terça-feira 17 2013

Cientistas criam cérebros humanos em miniatura com células-tronco

Neurociência

Com apenas 4 milímetros de diâmetro, os microcérebros criados em laboratório serão usados para estudar melhor o desenvolvimento e as doenças cerebrais

cerebro idiomas suécia
Cérebro: os microcérebros criados pelos cientistas alemães (bem menores que os da imagem acima) e austríacos ajudarão a entender melhor as doenças neurológicas (Creatas Images)
Uma equipe de cientistas europeus desenvolveu pequenos cérebros humanos, de quatro milímetros de diâmetro, o equivalente a um cérebro de um feto com nove semanas, a partir de células-tronco pluripotentes que ajudarão a aprofundar o estudo de doenças neurológicas, divulgou nesta quarta-feira a revista científica Nature.

Saiba mais

CÉLULAS-TRONCO
Também chamadas de células-mãe, as células-tronco podem se transformar em qualquer um dos tipos de células do corpo humano e dar origens a outros tecidos, como ossos, nervos, músculos e sangue. Dada essa versatilidade, elas vêm sendo testadas na regeneração de tecidos e órgãos de pessoas doentes.
CÉLULA-TRONCO EMBRIONÁRIA
Formada no blastocisto, aglomerado de células que forma o feto. Por ter o 'objetivo' de ajudar na criação e desenvolvimento de um novo organismo, pode se diferenciar em praticamente todos os tecidos do corpo
CÉLULA-TRONCO PLURIPOTENTE INDUZIDA 
Célula adulta especializada que foi reprogramada geneticamente para o estágio de uma célula-tronco embrionária. Pode se transformar em qualquer tecido do corpo. Uma célula somática (não envolvida diretamente na reprodução), como a da pele, pode "voltar" a um estágio similar ao de célula-tronco embrionária pela adição de alguns genes.
Estes órgãos artificiais, frutos de uma pesquisa conjunta da Universidade de Bonn, na Alemanha, e do Instituto de Biotecnologia Molecular de Viena, na Áustria, serão usados para estudar as patologias e o desenvolvimento do cérebro.
A complexidade do cérebro humano sempre foi uma barreira para o avanço da pesquisa das doenças neurológicas, por isso era "necessário um sistema celular que simulasse as complexas características do órgão para estudá-lo em profundidade", diz o alemão Jürgen Knoblich, chefe do projeto. "Esta abordagem pode superar algumas das limitações que encontramos quando realizamos experimentos com o cérebro de animais, pois eles não compartilham as mesmas peculiaridades do cérebro humano."
Microcérebros — Estes microcérebros, que incluem o córtex cerebral que cobre os dois hemisférios, são formados por diferentes tecidos dispostos em camadas, e a organização guarda muitas semelhanças com a de um cérebro nos períodos mais avançados de desenvolvimento.
Para demonstrar a utilidade deste sistema celular, os cientistas analisaram diferentes doenças neurológicas que acontecem quando o cérebro se encontra em pleno desenvolvimento, como a microcefalia. Este transtorno neurológico, que não tem tratamento, faz com que o tamanho da cabeça das pessoas afetadas seja consideravelmente menor em relação a idade e sexo.
A partir de células-tronco pluripotentes, a equipe acrescentou ao sistema inicial uma série de células de pacientes com microcefalia para obter um cérebro característico de uma pessoa com a doença.
Os cientistas perceberam que nos cérebros com esta doença as células precursoras dos neurônios deixavam de proliferar cedo demais, um defeito que poderia explicar algumas das causas da microcefalia.
"Este fenômeno não acontece da mesma forma quando experimentamos com ratos, já que nenhum animal apresenta a expansão neuronal que o ser humano tem", afirma Knoblich.
Estes pequenos órgãos artificiais não apresentam as funções mentais de um cérebro humano normal, apesar do grupo de cientistas não descarta progredir nesse sentido, e também se aprofundar em outros tipos de doenças neurológicas.

Rede de neurônios é responsável pela imaginação, diz estudo

Cérebro

Pesquisadores descobriram que doze áreas cerebrais estão relacionadas à capacidade de manipular imagens mentais

cérebro comunicação
Imaginação e criatividade: uma "área de trabalho" envolvendo diversas partes do cérebro é responsável por essa habilidade humana (Thinkstock)
Uma das mais intrigantes capacidades do cérebro humano é a de imaginar: manipular representações mentais para criar imagens - mesmo que elas não existam no mundo real. Se alguém diz “imagine uma girafa com patas de leão”, cada pessoa cria uma imagem desse animal bizarro em sua mente, ainda que, obviamente, nunca o tenha visto. Nenhuma das áreas cerebrais identificadas até hoje, porém, fornece uma explicação satisfatória para a origem da criatividade e da imaginação. Um novo estudo, de pesquisadores da Faculdade de Dartmouth, nos Estados Unidos, sugere que a resposta para esse problema pode estar em não olhar tão de perto: para os cientistas, a imaginação é controlada por uma ampla rede neural – e não por uma área específica do cérebro.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Network structure and dynamics of the mental workspace

Onde foi divulgada: periódico Proceedings of the National Academy of Sciences

Quem fez: Alexander Schlegel, Peter J. Kohler, Sergey V. Fogelson, Prescott Alexander, Dedeepya Konuthula e Peter Ulric Tse

Instituição: Faculdade de Dartmouth, EUA

Dados de amostragem: 15 voluntários

Resultado: Os pesquisadores descobriram que a criatividade, imaginação e capacidade de manipular imagens mentais são controladas por uma ampla rede neural, e não áreas cerebrais isoladas
O estudo identificou uma “área de trabalho mental” no cérebro, uma rede de neurônios que conscientemente manipula imagens, símbolos, ideias e teorias, além de permitir o foco mental necessário para resolver problemas complexos e ter novas ideias.
Avanço tecnológico – Alguns estudiosos já teorizavam que a imaginação humana estaria relacionada a uma rede neural, mas havia uma grande dificuldade em encontrar evidências para isso. A descoberta trazida pela pesquisa só foi possível com o uso de novas técnicas de análise cerebral, que permitiram o estudo da atividade em rede. Com a tecnologia mais antiga, dificilmente seria possível identificar essa rede, uma vez que a análise era focada em uma atividade isolada, insensível à maneira como ocorre a distribuição de informações.
Pesquisa – Os pesquisadores pediram a quinze participantes que imaginassem formas visuais abstratas e as combinassem mentalmente em novas figuras, mais complexas, ou que as desmanchassem em partes menores. Ao medir a atividade cerebral dessas pessoas durante o estudo, os pesquisadores esperavam encontrar intensa atividade no córtex visual, região responsável pelo processamento de imagens. Porém, eles perceberam que doze regiões do cérebro estavam ativas, envolvidas com a manipulação de imagens, formando uma rede, que seria a “área de trabalho mental” prevista pelos especialistas.
“Nossas descobertas nos aproximam da compreensão de como a organização do nosso cérebro nos diferencia de outras espécies e fornece uma área interna tão rica para pensarmos de forma livre e criativa. Entender essas diferenças pode nos ajudar a entender de onde vem a criatividade humana e talvez até nos permitir recriar o mesmo processo criativo em máquinas”, afirma Alex Schlegel, principal autor da pesquisa, publicada nesta segunda feira no periódicoProceedings of the National Academy of Sciences.

