segunda-feira 23 2014

Dilma lançará o Minha Casa, Minha Vida 3, sua última cartada antes da campanha

Eleições 2014

Presidente prepara um evento na próxima semana para lançar a terceira etapa do programa, cuja meta será contratar três milhões de casas

Gabriel Castro, de Brasília
Dilma Rousseff entrega casas em conjunto habitacional em Macapá
CAMPANHA – A presidente-candidata Dilma Rousseff entrega casas em conjunto habitacional em Macapá (PR)
presidente-candidata Dilma Rousseff lançará a poucos dias do início oficial da campanha eleitoral no país a terceira fase do programa Minha Casa, Minha Vida. A legislação eleitoral determinou o próximo dia 5 de julho como data da largada das campanhas.
"Quem não teve ainda acesso à casa própria pode ficar tranquilo: nós vamos lançar nacionalmente, ou no dia 1º ou no dia 2 de julho, o Minha Casa Minha Vida 3. Isso vai ser muito importante porque as pessoas que não tiveram acesso à casa própria vão ter a sua oportunidade", afirmou Dilma, em Macapá, onde entregou 2.148 casas. 
A intenção de lançar a terceira etapa para o Minha Casa, Minha Vida já era planejada desde o início do ano pelo governo, mas faltava a data de início do programa. O anúncio oficial deve ser a última grande cartada de Dilma antes de começar a campanha à reeleição. "Acabamos com o apagão habitacional que existia no Brasil", disse ela.

A exemplo das eleições de 2010, o programa habitacional é uma das apostas do PT na campanha. Como a maior parte das obras fica a cargo da iniciativa privada, o governo investe relativamente pouco e obtém resultados significativos. A meta do Palácio do Planalto é contratar três milhões de imóveis na próxima etapa do Minha Casa, Minha Vida. Mas, como não será possível chegar perto desse número na atual gestão, a continuidade do programa vai ser usada por Dilma para pedir votos para pedir um segundo mandato.
Até o fim de 2013, o Minha Casa, Minha Vida 2 tinha 2,2 milhões de imóveis contratados. A expectativa do governo era firmar mais 500.000 contratos até o fim deste ano.
Campanha – Dilma aproveitou mais uma vez a cerimônia de entrega de moradias em Macapá para fazer campanha no Estado e afirmou que o Brasil "precisa atender às demandas das Regiões Norte e Nordeste".
"Só em água, esgoto e saneamento básico o investimento aqui é de 398 milhões de reais", disse.
A presidente afirmou que o governo também destinou 500 milhões de reais para a BR-156 e voltou a destacar a importância da construção da linha de transmissão Tucuruí-Macapá-Manaus. "Essa linha traz consigo outro benefício que é a fibra ótica e, portanto, a banda larga, a inclusão digital e o acesso à internet", afirmou. 
Dilma disse ainda que determinou que seja publicado o edital de construção do terminal do aeroporto de Macapá, com a melhoria de pistas e pátio. "Com isso, vamos ampliar a capacidade do aeroporto dos atuais 900 mil passageiros para 4,5 milhões de passageiros", afirmou.
A presidente destacou a importância da parceria com a prefeitura de Macapá para obras de mobilidade urbana e disse que ao todo R$ 132 milhões foram destinados para a construção de 15 quilômetros de corredores de ônibus, dezesseis terminais, além da reforma dos já existentes. "Construímos também 93 ciclovias", completou.
Em seu discurso, Dilma disse também que o governo tem investido bastante em saúde e educação, pois são "áreas fundamentais na vida das pessoas". "Colocamos aqui recursos para trinta creches, sendo dez na capital", afirmou. A presidente disse ainda que o Amapá "deu um show" de inscrições do Pronatec. "Proporcionalmente, o Amapá tem um dos melhores desempenhos. Temos 66 mil amapaenses fazendo, ou que já fizeram, cursos de formação profissional", destacou.
Ela aproveitou ainda para defender o programa Mais Médicos na região. "O Mais Médicos aqui também está sendo um sucesso. Os dezesseis municípios que solicitaram receberam 126 médicos, de um total de 127. Esse único que falta chega até o final do mês e aí vamos chegar a 100%", explicou. "Tenho certeza de que fizemos muito e tenho uma certeza ainda maior de que temos muito ainda por fazer."
(com Estadão Conteúdo)

