segunda-feira 02 2014

Como agir em caso de suspeita de sarampo

O que é o sarampo?

O sarampo é uma doença infectocontagiosa provocada pelo Morbillivírus e transmitida por secreções das vias respiratórias, como gotículas eliminadas pelo espirro ou pela tosse. O período de incubação, ou seja, o tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas, é de cerca de doze dias. A transmissão pode ocorrer antes do aparecimento dos sintomas e estender-se até quatro dias depois do surgimento das placas avermelhadas na pele.

Quais são os sintomas?

O sintoma mais característico do sarampo são as manchas avermelhadas na pele, mas a doença também costuma causar febre, tosse, mal-estar, coriza, perda do apetite e manchas brancas na parte interna das bochechas. Importante destacar que nem todos os pacientes têm os mesmos sintomas.

O que fazer se alguém apresenta os sintomas do sarampo?

A pessoa com suspeita de sarampo não deve esperar o agravamento dos sintomas para buscar atendimento médico. O tratamento precoce é importante não só para o paciente, mas para que sejam feitas ações de bloqueio que possam impedir a transmissão do vírus para outras pessoas.

O sarampo pode matar?

Sim. O sarampo é uma doença potencialmente grave, que pode levar à morte. Em gestantes, pode provocar aborto ou parto prematuro.

Vacinação

A vacina contra o sarampo deve ser aplicada em duas doses: a primeira aos 12 meses de vida e a segunda aos 15 meses. Adultos que não foram vacinados e não tiveram a doença na infância também devem ir aos postos de saúde para receber o imunizante. Adultos que não têm certeza se foram vacinados ou se tiveram a doença devem ser vacinados.

Brasil pode importar e exportar doenças durante a Copa

Doenças infecciosas

Turistas podem infectar brasileiros com sarampo, meningite e chikungunya. Dengue e diarreia do viajante estão entre as ameaças aos estrangeiros

Marcella Centofanti
Torcida fora do estádio do Maracanã antes da final da Copa das Confederações entre Brasil e Espanha, no Rio de Janeiro
Torcida fora do estádio do Maracanã antes da final da Copa das Confederações entre Brasil e Espanha, no Rio de Janeiro - Ivan Pacheco
Cerca de 600 000 turistas estrangeiros são esperados no Brasil durante a Copa do Mundo. O grande contingente de pessoas vindas de várias partes do planeta favorece o intercâmbio de vírus e bactérias que podem causar doenças tanto nos brasileiros quanto nos estrangeiros.

Para os brasileiros, a ameaça são enfermidades que estão controladas no país, mas em atividade fora daqui, como o sarampo. "A Europa vive um surto de sarampo, causada pela queda na adesão à vacinação. O risco é maior para crianças com menos de um ano, que, nessa faixa etária, ainda não foram imunizadas, e moradores de regiões com baixa cobertura da vacina", afirma o pediatra Renato Kfouri, presidente da Associação Brasileira de Imunizações (SBIM). De abril de 2013 a março de 2014, 9 579 casos de sarampo foram registrados no velho continente, segundo o Centro Europeu para Controle e Prevenção de Doenças.

Outro perigo é a meningite. A vacina oferecida na rede pública brasileira protege apenas contra o sorogrupo C, mais comum no país. "Mas há tipos que circulam em outros lugares, como o W-135, no Chile, na Argentina e em algumas partes da África, e podem ser trazidos com os turistas", diz Kfouri. No Chile, por exemplo, 32 casos de meningite W-135 foram confirmados entre janeiro e maio de 2014.

Kfouri recomenda que os brasileiros atualizem o quanto antes as vacinas obrigatórias e tomem medidas que diminuem o risco de transmissão de doenças, como usar repelente, evitar grandes aglomerações, lavar bem as mãos e consumir água e alimentos de procedência confiável. Os cuidados valem, sobretudo, para as pessoas que vão lidar diretamente com os turistas, como motoristas de táxi e funcionários de hotéis, aeroportos e estádios, indivíduos mais suscetíveis ao contágio das enfermidades. 
O perigo do chikungunya — Uma doença chamada chikungunya, causada por um vírus de mesmo nome e em surto no Caribe, também está no radar das entidades de saúde pública. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), de dezembro de 2013 a maio de 2014, a região caribenha teve 61 864 casos, entre suspeitos e confirmados.

