domingo 19 2014

Adoniran Barbosa e Elis Regina 1978 (completo)



Elis Regina - Atras da Porta - ao vivo



42 sobreviventes da boate Kiss ainda lutam para respirar

Rio Grande do Sul

Jovens fazem acompanhamento médico para recuperar a capacidade pulmonar; tratamento para os sobreviventes deve durar até o fim de 2017

Luiza Alves
Luiza Alves da Silva, uma das 231 vítimas do incêndio - Reprodução

Kellen Ferreira, de 20 anos, estudante de Terapia Ocupacional na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), está entre os 42 sobreviventes da boate Kiss socorridos em estado grave na madrugada da tragédia. Quase um ano depois daquele 27 de janeiro, todos ainda lutam para expelir a fuligem acumulada nos pulmões, contaminados pela fumaça tóxica que matou, por asfixia, a maior parte das 242 vítimas do incêndio. A voz deles perdeu potência, a tosse nunca para e o cansaço chega depois de poucos passos.
Alguns sobreviventes passam o dia com gosto de "borracha queimada" na boca. Outros relatam sentir, quando respiram, o mesmo cheiro da fumaça que tomou conta da boate em menos de três minutos - eles tomam medicamento para expelir um catarro negro. "É como se eles tivessem fumado por mais de cem anos", diz Ana Cervi Prado, médica coordenadora do Centro Integrado de Assistência às Vítimas de Acidente (Ciava), um ambulatório montado exclusivamente para recuperar os feridos.
Kellen tenta retomar os movimentos das mãos, além de passar por inalações diárias. Ela se tornou um dos símbolos dos sobreviventes. Durante 78 dias - 20 deles em coma, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) -, a estudante ficou internada em Porto Alegre, com queimaduras de 3.º grau em 20% do corpo. A jovem de 20 anos teve parte da perna direita amputada e enxertos aplicados nos braços.
Quase um ano após aquela madrugada de horror, a jovem moradora de Alegrete voltou às aulas, está novamente morando sozinha e parece pouco se importar com as cicatrizes. "Estou melhorando, até em boate eu já fui de novo, acredita? Só que agora eu fico bem perto da porta de saída", conta.
De muletas e tosse constante, Kellen tenta seguir com bom humor uma rotina de exames, fisioterapia e atendimento psicológico no Ciava, onde 28 profissionais prestam atendimento. Das 145 pessoas hospitalizadas após o incêndio, 71 passaram pelo centro, das quais 29 tiveram alta. A fumaça liberada pela espuma sintética, que deixou as sequelas nos sobreviventes, é de uso proibido pela legislação do Rio Grande do Sul e tinha gás cianídrico, altamente tóxico. Foi um gás mortal, segundo a polícia.
Amizades e nova vida - É na sala de espera do ambulatório, no Hospital Universitário da UFSM, que muitos sobreviventes se tornaram amigos e confidentes. É ali que os jovens com idade média de 23 anos encontram sintonia e compreensão para desabafos de uma vida que não para de oscilar entre momentos de alegria, pela nova chance de viver, e a angústia gerada por uma rotina pouco comum entre universitários.
No Ciava, Kellen, por exemplo, conheceu Bárbara Feledeto, de 24 anos, que no dia da tragédia completava 1 mês de fim de namoro. Depois, nos 40 dias que ficou internada entre a vida e a morte em Porto Alegre, o ex-namorado se tornou a pessoa mais presente. Em julho, reataram. Agora, casada, está grávida de 4 meses e ainda trata de uma lesão pulmonar grave.
"Os primeiros seis meses de recuperação foram muito difíceis. Mas é incrível como a gravidez colocou novo rumo na minha vida e trouxe uma esperança de tudo novo", diz Bárbara.
(Com Estadão Conteúdo)

Partido nanico à venda: o fantasma do PTN volta a rondar Eduardo Paes

Rio de Janeiro

Atual secretário do prefeito do Rio afirma, por escrito à Polícia Federal, que estava na reunião em que o PMDB repassou recursos para o partido aliado na eleição de 2012. Em troca de emails, integrantes do PTN informam número de conta para depósito

Thiago Prado, do Rio de Janeiro
Evento do PTN tem a presença de Eduardo Paes
Evento do PTN tem a presença de Eduardo Paes (Radar)
O depoimento para a Polícia Federal de um secretário do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, vai reacender a suspeita de caixa dois do PMDB na campanha eleitoral de 2012. Naquele ano, faltando uma semana para a votação, VEJA revelou um vídeo em que o então presidente do PTN no Rio, Jorge Esch, dizia a correligionários que acertara o apoio do partido para a candidatura Paes por 1 milhão de reais - 200 000 reais para a campanha de vereadores e 800 000 reais para ele próprio, num estranho acerto de contas referente ao período em que trabalhou na RioLuz, estrutura municipal responsável pela iluminação pública. Na ocasião, Paes negou o acordo e disse que o PTN só foi ajudado com material de campanha. Paes foi reeleito sem dificuldade. Mas o mecanismo de apoios de partidos nanicos ao PMDB permaneceu mal explicado.