(EP) Os Normais - Sexo, Só Na Semana Que Vem





Autoestima





Eduardo Paes chama de "bacanal eleitoral" acordo entre PMDB, PSDB e DEM

Maquiavel

Veja.Com

Eduardo Paes, prefeito do Rio
Eduardo Paes, prefeito do Rio (Eliária Andrade/Agência o Globo)
O acordo entre PMDB, PSDB e DEM, no Rio de Janeiro, celebrado na manhã deste domingo e que será anunciado oficialmente na segunda-feira, irritou o prefeito Eduardo Paes, que chamou de “bacanal eleitoral” o acordo. Para garantir a aliança, o ex-governador Sérgio Cabral abriu mão de sua candidatura ao Senado, cedeu a vaga ao ex-prefeito Cesar Maia (DEM) e permitiu, enfim, que seja consolidado o ‘Aezão’ – união de apoios às candidaturas de Aécio Neves à Presidência e de Luiz Fernando Pezão, ao governo do Estado.
Tudo correu bem até o início desta noite, quando Paes, sentindo-se apunhalado, divulgou nota repudiando a configuração da aliança. Afilhado político de Maia, Paes tornou-se inimigo do ex-prefeito e os dois passaram, às vezes de forma velada – e em outras abertamente –, a trocar ofensas. Em nota, o prefeito expôs seus motivos. Leia a íntegra do texto do prefeito peemedebista: 
Desde 2009, as brigas políticas que nada tinham a ver com o interesse do Rio de Janeiro e dos cariocas foram substituídas por uma aliança capaz de trazer muitas conquistas para a cidade. A parceria entre nós, da prefeitura, o presidente Lula e o governador Cabral - e agora a presidenta Dilma e o governador Pezão - tem permitido tirar do papel projetos há décadas prometidos e inviabilizados justamente pelos constantes desentendimentos entre governantes anteriores. O conjunto de avanços que o Rio e a população vêm colhendo nos últimos anos é resultado de uma soma de forças políticas que têm trabalhado de maneira coerente na busca por uma cidade melhor, mais justa e mais integrada. Em função dessa mesma coerência, e para que o Rio de Janeiro não corra o risco de voltar a ser um campo de batalha onde o maior prejudicado é o cidadão, eu continuo defendendo a chapa Dilma, Pezão e Dornelles. Depois da suruba, o que se vê agora é o bacanal eleitoral, e o Rio não pode ser vítima dele”, escreveu Paes.

PT - Maus conselhos por toda parte

Democracia

O país já conta com dezenas de milhares de colegiados nos moldes das instâncias que a presidente Dilma Rousseff pretende incentivar, a pretexto de "fortalecer as instâncias democráticas de diálogo". E a experiência acumulada não é nada animadora