A moléstia apresenta sintomas similares aos da dengue e é transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti, transmissor da dengue, e Aedes albopictus, também existente no Brasil. O risco é que um indivíduo contaminado com o vírus da chikungunya seja picado por um Aedes, que poderia retransmitir a doença a outra pessoa. "Embora os sintomas sejam parecidos com os da dengue, as complicações decorrentes da chikungunya são mais graves", afirma Kfouri.

Em fevereiro, o Ministério da Saúde emitiu um informe para as secretarias Estaduais e municipais alertando sobre a doença. O comunicado solicita que casos suspeitos sejam notificados e que amostras dos pacientes sejam encaminhadas para exame no Instituto Evandro Chagas (IEC), laboratório de referência nacional em epidemiologia.

Ameaça aos estrangeiros — Doenças cutâneas, diarreia do viajante, dengue e malária. Essas devem ser as doenças mais incidentes entre os estrangeiros em viagem ao Brasil, pelo menos de acordo com um estudo da Universidade Harvard, publicado em fevereiro no periódicoClinical Infeccious Diseases.

Os cientistas analisaram dados de 1 600 americanos que vieram ao Brasil de 1997 a 2013, para estimar o impacto de eventos como a Copa do Mundo e a Olimpíada à saúde deles. Apenas no Mundial de 2014, 160 000 americanos devem desembarcar por aqui.

De cada cinco enfermidades registradas nos viajantes, duas eram de pele, sendo a mais incidente a larva migrans cutânea, popularmente conhecida como bicho geográfico. A moléstia que causa vermelhidão e coceira tem como principal fonte fezes de cachorros e gatos depositadas nas praias. "Nós ficamos um pouco surpresos ao perceber quão comuns são essas infestações cutâneas", diz Mary Wilson, especialista em saúde global e líder do estudo. "Mas faz sentido, se você considerar que muitas cidades visitadas estão no litoral."

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) americano criou um guia de cuidados à saúde e à segurança aos cidadãos que vêm à Copa do Mundo. Entre as recomendações estão atualizar a caderneta de vacinação, trazer medicamentos para malária e diarreia do viajante e hospedar-se entre o segundo e o sexto andar de um hotel ("O primeiro andar é de fácil acesso a criminosos. Quartos do sétimo andar para cima podem ser difíceis de serem evacuados em caso de incêndio", informa a cartilha). O guia ensina, ainda, frases em português, como "Fui picado por pernilongo (muriçoca)").

Epidemia de dengue — A dengue também deve ficar no radar dos estrangeiros. A duas semanas da partida inicial da Copa do Mundo, São Paulo vive a maior epidemia de dengue de sua história: 6 894 casos foram registrados de 1.º de janeiro até o balanço divulgado na última quinta-feira. Em Campinas, onde ficarão sediadas as seleções de Portugal e Nigéria, um levantamento divulgado na sexta-feira aponta 29 527 casos confirmados em 2014. No Distrito Federal, uma inspeção da Vigilância Sanitária na sexta-feira encontrou larvas do Aedes aegyptidentro das instalações do estádio Mané Garrincha. Focos foram descobertos ao redor do gramado e próximo às traves.

Ainda assim, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, minimiza a ameaça que a dengue possa representar durante o Mundial. Na terça-feira, ele afirmou que, das cidades-sede, apenas Salvador e São Paulo têm alta incidência da doença. "Nas próximas duas semanas, chegaremos a um nível de incidência extremamente baixo, quase zero", garantiu Chioro. Segundo ele, nesses municípios foi intensificada a fumigação e as medidas de saúde necessárias para combater o mosquito Aedes aegypti.

Alto risco no Nordeste — O prognóstico do governo contradiz um estudo publicado há duas semanas no periódico The Lancet, que avaliou o risco de surto de dengue durante a Copa do Mundo nas doze cidades-sede. Segundo a pesquisa, o risco é alto em Fortaleza, Natal e Recife.

Cientistas europeus e brasileiros, autores do artigo, examinaram dados de diversas fontes para identificar as áreas de risco. Eles estudaram os padrões climáticos de quatro agências meteorológicas, em particular os registros sobre chuvas, que têm grande influência na procriação do mosquito. Em seguida, compararam os dados com os surtos de dengue dos últimos treze anos, no mês de julho, em 553 "microrregiões" do Brasil, inclusive nas doze sedes do Mundial.