A história não foi exatamente a contada pelo PMDB, segundo o relato por escrito de Antonio Manoel de Souza, mais conhecido como Tonico, responsável pela Coordenadoria da Criança e do Adolescente, divisão com status de secretaria. Tonico conta, sem precisar a data, que foi ao Comitê Central do PMDB, na Barra da Tijuca, em 2012, para receber recursos de doação para a campanha. “Eu estava lá para receber do meu partido (PSL), lá estava também o (vereador) Jimmy Pereira do PRTB e, neste dia, presenciei que o (vereador) Dr. Gilberto de Oliveira Lima estava lá e entrou na sala para receber os recursos do PTN”, afirmou.
Tonico detalha no texto enviado à PF que avisou a Jorge Esch por telefone de que Gilberto estava no PMDB pegando os “recursos”. O site de VEJA apurou como foram as reuniões descritas por Tonico. Os encontros eram comandados pelo chefe da Casa Civil de Paes, Pedro Paulo de Carvalho, e o seu atual chefe de gabinete, Fernando Duba. O repasse deflagrou uma guerra dentro do PTN – Esch agora está acusando Dr. Gilberto de embolsar o dinheiro e não repassar para o partido. Além do depoimento de Tonico, Esch entregou à PF e-mails enviados para Gilberto entre julho e agosto, cobrando o envio dos recursos repassados pelo PMDB. “Segue o número da conta de campanha do PTN: Banco Itaú – Agência 6002 – Conta Corrente 16767-1”, dizem as mensagens.
Procurado pelo site de VEJA, Tonico não quis comentar o caso. Assessores do prefeito também não responderam, desde quinta-feira, as perguntas enviadas pela reportagem. Jimmy Pereira e Dr. Gilberto negaram o encontro relatado por Esch e Tonico, e afirmam que apenas material de campanha – devidamente declarado ao Tribunal Regional Eleitoral – foi repassado para os partidos aliados. Dr. Gilberto ainda afirma que há ressentimento por parte de Esch, que depois de uma decisão do TRE-RJ, foi afastado da presidência do PTN. Atualmente, Dr. Gilberto é o presidente do partido no Rio. “A maior ajuda que o prefeito me deu foi ir ao meu reduto eleitoral em Campo Grande. Não houve repasse de dinheiro”, afirma. Dr Gilberto, que, no entanto, não quis fornecer os e-mails em que respondia as mensagens de Esch pedindo o depósito dos recursos.   
No vídeo divulgado em 2012 pela VEJA, Esch contou a correligionários a razão de o PTN desistir da candidatura própria, com Paulo Memória, para apoiar o prefeito candidato à reeleição: “Não tem condição de lançar candidatura própria (…). O cara dá 200 000 reais para dentro, dá uma prata para ele tirar a candidatura dele, dá todo o material de campanha, toda a estrutura para os candidatos. Chega lá dentro e, se bobear, tem uma gasolininha extra para botar no carro. Pô, não dá para recusar”, disse. Na ocasião, a prefeitura informou que dava suporte aos candidatos do PTN apenas com material de campanha e que gastou em placas e panfletos 154 514 reais.
O segundo acerto revelado no vídeo diz respeito a uma dívida que Esch e três amigos cobram da prefeitura do Rio de Janeiro dos tempos em que trabalharam na RioLuz. Os quatro queriam um reajuste retroativo do jetom pago pela autarquia, no período em que trabalharam no governo Cesar Maia. Diante dos correligionários, Esch disse que o presidente do PMDB do Rio, Jorge Picciani, se comprometeu a ajudá-lo. Na ocasião, Picciani negou as acusações e a prefeitura afirmou que os pagamentos não poderiam ser feitos porque o processo administrativo já estava encerrado.

Pesquisadores encontram plantas no Pantanal que combatem vírus da dengue

Biologia

Próxima fase da pesquisa vai testar a eficácia de extratos em animais

'Aedes aegypti'
Aedes aegypti (Thinkstock)
Uma pesquisa desenvolvida no Pantanal Mato-Grossense encontrou três espécies de plantas que inibem a replicação do vírus da dengue. A descoberta foi feita por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz que usaram extratos vegetais de 4.400 plantas coletadas em células infectadas com os vírus dos tipos 2 e 3. A próxima fase da pesquisa inclui testes em animais para avaliar a toxicidade das plantas.

Saiba mais

DENGUE
É a doença endêmica mais disseminada no Brasil, presente em todos os estados. Causa febre aguda e pode matar. Em alguns casos, os sintomas podem não aparecer. Quando se manifestam, o paciente sente dores de cabeça, febre e dores no corpo. A doença é transmitida pela fêmea do mosquito Aedes aegypti, que se desenvolve preferencialmente em ambientes onde há focos de acúmulo de água parada. O mosquito transmite o vírus do gênero Flavivírus, pertencente à família Flaviviriade. Possui quatro tipos conhecidos: 1, 2, 3 e 4.
A pesquisa faz parte de um programa da Fiocruz no interior do País, atualmente em nove Estados, além do Rio de Janeiro - Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Amazonas, Rondônia, Ceará, Mato Grosso do Sul e Piauí. No Mato Grosso do Sul, os trabalhos abrangem desde saúde indígena à busca por novas moléculas a partir da flora local, além da formação de mão de obra.

O trabalho de catalogar a flora do Pantanal Mato-Grossense foi feito em parceria com a Universidade Anhanguera-Uniderp, onde o curso de Agronomia já tinha catalogado 4.000 plantas.

Ao testarem as possibilidades terapêuticas das plantas, os pesquisadores chegaram a três famílias capazes de inibir a replicação do vírus da dengue. "Uma delas teve atividade fenomenal. Vamos tentar sintetizar a molécula e testar em modelo vivo", disse a pesquisadora Jislaine Guilhermino.


As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste foram escolhidas como prioritárias por causa de "vazios de desenvolvimento de ciência e tecnologia", afirma o presidente da instituição, Paulo Gadelha.

(Com Estadão Conteúdo)

A troca de cadeiras nos governos estaduais

Pará


Pregando coerência, o governador Simão Jatene (PSDB), contrário à reeleição, já demonstrou intenção de renunciar em abril. Correligionários afirmam que ele deve disputar o Senado ou até se candidatar novamente ao governo – estratégia que, para o tucano, não o colocaria em contradição com o discurso contra o segundo mandato consecutivo. Com a saída de Jatene, assume o vice Helenilson Pontes, presidente estadual do PSD. A chegada de Pontes abre caminho para Dilma intensificar a campanha no Estado. “Se eu ocupar o posto de Jatene, a Dilma vai passar a ter um governador aliado no Pará. Vou fazer questão de que ela venha nos visitar mais vezes. Nós vamos recebê-la com todo o carinho”, afirma o vice-governador. Em seu primeiro cargo político, Pontes é advogado tributarista e Conselheiro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda.

Roraima

Amigo de Eduardo Campos (PSB), o substituto do governador Anchieta Júnior (PSDB) vai trabalhar para garantir os poucos votos do Estado para o pernambucano: “Teremos palanque para Campos sair vitorioso na disputa pelo Palácio do Planalto. É claro que a minha chegada ao governo muda a recepção política dele aqui”, afirma Chico Rodrigues (PSB). O herdeiro do governo pernambucano foi deputado federal por cinco mandatos e vereador de Boa Vista. Nas últimas eleições, 51% dos votos de Roraima apoiaram o tucano José Serra. O Estado, porém, não está entre as prioridades dos candidatos: tem 306.525 votantes – o menor eleitorado do país. 

