sábado 04 2014

Alicia Rhett, de '...E o Vento Levou', morre aos 98 anos

Memória

Atriz americana interpretou a personagem India Wilkes no filme de 1939

Alicia Rhett, a personagem India Wilkes no clássico do cinema "...E o Vento Levou", de 1939
Alicia Rhett, a personagem India Wilkes no clássico do cinema "...E o Vento Levou", de 1939 (Reprodução)
A atriz Alicia Rhett, que interpretou a personagem India Wilkes no filme ...E o Vento Levou, de 1939, morreu aos 98 anos na cidade de Charleston, no estado da Carolina do Sul (EUA). No filme, India é a irmã de Ashley Wilkes, por quem a protagonista Scarlett O'Hara, interpretada pela atriz Vivien Leigh, se apaixona no início da trama. 
Alicia nasceu na Geórgia, nos Estados Unidos, e, além de atuar, também pintava – era conhecida por fazer retratos de seus amigos nos sets de filmagem. Era a mais velha dos integrantes do elenco ainda vivos. Entre os remanescentes do set de ...E o Vento Levou, estão Olivia de Havilland (Melanie Hamilton), de 97 anos; Marry Anderson (Maybelle Merriwather), de 93 anos; e Mickey Kuhn (Beau Wilkes), de 81 anos. 
...E o Vento Levou foi vencedor de oito Oscars. O roteiro do longa, adaptado de livro de Margareth Mitchell vencedor do Prêmio Pulitzer, contou com a colaboração de um dos maiores escritores americanos, F. Scott Fitzgerald.

Jimi Hendrix - Red House (live in Stockholm, Sweden 1969)



WOODSTOCK DIARY by Chris Hegedus, Erez Laufer & D.A Pennebaker / Saturday



Vereadores querem proibir consumo de álcool em parques

São Paulo

No primeiro semestre de 2013, 120 adolescentes foram levados do Parque do Ibirapuera para hospitais em atendimento de emergência

Plenário da Câmara Municipal de São Paulo em sessão
Plenário da Câmara Municipal de São Paulo em sessão (FERNANDO MORAES )
Um projeto de lei em tramitação na Câmara Municipal de São Paulo quer proibir o consumo de álcool nos parques municipais. O texto, que está nas comissões da Casa, prevê multa de 100 reais para quem descumprir a regra – o valor dobraria em caso de reincidência. A medida foi motivada por casos de abuso de álcool por jovens no Parque do Ibirapuera, na Zona Sul da capital paulista.
Só no primeiro semestre de 2013, mais de 120 adolescentes foram levados do Ibirapuera para hospitais em atendimento de emergência por ingestão excessiva de bebidas alcoólicas, segundo levantamento da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e da direção do parque.
De acordo com os administradores do Ibirapuera, o consumo de bebidas por adolescentes vem aumentando desde 2012. "Eles já vêm alcoolizados de outros lugares, depois das baladas. O problema é maior entre sábado e domingo", diz o diretor do parque, José Alonso Junior. Ele afirma que esses grupos de adolescentes se reúnem principalmente na marquise do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) e perto da Oca.
O número de casos pode ser ainda maior, segundo o comandante regional da GCM no parque, Eliazer Rodella. "Esses casos são os que contamos e os que levamos para o Hospital São Paulo, mas há muitos relatos de jovens que saem em coma alcoólico e são acompanhados pelo SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência)."
Para frear o consumo de álcool, a administração do Ibirapuera e a GCM procuraram a Promotoria de Justiça de Defesa dos Interesses Difusos e Coletivos da Infância e Juventude da Capital, e a Comissão Extraordinária de Defesa dos Direitos da Criança, Adolescente e Juventude da Câmara de São Paulo. A própria promotora, Luciana Bergamo Tchorbadjian, foi ao parque em um fim de semana para observar os jovens. "Constatei o que haviam me relatado. Jovens bebendo e fumando narguilé", disse, por meio de nota da assessoria do Ministério Público (MP).
Com o apoio da promotoria, foi criado um plano de combate à ingestão de álcool no parque. O MP determinou que os casos de crianças e adolescentes envolvidos em ocorrências ou socorridos em hospitais da região sejam notificados ao Conselho Tutelar da Vila Mariana, que vai orientar os pais dos menores.
Ações – Desde outubro, o Ibirapuera e a GCM fazem campanhas sobre o abuso de álcool, com oficinas no local. "Resolvemos, com essas ações, 80% dos problemas que tínhamos de coma alcoólico no primeiro semestre", explica Alonso Júnior. "Só com medidas como essas vamos conseguir melhorar a qualidade de vida de todos os usuários do parque."
Em setembro, quando o Ibirapuera passou a funcionar 24h nos fins de semana, foram adotadas estratégias para coibir o consumo. "Instalamos a feira de artesanato onde os jovens ficavam e temos promovido eventos para que se integrem às ações culturais", diz o diretor.
A Guarda Civil, no entanto, afirma que tem dificuldades para impedir os casos porque não há uma legislação específica que proíba o consumo de álcool. Segundo o diretor do parque, hoje, pelo regulamento interno, é permitido retirar quem portar garrafas de vidro. "As pessoas alcoolizadas podem ser removidas. Mas, com a proibição, vamos dar mais um instrumento para a guarda interceder", afirma Alonso Júnior.
(Com Estadão Conteúdo)

