Eleições 2014
Oito governadores do país deixarão a cadeira em abril para disputarem outros cargos nas eleições deste ano; trocas têm impacto na montagem dos palanques dos candidatos à Presidência nos Estados
Marcela Mattos, de Brasília
Dilma Rousseff, Eduardo Campos, e Aécio Neves ( Reuters e Folhapress e AFP)
Como ocorre a cada quatro anos, boa parte dos governadores do país não cumprirá seus mandatos até o fim em 2014. Para dar sequência aos seus projetos pessoais, oito deles devem renunciar ao cargo em abril para voltar às urnas em outubro, conforme determina a legislação eleitoral, numa troca de cadeiras que tem influência direta na montagem dos palanques estaduais. Dos oito que se articulam para deixar o posto, sete tentarão uma cadeira no Senado, um caminho tradicional na política brasileira para governadores que não podem tentar a reeleição. Já o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, tentará um voo mais alto e disputará a Presidência da República pelo PSB.
A troca de comando nos Estados modificará o arco de alianças dos potenciais candidatos ao Palácio do Planalto. E, pelo menos por enquanto, o cenário tende a beneficiar a presidente Dilma Rousseff, que distribuiu cargos no governo para quase todos os partidos do país em troca de apoio político – não à toa, o Brasil fechou o ano com inacreditáveis 39 ministérios.
O senador tucano Aécio Neves deverá perder dois palanques: Pará e Roraima, ambos administrados atualmente pelo PSDB, passarão a ser chefiados, respectivamente, pelo PSD, neoaliado da presidente Dilma Rousseff (PT), e pelo PSB. Desses, o Pará é o que mais preocupa os tucanos pela densidade eleitoral no Norte do país – 5,1 milhões de votos. Nas eleições de 2010, o tucano José Serra obteve 37% dos votos. Sucessor do governador Simão Jatene (PSDB), o vice Helenilson Pontes (PSD), não esconde a preferência pela reeleição de Dilma: “Se eu ocupar o posto de Jatene, a Dilma vai passar a ter um governador aliado no Pará. Vou fazer questão de que ela venha nos visitar mais vezes, vamos recebê-la com todo o carinho”, afirmou. "Ter a base no Estado significa consolidar a vitória de Dilma no Norte, então espero que ela nos venha nos visitar.”
Em Roraima (271.596 eleitores), o substituto do governador Anchieta Júnior (PSDB) vai trabalhar para a candidatura de Eduardo Campos: “Teremos palanque para Campos sair vitorioso na disputa pelo Palácio do Planalto. É claro que a minha chegada ao governo muda a recepção política dele aqui”, afirma o herdeiro do cargo, Francisco Rodrigues, conhecido como Chico Rodrigues.
O novo tabuleiro eleitoral tende a dificultar a campanha de Campos. Com a substituição do governador Wilson Martins (PSB) por Antônio José Filho (PMDB), ele perderá o palanque no Piauí, Estado onde Dilma teve ótima votação em 2010 – 67% dos 2,2 milhões de votos. Campos também terá de resolver uma série de entraves decorrentes da chapa com a ex-senadora Marina Silva e seu quase partido, a Rede Sustentabilidade, cujos militantes não aceitaram alguns arranjos estaduais – como o apoio do PSB à reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo (31,5 milhões de votos).
Se por um lado sairá fortalecida na nova composição dos palanques estaduais, Dilma também precisa se articular para desatar os nós em Estados de grande potencial eleitoral, como Rio de Janeiro e Maranhão. O cenário mais complicado – e explosivo – é o Rio de Janeiro (12 milhões de votos), onde o PT abriu guerra contra o PMDB, aliado preferencial do Palácio do Planalto. O PMDB lançará o vice-governador, Luiz Fernando Pezão, à sucessão de Sérgio Cabral. O PT não abre mão da candidatura do senador Lindbergh Farias. A menos de seis meses do início oficial da campanha, é muito provável que os dois se enfrentem nas urnas, o que forçará Dilma a se equilibrar nos dois palanques.
A presidente também se apressa para encontrar uma solução no Maranhão (4,5 milhões de eleitores) e manter o apoio de um de seus principais redutos eleitorais – em 2010, o Estado lhe rendeu sua segunda melhor performance no país, com 79% dos votos. Agora, porém, o quadro é outro: o clã Sarney vive um momento de desgaste, às voltas com uma grave crise no sistema prisional e o diretório estadual do PT está dividido entre manter ou não o apoio ao grupo da governadora Roseana Sarney (PMDB).
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