O risco de surto foi avaliado como baixo em Brasília, Cuiabá, Curitiba, Porto Alegre e São Paulo, e intermediário em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador e Manaus. Os alertas de alto risco foram feitos em Recife, Fortaleza e Natal. "Os esforços para reduzir o impacto e a severidade da dengue teriam de se concentrar nessas cidades", sugere o estudo. Neste século, o Brasil registrou mais casos de dengue do que qualquer outro país do mundo — mais de 7 milhões entre 2000 e 2013 —, alerta a pesquisa.

HPV: duas das cinco regiões do país não cumprem meta de vacinação

munização

A primeira etapa da campanha superou a meta de vacinar 80% das meninas de 11 a 13 anos em todo o país, mas Estados como Amazonas e Acre não chegaram nem à metade desse número

Geraldo Alckmin, Dilma Rousseff e Arthur Chioro, na cerimonia de lançamento da campanha de vacinação nacional contra o HPV (papilomavírus humano), associado ao câncer de colo de útero, em meninas entre 11 e 13 anos de idade, realizada no Ceu Butantã, na zona oeste de São Paulo
Geraldo Alckmin, Dilma Rousseff e Arthur Chioro, no lançamento da campanha de vacinação nacional contra o HPV, em São Paulo (Jorge Araújo/Folhapress)
Quase três meses após o lançamento da campanha de vacinação contra HPV no Brasil, o governo federal superou a meta de imunizar 80% das meninas de 11 a 13 anos em três das cinco regiões do país. Na região Centro-Oeste, o número ficou em 73%, enquanto na Norte não chegou aos 65%.
De acordo com os dados do Ministério da Saúde, divulgados nesta segunda-feira, o Amazonas tem o pior índice, com 23% das garotas vacinadas, seguido pelo Acre, com 36,9%, e pelo Distrito Federal, com 40,7%. No entanto, Distrito Federal e Amazonas começaram a imunização em 2013 e os dados do Ministério contabilizam apenas as doses deste ano. No total, 4,1 milhões de adolescentes receberam a primeira dose em 2014, deixando a média nacional em 83,5%.
Para o ministro da Saúde, Arthur Chioro, a vacinação realizada em algumas escolas contribuiu para o "bom desempenho da campanha". A primeira etapa da vacinação começou em 10 de março e teve como foco a mobilização em escolas públicas e privadas em todo o país. Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Maranhão, Roraima, Pará e Amapá também não chegaram aos 80%. Ceará, São Paulo e Santa Catarina vacinaram mais de 90% das adolescentes. 
As meninas que ainda não receberam a primeira dose ainda podem tomá-la em um dos 36.000 postos em todo o país. Seis meses após a primeira dose, deve ser aplicada a segunda, que completa a imunização. Cinco anos depois da primeira dose, as adolescentes devem tomar a terceira, de reforço. A segunda etapa da vacinação começa em setembro. Em 2015, a previsão da pasta é vacinar adolescentes de 9 a 11 anos e, em 2016, começam a ser imunizadas meninas que completam 9 anos de idade.
A vacina contra o HPV previne a transmissão do vírus causador do câncer do colo do útero, contraído por relações sexuais, contato direto com peles ou mucosas infectadas e no momento do parto. De acordo com a pasta, a vacina protege contra quatro subtipos do HPV, com eficácia de 98%, sendo que dois deles são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo de útero em todo o mundo. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) prevê o surgimento de 15 000 novos casos desse tipo de câncer e aproximadamente 4 800 óbitos apenas neste ano.

Dilma ergue a taça e comemora a Copa que não entregou

Maquiavel


Presidente Dilma Rousseff levanta a Taça da Copa do Mundo, durante apresentação oficial pelo presidente da Fifa, Joseph Blatter, no Palácio do Planalto em Brasília
Presidente Dilma Rousseff levanta a taça da Copa do Mundo durante apresentação oficial pelo presidente da Fifa, Joseph Blatter, no Palácio do Planalto (Dida Sampaio/AE)
A dez dias do início da Copa do Mundo no Brasil, com uma lista de obras em estádios inacabadas e outras de mobilidade urbana que não serão cumpridas, a presidente Dilma Rousseff resolveu posar para fotos erguendo a taça oficial do mundial de futebol. “Os estádios estão prontos. Muitos deles foram palcos dos campeonatos estaduais e do Brasileiro. Os aeroportos, por onde a maioria dos nossos visitantes passará, estão preparados para essa demanda adicional que nós vamos receber neste mês", discursou em evento ao lado do presidente da Fifa, Joseph Blatter, do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e do ex-jogador Cafu. No auge da cerimônia, Dilma pediu ajuda ao capitão do penta para, em um ato deselegante com as delegações que desembarcam no país, erguer a taça. Chefes de Estado têm permissão para tocar no troféu, mas ele é feito para ser erguido por jogadores de futebol e não por políticos. Para quem viu o país patinar na organização do torneio e receber sucessivas críticas da Fifa, é difícil compreender o que a presidente fez questão de comemorar. (Marcela Mattos, de Brasília)