7 Dicas Para Viver Mais Feliz

Woodstock - 16/08/1969 - Janis Joplin







JANIS JOPLIN - Woodstock experience NO FULL CONCERT



Creedence Clearwater Revival (Live at Woodstock '69) FULL



Creedence Clearwater Revival - Have you ever seen the rain?



The Monkees - I'm a Believer [official music video]



The Platters - Only You - HD (1955)



EVERLY BROTHERS - Wake up little Susie (1957)



Phil, da dupla The Everly Brothers, morre aos 74 anos

Música

Entre as músicas mais conhecidas dos irmãos Phil e Don estão 'Cathy's Clown', 'Wake Up Little Susie', 'Bye Bye Love'

Phil Everly, à esquerda, e o irmão Don, em Las Vegas, em imagem de 1970
Phil Everly, à esquerda, e o irmão Don, em Las Vegas, em imagem de 1970 (EFE)


O músico Phil Everly, da dupla The Everly Brothers, morreu nesta sexta-feira aos 74 anos em Burbank, na Califórnia, em decorrência de uma doença respiratória, informou sua mulher, Patti Everly, ao jornal Los Angeles Times.
Os irmãos Phil e Don, de 76 anos, formaram uma das duplas mais influentes do rock e do country, com enorme sucesso no final dos anos 1950 e no início da década seguinte. Entre seus temas mais conhecidos estão Cathy's ClownWake Up Little SusieBye Bye LoveWhen Will I Be Loved All I Have to Do Is Dream.
O grupo norueguês A-ha fez sucesso na década de 1990 com a regravação de um dos clássicos da dupla, Crying in the Rain. Em 2013, os irmãos Everly voltaram ao noticiário quando o vocalista do Green Day, Billie Joe Armstrong, se juntou à cantora Norah Jones para lançar o álbum Foreverly, uma reinterpretação do disco Songs Our Daddy Taught Us dos Everly Brothers, gravado em 1958.
(com EFE)