Minas Gerais

Em Minas Gerais, um aliado de Dilma  vai comandar provisoriamente o governo tradicionalmente comandado por tucanos . Com a saída do governador Antônio Anastasia, que vai, ao mesmo tempo, coordenar a campanha do presidenciável Aécio Neves e trabalhar por uma vaga no Senado, assumirá em abril o vice Alberto Pinto Coelho, do PP. Ainda assim, a expectativa é que os progressistas fechem apoio aos tucanos no Estado. “Com o PP no governo, nós estamos em casa”, resume o presidente estadual, deputado Marcus Pestana. Nas eleições de 2010, os progressistas apoiaram o candidato do PSDB, José Serra. Alberto Coelho foi deputado estadual por quatro mandatos consecutivos.

Pernambuco

O desembarque de Eduardo Campos (PSB) do governo de Pernambuco foi calculado: um dos mais bem avaliados governadores do país, ele quer deixar nas mãos de um homem de confiança um dos poucos legados a serem usados como referência durante a provável campanha à Presidência. Em abril, assume o Palácio das Princesas o vice João Lyra Neto. Lyra deixou o PDT em outubro do ano passado para filiar-se ao partido de Campos – movimento para sacramentar a aproximação aos socialistas e pavimentar uma possível candidatura para as eleições de outubro. Com um amplo currículo político no Estado – já foi prefeito de Caruaru, deputado estadual e Secretário de Saúde –, Lyra Neto é avaliado dentro do PSB como uma forte liderança. Mesmo com a moral do sucessor em alta, o presidente do PSB pernambucano ainda não dá como certa a candidatura de Lyra à reeleição: “Ele tem uma identidade muito forte com o partido e uma longa história no Estado. Mas temos de analisar as possibilidades”, afirma Sileno Guedes. Outro cotado ao governo de Pernambuco é o ex-ministro da Integração Fernando Bezerra, que deixou o posto logo após o PSB abandonar a base do governo.  

Maranhão

Em meio à crise instalada no Maranhão, a governadora Roseana Sarney (PMDB) ainda estuda se concorrerá ao Senado. Como o vice-governador, Washington Oliveira, foi nomeado conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, o desembarque acarretaria uma eleição indireta, determinada pelo voto dos deputados estaduais. O secretário de Infraestrutura, Luís Fernando Silva (PMDB), foi escalado para tentar nas urnas dar continuidade ao comando de décadas da família Sarney. Ele já esteve à frente das secretarias de Desenvolvimento Social, de Educação, Desenvolvimento Econômico e da Casa Civil, além de ter sido prefeito de São José de Ribamar por dois mandatos. Como não houve quebra de aliança e Roseana já deixou engatilhado seu sucessor, o presidente do PMDB no Maranhão, Remi Ribeiro Oliveira. “O PT está conosco e vai ser nosso aliado independentemente do candidato”, disse ele. Apesar de a candidatura de Luís Fernando Silva ser orquestrada pelos Sarney, o tom da campanha será no sentido de afastá-lo da família: “Há um conceito de que o Sarney manda no Maranhão. Acho que o Luís Fernando é o único capaz de romper com os hábitos que estão aí. O Estado precisa avançar, a sociedade é outra”, afirma o presidente estadual do PMDB. 

Piauí

O governador do Piauí, Wilson Martins (PSB), está de malas prontas para entrar na disputa por uma vaga no Senado. A saída dele antecipa a confusão da aliança que será apresentada aos eleitores em outubro, quando os socialistas estarão unidos ao PMDB e ao PSDB na órbita estadual e o governo passará a ser comandado por um apoiador da presidente Dilma Rousseff. Provisoriamente, Martins vai ser substituído pelo vice Antônio José Filho, o Zé Filho (PMDB). Ex-deputado estadual e ex-prefeito, Zé Filho promete não estender sua permanência no posto e abrir espaço para a candidatura do deputado Marcelo Castro (PMDB). Aliado ao PSB até o ano passado, o PT agora é visto no Piauí como oposição. “Eles que romperam conosco para apoiar o senador Wellington Dias (PT-PI). Nós continuamos onde sempre estivemos e vamos continuar unidos”, afirma Marcelo Castro. Adversário na esfera estadual, o peemedebista promete apoio à recondução de Dilma à presidência, ao mesmo tempo em que apoia o PSDB como vice no Estado e o PSB no Senado. 

Rio de Janeiro

Em seu segundo mandato, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), pretende abandonar o Palácio Guanabara para concorrer à vaga carioca no Senado. A candidatura, porém, depende de acordo político: Cabral quer garantir apoio do PT à reeleição de seu sucessor Luiz Fernando Pezão, mas os petistas trabalham para lançar o senador Lindbergh Farias ao governo do Estado. A falta de consenso entre os partidos pode prejudicar a campanha de Dilma: “O PMDB do Rio não apoiará a chapa presidencial se efetivamente não houver a contrapartida do PT carioca”, avisa o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Diante da resistência petista, Cabral chegou a rifar sua candidatura ao Senado em troca do apoio a Pezão. Uma alternativa seria disputar uma vaga na Câmara.

Mato Grosso

Mato Grosso será mais um Estado onde a dança das cadeiras não vai atingir a aliança de Dilma Rousseff. Às vésperas de herdar o posto de Silval Barbosa (PMDB), o vice-governador Francisco Daltro (PSD) promete manter o apoio à candidata petista: “O Gilberto Kassab fez uma consulta em todos os Estados e Mato Grosso foi o primeiro a se posicionar propondo o apoio nacional do partido pela reeleição da presidente”, afirma. Advogado e bancário, Daltro já comandou a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado, deputado federal como suplente de Pedro Henry e deputado estadual por quatro mandatos. Ele tentará a reeleição em outubro. 

Estados trocam governadores e embaralham palanques

Eleições 2014

Oito governadores do país deixarão a cadeira em abril para disputarem outros cargos nas eleições deste ano; trocas têm impacto na montagem dos palanques dos candidatos à Presidência nos Estados