Uma linda mulher (+playlist)





"O que comemos vai decidir o futuro da humanidade"

Entrevista: Barry Sears

No Brasil para divulgar seus princípios de nutrição anti-inflamatória, o bioquímico americano Barry Sears diz ao site de VEJA que ingredientes como farinha refinada e óleo de soja se tornaram a causa de uma epidemia mundial de inflamação que só pode ser combatida se a comida for vista como um remédio

Rita Loiola
Dr. Barry Sears
O bioquímico americano Barry Sears mostra como, com refeições balanceadas nosso corpo atinge a "zone", um estado corporal de excelência (Divulgação)
Ao escrever, em 1825, que "aqueles que se empanturram ou se embriagam não sabem nem comer nem beber", o gastrônomo francês Jean Anthelme Brillat-Savarin mencionava o papel cultural da boa mesa. Mas poderia estar falando sobre a zone diet, ou dieta do ponto Z, criada 170 anos depois, em 1995, pelo bioquímico americano Barry Sears. Com a premissa de que os alimentos são como medicamentos que, corretamente administrados, equilibram os hormônios e controlam o processo inflamatório responsável pelas doenças que mais matam no mundo, a dieta de Sears é, como os aforismos de Brillat-Savarin em seu livro Fisiologia do Gosto, um compromisso de moderação frente aos pratos. 

Como funciona a zone diet

PORÇÕES
A base da dieta são quantidades balanceadas de 40% de carboidratos, 30% de proteínas de 30% de gorduras saudáveis. Elas devem ser consumidas em três refeições e dois lanches diários, feitos em intervalos de, no máximo, cinco horas. Diariamente, mulheres devem ingerir cerca de 1 200 calorias e homens, 1 500.
ALIMENTOS RECOMENDADOS
Proteínas com pouca gordura, como peito de frango e de peru, peixes, tofu, queijo com baixo teor de gordura (como o cottage), cortes de carne magros (lombo de porco, contra filé sem gordura, patinho), clara de ovo, leite e iogurte desnatado. Os carboidratos devem vir de frutas como ameixas, uvas, morangos, cerejas e de vegetais escuros como brócolis, aspargos, espinafre, e couve. A gordura é originária de azeite de oliva, oleaginosas (como castanhas e amêndoas) ou abacate. Além disso, é recomendada a ingestão de 2,5 gramas de ômega 3 ao dia. 
ALIMENTOS PARA CONSUMIR EVENTUALMENTE
Leguminosas (feijões, lentilha, grão de bico), batata, arroz, massas e pães (brancos ou integrais), açúcar, adoçantes, café, água de coco e frutas como banana, laranja, abacaxi, manga, melão e melancia. Deve-se ingerir, no máximo, uma porção de um alimento desses ao dia.
ALIMENTOS PROIBIDOS
Óleos de milho, soja e girassol, gema de ovo e miúdos de animais, ricos em ômega 6. Cortes de carnes gordurosos como linguiças e torresmos e alimentos industrializados, por conter altas doses de gordura saturada.
O americano de 67 anos veio ao Brasil pela primeira vez para explicar que a relação do homem com a comida pode combater a ameaça mundial de doenças como obesidade, Alzheimer e diabetes, uma espécie de fisiologia aperfeiçoada com cálculos e pesquisas científicas. Ex-cientista da Universidade de Boston e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), ele deu cursos e palestras em Brasília e em São Paulo sobre como o organismo atinge seu estado de excelência, a chamada "zone", que batiza seu programa alimentar. "A 'zone' não é algum lugar místico ou algum termo de marketing espertinho. Trata-se de um estado fisiológico real do corpo em que os hormônios que controlam inflamações são mantidos em uma zona ideal, com taxas nem muito altas, nem muito baixas", afirma Sears. 
Pouco carboidrato, muito ômega 3 – Na Universidade de São Paulo, o bioquímico foi convidado para falar sobre sua nutrição anti-inflamatória em um auditório repleto de PhDs em imunologia. Ao público, ensinou a equação simples que transforma alimentos na droga mais poderosa que nosso corpo utiliza: 40% de carboidratos, 30% de proteínas e 30% de gorduras saudáveis. Sua fórmula milagrosa inclui comer a cada cinco horas e ingerir doses de óleo de peixe com ômega 3.
Sears respondeu às questões com sua experiência de quarenta anos em pesquisa bioquímica em lipídios e eicosanóides (moléculas derivadas de ácidos graxos da família do ômega 3 e ômega 6) e treze patentes de medicamentos. E argumentou que, com seu regime, é possível não só levar uma vida mais saudável como driblar nosso DNA, alterando a expressão de genes. 
Dos seus treze livros que já venderam mais de 2 milhões de exemplares em 22 idiomas, quatro saíram no Brasil (Como atingir o ponto Z, O ponto Z e as doenças silenciosas, O ponto Z: as dietas, Pare de envelhecer com o ponto Z). No exterior, seus preceitos foram colocados em prática por nomes como Sandra Bullock, Jennifer Aniston e o papa João Paulo II, acompanhado por Sears para amenizar os efeitos do Parkinson em seus últimos anos de vida.