A eloquência do silêncio

Veja.Com

silêncioA importância do silêncio numa narrativa de ficção se manifesta de diversas formas, incluindo as óbvias elipses e subentendidos, pois, como disse Erico Verissimo (que cito de memória), “um dos segredos do romancista é nunca explicar demais”. Tudo aquilo que não é dito oferece à imaginação do leitor – coautor pouco comentado de qualquer obra literária – espaço para se espraiar, ligar os pontinhos, produzir e não apenas decifrar sentido. Embora geralmente esquecido, até mesmo o silêncio que vem antes da primeira frase do texto, como os milênios de não-ser que precedem o nascimento de qualquer bebê, é tão fundamental quanto o clímax de uma história. O silêncio que vem depois do fim, então…
Vamos começar pelo começo. Entramos em “Viva o povo brasileiro”, de João Ubaldo Ribeiro, um dos grandes romances de nossa literatura, vendo o herói ser fuzilado. A sugestão de uma longa história passada, mas calada, insinua-se na estranha precedência de uma conjunção adversativa a adversar o ignorado:
Contudo, nunca foi bem estabelecida a primeira encarnação do Alferes José Francisco Brandão Galvão, agora em pé na brisa da Ponta das Baleias, pouco antes de receber contra o peito e a cabeça as bolinhas de pedra ou ferro disparadas pelas bombardetas portuguesas, que daqui a pouco chegarão com o mar.
Se repararmos bem, veremos que o longo futuro da história também já se encontra, cifrado, nessa abertura. Mas por que o relato não começa antes? Como José Francisco foi parar na Ponta das Baleias naquele momento fatal? Que vida teve? Será que sabia tocar rabeca, amou uma ou várias mulheres, contraiu caxumba na infância? Quem são seus pais, seus avós, seus antepassados remotos? Por que começar justamente ali?
Porque o resto – tal é o poder que tem o texto literário de transformar em determinismo as opções autorais mais arbitrárias – é silêncio.
Se o silêncio que antecede a primeira palavra de uma história costuma passar despercebido, aquele que vem depois do ponto final é de uma eloquência ensurdecedora. Dificilmente haverá um escritor que não tenha, em algum momento, se deparado com esta queixa, que por sinal é muitas vezes infundada: “Mas a história não termina…”.
Que o leitor, sobretudo aquele de um tipo mais ingênuo, exija como final de qualquer relato ficcional um arremate claro que junte todas as pontas da trama, de preferência num laçarote vistoso e provido de uma inequívoca moral, é compreensível. O problema é o autor acreditar que deve obrigatoriamente se curvar a tal demanda, deixando de compreender o quanto de reverberação pode acrescentar à sua história, em certos casos, um silêncio brusco, aparentemente prematuro e definitivamente perturbador.
Não me refiro aqui ao simples ato de apontar um futuro em branco, um pós-texto qualquer, deixando ao leitor um convite ao preenchimento do vazio da página, como se vê por exemplo no engenhoso – e famoso – fim de “Uma aprendizagem”, de Clarice Lispector:
… eu penso o seguinte:
Ocorre que, a essa altura, o conflito central do livro de Clarice já se resolveu, Lóri e Ulisses estão na cama, o que torna a indeterminação do futuro uma esperteza estilística – além de um espelho da vida real, claro, comentário irônico sobre a tentação do impossível “felizes para sempre” que insiste em rondar as expectativas daquele nosso leitor ingênuo.
Contudo – como diria João Ubaldo –, o silêncio brusco, aparentemente prematuro e definitivamente perturbador exige mais do que isso. É preciso que o conflito que moveu a narrativa, ou pelo menos uma parte dele, fique sem solução. É preciso obrigar o leitor a apostar num dos desenlaces possíveis e ao mesmo tempo condená-lo à tortura eterna de não saber se ganhou ou perdeu.
Um dos exemplos mais antigos e bem-sucedidos que conheço desse tipo de fim está na novela “A interdição”, de Honoré de Balzac (no volume 4 de “A comédia humana”, na nova edição da Biblioteca Azul), uma de minhas leituras de fim de ano. A história gira em torno do processo de interdição que move uma rica parisiense – uma daquelas mulheres ambiciosas, vaidosas, calculistas e ordinárias que Balzac adorava pintar – contra o ex-marido, de olho em sua fortuna, sob a alegação de que o sujeito enlouqueceu.
Aqui sou obrigado a incluir um spoiler, o que imagino não ser grave no caso de um livro lançado em 1836, mas vale o alerta: o ex-marido é um nobre dotado não apenas de lucidez, mas também de um caráter admirável que o leva a atos de um desprendimento vertiginoso. O juiz encarregado do caso, não menos probo, percebe isso tão claramente que chega a se emocionar. A história se encaminha para um fim previsível e reconfortante: o processo de interdição é ignóbil, será rejeitado, que beleza.
Aí entra o gênio de Balzac. Sob uma desculpa rota, quem sabe um mal-entendido, o juiz honesto é afastado na última hora do caso. Em seu lugar nomeia-se um juizinho novato, arrivista, venal. Fim.
Como assim – fim? E o processo que dá título à narrativa? Qual é o veredito? Não sabemos. Ao condenar moralmente o novo juiz, as últimas linhas nos levam a supor que o nobre homem será lesado pela ex-mulher sem caráter, mas a verdade é que não temos como saber. O silêncio chega primeiro, transformando “A interdição”, que do contrário seria apenas uma boa novela, numa novela memorável.
(Em outro ponto do imenso painel de “A comédia humana”, Balzac, que gostava de voltar a personagens de livros anteriores, nos informará que a litigante de má-fé perdeu o processo, afinal. Isso não diminui em nada a reverberação que o fim de “A interdição” deixa na cabeça do leitor.)