Marcela Mattos, de Brasília
Dilma Rousseff, Eduardo Campos, e Aécio Neves
Dilma Rousseff, Eduardo Campos, e Aécio Neves ( Reuters e Folhapress e AFP)
Como ocorre a cada quatro anos, boa parte dos governadores do país não cumprirá seus mandatos até o fim em 2014. Para dar sequência aos seus projetos pessoais, oito deles devem renunciar ao cargo em abril para voltar às urnas em outubro, conforme determina a legislação eleitoral, numa troca de cadeiras que tem influência direta na montagem dos palanques estaduais. Dos oito que se articulam para deixar o posto, sete tentarão uma cadeira no Senado, um caminho tradicional na política brasileira para governadores que não podem tentar a reeleição. Já o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, tentará um voo mais alto e disputará a Presidência da República pelo PSB.
A troca de comando nos Estados modificará o arco de alianças dos potenciais candidatos ao Palácio do Planalto. E, pelo menos por enquanto, o cenário tende a beneficiar a presidente Dilma Rousseff, que distribuiu cargos no governo para quase todos os partidos do país em troca de apoio político – não à toa, o Brasil fechou o ano com inacreditáveis 39 ministérios.
O senador tucano Aécio Neves deverá perder dois palanques: Pará e Roraima, ambos administrados atualmente pelo PSDB, passarão a ser chefiados, respectivamente, pelo PSD, neoaliado da presidente Dilma Rousseff (PT), e pelo PSB. Desses, o Pará é o que mais preocupa os tucanos pela densidade eleitoral no Norte do país – 5,1 milhões de votos. Nas eleições de 2010, o tucano José Serra obteve 37% dos votos. Sucessor do governador Simão Jatene (PSDB), o vice Helenilson Pontes (PSD), não esconde a preferência pela reeleição de Dilma: “Se eu ocupar o posto de Jatene, a Dilma vai passar a ter um governador aliado no Pará. Vou fazer questão de que ela venha nos visitar mais vezes, vamos recebê-la com todo o carinho”, afirmou. "Ter a base no Estado significa consolidar a vitória de Dilma no Norte, então espero que ela nos venha nos visitar.” 
Em Roraima (271.596 eleitores), o substituto do governador Anchieta Júnior (PSDB) vai trabalhar para a candidatura de Eduardo Campos: “Teremos palanque para Campos sair vitorioso na disputa pelo Palácio do Planalto. É claro que a minha chegada ao governo muda a recepção política dele aqui”, afirma o herdeiro do cargo, Francisco Rodrigues, conhecido como Chico Rodrigues.
O novo tabuleiro eleitoral tende a dificultar a campanha de Campos. Com a substituição do governador Wilson Martins (PSB) por Antônio José Filho (PMDB), ele perderá o palanque no Piauí, Estado onde Dilma teve ótima votação em 2010 – 67% dos 2,2 milhões de votos. Campos também terá de resolver uma série de entraves decorrentes da chapa com a ex-senadora Marina Silva e seu quase partido, a Rede Sustentabilidade, cujos militantes não aceitaram alguns arranjos estaduais – como o apoio do PSB à reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo (31,5 milhões de votos). 
Se por um lado sairá fortalecida na nova composição dos palanques estaduais, Dilma também precisa se articular para desatar os nós em Estados de grande potencial eleitoral, como Rio de Janeiro e Maranhão. O cenário mais complicado – e explosivo –  é o Rio de Janeiro (12 milhões de votos), onde o PT abriu guerra contra o PMDB, aliado preferencial do Palácio do Planalto. O PMDB lançará o vice-governador, Luiz Fernando Pezão, à sucessão de Sérgio Cabral. O PT não abre mão da candidatura do senador Lindbergh Farias. A menos de seis meses do início oficial da campanha, é muito provável que os dois se enfrentem nas urnas, o que forçará Dilma a se equilibrar nos dois palanques.  
A presidente também se apressa para encontrar uma solução no Maranhão (4,5 milhões de eleitores) e manter o apoio de um de seus principais redutos eleitorais – em 2010, o Estado lhe rendeu sua segunda melhor performance no país, com 79% dos votos. Agora, porém, o quadro é outro: o clã Sarney vive um momento de desgaste, às voltas com uma grave crise no sistema prisional e o diretório estadual do PT está dividido entre manter ou não o apoio ao grupo da governadora Roseana Sarney (PMDB).

Livro de Fernanda Torres chega à França no ano que vem

Veja.Com

fernanda torres
Fernanda Torres: sucesso na estreia
O excelente romance de estreia de Fernanda TorresFim, que já vendeu 50 000 exemplares no Brasil, foi comprado pela editora Gallimard para ser editado na França em 2015.

Por Lauro Jardim

http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/cultura/livro-de-fernanda-torres-chega-a-franca-no-ano-que-vem/

10 aquisições do Google que apostam no futuro

Nest


A empresa desenvolveu um termostato conectado à internet que pode ser controlado por meio de um smartphone. O sistema operacional do dispositivo permite “aprender” hábitos dos moradores e ajustar automaticamente a temperatura do ambiente. A empresa também oferece um alarme de incêndio inteligente, que avisa o usuário, com voz humana, sobre o aumento dos níveis de dióxido de carbono.

Boston Dynamics

Uma das empresas de robótica mais avançadas do mundo, a Boston Dynamics foi criada por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês). Ela desenvolve robôs que se movimentam como animais e já criou diversos produtos inovadores, como o BigDog, um robô quadrúpede para terrenos desnivelados. O LS3 (foto) foi desenvolvido para carregar suprimentos para soldados durante guerras.

Holomni

A empresa produzia rodas de alto desempenho que funcionam em qualquer direção. A tecnologia pode permitir o controle preciso dos rodízios a partir de um sistema. A empresa parou de desenvolver novos produtos após a aquisição do Google, que pode ter ocorrido em dezembro, mas não foi divulgada publicamente pela empresa.









Makani Power

A empresa fabrica uma aeronave autônoma que voa presa ao solo por um cabo e é equipada com turbinas para geração de energia eólica. A tecnologia desenvolvida pela empresa promete reduzir o custo de geração de energia em 50% em relação aos campos de energia eólica tradicionais. A empresa foi adquirida pelo Google em maio de 2013.

Meka Robotics

A startup de San Francisco, nos Estados Unidos, é especializada no desenvolvimento e design de robôs que se parecem com humanos. Antes de ser adquirida pelo Google, a empresa trabalhava em peças como cabeças, braços e mãos para robôs. A empresa faz parte de uma joint venture com outra startup do setor adquirida pelo Google, a Redwood Robotics. Esta última é apontada por especialistas como “a Apple da robótica”.

Bot & Dolly

A empresa se tornou conhecida por participar da equipe do filme Gravidade, lançado em 2013. Quatro braços robóticos, equipados com filmadoras profissionais, foram usados pela equipe de efeitos visuais para fazer as imagens do filme simulando um ambiente com gravidade zero. Comprada pelo Google em dezembro de 2013, a empresa oferece dois modelos de braços robóticos adaptados para o cinema.