No entanto, a zone diet é tão boa em colecionar celebridades como em acumular críticas. Trata-se de uma das dez dietas a ser evitadas, de acordo com a Associação Britânica de Dieticistas, e seus resultados ainda não foram provados em estudos a longo prazo. Hoje, Sears dedica-se a uma fundação que criou em 2003 para financiar pesquisas sobre nutrição anti-inflamatória e à venda de produtos derivados de sua dieta. Com o selo "Dr. Sears", vende de frascos de ômega 3 e polifenóis a massas e biscoitos que seguem as proporções da dieta. Com a tranquilidade de quem acredita que a fórmula que criou nada mais é do que a evolução da dieta mediterrânea, Sears, em entrevista ao site de VEJA, rebate seus detratores citando pesquisas feitas em instituições como a Universidade Harvard, nos Estados Unidos.
De que forma, segundo sua teoria, a obesidade não é uma doença epidêmica, mas uma inflamação? A obesidade é uma inflamação como diabetes, mal de Alzheimer, doenças cardíacas, câncer e todas as doenças que terminam com "ite". A inflamação é nossa proteção contra agressões, disparada por uma invasão microbiana, ferimentos ou nossa dieta. O que acontece se ela não for tratada é que se torna uma inflamação celular crônica, que, ao contrário de uma simples inflamação, está abaixo da linha da dor. Não sentimos que ela está ali. E, durante muito tempo, também não conseguíamos medi-la.
Como temos a certeza de que todas essas doenças são inflamações? Comecei a estudar essas enfermidades porque meu pai morreu de doença cardíaca — assim como meus tios e meu avô. Queria saber se seria possível mudar a expressão de meus genes que são programados, como os deles, para uma morte prematura. Nos anos 1970, quando comecei minhas pesquisas em bioquímica, havia dois caminhos de estudo em doenças cardíacas: um acreditava que elas eram causadas por colesterol e outro, por um processo inflamatório. No entanto, era mais fácil medir as taxas de colesterol do que as de inflamação celular, que são indicadas pela proteína c-reativa, muito imprecisa. Por essa facilidade de se medir o colesterol é que hoje acreditamos que as doenças cardíacas são causadas por ele. Mas elas são provocadas por inflamações. Hoje, temos marcadores mais precisos para medir a inflamação celular, dois ácidos (araquidônico e eicosapentaenoico), encontrados no sangue. E eles estão elevados em todas as pessoas com as doenças crônicas mais difíceis de serem combatidas pela medicina, como a obesidade. Vivemos hoje uma expansão global de inflamação celular.
Por quê? Porque consumimos quantidades impressionantes de duas substâncias que causam esse problema. Uma é o ômega 6, presente no tipo de gordura mais barata e saborosa usada na indústria alimentícia. Óleo de soja, óleo de milho, gorduras saturadas são ricos em ômega 6. A outra são os carboidratos simples, como pães, massas, batatas e todos os alimentos com farinha branca. Eles elevam os níveis glicêmicos, aumentam a insulina e geram inflamação.
E apenas parando de comer essas duas coisas é possível se livrar das doenças? A solução é combater o processo inflamatório. Para isso, basta usar a comida como se fosse um remédio, tomado na quantidade e hora certas. Nossa dieta afeta hormônios que são centenas de vezes mais poderosos do que qualquer medicamento. De certa forma, alimentos são a droga mais poderosa que usamos, porque nos servimos dela pelo menos três vezes ao dia por toda a vida.