Patricia Kaas &Garou ~ "L'hymne a l'amour" (2006)





Patricia Kaas & Charles Aznavour ~ "Que c'est triste Venise" (22 05 2004)



Doses diárias de gengibre podem evitar dores musculares

Pesquisa

Além do conhecido efeito calmante, a raiz tem propriedades anti-inflamatórias

Gengibre
(Hemera Technologies/Thinkstock)
"O consumo diário do gengibre cru resultou em uma redução de leve a moderada na dor muscular"
Utilizado na medicina chinesa há séculos, o gengibre tem conhecidos efeitos calmantes para o tratamento de náuseas e problemas estomacais. Mas, uma pesquisa recente engrossa a lista de benefícios da raiz e aponta que suas propriedades anti-inflamatórias ajudam a reduzir as dores musculares causadas por exercícios físicos.
Em dois experimentos distintos, os pesquisadores observaram os efeitos de dois gramas de gengibre cru e também do tratado termicamente em 74 adultos saudáveis. Os voluntários tiveram de passar por uma bateria de exercícios que induziam à dor muscular, em um período de 11 dias. Grupos distintos tomaram suplementos da raiz ou pílulas placebo.
“O consumo diário do gengibre cru resultou em uma redução de leve a moderada na dor muscular”, destaca Christopher D. Black, da Geórgia College and State University, nos Estados Unidos. A diminuição da dor foi de 25% para os pacientes que tomaram o gengibre cru e de 23% para o tratado termicamente. O estudo foi publicado no The Journal of Pain.

Planta usada na medicina tradicional chinesa ajuda a aliviar dores crônicas

Dor

Segundo pesquisadores, composto encontrado tem função semelhante à da morfina, mas não perde o efeito ao longo do tempo

Raízes da Corydalis yanhusuo
Raízes da "Corydalis yanhusuo", planta usada na medicina chinesa para tratar dores (Reprodução)
Uma planta utilizada há séculos pela medicina tradicional chinesa para alívio de dores teve sua eficácia comprovada por pesquisadores dos Estados Unidos e da China. Raízes da florCorydalis, da família da papoula, possuem um composto analgésico, segundo um estudo publicado nesta quinta-feira no periódico Current Biology.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: A Novel Analgesic Isolated from a Traditional Chinese Medicine

Onde foi divulgada: periódico Current Biology

Quem fez: Yan Zhang, Chaoran Wang, Lien Wang, Gregory Scott Parks, Xiuli Zhang, Zhimou Guo, Yanxiong Ke, Kang-Wu Li, Mi Kyeong Kim, Benjamin Vo, Emiliana Borrelli, Guangbo Ge, Ling Yang, Zhiwei Wang, M. Julia Garcia-Fuster, Z. David Luo, Xinmiao Liangsend e Olivier Civelli