Schaft

A empresa japonesa, que nasceu dentro da Universidade de Tóquio, no Japão, fabrica robôs humanoides para aplicações em áreas que exigem força. A empresa desenvolveu tecnologia que permite que os robôs continuem de pé, mesmo quando são empurrados ou atacados. A empresa foi adquirida pelo Google em dezembro do ano passado.

Industrial Perception

A empresa de Palo Alto, nos Estados Unidos, desenvolveu um sistema de visão computacional para robôs. Em fábricas, o sistema permite que braços robóticos possam diferenciar o tamanho das caixas que devem ser transportadas. O sistema também pode ser adaptado para evitar a colisão de máquinas na indústria. A empresa foi adquirida pelo Google no final de 2013.

DNN Research

A empresa, fundada por pesquisadores da Universidade de Toronto, nos Estados Unidos, desenvolvia pesquisas na área de redes neurais profundas para entender como o cérebro humano processa a linguagem. A empresa foi adquirida em março de 2013, mas o valor da compra e os planos do Google para integração da tecnologia em seus serviços não foram revelados.

Behavio

A empresa, dedicada a um software para monitorar o ambiente e fazer previsões sobre necessidades das pessoas a partir de dispositivos móveis, foi adquirida pelo Google em abril de 2013. Os recursos desenvolvidos pela empresa podem ser incorporados ao Google Now, aplicativo de assistente pessoal do Google. 

Google quer ser gigante também no mundo da Internet das Coisas

Tendência

Aquisições na área de hardware mostram que empresa se prepara para ir além da web e, assim, manter-se à frente da concorrência