Daniel Jelin
O ministro Gilberto Carvalho: participação por decreto
O ministro Gilberto Carvalho: participação por decreto (Pedro Ladeira/Folhapress)
Um dos argumentos de quem defende o decreto bolivariano de Dilma Rousseff – o de número 8.243, que estimula todos os órgãos da administração federal a abrigar conselhos de "representantes da sociedade civil" – é que o Brasil já conta com milhares de entidades desse tipo, em todas as camadas de governo. É verdade. Mas a experiência acumulada nesses fóruns não é nada animadora: eles têm muito pouco de "democrático" e um conceito bem particular do que seja "sociedade civil".
O decreto foi assinado por Dilma há um mês. A pretensão de que uma "política nacional de participação social" pudesse ser implementada pelo Executivo numa canetada causou forte reação no Congresso. Oposição e base aliada ameaçaram barrar o decreto, mas o governo promete resistir. Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência e czar dos movimentos sociais no Planalto, alega questões de princípio (o desejo de "fortalecer e articular os mecanismos e as instâncias democráticas"), mas, num ano eleitoral, é evidente o propósito de cooptar ou recooptar sindicatos, ONGs e outras organizações sociais para o projeto petista. 
Febre dos conselhos – A multiplicação dos conselhos é um fenômeno induzido pela Constituição de 1988, numa aparente tentativa de reparar o déficit democrático de um país recém saído da ditadura. De 1930 a 1989, segundo o Ipea, foram criados apenas cinco conselhos federais no Brasil. Nos 20 anos seguintes, surgiram mais 26. Atualmente, são 40 - incluindo as comissões. Por exigência legal ou simplesmente inspirados nos colegiados federais, Estados e municípios também foram tomados por essa "febre conselhista". Segundo o IBGE, 5553 cidades têm conselhos de saúde, 3784 do meio ambiente e 976 da mulher (dados de 2013); 1231 de política urbana, 5527 de assistência social, 1507 de segurança alimentar, 357 do transporte, 1798 da cultura e 642 da segurança pública (dados de 2012); 4718 da educação, 3240 da habitação e 195 do saneamento (dados de 2011).
O formato mais comum de conselho não chega a ser uma jabuticaba, mas é bastante peculiar. O governo dá forma ao conselho, define suas funções e indica aproximadamente metade dos conselheiros. A escolha dos demais representantes é prerrogativa de ONGs, sindicatos e associações variadas, muitas delas direta ou indiretamente cacifadas pelo governo. É discutível quem representa o que nesses órgãos, mas é fato que o cidadão comum não tem palavra: não vota, nem pode ser votado. A participação, portanto, é indireta.
No papel – Os poderes de cada conselho variam bastante, de acordo com a força das entidades que atuam no setor e a disposição do governo em atendê-las. Os menos institucionalizados mal saem do papel. Segundo levantamentos do IBGE, a taxa de conselhos municipais que não tiveram uma única reunião nos 12 meses anteriores à pesquisa é de: 30% para segurança pública, 29% para transportes, 28% para política urbana e para direitos da mulher, 27% para habitação e segurança alimentar e 25% para cultura.
Já os conselhos mais institucionalizados podem ser bastante influentes. É o caso do Conselho Nacional do Meio Ambiente, um dos colegiados mais enraizados na máquina federal. É certo que o Conama não legisla, mas o que se delibera por lá tem ampla repercussão - e eventualmente força de lei. O Conama é notório pelo grande número de conselheiros: 108. São mais cadeiras do que o Senado (81) ou a Assembleia Legislativa de São Paulo (94). É um verdadeiro congresso, de fato, com "bancadas", "frentes" e "oposição". Não espanta que a maioria dos conselheiros (54%) aponte como principal entrave as "questões políticas alheias à agenda do Conselho", segundo sondagem do Ipea de 2010. Uma evidência das facções do conselho: na mesma pesquisa, três resoluções são simultaneamente citadas por conselheiros como as mais positivas e as mais negativas do Conama.
Currículo e representatividade – Há gente séria no Conama, indicada por entidades idem. O problema não é exatamente currículo, mas representatividade. Os estados têm todos o mesmo peso, uma única vaga. Regiões também, cada qual com duas cadeiras para os ambientalistas e uma para representar as prefeituras. Cada ministério, cada secretaria e cada uma das Forças Armadas têm uma vaga garantida. Ibama, centrais sindicais, Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental e Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) também. Empresas têm oito lugares. Tudo somado, o governo tem folgada maioria (72% das vagas).
Em entrevistas ao Ipea, a grande maioria dos conselheiros do Conama se gaba de contribuir para a melhoria da gestão ambiental e de manter constante contato com o segmento que diz representar. No dia a dia, a história é outra. Dos 108 representantes titulares, só 10 compareceram às três reuniões plenárias de 2014. Na última, uma convocação extraordinária para concluir o encontro anterior encerrado por falta de quórum, havia apenas 26 titulares. E, embora haja dois suplentes para cada titular, 38 cadeiras ficaram vazias. Por faltar repetidamente, três representantes perderam temporariamente o direito a voto. "É decepcionante demais", conta um dos poucos conselheiros assíduos, para quem o órgão atravessa uma crise de legitimidade. "O Conama parou."
"Voando" –  Os assuntos do Conama nem sempre são fáceis de acompanhar. Um dos temas que mais ocuparam o conselho, e cujas indefinições ajudam a explicar o esvaziamento das plenárias, são os desdobramentos da lei que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, de 2010, e do decreto que a regulamentou (criando, de quebra, mais dois comitês...). Um dos titulares com seguidas faltas no Conama reconhece não entender o que "o pessoal das ONGs" discute por lá. "Eu passo o dia 'voando'", admite.