Instituição: Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, e outras

Resultado: Um composto capaz de aliviar dores crônicas foi encontrado nas raízes de plantas do gênero Corydalis, utilizadas na medicina tradicional chinesa
"Nossa pesquisa descobriu um novo analgésico natural. Este produto atuou, em testes com animais, contra três tipos de dores que afetam o ser humano: aguda, inflamatória e crônica", diz Olivier Civelli, pesquisador da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, e integrante da equipe que realizou o estudo.
A revelação faz parte de um projeto de catalogar os componentes químicos da medicina tradicional chinesa. As plantasCorydalis, foco do estudo, têm as raízes colhidas e fervidas em vinagre, segundo a cultura da China, e prescritas para diversos tipos de dor, como a cefaleia e dor nas costas.
Os pesquisadores buscaram compostos naCorydalis que atuam de forma semelhante à morfina, e encontraram o DHCB, uma substância com função analgésica. Ao contrário do esperado, o DHCB não atua no receptor de morfina, mas por meio de outros receptores, inclusive o de dopamina, neurotransmissor associado aos mecanismos de recompensa do cérebro. Para Civelli, esse fato colabora com evidências anteriores de que a dopamina pode estar relacionada à sensação de dor.
Vantagens – A principal vantagem da nova substância em relação à morfina ou outros analgésicos é o fato de que ela não parece perder o efeito com o tempo de consumo. Apesar de ser efetivo também contra outros tipos de dor, o DHCB se destaca por sua ação em dores crônicas, persistentes e de baixa intensidade – para as quais, segundo os pesquisadores, ainda não existe um bom medicamento. Os autores alertam, porém, que alguns testes de toxicidade precisam ser realizados antes que a substância possa ser prescrita aos pacientes.

Navio que realizou resgate na Antártida também encalha

Polo Sul

Embarcação chinesa de onde partiu helicóptero que socorreu os passageiros de navio russo ficou presa quando tentava manobrar no mar congelado

Helicóptero desembarca os primeiros resgatados do navio russo Akademik

A embarcação chinesa que ajudou no resgate dos passageiros do navio russo Akademik Shokalskiy, na Antárdita, agora também está encalhada no gelo. Apesar de ser preparado para navegar em águas congeladas, o navio "quebra-gelo" Xou Leng não conseguiu quebrar a grossa camada de gelo que cerca a embarcação e ficou preso. "As tentativas de manobra do Xou Leng não tiveram sucesso", confirmou a Autoridade Australiana de Segurança Marítima (AMSA, na sigla em inglês) em comunicado.
Sem ajuda - Apesar da situação incômoda, o capitão da embarcação chinesa garantiu às autoridades australianas que o navio tem comida e suprimentos suficientes e não precisará de resgate por enquanto. Assim como o navio russo que iniciou toda a comoção – e que continua encalhado com seus 22 tripulantes, já que só os passageiros foram resgatados –, o “quebra-gelo” chinês vai tentar se soltar sozinho.
Dessa forma, o navio australiano Aurora Australis, que carrega os passageiros resgatados do Akademik Shokalskiy e havia sido colocado em estado de espera para um possível auxílio aos chineses, foi liberado para continuar navegando em direção ao mar aberto. A viagem dos passageiros resgatados deve terminar apenas em meados de janeiro, quando a embarcação chegar a um porto australiano na Ilha da Tasmânia, no sul da Oceania. 
Enquanto isso, a tripulação do Xou Leng pretende fazer uma nova tentativa de liberar a embarcação ainda neste sábado, quando as condições da maré se mostrarem favoráveis.
Resgate no gelo - O encalhamento do "quebra-gelo" chinês é o mais recente (e irônico) capítulo de uma saga que começou na véspera de Natal, depois que o navio de bandeira russa Akademik Shokalskiy ficou preso no gelo durante uma expedição científica. Após tentativas frustradas de aproximação por mar, as autoridades australianas decidiram socorrer os passageiros usando um helicóptero que decolou do Xou Leng. A embarcação chinesa avançou até uma distância de 11 quilômetros do Akademik Shokalskiy durante a operação de resgate na quinta-feira – suficiente para que também ficasse presa no gelo.

Une vie d'amour - Mireille Mathieu & C. Aznavour



JACQUES BREL - NE ME QUITTE PAS - LEG.EM Purtuguês


ALOUETTE Tradução - Denise Emmer



Mireille Mathieu - Une Femme amoureuse



Mireille Mathieu - Der Pariser Tango



A guerra ideológica na Petrobras


Documentos revelam as tensões ideológicas da Guerra Fria na empresa antes e depois de 64. Ser de esquerda, antes, era bom. Depois passou a ser pecado