O mundo que temos é o mundo que nós escolhemos


Por Marion Tapper
9 de julho de 2005


Ferramentas da página


Jean-Paul Sartre pertencia a uma longa tradição de pensadores que acreditavam no que poderíamos chamar de uma "pequena abertura na real", isto é, na capacidade de imaginar, de ser surpreendido, para escolher o bem ou para o mal, a sentir-se admirar que há um mundo, ou desânimo que o mundo é do jeito que muitas vezes é.
Tais habilidades ele atribuiu à liberdade de consciência, a liberdade de atribuir sentido às coisas e avaliá-los. Mais importante, pelo menos para a tradição filosófica, é o poder de refletir, a considerar outras possibilidades, a perguntar se eu estou certo que se assombrarão, e se a minha julgamentos são apt.
Sartre argumenta que a forma como o mundo é, para mim, é principalmente o resultado de minhas escolhas, valores e interesses, e os meus motivos e razões. Como resultado, ele afirma que somos cada um individualmente (a visão precoce) e coletivamente (o ponto de vista mais tarde), responsável, não só para as nossas próprias vidas, mas pela forma como o mundo é.
De acordo com Sartre, somos livres, nesse sentido, quaisquer que sejam as nossas condições sociais e políticas. E porque somos livres, somos capazes de julgar que nossas condições são insatisfatórias e, assim, somos capazes de lutar para mudá-los. A liberdade de consciência para Sartre é uma condição para a liberdade.

Assim, a liberdade não é algo a ser alcançado, na visão de Sartre, somos livres - livres para pensar o contrário, ou o mesmo, e este é o caso, se acreditamos e viver assim ou não. A pessoa que vive como se, ou acredita que, eles não podem fazer o contrário do que faz, fá-lo livremente, mas de má-fé. Em seus escritos posteriores Sartre prestado mais atenção às condições sociais, econômicas e políticas em que uma vida autêntica pode ser promovida ou prejudicada. Mas, mesmo em seus primeiros escritos Sartre argumenta que um reconhecimento adequado da própria liberdade exige o reconhecimento de outras pessoas, e que a liberdade de uma pessoa ou grupo não pode ser comprado à custa de outros. Isto é o que ele pensou que iria evitar a descida à barbárie.
Lichfield parece às vezes deturpam noção de liberdade e em outros de Sartre ao confundi-lo com liberdade.
Certamente Sartre detestava a idéia de que a infância determinado personagem ou o destino, mas isso não deve ser tomado para implicar que ele pensou que não teve impacto. Depois de todas aspalavras é um estudo sofisticado de sua própria infância e, em seu estudo sobre Genet, por exemplo, e alguns de seus contos atestam seu interesse nesses assuntos.
Pode muito bem ser fácil, como diz Lichfield, a caricatura e zombar Sartre, mas por que alguém iria ser tentado? Porque ele tinha dentes ruins, (era tão incomum?) Um estrabismo e foi curto?Porque ele era falível? (Quem não é?) Pelo menos Sartre admitiu seus erros (por exemplo, sobre Stalin). Porque muitas de suas idéias vieram de seus contemporâneos alemães? Sendo influenciado por outras pessoas não destaca Sartre.
Certamente é mais importante, para não falar gracioso, para se concentrar no fato de que as idéias que Sartre tomou de outras pessoas que ele misturados em uma filosofia de origem. Ele não era nem um seguidor nem um comentarista. Certamente devemos estar mais impressionado com sua prodigiosa produção através de uma gama de diferentes áreas que por suas falhas pessoais. Além disso, não devemos aplaudir o seu compromisso de se engajar no mundo social e político, a fim de evitar, como alguns ironicamente colocou, a torre de marfim? Isso deve ser assim mesmo quando deploramos seus erros de julgamento.
Eu acho que de Sartre popularidade e influência foi devido ao fato de que ele empurrou as idéias de liberdade e responsabilidade humana ao limite. Ele mostrou que nós podemos fazer a diferença. Ele certamente perdeu favor nos círculos intelectuais da década de 1970 em diante, sem dúvida, em parte por causa de suas opiniões políticas estridentes, mas também por causa da forte influência das teorias estruturalistas oposição às explicações dos fenômenos sociais com base na experiência do sujeito individual do mundo. Sartre continua a ser popular, no entanto, com os alunos de graduação, além dos que já comprometidos com o determinismo linha-dura. E com retrospectiva, podemos ver agora (sem dúvida) que mesmo os mais fortes críticos franceses de Sartre, como Althusser e Foucault têm, no final, a ter em conta que o pequeno espaço no real do que Sartre fez tanto. Não é de surpreender que os radicais jovens em os EUA estão adotando Sartre, embora, talvez, é uma pena que eles não estão adotando outros pensadores que aceitam a visão básica de Sartre, mas localizá-lo dentro de uma teoria mais sutil.
Lichfield conclui seu artigo citando alguns dos textos de Sartre. Isso é um pouco hipócrita, por exemplo, a afirmação: "O inferno são os outros" é dito por um personagem de uma das peças de Sartre. Se houver alguma evidência em sua filosofia que Sartre acreditava que isso, é apenas em um sentido muito técnico, em sua vida, não parece ter havido nenhuma evidência alguma.
Marion Tapper Sartre ensina no departamento de filosofia da Universidade de Melbourne. Ela está a organizar uma conferência de um dia sobre o pensamento de Sartre: detalhes serão publicados no www.mscp.org.au

A segunda vinda de Sartre



Em: 9 de julho de 2005

Ferramentas da página

Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre.
Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre. Foto: AFP

Sua filosofia inspirou uma geração depois se desviou fora de moda, mas está experimentando um renascimento em lugares inesperados, escreve John Lichfield.
Túmulo de Jean-Paul Sartre é uma coisa modesta, condizente com um homem que (assim ele afirmou) odiava monumentos e ligava para seu próprio legado. Ao lado da planície, branco lápide de mármore no cemitério de Montparnasse, em Paris, no mês passado, simpatizantes tinha deixado um vaso de flores de plástico, um vaso de gerânios, cinco rosas, uma pena de pombo, dezenas de pedrinhas e cinco bilhetes de metro não utilizadas.
Na sepultura, também o último lugar de descanso de toda a vida "companheiro" de Sartre, Simone de Beauvoir, houve um anônimo, nota rabiscada: "Para JPS e SB, para a sua escrita sincera e pelo significado que você deu a vida Obrigado por sair. sua marca na história. "
O que os bilhetes de metrô fosse não é clara. Talvez Le Petit Homme (o pequeno homem) e Castor (o castor) gostaria de voltar para o Cafe de Flore para beber café, fumar Gauloises, discutir suas muitas infidelidades, zombar de seus amigos e refletir, a partir de uma nova perspectiva, a diferença entre "o ser eo nada".

