Mandela foi um gigante da justiça e de uma humanidade inspiradora" (Ban Ki-moon)

Ban Ki-moon, secretário geral das Nações Unidas

"O exemplo de Mandela guiará todos aqueles que lutam pela justiça social e pela paz no mundo" (Dilma Rousseff)

Dilma Rousseff, presidente do Brasil

"Mandela foi o líder mais impressionante entre todos que já conheci. Sua altivez, seu antirracismo e sua generosidade ajudaram decisivamente a terminar com o apartheid" (FHC)

Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do Brasil e membro do grupo The Elders

"A história vai lembrar de Nelson Mandela como um campeão da dignidade humana e da liberdade, da paz e da reconciliação" (Bill Clinton)

Bill Clinton, ex-presidente dos Estados Unidos

"Mandela foi um herói para todos aqueles que prezam pela liberdade e dignidade humana. Seu legado continua conosco" (Morgan Freeman)

Morgan Freeman, ator que interpretou Nelson Mandela no filme Invictus (2009).

"Ele nos fez ter orgulho de sermos africanos. Nos ensinou a andar de cabeça erguida. Deus seja louvado" (Desmond Tutu)

Desmond Tutu, ex-arcebispo da África do Sul 

"Seu maior legado é ter conseguido romper com o conflito do passado para chegar à paz" (Frederik Willem de Klerk)

Frederik Willem de Klerk, ex-presidente da África do Sul

"Perdi um grande amigo. Nelson Mandela segue como uma fonte de inspiração para todos nós" (Kofi Annan)


Kofi Annan, ganhador do prêmio Nobel da Paz e ex-secretário geral da Onu. 

"Foi um herói para mim, um amigo e um companheiro na luta pelo povo e pela paz no mundo" (Pelé)

Edson Arantes do Nascimento, pelo Twitter

"Quis dar um abraço no mundo quando soube da morte de Mandela" (Whoopi Goldberg)

Whoopi Goldberg, atriz americana

"Ele era o pai de seu povo, um homem de visão, um defensor da liberdade que rejeitava a violência" (Benjamin Netanyahu)

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel

"O povo da África do Sul e os defensores dos direitos humanos perderam um grande líder" (Jimmy Carter)

Jimmy Carter, ex-presidente dos Estados Unidos e membro do grupo The Elders