Cecília Ritto
SOB A NOVA ORDEM - Geisel, que também foi presidente da Petrobras, visita a refinaria Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul
SOB A NOVA ORDEM - Geisel, que também foi presidente da Petrobras, visita a refinaria Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul      (Petrobras)
Por iniciativa de integrantes da Comissão da Verdade e valendo-se da entrada em vigor da Lei de Acesso à Informação, a Petrobras abriu um acervo de documentos que mostram como a empresa sofreu com as tensões ideológicas da Guerra Fria. VEJA teve acesso a eles. Os papéis revelam que a Petrobras foi um microcosmo das profundamente antagônicas visões políticas que dividiam o Brasil em esquerda e direita, entre comunistas e capitalistas, em aliados de Cuba ou dos Estados Unidos. Era a Guerra Fria manifestando-se fortemente, mesmo em um teatro geopolítico distante das armas nucleares que, de lado a lado, tinham poder de destruir o planeta algumas centenas de vezes. Antes de os militares tomarem o poder em 1964, fazia bonito perante os chefes na Petrobras quem se apresentasse como esquerdista. Depois do golpe, ser de esquerda ou líder sindical se tornou motivo de perseguição e demissão.
Os documentos demonstram que os militares agiram com rapidez contra os funcionários ligados à antiga ordem. Eles eram vistos como pessoas perigosas, que podiam prejudicar o funcionamento da empresa, desde aqueles tempos considerada estratégica para o Brasil. Alguns papéis revelam o atropelo da lei na erradicação dos esquerdistas da companhia. Uma comissão de inquérito, a CI-Petrobras, foi posta para funcionar de forma clandestina em um prédio vizinho à sede administrativa, no Rio de Janeiro. Essa comissão se encarregou de investigar empregados e aconselhar demissões.
O conjunto de documentos digitalizados e liberados pela Petrobras é composto de 131 277 microfichas, 426 rolos de microfilme, dezessete livros e catorze pastas, com dossiês, prontuários, relatórios e troca de ofícios entre a cúpula da Petrobras, superintendentes regionais e os chefes dos órgãos de informação. Depois de examinar os documentos, VEJA ouviu depoimentos de funcionários atuais e antigos da empresa e de historiadores. “O Brasil estava ativamente inserido no contexto da Guerra Fria e a Petrobras era um instrumento de poder relevante num mundo dependente do petróleo e sob a amea­ça constante de guerra”, diz o historiador Marco Antonio Villa.
Sob a antiga ordem, no governo esquerdista do presidente João Goulart, a Petrobras, como quase todas as estatais e instituições do país — entre elas até mesmo as Forças Armadas —, foi dominada pelo ativismo sindical de motivação política. A empresa era peça vital nas ações orquestradas pelos esquerdistas radicais e, em consequência disso, sofria com greves e paralisações constantes. Como anotou no fim de 1964, em um relatório de 376 páginas, o general Antônio Luiz de Barros Nunes, chefe da comissão interna de investigação do governo militar: “Parecia ser mérito o empregado alardear-se esquerdista ou comunista. Afirmamos, sem hesitação, que, se mais um pouco demorasse o clima dos ‘direitos excessivos’ do homem, das injunções políticas e da influência de falsos líderes sindicais, a ruína apossar-se-ia da Petrobras”. Nunes era homem de confiança de Ernesto Geisel, que sempre esteve ligado à indústria petrolífera e, ativo integrante do grupo de militares que derrubou João Goulart, tinha forte influência sobre a Petrobras — que ele presidiria mais tarde, em 1969, e de onde só sairia em 1973, para ocupar a Presidência da República.
Em 1964, a Petrobras tinha cerca de 36 000 funcionários. Quantos e quais deles eram vistos como indesejáveis pelos generais? Para mapear os “focos de subversão”, foram destacados dezesseis alunos da Escola de Comando e do Estado-Maior do Exército. Infiltrados clandestinamente nas refinarias e fábricas, eles enviavam para a sede, no Rio, relatos sobre como viam a situação do ponto de vista da segurança e transcrições de conversas que tinham com os suspeitos. Os dados alimentavam um sistema de informação compartilhado pelas maiores patentes das Forças Armadas. Um documento revela com clareza a decisão de infiltrar agentes e agir fora do amparo da lei: “Assim, impediríamos que houvesse divulgação e publicidade em torno de nossas observações, sindicâncias, conclusões e etc.”.