E o que devemos ingerir? Há duas substâncias que combatem a inflamação celular: o ômega 3, presente no óleo de peixe, e os polifenois, um antioxidante presente em frutas e vegetais. Pensando nisso, podemos transformar nossa dieta em um meio de balancear nossos hormônios, combater a inflamação e, além disso, mudar nossa expressão genética, fazendo com que os genes que tornam nosso corpo predisposto às doenças sejam inibidos. Eles ficam balanceados, em uma "zone". 
Então a zone diet não é apenas para emagrecer? Não, porque dieta normalmente significa um período horrível de fome. A zone diet resgata o sentido antigo da palavra dieta, que quer dizer estilo de vida. Trata-se de uma forma de viver, de elevar a comida a um novo nível, por toda a vida, para controlar a inflamação, viver mais e melhor. E sem fome.
Não é uma dieta restritiva? Com o balanceamento correto dos macronutrientes, 40% de carboidratos, 30% de proteínas e 30% de gorduras, em refeições de cinco em cinco horas, comemos menos porque temos mais saciedade. A regulação hormonal faz com que o hipotálamo, que dispara a vontade de comer, trabalhe de cinco em cinco horas. Esse é o tempo que o alimento leva para ser metabolizado e disparar, novamente, a sensação de fome. 
A sua dieta sugere 1 200 calorias diárias para mulheres e 1 500 calorias diárias para homens, menos do que as cerca de 2 000 calorias ao dia recomendadas pelos nutricionistas. De qualquer jeito, iremos emagrecer, mas teremos energia para as atividades do dia? Esse número total de calorias é o que menos interessa. O mais importante é o balanceamento das proporções nos pratos. Para isso, basta usar a palma da mão, os olhos e um relógio. Ao olhar o prato, é preciso dividi-lo em três. Um terço dele recebe uma porção de proteína do tamanho da palma da sua mão — é a proteína que nos dá energia para as atividades do dia e balanceia nossas refeições. Os outros dois terços ganham carboidratos saudáveis, ou seja, frutas e verduras ricas em polifenóis, e um fio de azeite de oliva que garante a gordura saudável. O relógio é para contar as cinco horas depois das quais é preciso voltar a comer. Um estudo feito em 1999 pela Universidade Harvard com adolescentes obesos provou que, usando essa dieta, o consumo calórico cai, naturalmente, em 25%. Sem exercícios, sem aconselhamento psicológico. Eles simplesmente não comeram porque não estavam com fome.
O senhor recomenda ingerir suplementos de ômega 3 extraído de óleo de peixe. Podemos utilizar também outros óleos, como o de coco? O mais indicado é o óleo de peixe, aquele de gosto horrível que nossos avós mandavam que a gente tomasse às colheradas. O ômega 3 purificado – que não encontramos com tanta qualidade em peixes por causa de sua contaminação – é um poderosos anti-inflamatório. O óleo de coco é péssimo, porque é pura gordura saturada, algo que, novamente, é rico em ômega 6 e conduz a inflamações.
A base dessa dieta é a mesma da mediterrânea, com consumo elevado de vegetais, azeite e polifenóis. Não é mais honesto dizer que a zone diet é uma adaptação da dieta mediterrânea? A zone diet é a evolução da dieta mediterrânea. Ela é superior porque é capaz de balancear os hormônios do corpo. Mas você tem razão, a base é semelhante. Esse será o tema do meu próximo livro, que será lançado em outubro. Vou mostrar como a zone diet é a mediterrânea desenvolvida. Aliás, alguns dos países em que a zone diet mais faz sucesso são Itália, Grécia e Espanha. Eles gostam de comer vegetais, ao contrário dos americanos.
