Doença autoimune
Em teste com humanos, método foi capaz de diminuir o número de lesões cerebrais causadas pela moléstia, que afeta o funcionamento dos neurônios
A esclerose múltipla destrói a mielina, camada que reveste as fibras nervosas no cérebro, prejudicando a comunicação entre os neurônios e dando origem a uma série de problemas (Thinkstock)
Uma pesquisa realizada na Itália pode ser mais um passo rumo à prevenção da esclerose múltipla, uma doença autoimune incurável e de causas ainda desconhecidas. De acordo com um artigo publicado na última quarta-feira no periódico Neurology, os cientistas testaram, em humanos, a eficácia de uma vacina contra a doença e verificaram que o método foi capaz de evitá-la em mais da metade dos casos.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Effects of Bacille Calmette-Guérin after the first demyelinating event in the CNS
Onde foi divulgada: periódico Neurology
Quem fez: Giovanni Ristori, Silvia Romano, Stefania Cannoni, e outros
Instituição: Sapienza - Universidade de Roma, na Itália, e outras
Dados de amostragem: 73 pessoas com sintomas iniciais de esclerose múltipla
Resultado: Os pesquisadores descobriram que a vacina BCG, usada para a prevenção contra a tuberculose, pode ser eficaz também para prevenir contra a esclerose múltipla
Título original: Effects of Bacille Calmette-Guérin after the first demyelinating event in the CNS
Onde foi divulgada: periódico Neurology
Quem fez: Giovanni Ristori, Silvia Romano, Stefania Cannoni, e outros
Instituição: Sapienza - Universidade de Roma, na Itália, e outras
Dados de amostragem: 73 pessoas com sintomas iniciais de esclerose múltipla
Resultado: Os pesquisadores descobriram que a vacina BCG, usada para a prevenção contra a tuberculose, pode ser eficaz também para prevenir contra a esclerose múltipla
A vacina testada pelos pesquisadores é a BCG (Bacille Calmette Guerin), que contém uma bactéria em estado atenuado capaz de induzir uma resposta imunológica do organismo, impedindo inflamações. Criada na década de 1920, a BCG tem sido utilizada em todo o mundo como uma forma de imunização contra a tuberculose.
Como a esclerose múltipla e as demais doenças autoimunes costumam ser mais comuns em nações industrializadas, os cientistas responsáveis pelo trabalho defendem a hipótese de que as pessoas desses países têm menos contato com infecções na infância, o que impede o desenvolvimento de seu sistema imunológico. A exposição a certas bactérias por meio da vacina, portanto, seria capaz de fortalecer a imunidade.
Trabalho — Os pesquisadores reuniram 73 pessoas que tiveram algum sintoma inicial de esclerose múltipla, como problemas relacionados a visão, equilíbrio ou dormência em partes do corpo. Todos os participantes passaram por exames de ressonância magnética que indicavam o início da doença. Os sinais do distúrbio costumam piorar e se tornar mais frequentes com o passar do tempo.
Dos 73 voluntários, 33 receberam uma dose da vacina BCG, os demais não. Durante seis meses, os participantes de ambos os grupos foram submetidos a ressonâncias magnéticas mensais com o objetivo de verificar o grau de lesões cerebrais existentes. Ao fim desse período, enquanto os não vacinados tinham sete lesões, os vacinados tinham três.
Depois dessa fase, todos os voluntários tomaram medicações indicadas por neurologistas para atenuar os sintomas da esclerose. Cinco anos depois, 58% dos vacinados estavam livres do distúrbio, ante 30% dos participantes que não tomaram a vacina. Segundo os pesquisadores, mais estudos são necessários para avaliar a segurança e os efeitos a longo prazo da vacina como prevenção da esclerose múltipla.