Jean-Paul Sartre, filósofo, romancista, dramaturgo, polemista, ativista político, o Messias secular do existencialismo, o protótipo do "engajados" intelectual francês, morreu há 25 anos este ano. Ele nasceu em 21 de junho de 1905.
Seu funeral em abril de 1980 provocou uma onda de tristeza mais geralmente associado com os atores do que com o feio, fumando um cigarro, mau-cheiro, vesgo filósofos. Mais de 30 mil pessoas tomaram as ruas de Paris para acompanhar seu caixão e, na frase de um fã na época, para "protestar contra a morte de Sartre".


massacres de civis na Argélia e na Olimpíada de Munique, em 1972, obscureceu a gama, a versatilidade ea ambição de sua escrita.

Sua reputação como um dos pensadores e escritores do século 20 mais importantes está a subir de novo, não tanto na França como "paradoxalmente" nos círculos acadêmicos elevados nos Estados Unidos, um país que ele detestava.
Muitas tentativas de Jean-Paul Sartre para definir o que significa a liberdade humana são atraentes para os acadêmicos negros, do sexo feminino ou radical que formaram o norte-americano Sartre Society. Sartre lhes proporciona um antídoto intelectual para o uso simplista e muitas vezes egoísta de palavras como liberdade e liberdade pela cultura política e da mídia dominante do seu próprio país.
Na França, o centenário de seu nascimento provocou uma avalanche de re-exame do legado intelectual e político de Sartre (que o próprio Sartre disse que desprezou). É também a ocasião para uma excelente exibição (até 21 de agosto) na Bibliotheque Nationale, onde você pode ver o pequeno grande homem a si mesmo, em uma série de trechos perpetuamente re-executado a partir de entrevistas de TV antigos. Em um deles, Sartre em sua voz donzela-auntish, explica a um entrevistador canadense, em 1976, por isso ele recusou o prêmio Nobel de literatura. Para ter aceitado, diz ele, o teria "um pouco símbolo de distinção, um pequeno símbolo de poder", o que teria separado dele, um trabalhador da mente, de outros membros do proletariado dado. Mesmo um grande talento como o seu, ele diz (com um movimento coquete da cabeça), não justifica uma indulgência perigoso nessas vaidades burguesas como o prêmio Nobel.
É fácil, e muito tentador, a caricatura e ridicularizar Jean-Paul Sartre como um poser e hipócrita. O pensador profundo, que acreditava em dever do indivíduo para redefinir constantemente o seu próprio caminho para a liberdade, vendeu um jornal maoísta nas ruas de Paris na década de 1970 que defendiam o assassinato aleatório de policiais e chefes. O "herói de guerra", que foi capturado pelos alemães durante o envio de até balões meteorológicos, tornou-se um "herói da resistência", cujo principal ato de resistência era escrever trechos inéditos e joga fortemente codificadas. O homem, que nunca fez um dia de trabalho físico em sua vida, estava em uma caixa de fora de uma fábrica da Renault em 1971, os trabalhadores carro palestras sobre o paraíso maoísta que os aguardava.
A melhor descrição de Sartre o homem vem na biografia de Ronald Hayman: "Sartre sentia mais em casa, em cafés e restaurantes onde podia espaço anexo ao dominar a conversa e exalando fumaça ... Para tranquilizar sua mente que não tinha nada a temer do irmão rivalidade com o seu corpo maltratado ele constantemente ignorado todas as mensagens (que o seu corpo) enviados para fora ... Ele se ressentia o tempo que ele tinha para gastar em lavar, raspar, limpar os dentes, tomar um banho, excretando e ele iria economizar através da realização de conversas através da porta do banheiro "( Sartre: a Biography , Carroll e Graf).
E o que é um fazer de seu relacionamento com o autor e ícone feminista Simone de Beauvoir, o amor de sua vida, com quem ele não dormiu durante seus últimos 20 ou mais anos? Ambos tiveram de série affairsthat amor que se gabava em letras, o que causou um escândalo após suas mortes.
Beauvoir, sempre conhecido por Sartre como Castor, seduzir suas jovens alunas, zombava deles em suas cartas de Sartre e, está implícito, às vezes, passou-as para ele. Sartre gostava de ser cercado por belas mulheres, fez um hobby de seduzi-los, mas, ele admite em suas cartas, não tinha mais interesse no ato sexual do que ele fez em escovar os dentes arruinados.
A julgar por suas cartas, muitas das quais são exibidas na Bibliotheque Nationale exposição, houve um enorme carinho e respeito mútuos intelectual entre Sartre e Beauvoir. Ela insistiu em ser enterrado com ele, mesmo que ele a cortou de sua vontade e deixou seu dinheiro para sua amante final.
Jean-Paul Sartre nasceu em Paris. Sua mãe, Anne-Marie Schweitzer, era um primo de primeiro grau de Albert Schweitzer, o alsaciano missionária. Seu pai morreu no ano seguinte, um evento que Sartre descreveu como seu "maior peça de boa sorte. Que eu não tenho que esquecê-lo."Sartre foi mimado por sua mãe, que ele se vestia como uma menina. Ele ficou arrasado quando ela se casou quando tinha 12 anos e ele teve que se mudar para provincial La Rochelle. Ao todo, início da vida de Sartre fornece um conjunto de pistas freudianas a sua carreira, o que provavelmente explica por que Sartre detestava Freud e qualquer sugestão de que a infância determinado personagem ou o destino do indivíduo.
Ele já estava em seu caminho para tornar a sua reputação como um escritor quando a guerra começou em 1939. Em sua trilogia maravilhoso, Os Caminhos da Liberdade , Sartre dá o seu alter-ego, Mathieu, um papel heróico sim existencial na guerra. Sartre era, de fato, em uma unidade meteorológica que foi invadida pelo rápido avanço alemão em junho de 1940. Ele foi enviado para um campo de prisioneiros na Alemanha, onde sua proximidade com tantos soldados comuns ensinou-lhe, segundo ele, a "acreditar na humanidade". (Alguns sugerem que a vida prisão gerou também a última linha célebre de sua peça Huis Clos : "O inferno são os outros".)
Como o original foi Sartre como escritor e pensador? Quão influente ele tem andado? Muitas de suas idéias, mesmo a palavra existencialismo, que popularizou a partir de 1946 e, em seguida, abandonado, vieram alemães quase-contemporâneos. É difícil dizer o que Sartre "acredita", porque o seu pensamento mudou o tempo todo.
Estranhamente, talvez, para um homem considerado como um esquerdista, e o homem mais responsável pelo esquerdismo persistente da vida intelectual francesa, a única vertente, consistente em Sartrism é sua glorificação do indivíduo.
existencialismo de Sartre começou, em suas primeiras obras, como seu romance La nausée(1938) e L'Etre et le Neant ( Ser eo Nada , 1943), como uma descoberta do homem como uma espécie de herói trágico.
Nada ", explica a" existência. Existência explica tudo, e nada. Não há verdades absolutas. Nem a religião, nem a psicologia, nem condicionamento social, nem o funcionamento mecânico da história pode fornecer verdades universais nem explicar como um indivíduo deve se comportar.Cada indivíduo deve encontrar seu próprio caminho para a liberdade, a liberdade dos valores handed-down e má fé, ou a aceitação de um preguiçoso, ilusória, medíocre realização de si mesmo.