Não é só no Conama que os conselheiros passam o dia "voando". Segundo pesquisa do Ipea de 2013 com mais de 700 conselheiros da administração federal, a maioria deles (61,5%) está convicta de que os temas abordados são compreendidos apenas parcialmente pelo colegiado, e 6,7% acham que os assuntos simplesmente não são assimilados. Nos órgãos que lidam com questões de infraestrutura e recursos naturais, apenas 18,9% afirmam que os assuntos discutidos são plenamente entendidos no conselho.
Dominado – A "governança da internet", da qual o governo federal subitamente descobriu se orgulhar, é um exemplo de como os mecanismos de participação social podem ser distorcidos. Criado em 1995, o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) é o órgão encarregado de formular diretrizes para a tal governança. Foi de lá que saíram as linhas gerais do Marco Civil da Internet - bem traçadas, diga-se. Desde 2003, o CGI.br segue aproximadamente o desenho previsto no decreto de Dilma: sociedade civil e governo encontram ali representações "paritárias" – na verdade a sociedade civil tem um peso pouquinho maior, 11 a 9 cadeiras. Tanto os atos da secretaria como a escolha de seus membros passam por processos "públicos" e "transparentes", uma vez que ganham divulgação no próprio site do CGI.br.
A eleição do CGI.br tem a fórmula da maioria dos conselhos: só as entidades pré-cadastradas participam. Segundo as regras do comitê, essas associações devem ter CNPJ e dois anos de atividade – em comparação, o decreto 8.243 é bem mais temerário, prevendo a participação de "coletivos, movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações", o que seria absolutamente impossível de fiscalizar.
A última eleição, em fins de 2013, demonstrou a fragilidade desse modelo. Para surpresa e mal estar do comitê, o colégio eleitoral foi subitamente dominado por cooperativas de pequenos agricultores, associações comunitárias e assentamentos da Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte com pouca ou nenhuma ligação com os temas do comitê. De 234 entidades inscritas, pelo menos 130 provinham dos grotões. O candidato mais votado por esta sociedade civil preside uma ONG de inclusão digital em João Pessoa (PB), não enxerga manipulação no processo eleitoral e diz que os concorrentes fazem o mesmo: "fui mais eficiente". Com algum idealismo, pode-se torcer para que a próxima eleição seja mais disputada, diluindo esse tipo de distorção. O risco mais palpável, contudo, é o de afastar do comitê os representantes, digamos, menos atirados.
Panaceia – As limitações dos conselhos não significam, é claro, que não haja inteligência na chamada "sociedade civil organizada" ou que a única forma de participação democrática seja o processo eleitoral. Mas sua adoção não pode ser deslumbrada – ou ardilosa, como o decreto 8.243. O cientista social Rafael Cortez, da consultoria Tendências, lembra que "participação social" não é panaceia para aumentar a eficiência das políticas públicas – uma medida decidida por muitos "participantes" nem sempre é sábia.
Uma função que esses colegiados poderiam desempenhar com alguma eficácia é a de servir como uma espécie de câmara de eco das políticas públicas. Com isso, os gestores não precisam esperar as eleições para sondar as expectativas dos diversos setores da sociedade e conhecer a repercussão de uma iniciativa. A maioria dos conselhos no Brasil, contudo, vai muito além: eles efetivamente têm poder de decisão, o que exige desenhos institucionais muito mais cautelosos. Para tanto, Cortez alerta, os colegiados devem primar pela prestação de contas, para que o restante da sociedade possa monitorar as decisões tomadas, e pela total independência entre as partes, para impedir a cooptação das entidades.
Mais controle – É verdade, como disse o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que o decreto não cria conselhos. Mas é um incentivo e tanto. O texto manda que todo órgão e entidade da administração federal, direta e indireta, "considere" sua adoção - ou a de outra instância prevista no texto (comissões, conferências, "mesas" etc). Seja qual for o resultado desta "consideração", o texto prevê relatórios anuais sobre a implementação desta "política nacional de participação social".
E quem "aconselha" os "conselheiros"? A resposta, pelo que se entende do decreto, é: o próprio Gilberto Carvalho. Cabem à sua secretaria "orientações", "coordenações" e "avaliações" do programa, por meio dos palavrosos Sistema Nacional de Participação Social, Comitê Governamental de Participação Social e Mesa de Monitoramento das Demandas Sociais, todos de franca inspiração bolivariana. O que se pode esperar desse sistema é mais "controle social", diretriz fixada no decreto e pretensão declarada de um a cada quatro conselheiros da administração federal. O que se entende por "controle social" não é consenso entre acadêmicos. Mas já se sabe o que o PT pensa disso, a julgar por sua cruzada para patrulhar a imprensa por meio de certo "controle social da mídia".
Pretexto – Essa multiplicação de conselhos populares por decreto pode satisfazer as panelinhas do terceiro setor, incrustando de ONGs a máquina pública; pode atender às conveniências do Planalto, amansando os movimentos sociais em ano de eleição; pode corresponder aos devaneios dos "conselhistas", para quem os colegiados são um fim em si mesmo; pode até, é claro, resultar em um ou outro conselho funcional. Mas nada disso tem a ver com "aprofundar a democracia" – que é, como se sabe, o pretexto dos autoritários para subverter o regime.