Renata Honorato e Claudia Tozetto
Pedestres tiram fotos em frente ao edifício de escritórios da Google Inc., na sede da empresa, em Mountain View, Califórnia
Pedestres tiram fotos em frente ao edifício de escritórios da Google Inc., na sede da empresa, em Mountain View, Califórnia (David Paul Morris/Bloomberg/Getty Images)
Em Her, filme que concorre ao Oscar e com estreia prevista para 14 de fevereiro no Brasil, Samantha, uma assistente pessoal nos moldes da Siri, do iPhone, conhece tanto as necessidades físicas e afetivas de Theodore Twombly, personagem vivido por Joaquin Phoenix, que ele não tem outra alternativa que não se envolver emocionalmente com o sistema operacional. Longe da ficção, o Google trabalha para construir um mundo muito próximo do retratado no cinema. E para “aprender” tudo sobre as pessoas, a companhia aposta em aquisições estratégicas que podem colocar em nossa casa — e em nossa vida — dispositivos inteligentes capazes de identificar nossos hábitos e nossas vontades. O que o Google pode fazer com tanta informação personalizada? Oferecer pipoca quando você ligar a TV para assistir a um filme ou sugerir um posto de gasolina quando seu combustível estiver na reserva. Isso não só transforma Larry Page e Sergey Brin, fundadores do Google, em gestores de uma empresa que vai muito além da internet como coloca a companhia na dianteira da concorrência.  
Para entrar na casa das pessoas e se transformar no melhor amigo virtual, capaz de dar conselhos e sugerir soluções para problemas do dia a dia, o Google está comprando empresas especializadas no desenvolvimento de dispositivos inteligentes. É o caso da Nest, adquirida no começo da semana por 3,2 bilhões de dólares. A companhia é fabricante de um termostato que “aprende” o hábito dos moradores e regula de forma automática a temperatura da casa. Eles também desenvolveram um alarme de incêndio, que possui um sensor que detecta o nível de dióxido carbono no ar. Ao menor sinal de alteração nos padrões de CO2, o equipamento emite um alerta. O Google não pretende se transformar, a partir dessa compra, em um gigante dos termostatos e alarmes, mas está olho na tecnologia por trás desses equipamentos, que são capazes de interpretar padrões de comportamento humano.
Segundo George Geis, professor da Universidade da Califórnia (UCLA) e autor de um estudo sobre as aquisições do Google, 90% do faturamento da empresa americana vêm de anúncios. E isso não vai mudar no futuro. “O Google já percebeu que a receita da publicidade na web vai parar de crescer e por isso está buscando novos formatos e novas plataformas para a exibição de propaganda”, diz o acadêmico em entrevista ao site de VEJA. De acordo com Geis, existe um esforço do Google para entender os hábitos das pessoas e a compra de empresas de hardware apenas reforça os planos da companhia. “O Google está desenvolvendo um carro sem motorista e por isso investiu em empresas de robótica e GPS. Mas o que as pessoas vão fazer no carro se não será mais necessário dirigir? Elas vão consumir publicidade. E esses anúncios serão personalizados”, explica o professor. Na prática, o Google lança um produto que pode até não render muito dinheiro, mas servirá como uma nova plataforma para a exibição de publicidade.
Para Frank Gillet, vice-presidente da Forrester, consultoria americana especializada no mercado de tecnologia, o Google busca um formato de publicidade que não seja chato. “A propaganda mais relevante vem na forma de um conselho de um assistente pessoal. O Google está pensando em como a publicidade vai funcionar daqui a cinco ou dez anos”, diz o analista em entrevista ao site de VEJA. A compra da Nest é um dos primeiros passos da empresa em direção à chamada Internet das Coisas, um conceito em franco desenvolvimento que prevê que os mais variados objetos – de eletrodomésticos a carros – estarão conectados à rede, como mostra reportagem de VEJA desta semana. “O Google percebeu que somente serviços na nuvem e web não serão suficientes para manter um negócio. Para oferecer uma experiência completa ao usuário, a companhia precisa estar presente em todo o ecossistema. E isso inclui hardware”, diz o analista. Para Gillet, a Apple é um ótimo exemplo de como o domínio do ecossistema pode fazer diferença em produtos e serviços. Para isso, ela é responsável pelo desenvolvimento do hardware e do software de itens como iPhone e Macs, além do controle das lojas de aplicativos (App Store) e conteúdos (iTunes), que dão vida aos dispositivos. A Microsoft, embora esteja muito atrás do Google e da Apple, comprou a Nokia justamente para ganhar relevância no mercado de dispositivos móveis – e propor uma alternativa de ecossistema aos seus consumidores.
No final de 2013, o Google anunciou a aquisição da Boston Dynamics, uma empresa conhecida por desenvolver robôs que mais parecem ter saído de um filme de ficção científica. O buscador comprou ainda outras sete empresas do mesmo segmento.  O objetivo é usar a tecnologia em projetos como o carro sem motorista e também na logística de estruturas de comércio eletrônico. Transformar-se em um concorrente da Amazon, varejista líder em comércio eletrônico que também se aventura na robótica, não está entre as metas do Google. Para a companhia de Page e Brin, os hábitos de compra dos consumidores valem muito mais para a estratégia da empresa e por isso estar nos bastidores, trabalhando em parceria com lojas on-line, é um movimento natural para ter acesso às informações dos consumidores.
Adquirir uma empresa não significa apenas absorver suas tecnologias e produtos, mas também seus talentos. De acordo com Bruno Tasco, analista de mercado da consultoria Frost&Sullivan, levar pessoas para a operação é um dos objetivos do Google. “O fundador da Nest teve participação no desenvolvimento de diversos produtos da Apple. Ele tem experiência no desenvolvimento de hardware e por isso é tão interessante para a empresa”, explica Tasco.
Desafios à vista – Segundo Geis, da UCLA, ao criar um ecossistema harmônico, que inclui software, hardware e análise de dados em volume gigantesco, o Google ditará tendências no mundo da Internet das Coisas e será pioneiro na oferta de soluções para os lares conectados: “A diferença é que o dinheiro da publicidade não virá de AdWords, o famoso formato publicitário do Google, mas da propaganda ultrapersonalizada sugerida através de geladeiras, televisores e aspiradores de pó.” Conquistar essa liderança, contudo, pode ser mais complicado do que parece.
Em meio a tantas aquisições, a empresa precisa achar um meio de incorporar companhias tão diferentes ao seu negócio e fazê-las trabalhar alinhadas aos seus objetivos de longo prazo: manter-se no topo entre as plataformas de publicidade. Se integrar empresas que têm no DNA o software já é tarefa difícil, incorporar companhias de setores diversos será ainda mais complicado. “É necessário mais tempo e mais dinheiro até que os produtos cheguem ao mercado”, diz Gillet, da Forrester.
Esse é um dos motivos que levaram o Google a manter sua operação principal separada após as compras da Motorola Mobility, da Boston Dynamics e, mais recentemente, da Nest. No caso da Motorola, maior aquisição da história da empresa, o Google apontou Dennis Woodside – executivo com pouca experiência em tecnologia, mas com vivência em fusões e aquisições – para liderar a operação. “O grande desafio é conectar todas as peças do quebra-cabeça e fechar um ecossistema único. Vai levar tempo para integrar as pessoas e os processos”, completa Tasco, da Frost&Sullivan.
Se tiver sucesso ao integrar todas as aquisições – que não devem parar na Nest –, o Google poderá avançar em seu projeto de longo prazo. Porém, a privacidade pode se tornar outro empecilho. Muitas pessoas poderão sentir que tiveram suas vidas invadidas pelo Google, à medida que a companhia ampliar sua rede de coleta de dados em torno dos usuários, com sensores espalhados por todo tipo de dispositivos. Antecipar necessidades dos usuários, com base nessas informações, no entanto, poderá ser uma moeda de troca valiosa na oferta de publicidade. “Os usuários poderão controlar tudo à sua volta por meio do smartphone e isso vai mudar profundamente a forma como as pessoas vivem: elas vão economizar tempo para fazer o que mais gostam”, diz Tasco. Em síntese, o Google só quer ser o seu melhor amigo. Não só para aconselhar, mas também para vender produtos que atendam as necessidades das pessoas. O grande desafio em um mundo de tantas ofertas será segurar a carteira.
As apostas na área da saúde
Além das iniciativas no campo de Internet das Coisas, os fundadores do Google, Larry Page e Sergey Brin, também se interessam em coletar e analisar dados relacionados à saúde. Na última quinta-feira, a empresa divulgou as primeiras informações sobre uma nova lente de contato que ajuda o usuário a monitorar seus níveis de glicose, inovação especialmente útil para quem sofre de diabetes.
Recentemente, a empresa também passou a investir em uma startup chamada Calico, que pesquisa novos medicamentos para combater o envelhecimento. “Não fiquem surpresos com nossos aportes em projetos que parecem estranhos, se comparados aos nossos negócios na internet”, disse Larry Page, CEO do Google, ao anunciar a nova empresa, em setembro de 2013.
Os investimentos revelam a preocupação de Page e Brin com a longevidade do homem, que se acentua, além da crença da dupla na tecnologia como ferramenta de ajuda ao corpo humano. Por essa razão, eles contrataram Ray Kurzweil, cientista e futurólogo americano, como diretor de tecnologia do Google no final de 2012. Assim como os fundadores da empresa, Kurzweil é entusiasta do transumanismo, movimento que defende o uso da tecnologia para ampliar a capacidade física e intelectual dos seres humanos. A singularidade tecnológica – que prevê o momento em que a inteligência artificial superará a humana – é o principal foco dos estudos de Kurzweil. “Minha missão no Google é desenvolver tecnologias para entender a linguagem natural dos humanos. A ferramenta de busca se transformou e agora vai além de encontrar palavras-chave”, disse Kurzweil à revista Wired, alguns meses depois de assumir o cargo.
Embora tenha se intensificado nos últimos anos, o interesse de Page e Brin em projetos na área da saúde não é novidade. Por meio do Google, eles investem em projetos relacionados à coleta e análise de dados biológicos desde 2007, quando injetaram 4,4 milhões de dólares na startup 23andMe. A empresa foi fundada por Anne Wojcicki que, na época, era esposa de Brin (os dois se separaram em 2013). A empresa, que continua em operação, analisa amostras de saliva enviadas por pessoas de todo o mundo. Depois que o DNA é sequenciado, os dados são comparados com outras amostras do banco de dados e um relatório que aponta as origens ancestrais é enviado ao usuário

Preso, Pedro Henry perde passaporte diplomático, mas mantém apartamento funcional

Veja.Com

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Nem tudo está perdido
A mudança da condição de parlamentar para a de detento não varreu todas as regalias garantidas com dinheiro público a Pedro Henry.
Mesmo um mês após Henry renunciar ao mandato e ser preso, sua família continua com o passaporte diplomático. O ex-deputado já entregou o seu à Justiça.
Em compensação, apesar de agora morar atrás dos muros da Papuda, Pedro Henry não devolveu à Câmara o apartamento funcional onde vivia, em Brasília, até ser preso. O prazo de 30 dias para a desocupação já venceu.
Por Lauro Jardim
http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/judiciario/preso-pedro-henry-perde-passaporte-diplomatico-mas-mantem-apartamento-funcional/

Animais de estimação dos moradores da Cracolândia

Cabeção


Há três anos, o catador Cornélio Alves encontrou Cabeção abandonado na rua. É seu oitavo cachorro e o mais fiel: “Os outros estão por aí”, disse, referindo-se à ausência dos outros sete animais. Alves relata que passou os últimos três natais com Cabeção: “Só eu e ele comendo peru na calçada”. Alves disse que chega a gastar metade do que ganha com a coleta de material reciclável para comprar ração.