Tudo é, portanto, nojento, mas também maravilhoso, porque a vida é um desafio intelectual permanente, a permanente ato de heroísmo mental. Mas se não há verdadeiro caminho e não a moralidade, o que é para evitar que a humanidade de descer à barbárie?
O funeral de Sartre
No funeral de Sartre em abril de 1980, mais de 30 mil pessoas tomaram a sua dor para as ruas de Paris. Foto: AFP
Esta questão nunca é resolvido. Sartre se refugia em vez de Blakean aforismos. "Ser fiel é ser infiel a tudo." "A ausência de Deus é mais divino do que Deus".
Existencialismo na sua forma pura, é uma filosofia de difícil aplicação para o cotidiano das filas supermercados, trens perdidos e contas bancárias a descoberto. Ele se encaixa mais facilmente com o estilo de vida existencialista da imaginação popular, sentados nos cafés, fumando cigarros, com uma expressão solene no rosto. Sartre fez muito para influenciar a geração beat em os EUA ea Grã-Bretanha na década de 1950.
Sartre, fiel à sua filosofia de nunca ser fiel a nada, tinha, por esse tempo, tornar-se frustrados com o existencialismo abstrato. Desde o início dos anos 1950, ele mergulhou em uma versão muito mais politicamente engajados do seu pensamento. Para os puristas existencialistas, esta era, e é considerado por muitos até hoje, como uma apostasia.
A importância do indivíduo, o dever de cada pessoa para definir e viver a sua própria versão da liberdade, permaneceu. Sartre mudou-se, no entanto, acreditam que isso pode ser alcançado apenas através da libertação política, sexual e econômica de toda a humanidade. Em vez da teologia da libertação, Sartre desenvolveu uma espécie de filosofia da libertação.
O indivíduo espiritualmente saudável tinha o dever de campanha contra todas as formas de opressão. Desde então, a sociedade burguesa capitalista era o chefe opressor, o comunismo, até mesmo o comunismo stalinista, era um pouco elogiado por Sartre como parte do caminho para a liberdade. Movimentos de libertação anti-colonial na Argélia e no Vietnã eram facilmente justificada, até mesmo massacres de civis foram aplaudidos. A violência foi lamentável, Sartre disse, mas havia também uma violência silenciosa, institucional, que preservou as sociedades capitalistas e colonialistas e da humanidade oprimida. Violência revolucionária foi, portanto, necessário para combater a violência reacionária e limpar o caminho para a liberdade. O problema com a Revolução Francesa, Sartre disse, foi que o Terror de 1793 não matou muita gente. A velha ordem sobreviveu e acabou retornando.
O mesmo problema lógico retornou. Se não houvesse verdades universais, em cujo nome você pode pregar atos bárbaros, sem incentivar uma descida à barbárie? Desta vez, em vez de aforismos, Sartre recorreu ao dogmatismo. "Todos os anti-comunistas são os cães."
Suas lealdades políticas extremas desacreditado Sartre como um pensador na França, antes mesmo de sua morte. O renascimento do interesse acadêmico em Sartre nos últimos anos na França - e também na Alemanha - é principalmente um renascimento do interesse no início Sartre.
La nausée e L'Etre et le Neant pode levá-lo a lugar nenhum, mas quem disse que não era um destino? Como um exame poético-filosófica da condição humana, as questões de cauda perseguindo do sentido da vida, os livros têm poucos iguais.
Nos Estados Unidos, jovens estudiosos redescobriram o mais tarde Sartre, o Sartre politicamente engajado que detestava os EUA. Eles são especialmente fascinado por sua busca ao longo da vida para o significado da liberdade e seu conceito de violência institucional.
Jovens universitários do sexo feminino, preto e radical ver Sartre como uma das primeiras pessoas a colocar as questões levantadas pela "guerra contra o terrorismo", a globalização eo glib conservador, uso americano da palavra liberdade.
Pode liberdade no sentido EUA normais têm qualquer sentido se impõe a miséria dos outros, eles pedem. Não é um ato de má-fé, se for comprado à custa do aquecimento global, a opressão das mulheres e minorias raciais?
Scott Mclemee, que recentemente presidiu um simpósio acadêmico sobre Sartre em os EUA, disse: "Se o legado de Sartre uma vez parecia uma vítima da Guerra Fria, que cresce cada vez mais pertinente a maneira como vivemos agora as discussões sobre violência sistêmica, luta emancipatória. e terrorismo, que dominou a maior parte do seu trabalho já voltar à vista como assuntos de interesse para além da comunidade de estudiosos Sartre ".
Robert Stone, professor emérito de filosofia na Universidade de Long Island, diz que Sartre foi comprometido "com a idéia de que toda liberdade é interdependente, que se eu estou realmente escolher a minha própria liberdade, devo escolher ... um mundo em que as necessidades básicas são cumpridas, em que ninguém a liberdade está subordinada à violência sistêmica da privação desumana ".
O veterano escritor americano Norman Mailer diz que, au contraire, o falecido Sartre você fica em território escuro e sinistro. Ao tentar prescrever um ideal político, sem a bússola da moralidade ou religião, "nada endêmica instalada sobre floorlessness eterna", Sartre dirige um beco sem saída perigosa.
Quando ele era um homem muito jovem, Sartre disse que queria ser tanto Spinoza e Stendhal - em outras palavras, para ser um grande filósofo e um grande escritor ou artista. Ao longo de sua vida, ele alternava entre a escrita política e filosófica e da novela e da escrita teatral. Em última análise, em seus momentos mais modestos, ele parece ter se considerava um fracasso em ambos.
Sartre estava obcecado com a grande francês do século 19 romancista Gustave Flaubert. Ele passou duas décadas estudando o autor de Madame Bovary . Os resultados incompletos foram publicados apenas após a morte de Sartre.
Em uma das entrevistas mostradas no Bibliotheque Nationale exposição, Sartre chega perto de admitir que ele estava com ciúmes. Começou por sobre Flaubert como o pior exemplo de um escritor burguês, sem "compromisso político". Mais tarde, ele passou a considerar estilo famosa desengatada de Flaubert como um sinal de arte de enlouquecer: uma arte que estava além de seus próprios talentos.
Ao mesmo tempo, apesar do renascimento Sartre em os EUA radical, provavelmente será Sartre, o artista-escritor, ao invés de Sartre, o pensador político, que sobrevive. O núcleo de seu pensamento - o conceito de extrema verdade para si mesmo, de revolução pessoal constante, de infidelidade como o último ato de fé - é um impulso anarquista artísticas, e não uma prática uma política.
Apesar de toda sua falsamente modesto conversa de ser "apenas mais um homem" e um operário do intelecto, a maior criação de Sartre era ele mesmo. Ele era uma espécie de Picasso da palavra escrita.
É impossível dividir o seu trabalho a partir da persistente, persona cuidadosamente do homem: "o intelectual engajado", com dentes podres, Gauloises fumando no Café de Flore.
- The Independent

Profeta ou poser?