Se a fórmula para evitar inflamações é tão simples, por que poucas conseguem seguir dietas ou estão livres de doenças crônicas? Nos Estados Unidos, 36% da população é obesa e no Brasil, só em São Paulo, 52,6% da população está com sobrepeso. É mais fácil falar para as pessoas comerem o que quiserem. Depois, daremos a elas medicamentos para combater os problemas de excesso de peso. A inflamação celular está se espalhando como um vírus por todo o mundo. Obesidade hoje é um problema de saúde pública nos Estados Unidos, que exporta sua comida para mercados como a América do Sul e Ásia — alimentos ricos em ômega 6, gordura cinco vezes mais barata que o azeite de oliva. Elas provocam inflamação, obesidade e diabetes, uma das prováveis causas de Alzheimer. Nos Estados Unidos, a obesidade começou a crescer em 1980, o diabetes, quinze anos depois. Em mais quinze anos, 2010, a doença com a maior taxa de mortalidade no país é Alzheimer, com 68%. O que está acontecendo é desenvolvimento das inflamações dos tecidos para o pâncreas, até o cérebro. E esse é um quadro muito honesto do que será futuro de toda a humanidade. A terceira guerra mundial será contra o Alzheimer. É uma possibilidade assustadora. E o único jeito de combater essa doença ainda sem cura é pela alimentação.
E ela terá que mudar radicalmente? Estamos hoje no meio de uma encruzilhada em que precisamos decidir qual será o futuro da humanidade. E o que temos a fazer é tomar uma decisão, em nome da espécie humana, de qual direção seguir. O que vemos hoje nos Estados Unidos, com seu colapso do sistema de saúde, é mais ou menos o cenário de como será todo o mundo. Dietas que induzem inflamações são preocupantes para nossa espécie. O que comemos vai decidir o futuro da humanidade. 
Diante desse quadro, não é possível dizer que as dietas fracassaram em todo o mundo?
Hoje, todo mundo é expert em dietas. Isso faz com que a maior parte das pessoas, realmente, não tenha a mínima ideia do que fazer. É simples, se comermos muitos carboidratos, teremos altos níveis de insulina e muita gordura. Se formos para o outro extremo e comemos poucos carboidratos — e muita proteína — teremos elevadas taxas de cortisol no organismo, que nos traz doenças. O ideal é manter-se em uma zona em que essas substâncias e outros hormônios estejam balanceados e sejam capazes de fazer com que as calorias que ingerimos tornem-se mais efetivas. É isso que a zone diet faz.
Uma das críticas à sua dieta é que ela é muito restritiva. É possível se alimentar com esses nutrientes comendo fora de casa, em uma cidade grande? É possível segui-la em qualquer lugar. Quer um exemplo? Se você está sem tempo, entre no McDonald's e peça um McChicken e uma salada. Você tira o hambúrguer do sanduíche, corta metade da fatia de pão e os adiciona à salada. E tempera com o azeite de oliva. Pronto, tem um prato balanceado. 
Então há espaço para pães, doces e molhos? Sim! Quando vou à Itália, que faz o melhor sorvete do mundo, não deixo de tomar um gelatto. Mas apenas um, porque sei que, se tomar mais, sofrerei as consequências. Na Alemanha, não posso deixar de comer aqueles pães maravilhosos. Mas não como muito, porque sei o que isso vai me causar. É o conhecimento de como funciona o nosso corpo que nos dá a liberdade. Balanceando nosso prato, estamos balanceando nosso futuro. 
A Associação Britânica de Dieticistas recomenda que se evite a zone diet, afirma que ela não é comprovada e vai contra a regulamentação das agências de nutrição nacionais. Qual seria sua resposta? Eles dizem isso, mas o Centro de Pesquisa para Diabetes Joslin, na Universidade Harvard, anunciou em 2005 as diretrizes para tratar obesidade e diabetes. Sem nenhuma surpresa, as normas são essencialmente as da zone diet. Então, se for para escolher acreditar na Associação Britânica ou na Universidade Harvard, eu prefiro acreditar em Harvard. Se eu estou errado, então Harvard está errada. 