Com a lista em mãos, a comissão interna de investigações começou a “limpeza”, como diziam os próprios militares nos documentos. Em seis meses, foram demitidos 516 funcionários, sob justificativas que iam de subversão a tráfico de armas, corrupção, falta de controle emocional ou desonestidade. Um funcionário demitido foi acusado de ameaçar dinamitar a casa de um diretor da empresa. Eles eram descritos como “elementos relapsos”, “aproveitadores” e “débeis mentais”.
PIONEIROS DA DEVASSA - Os ex-petroleiros Xerxes Campos (à esq.), que ficou 25 dias preso em uma sala da Petrobras, e Abelardo Santos (à dir.), que passou cinco meses, acusado de fazer parte de uma organização que diz não conhecer: seus nomes constavam da primeira lista de “subversivos” produzida pela comissão de investigação
PIONEIROS DA DEVASSA - Os ex-petroleiros Xerxes Campos (à esq.), que ficou 25 dias preso em uma sala da Petrobras, e Abelardo Santos (à dir.), que passou cinco meses, acusado de fazer parte de uma organização que diz não conhecer: seus nomes constavam da primeira lista de “subversivos” produzida pela comissão de investigação
Contratado em 1958 como assistente técnico em manutenção, Xerxes Campos, sindicalista e militante do então ilegal Partido Comunista, foi um dos primeiros demitidos da Petrobras depois de 1964. Campos respondeu a inquérito policial-militar (o então temido IPM) enquanto ainda dava expediente na Fábrica de Borracha Sintética (Fabor), operada pela Petrobras. Ali, passou 25 dias preso em uma sala igual à que servia de cela para diversos colegas dele também alvo de suspeitas. “Não sabíamos quanto tempo ficaríamos presos e a qualquer momento podíamos ser interrogados. Os militares faziam pressão psicológica e inventavam que algum colega havia nos delatado, mas era tudo um jogo para conseguir informações”, lembra Campos, hoje com 75 anos. Ele foi sumariamente demitido. Nos casos de suspeitos menos notórios, havia uma liturgia típica de regimes ditatoriais a ser seguida antes da dispensa. Em uma completa inversão do processo penal civilizado, exigia-se do acusado que apresentasse provas de sua inocência. “Não eram os militares que comprovavam a acusação. Nós é que tínhamos de provar que não éramos culpados”, diz Abelardo Rosa Santos, de 77 anos, que em 1964 era assistente de superintendente administrativo na Refinaria de Duque de Caxias. Santos foi afastado da empresa dois dias depois do golpe. Durante cinco meses, foi interrogado em diversos órgãos da repressão dentro e fora da Petrobras e chegou a ficar quarenta dias preso. “Diziam que eu fazia parte de um movimento de esquerda que eu nem conhecia.” Demitido em 1968, depois de aceitar integrar a chapa de oposição na eleição da diretoria do sindicato dos petroleiros do Rio de Janeiro, o então auxiliar de escritório Francisco Soriano saiu da Petrobras direto para a luta armada. “Eu me senti um homem marcado e, com o idealismo próprio dos 25 anos, não vi alternativa”, conta ele, agora com 70 anos. No material encaminhado pela Petrobras à Comissão da Verdade e nos depoimentos dos funcionários demitidos não existem evidências de que os investigadores tenham recorrido à violência física para obter informações.
Fotos André Valentim
DIRETO PARA A LURA ARMADA - O sindicalista Francisco Soriano: demitido por montar uma chapa de oposição à do regime, saiu da Petrobras direto para a luta armada
DIRETO PARA A LURA ARMADA - O sindicalista Francisco Soriano: demitido por montar uma chapa de oposição à do regime, saiu da Petrobras direto para a luta armada
Em 31 de março deste ano faz cinquenta anos, meio século, que os militares quebraram a ordem jurídica e constitucional para depor um governo democraticamente eleito. A tendência é que esse evento, parte integrante da história do Brasil, seja tratado como vingança — e não, como deve ser, estudado à luz das circunstâncias políticas mundiais e brasileiras naquele tempo. A iniciativa da Petrobras é, nesse contexto, um alento. Os documentos liberados pela empresa revelam fatos. E fatos não são de esquerda nem de direita. São elementos inegáveis da realidade.