JEAN-PAUL SARTRE ON. . .
SOCIEDADE: .? "Pessoas que vivem em sociedade aprenderam a ver-se no espelho como eles aparecem para os seus amigos É por isso que a minha carne é nua Você pode dizer que sim, você pode dizer, a natureza sem humanidade ... As coisas estão ruins Coisas são muito ruins: Eu tenho isto, a sujeira, a náusea ".
EXISTÊNCIA: "A coisa que estava esperando estava em alerta, ele pulou sobre mim, que flui através de mim, estou cheio dela Não é nada:.. Eu sou a coisa Existência, liberado, individual, com inundações em cima de mim que eu existo... "
PENSANDO: "Seria melhor se eu pudesse parar de pensar Os pensamentos são as coisas mais maçante Duller que a carne..."
DEUS: "Eu não acredito em Deus ... Mas, no campo de internamento, eu aprendi a acreditar nos homens."
CRÍTICA: "Os críticos são pessoas que não tiveram sorte na vida, e no momento de desespero, encontrou um pequeno trabalho silencioso como o zelador de um cemitério ..."
MORTE DE POMPIDOU: "Pompidou havia ninguém Um homem é morto e muitas outras pessoas morreram naquele dia, as pessoas que caíram dos telhados ou em uma máquina não é mais importante do que isso. ...".
LIBERDADE: "O homem está condenado a ser livre, porque uma vez lançado no mundo, ele é responsável por tudo o que ele faz."
HELL: "O inferno são os outros."

[Arquivo N] Simone de Beauvoir - Parte 2 de 3



SARTRE E SIMONE: UMA HISTÓRIA DE FIDELIDADE SEM COMPARTILHAR O BANHEIRO


em literatura por  em 11 de jun de 2012 às 17:32
Um história de vida fascinante e enlouquecida. Mentes brilhantes explorando o jogo dos sexos, confrontando a mentalidade hipócrita dos mortais e a oposição entre masculino e feminino.
"Encontrar um marido é uma arte; Manter é um trabalho." Simone de Beauvoir
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Ambos foram umas das mentes mais brilhantes que já existiram. Com inúmeros livros e sabedorias que nos ensinam até hoje. Ela, sua companheira ao longo da vida, pioneira do feminismo. Ele, um mito filosófico, um verdadeiro gênio.
Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir foram, talvez, o casal mais influente do século 20. Eles nunca se casaram, mas juraram devoção mútua um ao outro com total liberdade, uma tentativa de derrubar a hipocrisia sufocante que, por tanto tempo, tinha ditado a vida das pessoas. Sempre empurrando novas fronteiras, eles exploraram os seus pensamentos em romances, peças de teatro e obras filosóficas. Ele ganhou o maior prêmio literário do mundo, o Prêmio Nobel. No entanto, ele se recusou a aceitá-lo porque pensou que faria dele uma figura estabelecida e, portanto, silenciar sua mente inquiridora.
Suas vidas privadas eram totalmente experimentais. Simone de Beauvoir teve casos com homens e mulheres, enquanto Sartre, apesar de sua estatura atrofiada e vesgo, sempre foi cercado por musas adoradores, felizes por cuidar de seu gênio. Quando morreu, em 1980, mais de cinquenta mil pessoas saíram às ruas de Paris. Mas isso não foi o fim da história. Sua influência continua até hoje, nos livros e sabedoria duradoura.
Por outro lado, de Beauvoir se tornou uma figura emblemática do feminismo e da luta pela igualdade entre os sexos. Ela pregava seu ideal de independência feminista e da igualdade, evitando tais 'burgueses' conceitos como casamento e filhos, e reivindicando que as mulheres devem se comportar exatamente como os homens, a verdade é que tal estilo de vida a deixou amargamente infeliz e ela tornou-se obsessivamente ciumenta de incontáveis ​conquistas de Sartre.
Não pensem que escrevo este artigo a favor do estilo de vida, um assunto a parte. Apenas observo uma história de vida fascinante e enlouquecida. Mentes brilhantes explorando o jogo dos sexos, confrontando a mentalidade hipócrita dos mortais e a oposição entre masculino e feminino.
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Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir se conheceram como estudantes em Paris em 1929. Simone havia decidido se formar professora do ensino médio, uma posição apenas para as mulheres. Ela foi uma das primeiras mulheres a fazer os exames na Universidade Sorbonne de Paris. Sartre, três anos mais velho e impulsionado por um ódio de seu padrasto, era um ladrão e um adolescente rebelde, até que ele percebeu que os seus resultados escolares brilhantes o tornaram um ímã para as mulheres. Na Sorbonne, Sartre gostava de chocar seus colegas. Em um baile, ele apareceu nu, em outras ocasiões, ele desfilou uma prostituta em um vestido vermelho. Mas quando conheceu a bela e jovem Simone estava em transe. Ela era tão inteligente quanto qualquer homem e, também desencantado com sua família burguesa, ela compartilhou o seu fascínio com o submundo de Paris. No último teste da universidade, em que ele passou em primeiro lugar, e ela em segundo lugar, Sartre propôs casamento. Simone se recusou, não por qualquer razão filosófica, mas porque ela estava dormindo com um de seus melhores amigos. E assim, em 1 de outubro de 1929, Sartre sugeriu seu pacto: eles teriam um amor permanente "essencial". Eles juraram fidelidade um ao outro, mas teriam casos, um relacionamento aberto.
Até que durante a Segunda Guerra Mundial, quando Sartre foi chamado e seus jogos de sexo continuaram através de cartas, deixada para trás em Paris, Simone continuou a seduzir homens e mulheres, escrevendo as descrições excitantes de suas atividades para Sartre, que revelam sua crueldade e a vulnerabilidade de suas conquistas. Quando ele finalmente voltou a Paris, ele a ignorou completamente e foi morar com sua mãe. Simone jogou-se no trabalho e, depois de uma visita pela América em 1947, escreveu seu livro mais importante, O Segundo Sexo.
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Os americanos não gostavam dela beber, zombavam de suas roupas e eles perceberam que ela não gostava das faces insípidas de mulheres americanas que faziam de tudo para agradar seus homens. Porém, a mulher americana que ela realmente não gostava era, naturalmente, a sua rival: Dolores Vanetti. E foi para se vingar de Dolores e Sartre que ela caiu na cama com o escritor Nelson Algren Chicago. Os dois tinham muito em comum. Algren era um boêmio, um rebelde, um esquerdista e bebia tanto quanto Simone. Quando Simone descobriu a união de Sartre e Dolores, atordoada pela sua rejeição, se deixou levar por Algren. Ela tinha 39 anos, sem um amante durante muitos meses, e agora, pela primeira vez em sua vida, ela se apaixonou. Algren lhe comprou um anel de prata barata que ela usaria pelo resto de sua vida. Mas ele não estava preparado para a fidelidade de Simone a Sartre. Embora ela professou em muitas cartas que ela o amava apaixonadamente, ela não deixaria Jean-Paul. Simone e Sartre continuaram a se comunicar por cartas, encontros, escapadas. Eles nunca se abandonaram. Mesmo ambos terem relações sólidas e passageiras, a amizade e a admiração pela mente os uniam.
"Eu sou muito gulosa", escreveu ela. "Eu quero tudo da vida, eu quero ser uma mulher e ser homem.”
Após sua morte, Sartre foi deixado sozinho com Simone no hospital, e ela se se deitou sob o lençol para passar uma última noite com ele. Foi então que ela escreveu o seu epitáfio para o túmulo niilista que acabaria por partilhar, desolada - "Sua morte nos separa, minha morte não nos reunirá".
Finalmente, ela seguiu seu próprio caminho, mas em seu coração, sabia que seguia sozinha apenas por ter vivido além dele.
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Artigo da autoria de Amanda Maciel Antunes.
Uma estrangeira em terra de estrangeiros. Contadora de histórias. Artista. Figurinista. E cheia de vida. De esperança. De um monte de bobagens também..
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A ERA SARTRE