Consumo de frutas e vegetais reduz risco de morte por diversas causas

Nutrição

De acordo com novo estudo, comer sete porções diárias de ambos os alimentos diminuiu em 42% as chances de óbito em qualquer idade

Vegetais
Pesquisadores concluíram que vegetais são mais benéficos à saúde do que frutas (Marko Beric/Getty Images)
Comer no mínimo sete porções de frutas e vegetais por dia reduz o risco de morrer por qualquer causa e em qualquer idade em 42%. Essa é a conclusão de um estudo publicado nesta segunda-feira no periódico Journal of Epidemiology & Community Health, o primeiro a relacionar a quantidade de consumo desses alimentos com diversas causas de óbito, tais como câncer e doenças no coração. 
A análise feita por pesquisadores da Universidade College London, na Inglaterra, que apuraram os hábitos alimentares de 65 226 pessoas entre 2001 e 2013 e descobriram que, quanto mais frutas e vegetais elas comiam, menos chance de morrer tinham. Ingerir pelo menos sete porções reduziu o risco de morte por câncer e doenças do coração em 25% e 31%, respectivamente. Os cientistas também concluíram que os vegetais são mais benéficos à saúde que do que as frutas (uma porção por dia diminuiu o risco em 16%, ante 4% da fruta).
Para aqueles que comeram de uma a três porções de frutas e vegetais por dia, o risco de óbito por qualquer causa caiu em 14%. A probabilidade diminuiu à medida que o consumo aumentou: 29% de três a cinco porções, 36% de cinco a sete porções e 42% de sete ou mais porções. Para chegar a esses dados, os estudiosos levaram em conta sexo, idade, tabagismo, classe social, índice de massa corpórea, nível de escolaridade, frequência de atividade física e ingestão de álcool. 
"As pessoas não precisam se sentir obrigadas a alcançar sete porções. É sempre benéfico consumir frutas e vegetais, em qualquer quantidade. No nosso estudo, até os que comeram de uma a três porções tiveram resultados significativos", diz Oyinlola Oyebode, líder do estudo.

Estudo aponta avanços no tratamento do câncer avançado de próstata

Câncer

Teste clínico mostra que quimioterapia combinada com tratamento hormonal prolonga a vida de pacientes em cerca de um ano

Exame de câncer de próstata
Exame de câncer de próstata (ThinkStock)
Uma nova estratégia de tratamento permitiu prolongar a vida de homens afetados por um câncer avançado de próstata, de acordo com os resultados de um teste clínico divulgado neste domingo durante uma conferência médica.
O estudo, feito com 790 homens que acabaram de ser diagnosticados com um câncer invasivo de próstata, demonstra que a quimioterapia combinada com tratamento hormonal prolonga a vida destes pacientes em cerca de um ano.
"A terapia hormonal é o tratamento clássico do câncer de próstata desde os anos 1950", disse Christopher Sweeney, oncologista do Instituto do Câncer Dana-Farber de Boston, que desenvolveu esta pesquisa apresentada na conferência anual da American Society of Clinical Oncology (ASCO), celebrada este fim de semana em Chicago, em Illinois.
"Trata-se do primeiro estudo que identifica uma estratégia que prolonga a vida de pessoas que acabam de receber um diagnóstico de câncer de próstata com metástase", comentou.
"Os resultados são importantes e esta terapia deveria ser o novo tratamento de referência para homens cujo câncer se propagou e podem suportar uma quimioterapia", acrescentou Sweeney.
O câncer de próstata é estimulado por hormônios masculinos ou andróginos no sangue. O tratamento hormonal visa a reduzir sua quantidade. Embora esta terapia seja eficaz, a longo prazo o câncer se torna resistente na maior parte dos casos.
A quimioterapia só costuma ser usada depois que a doença avança, apesar do tratamento hormonal.
Metade dos 790 pacientes participantes no estudo foram tratados unicamente com terapia tradicional e os 50% restantes foram submetidos ao tratamento de supressão hormonal combinado com Docetaxel (Taxoten), um agente que impede a divisão e a multiplicação das células cancerosas.
Após um acompanhamento de 29 meses, 136 das pessoas tratadas apenas com terapia hormonal faleceram contra 101 do grupo que também se submeteu à quimioterapia.
O tempo médio de sobrevida do grupo tratado apenas com terapia hormonal foi de 44 meses, e de 57,6 meses nos pacientes que receberam Taxoten.
O tempo médio de aparecimento de sinais clínicos de um novo avanço do câncer foi de 19,8 meses no primeiro grupo e de 32,7 no segundo.


(com France Presse)

Conta-petróleo: mais de 6 bilhões de dólares de déficit no ano

Veja.Com

Plataforma: cadê a autossuficiência?
Plataforma: cadê a autossuficiência?
O total do déficit da conta-petróleo do Brasil no primeiro quadrimestre superou os 6 bilhões de dólares – para ser exato 6,031 bilhões de dólares que o Brasil importou a mais do que exportou em petróleo, derivados e gás natural.
Ao contrário do que o senso comum imagina, não é o petróleo o grande vilão desse vermelho. O petróleo contribui com apenas 13,6% do déficit. Derivados e gás natural é que são os maiores responsáveis, com 53% e 33,4% do total, respectivamente.
Por Lauro Jardim
http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/economia/conta-petroleo-mais-de-6-bilhoes-de-dolares-de-deficit-no-ano/