Mel

Mel foi encontrada na Avenida São João, no Centro de São Paulo, prestes a ser atropelada, segundo Maria das Graças, dona de uma das pensões da Cracolândia. Como a cadela comia a roupa dos hóspedes, ela foi entregue aos cuidados de Lucas Pereira da Silva, um dos cadastrados no programa da prefeitura. À espera do dono, a vira-lata dorme todos os dias na porta do hotel, onde ele está abrigado, e o acompanha no trabalho de limpeza das ruas.

Sol e Lua

Incomodado com a ausência da dona Sanderli Silveira Leite, o cão Sol invade um dos hotéis conveniados pela prefeitura. Sobe a escada e se depara com Sanderli já vestida com o uniforme do programa e com um pote de água. “Ele chora por mim a noite inteira”, disse. Antes de a “favelinha” ser desmontada, ele vivia com a dona dentro do barraco. “Ele dormia comigo na cama”. Além de Sol, Sanderli tem uma cadela chamada Lua.

Mario

O cão Mario percorre as ruas da Cracolândia em um carrinho de supermercado, empurrado por Orlando Paulo Barreto. Ele disse que está com o cão há três meses e que não se alojou em nenhum quarto de hotel oferecido pela prefeitura porque não pode carregar o animal. O cão toma banho de mangueira em um dos postos montados pela prefeitura para atendimento aos usuários de crack. 

Spike

Desde que o programa entrou em atividade, um barracão montado pela prefeitura para dar assistência aos usuários ganhou um hóspede peculiar. O cão Spike virou mascote dos assistentes sociais e agentes da prefeitura. Circula entre os viciados, que o recebem com afagos.

Preta e Sansão

Preta e Sansão são como chamados de filhas por Vandeída Benedita da Silva. Pelo menos esse foi argumento apresentado por ela para conseguir uma vaga em um dos hotéis que aceitam cachorros. “Sem eles eu não ia. São como filhos”, diz Vandeída. Preta foi encontrada há um ano, e Sansão, há seis meses. 

Bolinha

Há cinco anos, a cadela Bolinha foi encontrada em uma caixa de papelão abandonada na Cracolândia por uma mulher que não quis se identificar. A vira-lata tem as unhas pintadas pintadas de esmalte.

Na Cracolândia, viciados rejeitam programa para não abandonar seus cães

São Paulo

Usuários de crack se recusam a aderir ao programa da prefeitura de São Paulo por não poder carregar seus cães para os hotéis conveniados no Centro

Eduardo Gonçalves, com fotos de Ivan Pacheco
Cachorros e seus donos na região da Cracolândia
Mel abraça o dono, Fabio Pereira - Ivan Pacheco
Nesta semana, a prefeitura de São Paulo lançou um novo programa para a região da Cracolândia, desta vez com uma preocupação que visivelmente está além do tratamento aos usuários de crack: batizada de operação Braços Abertos, a ação foi destinada a desmontar a "favelinha" erguida nas ruas do Centro da capital paulista. Para receber quinze reais por dia e uma vaga em um dos quatro hotéis conveniados, os viciados devem trabalhar quatro horas diárias em serviços de varrição e frequentar cursos profissionalizantes, além de estar vinculado a algum tratamento. Logo nos primeiros dias, porém, a administração municipal se deparou com uma questão inesperada: parte dos usuários não aceitou aderir ao programa porque os hotéis vetam a entrada dos seus cachorros.
O catador Cornélio Alves, de 67 anos, abriu mão de dormir nas ruas para não abandonar seu companheiro Cabeção. Acompanhado do cão, ele caminha pelas ruas da Cracolândia empurrando uma carroça com papelões e placas de metal. “Não vou para nenhum hotel porque não posso deixá-lo”. Há dezessete anos na Cracolância, Alves já teve oito cachorros – todos encontrados na rua. “A gente divide a comida. Já passei o Natal três vezes com ele. Só eu e ele comendo peru na calçada”, disse.
Orlando Paulo Barreto, de 35 anos, também não quer sair das ruas por causa do vira-latas Mário, que percorre a Cracolândia em um carrinho de supermercado. Nesta sexta-feira, ele foi até um dos centros de apoio montados pela prefeitura no local para dar banho no cão. “Ele é como um filho para mim”, diz.
Apesar da entrada restrita, alguns animais acabaram entrando nos hotéis atrás dos donos – e logo foram expulsos pelos gerentes dos estabelecimentos. É o caso da fêmea Mel, que dorme porta do hotel à espera do dono, Fabio Pereira Silva, de 32 anos. “Às vezes, venho aqui [do lado de fora] para para ver como ela está”, disse. Ele é um dos cadastrados no programa. Com o uniforme azul distribuído para quem aderiu ao programa, Silva sai pela rua munido de vassoura e carrinho de lixo. Mel vai no seu encalço. “Ela sempre me acompanha."
Menos comportado do que Mel está o macho Sol, que uiva à noite sem a dona, Sanderli Silveira Leite, de 32 anos, abrigada em um dos hotéis. “Ele se acostumou a dormir comigo no barraco”, diz. Sanderli era uma das moradoras da “favelinha” desmontada nesta semana. “Gostaria que ele ficasse comigo no quarto. Já conversei com o dono do hotel, mas ele não deixa."
Mel, Sol e cerca de quarenta cachorros que circulam pela Cracolândia são alimentados pela dona de um salão de beleza e de uma pensão, Maria Benedita das Graças, de 47 anos. “Compro seis sacos de dezoito quilos a cada duas semanas”, disse. “Se eu não cuido, eles ficam abandonados. Estou tentando doá-los para abrigos."
Exceções – A prefeitura paulistana não confirma, mas alguns dos adeptos do programa afirmaram que a administração municipal conseguiu algumas vagas em uma pensão na região quem aceitou a presença dos cães. “Se não tivesse vaga para eles [cachorros], não aceitaria fazer parte do programa. Eles são como meus filhos”, disse Vandeída Benedita da Silva, de 31 anos, dona de Sansão e Preta.
Ao todo, 111 quartos foram oferecidos para cerca de 300 viciados. Nenhum dos quatro hotéis permite a entrada de animais. A prefeitura vai gastar 1.086 reais por cada usuário cadastrado.