vestígios da imagem e da escrita


em artes e ideias por  em 24 de mar de 2013 às 22:49
Em que momento histórico surgiu a figura do filósofo francês Jean-Paul Sartre como um dos intelectuais mais magnéticos de sua era? Desde o casamento nada convencional com a teórica feminista Simone de Beauvoir até a famosa escaramuça com o escritor argelino Albert Camus e o seu apoio declarado aos regimes cubanos e soviéticos, em um mundo submetido a uma tensão bipolar entre capitalismo e bolchevismo, Sartre é um pensador enigmático e muitas das suas ideias continuam sendo debatidas no século XXI.


No começo da década de 40, em face da II Guerra Mundial e quando o polêmico André Gide - fundador da Editora Gallimard, da revista Nouvelle Revue Française e Nobel da Literatura em 1947 - já não era uma figura tão presente nos debates públicos – tanto por estar indeciso em relação as suas escolhas políticas, bem como por ser rejeitado pelas novas vanguardas – Sartre conseguiu magnetizar os anseios políticos e culturais dos seus contemporâneos.
Tendo recebido o Prêmio Nobel de Literatura já no final da vida, em 1947, Gide é procurado então pelo jovem Sartre e os dois estabelecem uma relação cordial, com aparições conjuntas até em documentários. Após a morte de Gide, Sartre se preocupa em defender a memória do companheiro de letras dos ataques feitos pela Imprensa francesa. Ao se posicionar dessa forma ética e chamar a atenção para o legado de Gide: que foi a lição de que a adesão incondicional a um ideal é algo perigoso, Sartre ocupa um lugar de destaque na intelligentsia francesa nos quadros da Libertação do país da ocupação nazista.
A pessoa de Sartre era enigmática. Era reconhecido pela sua simplicidade e por distribuir gentilezas, o que contrastava com a predominante arrogância ostentada pela maioria dos homens de letras da França. Fumante inveterado, Sartre parece que além de feio, era desprovido de beleza. Porém, de miúdo e vesgo, logo se transformava em um sedutor orador quando falava com desenvoltura sobre literatura, teatro e filosofia. Enfim, na excelente frase de Michael Winock, em O século dos intelectuais, o filósofo “queria ser Vitor Hugo; tornou-se Jean-Paul Sartre” (p. 513). Até os desfechos da II Guerra, Sartre ostentava uma postura política apática e individualista, porém já marcada por um temperamento anarquista no qual a moral e a hipocrisia burguesa são sempre denunciadas em seus textos.
Ao entrar no Partido Comunista, juntamente com intelectuais importantes como Merleau-Ponty, sua companheira Simone de Beauvoir e Raymond Aron e fundar a revista Tempos modernos, Sartre irá publicar desde sua obra prima de filosofia existencialista chamada O ser e o nada até distribuir panfletos nas portas de fábricas. A noção de engajamento e responsabilidade intelectual é a todo momento evocada pelo escritor, pois para Sartre toda arte é utilitária. Mesmo os defensores da noção aristocrática da arte pela arte, sem orientações sociais e políticas, também estão engajados com um determinado ponto de vista. Assim, Sartre também constrói uma auto imagem polêmica diante do padrões morais de seu tempo, quando desfila em clubes de jazz ao lado de Simone e de vários amigos que são sustentados por eles. Enfim, Sartre passa a ser o guru de um existencialismo não apenas filosófico, mas também social. Toda uma geração de jovens universitários pelo ocidente irá querer fumar, se vestir, falar, beber à parisiense e se engajar como Sartre.
Um dos capítulos da história dos intelectuais mais célebres do século 20 é a amizade, que acabou em diatribe, entre Albert Camus e Sartre. Camus conheceu Sartre em um momento brilhante de sua carreira de escritor, pois já estava colhendo os frutos do reconhecimento pelos romances O Estrangeiro, traduzido para mais de 40 idiomas e adaptado para o cinema em 1967 e pelo belo ensaio Mito de Sísifo. Em O estrangeiro, temos uma narrativa preenchida por um realismo absurdo e grotesco, na Argélia ocupada pela França, no qual o personagem Meursault comparece ao funeral da mãe, mas não demonstra emoções. Em seguida, em meio a um delírio psicótico, mata um árabe a tiros. Meursault é preso e, em meio ao seu julgamento, o fato mais decisivo para sua condenação é o fato de não ter chorado no enterro da mãe, mas do que ter cometido um homicídio. Esse romance de Camus abre uma discussão sobre a irrelevância da existência humana diante da imensidão do universo.
Em o Mito de Sísifo, Camus recorre ao mito grego no qual Sísifo é obrigado há todos os dias carregar uma enorme pedra até o cume de uma montanha para no final, vê-la despencar e, assim, ter de recomeçar seu trabalho. Camus remete ao trabalho executado pelos operários nas fábricas modernas e a literatura russa para explanar sobre o absurdo da existência humana. Será que a única forma de se atingir a plenitude seria o suicídio? Embora houvesse leitores que chegaram a essa conclusão ao ler o ensaio de Camus, minha opinião é que o texto de Camus é repleto de esperança na humanidade na medida em que a firmeza humana com a qual Sísifo executa todos os dias seu trabalho interminável o torna mais forte que a pedra que tem de carregar. A plenitude não estaria na morte, mas na revolta. Revoltar-se é também um trabalho de Sísifo, algo interminável e que tem produzido grandes manifestações redentoras.
Sartre também tinha produzido a obra-prima da filosofia existencialista nominada O ser e o nada. Trata-se de um volumoso e denso livro no qual Sartre questiona o principal dogma cristão de que o homem é imagem e semelhança de Deus. Se nada éramos antes de nascer, quando morremos voltamos a ser nada. Para Sartre, somente diante da angústia e do desespero, é que a existência pode atingir sua plenitude. Daí o filósofo recorrer a sua erudição para demonstrar como uma série de grandes estudos e obras artísticas só foram produzidos por seus autores em condições psicológicas e materiais precárias. Por ter elaborado um verdadeiro elogio da misantropia, o livro de Sartre foi apelidado de “a bíblia dos suicidas”.
Vale destacar o comportamento simples de Camus. De fato, o escritor, apesar de ter um estilo literário denso, gostava de conversas irreverentes e licenciosas. Os amigos de Camus se referiam a fisionomia do escritor como a de um caminhoneiro refinado, pois o mesmo também detestava grosserias. Assim, o escritor de origem proletária Camus, rejeitado pela academia por ser tuberculoso e o filósofo pequeno-burguês Sartre, aclamado por toda uma geração de acadêmicos, parecem ser completar a partir das suas diferenças.

O problema é que Camus desenvolveu uma corrente que embasou os ideais da esquerda liberal e democrática e Sartre aderiu com todas as suas energias ao Partido Comunista, que era de matriz stalinista. Nessa época, somente os russos da União Soviética foram capazes de causar a primeira derrota significativa do exército alemão na cidade de Stalingrado. Diante do bilateralismo dos Estados Unidos e da impotência francesa, a Rússia emergia como a grande referência militar na Europa que estava enfrentando os nazis.
A partir de então, Sartre considerará que as teses sobre a revolta do homem embasam apenas o egoísmo pequeno-burguês e Camus irá questionar o filósofo na medida em que refutou a ideia de que somente a revolta política e engajada é válida. A revolta existencial também se fazia necessária, para Camus. O escritor argelino morreu em um trágico acidente de carro, anos mais tarde, sem ter reatado a amizade com Sartre.
Sobre o enlace entre Sartre e Simone de Beauvoir, apesar da escritora ter uma vida acadêmica intensa possuía uma postura bastante indiferente em relação ao engajamento político. O fato é que Simone transitava em meio aos jovens intelectuais da Sorbonne e acabou se apaixonando por Sartre. O romance entre Sartre e Simone é marcado por uma amizade radiante e por uma distinção entre o amor cúmplice e suas necessidades contingentes. Dito da forma mais clara possível: Sartre e Simone possuíam uma relação aberta, mas não sem conflitos ou angústias.
Nutrida por uma ânsia de ser autêntica, Simone passa a estudar por horas a fio e a teorizar sobre suas escolhas emancipatórias, enquanto mulher. Quando publica a obraO segundo sexo, causa escândalo mesmo entre intelectuais de vanguarda, como Camus, por exemplo, que considerou o livro uma afronta para o status do macho francês. Simone tanto explora as relações históricas que culminaram com a exclusão da mulher da esfera pública pelo conservadorismo da sociedade burguesa, bem como fala abertamente sobre os desejos, fetiches e intimidades femininas de forma crua. Mas Simone, que era mais marxista do que feminista, não abominava os homens. Pelo contrário. É tanto que em uma carta a seu amante Nelson Algren, acaba confessando que adoraria se comportar como uma mulher tradicional ao seu lado, do tipo que compra bolos e faz a faxina da casa. Na verdade, se Simone escolheu não ser “nem um animal de luxo ou um animal de carga”, quem poderá condená-la por ser humana, demasiadamente humana?
A revista Tempos modernos, em 1950, reconhece o horror perpetrado pelos campos de concentração soviéticos, mas ainda luta contra o anticomunismo. Assim, Sartre vivencia uma grande crise pessoal ao ser um sujeito que despreza o individualismo burguês, mas que cresceu em meio a uma família que cultivava esse valor e tenta conciliar sua face de militante com a de filósofo. Por suas origens abastadas, Sartre é duramente criticado por Raymond Aron quando este pronunciou que a fé do filósofo em uma ideal humanitário irrealizável o conduziu ao ódio e ao desprezo pelos homens vivos e concretos. Ainda rompido com Camus, só em 1960, após a morte deste, é que Sartre busca reconciliar-se com a memória do escritor argelino. Em face da divulgação dos crimes de Stalin, Sartre acaba preferindo torna-se acrítico a anticomunista.
A imprensa da época divulgou o quanto o enterro de Sartre, em 1980, foi comovente. O principal adversário do filósofo, Raymond Aron, irá se referir de forma elogiosa a Sartre quando o considera um moralista que acabou se perdendo na selva da política. Aron morreu pouco tempo depois, em 1983, de ataque cardíaco. Então, Aron e Sartre, que protagonizaram duelos ásperos, são, na verdade, duas faces de uma mesma moeda: a do intelectual que personaliza uma época.
Nesse mesmo contexto turbulento, a figura polêmica de Foucault emerge. Transitando entre a França e a Califórnia, onde milita no movimento gay, o filósofo francês encarna uma postura antifascista e antistalinista e, como, definiu em uma entrevista publicada recentemente em português, nos Ditos e escritos, a função de um intelectual não é dizer aos outros o que é certo ou errado para suas vidas, mas organizar disciplinas para a partir das leituras e debates, as próprias pessoas fazerem suas escolhas políticas. É o fim do intelectual engajado e o nascimento do intelectual transdiscursivo e do educador anônimo. Bem, mas essa já é outra história.
Artigo da autoria de Joachin Azevedo.
Não há comunidade viva sem uma fenomenologia da apresentação em que cada indivíduo afronta - atrai ou repele, deseja ou devora, olha ou evita - o outro..
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Os interesses em jogo no projeto sobre novos partidos

veja.com

Dilma Rousseff: quanto menos adversários, melhor


Lançada candidata à reeleição pelo ex-presidente Lula, Dilma Rousseff determinou que sua base na Câmara dos Deputados aprovasse com urgência o projeto de lei que sufoca a criação de novos partidos políticos. A presidente quer aniquilar as chances de criação de novas siglas para evitar que as legendas deem apoio ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pré-candidato à presidência da República pelo PSB. As articulações também afetam diretamente a ex-senadora Marina Silva, que trabalha na coleta de assinaturas para a criação da Rede Sustentabilidade de olho na sucessão de Dilma.