Dietas na corda bamba

Veja.Com

É antiga a promessa de uma panaceia universal capaz de nos deixar saudáveis, magros e belos. A realidade por trás dessas fórmulas milagrosas, porém, é outra

Raquel Beer
Dietas na corda bamba
Uma das grandes ambições da humanidade é achar uma panaceia universal, uma fórmula simples capaz de combater todos os males que afligem nosso corpo. A palavra tem origem na mitologia grega: Panaceia era o nome dado à deusa da cura. Na Idade Média era comum conceder propriedades milagrosas a diversos tipos de tônico, sendo o mais popular deles uma mistura de alcatrão de pinheiro e água. Entre os séculos XVIII e XIX, acreditava-se que tomar arsênico, que hoje sabemos tratar-se de um veneno mortal, ajudava a prevenir doenças como o reumatismo e, principalmente, a emagrecer. Muitas pessoas morreram por seguir essa receita — há uma teoria de que a escritora inglesa Jane Austen tenha sido uma delas. “É mais fácil acreditar que uma pílula ou uma fórmula mágica o deixará mais saudável e diminuirá sua cintura do que comer menos e exercitar-se”, disse a VEJA o médico americano Paul Offit, autor do livro Do You Believe in Magic? (Você Acredita em Mágica?). “A questão é que só existem duas categorias de remédio, ou de dieta: as que passaram no crivo científico e provaram que funcionam e as que não funcionam”, acrescenta. Estão nas dietas as maiores promessas de solução instantânea para levar uma vida plena. Nos últimos 100 anos, especialmente, pipocaram médicos com receitas mágicas que, se seguidas, renderiam o corpo perfeito. Confira, a seguir, uma série dessas promessas e seus efeitos reais no organismo. Um aviso: a maioria não passa de enganação (são o “arsênico” de nosso século).
Dieta Master Cleanse
Ano: 1940
Autor: Stanley Burroughs, médico americano
Quem segue: a cantora americana Beyoncé Knowles e o ator hollywoodiano Ashton Kutcher
A promessa: alimentar-se exclusivamente de Master Cleanse (em inglês, desintoxicante mestre), shake que combina limão, maple syrup (xarope de bordo), água e pimenta, por dez a quarenta dias faz emagrecer 1 quilo por dia e elimina toxinas que aumentam o colesterol e causam doenças respiratórias, como bronquite e asma
A realidade: a dieta emagrece por ser diurética, mas o peso perdido costuma voltar após o fim do período de ingestão do Master Cleanse. A eliminação das toxinas nocivas não é tão benéfica quanto aparenta: um organismo saudável já trata de controlar essas substâncias
Dieta Atkins
Ano: 1972
Autor: Robert Atkins, cardiologista americano
Quem segue: a atriz americana Jennifer Aniston e a modelo Kim Kardashian
A promessa: eliminar os carboidratos das refeições, presentes em alimentos como massas e pães, baixa a glicose no corpo, que passa a queimar mais gordura para gerar energia, o que resulta em um emagrecimento de 15 quilos em duas semanas; também ajuda na prevenção de doenças cardíacas, hipertensão e diabetes
A realidade: perde-se peso, mas, em vez de queimar gordura (como prometido), o que diminui é a massa muscular. A dieta ainda causa mau humor, hálito ruim, déficits de raciocínio e memória e pode entupir artérias, pelo excesso de proteínas nas refeições
Dieta da princesa
Ano: 1975 (ganhou fama em 2000)
Autor: Pierre Dukan, nutricionista francês
Quem segue: Kate Middleton, duquesa de Cambridge, mulher do príncipe William, da Inglaterra, e a atriz brasileira Fernanda Paes Leme
A promessa: com uma dieta restrita a proteínas, que inclui carnes vermelhas e peixes, e vegetais, é possível perder 4,5 quilos em uma semana e prevenir o diabetes
A realidade: além dos problemas cognitivos e da irritabilidade gerada pela falta de carboidratos, a dieta pode causar diabetes (em vez de prevenir) e doenças cardiovasculares
Dieta Ornish
Ano: 1990
Autor: Dean Ornish, médico americano
Quem segue: a cantora country americana Carrie Underwood
A promessa: é o oposto da dieta Atkins — as refeições devem ser ricas em carboidratos, presentes em cereais e frutas, e o indivíduo precisa realizar exercícios aeróbicos e meditação para perder peso, baixar o colesterol, estabilizar a pressão sanguínea e prevenir diabetes, doenças cardíacas e câncer de mama e de próstata
A realidade: está provado que previne doenças cardíacas, apenas; a falta de ingestão de gordura prejudica o intestino, a capacidade do corpo de absorver vitaminas e a produção de hormônios
​​Dieta do tipo sanguíneo
Ano: 1996
Autor: Peter J. D’Adamo, médico americano
Quem segue: a atriz americana Demi Moore e a brasileira Claudia Raia
A promessa: identificam-se os alimentos benéficos ou maléficos ao organismo de acordo com o tipo sanguíneo do indivíduo (quem é tipo O, por exemplo, deve comer carne bovina, mas evitar iogurtes), com a meta de aumentar a atividade do metabolismo, controlar a gordura corporal e prevenir doenças cardiovasculares
A realidade: como o cardápio sugerido é rico em nutrientes variados, a receita normalmente não faz mal, mas não há provas científicas de que dê certo. Em alguns casos, porém, pode ser ruim, como sugerir o corte de alimentos com leite para quem tem sangue do tipo O, o que pode causar osteoporose, devido à deficiência de cálcio
​Dieta da banana matinal
Ano: 2008
Autora: Sumiko Watanabe, farmacêutica japonesa
Quem segue: a cantora japonesa Kumiko Mori (a dieta ainda está muito restrita ao Oriente)
A promessa: como diz o nome, baseia-se na ingestão de bananas — no café da manhã, em lanches entre as refeições e após o almoço ou o jantar (que deve ser servido até as 20 horas), quando a fruta é a única sobremesa permitida. Também se proíbe qualquer bebida que não seja água. A dieta garante a perda de peso, melhora o funcionamento do sistema digestivo e acelera o metabolismo
A realidade: a receita é inútil, pois não adianta comer um monte de bananas se é permitido exagerar nos pratos do almoço ou do jantar (não há controle de outros alimentos)