Eduardo Campos: em busca de novos aliados

Provável candidato à Presidência da República em 2014, o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, atuou como um dos principais incentivadores da fusão entre PPS e PMN e chegou a oferecer assessoria jurídica para a criação do novo Mobilização Democrática. A ideia de Campos, que é também governador de Pernambuco, é atrair o máximo de legendas e, com isso, conseguir tempo suficiente na propaganda eleitoral para tentar fazer impedir o favoritismo de Dilma Rousseff. Com mais partidos e candidatos, o socialista trabalha também para que a corrida presidencial possa chegar ao segundo turno.

Gilberto Kassab: feitiço contra o feiticeiro

O ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab se beneficiou diretamente da falta de restrição à criação de novos partidos políticos e conseguiu viabilizar há dois anos a criação do PSD. Presidente nacional da legenda, o político conseguiu esvaziar os quadros do DEM, de quem ele próprio é egresso, e montar a expressiva bancada de 48 deputados federais. Para que a sigla não ficasse à míngua, com apenas a parcela mínima dos recursos do fundo partidário, Kassab teve de recorrer à Justiça para conseguir que os deputados que migraram para a legenda tivessem peso na partilha do fundo partidário e do tempo de TV. Agora, temendo ser vítima da mesma estratégia que aplicou no passado, articulou pela aprovação do projeto de lei que restringe a criação de novas agremiações. Mais: ameaça recorrer à Justiça caso algum dos filiados do PSD deixe a legenda para se engajar nos quadros do novo Mobilização Democrática (MD).

Roberto Freire: pressa para criar nova sigla

Presidente do recém-lançado partido Mobilização Democrática (MD), resultado da fusão entre PPS e PMN, Roberto Freire se aproximou do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), para tentar revitalizar na nova sigla duas legendas que beiravam a inexpressividade no Congresso. Com uma bancada de 13 deputados federais, o MD espera dobrar seu tamanho na Câmara.

Marina Silva: projeto sufocado

Com 20 milhões de votos nas últimas eleições presidenciais, Marina Silva se movimenta para tentar criar o Rede Sustentabilidade. A ex-senadora já amealhou quase 130 000 assinaturas das 500 000 necessárias para criar a legenda. Com a aprovação do projeto de lei na Câmara – o texto ainda precisa ser analisado pelo Senado – o Rede, quando obtiver o registro oficial, ficaria com apenas a fração mínima destinada a todos partidos políticos e onze segundos de propaganda eleitoral na televisão. Marina e seus aliados estudam recorrer à Justiça para que as restrições aos novos partidos não entrem em vigor.

Paulinho: partido dos governistas insatisfeitos

Presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) está na reta final de coleta de assinaturas para a criação do Partido Solidariedade, mais uma legenda que entraria nas negociações por alianças nas eleições presidenciais de 2014. O Solidariedade nasceria para abrigar uma leva de insatisfeitos com os atuais partidos políticos e com o governo Dilma Rousseff. Embora ainda não tenha o partido formado, Paulinho pretende assinar conjuntamente os recursos contra a restrição a novas agremiações políticas quando o caso for levado ao STF e fazer coro contra o projeto de lei.
 

Partido de Marina agora depende de cartada jurídica

Política

A Rede vai entrar com recurso no Tribunal Superior Eleitoral para validar as 90 mil assinaturas que foram recusadas e, assim, cumprir os requisitos a tempo de registrar a legenda

Senadora Marina Silva durante entrevista em 2009
Senadora Marina Silva durante entrevista em 2009 ( Sérgio Lima/Folha Imagem)
Faltando apenas vinte dias para o prazo final para obter registro no Tribunal Superior Eleitoral, a Rede Sustentabilidade, partido ligado à ex-senadora Marina Silva, já admite que não conseguirá cumprir o requisito de 492 000 assinaturas validadas de eleitores. Para formalizar a criação do partido, o grupo prepara uma última cartada jurídica.
Na quarta-feira, quando apresentar um lote de 150 000 assinaturas, o partido irá alcançar pouco mais de 450 000 fichas de apoio certificadas -- vão faltar, portanto, cerca de 40 000 adesões para o mínimo necessário estabelecido pelo TSE. Por isso, a Rede irá entrar com um recurso na instância máxima da Justiça Eleitoral pedindo para que sejam validadas cerca de 90 000 assinaturas que foram recusadas pelos cartórios eleitorais sem justificativa.
Nesta semana, a ministra relatora do caso, Laurita Vaz, encaminhará o processo para o Ministério Público Eleitoral. O órgão tem dez dias para analisar o pedido e deve recomendar que o registro seja concedido somente se todos os requisitos legais tiverem sido cumpridos.
O discurso adotado pela Rede desde que deu entrada com o pedido no TSE, em 26 de agosto, é de que a sigla foi vítima da lentidão e da burocracia da Justiça Eleitoral. Alegam que os cartórios descumpriram o prazo de quinze dias para analisar as assinaturas e que a quantidade de fichas rejeitadas ultrapassou os níveis aceitáveis em estados estratégicos, como São Paulo.
Nos bastidores, porém, articuladores da Rede começam a admitir que, se a decisão de criar a legenda tivesse sido tomada antes, os obstáculos na reta final seriam menores.
Um dos integrantes da executiva provisória da Rede, que não revelou sua identidade, afirmou que foi Marina Silva quem convenceu o grupo a não criar antes o partido. Segundo o organizador da legenda, o "timing" foi considerado o mais democrático pela ex-senadora e ex-candidata à presidência.
Meditação – Os parlamentares que pretendem migrar para a Rede, nova legenda que aguarda confirmação, recorrem até a meditação para tentar controlar a ansiedade. 
"É correto a Rede não ser criada por um problema que é da própria Justiça?", pondera o deputado Walter Feldman (PSDB-SP), um dos articuladores da criação da Rede. "Temos provas de que fomos prejudicados. Centenas de fichas foram recusadas de forma equivocada", diz Feldman.
A nova legenda tem como principal expoente a ex-senadora Marina Silva, possível candidata à presidência da República em 2014. Para que Marina entre na briga eleitoral do ano que vem pela Rede, o partido deve ter registro confirmado pelo TSE até o próximo dia 5 de outubro, prazo final estabelecido pela Justiça Eleitoral. "O tempo está curto. Agora é fazer meditação e não deixar se consumir pela ansiedade", disse o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ), que também deve migrar para o Rede.
Segundo os parlamentares, Marina não sinalizou, até o momento, um possível plano B caso a Rede não tenha o registro confirmado. O prazo para a ex-senadora se filiar em um outro partido também expira no mesmo dia 5 de outubro. Nesta segunda-feira, integrantes da legenda fazem uma reunião em Brasília para discutir o andamento do processo no TSE. 
(Com Estadão Conteúdo)