domingo 19 2014

A troca de cadeiras nos governos estaduais

Pará


Pregando coerência, o governador Simão Jatene (PSDB), contrário à reeleição, já demonstrou intenção de renunciar em abril. Correligionários afirmam que ele deve disputar o Senado ou até se candidatar novamente ao governo – estratégia que, para o tucano, não o colocaria em contradição com o discurso contra o segundo mandato consecutivo. Com a saída de Jatene, assume o vice Helenilson Pontes, presidente estadual do PSD. A chegada de Pontes abre caminho para Dilma intensificar a campanha no Estado. “Se eu ocupar o posto de Jatene, a Dilma vai passar a ter um governador aliado no Pará. Vou fazer questão de que ela venha nos visitar mais vezes. Nós vamos recebê-la com todo o carinho”, afirma o vice-governador. Em seu primeiro cargo político, Pontes é advogado tributarista e Conselheiro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda.

Roraima

Amigo de Eduardo Campos (PSB), o substituto do governador Anchieta Júnior (PSDB) vai trabalhar para garantir os poucos votos do Estado para o pernambucano: “Teremos palanque para Campos sair vitorioso na disputa pelo Palácio do Planalto. É claro que a minha chegada ao governo muda a recepção política dele aqui”, afirma Chico Rodrigues (PSB). O herdeiro do governo pernambucano foi deputado federal por cinco mandatos e vereador de Boa Vista. Nas últimas eleições, 51% dos votos de Roraima apoiaram o tucano José Serra. O Estado, porém, não está entre as prioridades dos candidatos: tem 306.525 votantes – o menor eleitorado do país. 

Minas Gerais

Em Minas Gerais, um aliado de Dilma  vai comandar provisoriamente o governo tradicionalmente comandado por tucanos . Com a saída do governador Antônio Anastasia, que vai, ao mesmo tempo, coordenar a campanha do presidenciável Aécio Neves e trabalhar por uma vaga no Senado, assumirá em abril o vice Alberto Pinto Coelho, do PP. Ainda assim, a expectativa é que os progressistas fechem apoio aos tucanos no Estado. “Com o PP no governo, nós estamos em casa”, resume o presidente estadual, deputado Marcus Pestana. Nas eleições de 2010, os progressistas apoiaram o candidato do PSDB, José Serra. Alberto Coelho foi deputado estadual por quatro mandatos consecutivos.

Pernambuco

O desembarque de Eduardo Campos (PSB) do governo de Pernambuco foi calculado: um dos mais bem avaliados governadores do país, ele quer deixar nas mãos de um homem de confiança um dos poucos legados a serem usados como referência durante a provável campanha à Presidência. Em abril, assume o Palácio das Princesas o vice João Lyra Neto. Lyra deixou o PDT em outubro do ano passado para filiar-se ao partido de Campos – movimento para sacramentar a aproximação aos socialistas e pavimentar uma possível candidatura para as eleições de outubro. Com um amplo currículo político no Estado – já foi prefeito de Caruaru, deputado estadual e Secretário de Saúde –, Lyra Neto é avaliado dentro do PSB como uma forte liderança. Mesmo com a moral do sucessor em alta, o presidente do PSB pernambucano ainda não dá como certa a candidatura de Lyra à reeleição: “Ele tem uma identidade muito forte com o partido e uma longa história no Estado. Mas temos de analisar as possibilidades”, afirma Sileno Guedes. Outro cotado ao governo de Pernambuco é o ex-ministro da Integração Fernando Bezerra, que deixou o posto logo após o PSB abandonar a base do governo.  

Maranhão

Em meio à crise instalada no Maranhão, a governadora Roseana Sarney (PMDB) ainda estuda se concorrerá ao Senado. Como o vice-governador, Washington Oliveira, foi nomeado conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, o desembarque acarretaria uma eleição indireta, determinada pelo voto dos deputados estaduais. O secretário de Infraestrutura, Luís Fernando Silva (PMDB), foi escalado para tentar nas urnas dar continuidade ao comando de décadas da família Sarney. Ele já esteve à frente das secretarias de Desenvolvimento Social, de Educação, Desenvolvimento Econômico e da Casa Civil, além de ter sido prefeito de São José de Ribamar por dois mandatos. Como não houve quebra de aliança e Roseana já deixou engatilhado seu sucessor, o presidente do PMDB no Maranhão, Remi Ribeiro Oliveira. “O PT está conosco e vai ser nosso aliado independentemente do candidato”, disse ele. Apesar de a candidatura de Luís Fernando Silva ser orquestrada pelos Sarney, o tom da campanha será no sentido de afastá-lo da família: “Há um conceito de que o Sarney manda no Maranhão. Acho que o Luís Fernando é o único capaz de romper com os hábitos que estão aí. O Estado precisa avançar, a sociedade é outra”, afirma o presidente estadual do PMDB. 

Piauí

O governador do Piauí, Wilson Martins (PSB), está de malas prontas para entrar na disputa por uma vaga no Senado. A saída dele antecipa a confusão da aliança que será apresentada aos eleitores em outubro, quando os socialistas estarão unidos ao PMDB e ao PSDB na órbita estadual e o governo passará a ser comandado por um apoiador da presidente Dilma Rousseff. Provisoriamente, Martins vai ser substituído pelo vice Antônio José Filho, o Zé Filho (PMDB). Ex-deputado estadual e ex-prefeito, Zé Filho promete não estender sua permanência no posto e abrir espaço para a candidatura do deputado Marcelo Castro (PMDB). Aliado ao PSB até o ano passado, o PT agora é visto no Piauí como oposição. “Eles que romperam conosco para apoiar o senador Wellington Dias (PT-PI). Nós continuamos onde sempre estivemos e vamos continuar unidos”, afirma Marcelo Castro. Adversário na esfera estadual, o peemedebista promete apoio à recondução de Dilma à presidência, ao mesmo tempo em que apoia o PSDB como vice no Estado e o PSB no Senado. 

Rio de Janeiro

Em seu segundo mandato, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), pretende abandonar o Palácio Guanabara para concorrer à vaga carioca no Senado. A candidatura, porém, depende de acordo político: Cabral quer garantir apoio do PT à reeleição de seu sucessor Luiz Fernando Pezão, mas os petistas trabalham para lançar o senador Lindbergh Farias ao governo do Estado. A falta de consenso entre os partidos pode prejudicar a campanha de Dilma: “O PMDB do Rio não apoiará a chapa presidencial se efetivamente não houver a contrapartida do PT carioca”, avisa o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Diante da resistência petista, Cabral chegou a rifar sua candidatura ao Senado em troca do apoio a Pezão. Uma alternativa seria disputar uma vaga na Câmara.

Mato Grosso

Mato Grosso será mais um Estado onde a dança das cadeiras não vai atingir a aliança de Dilma Rousseff. Às vésperas de herdar o posto de Silval Barbosa (PMDB), o vice-governador Francisco Daltro (PSD) promete manter o apoio à candidata petista: “O Gilberto Kassab fez uma consulta em todos os Estados e Mato Grosso foi o primeiro a se posicionar propondo o apoio nacional do partido pela reeleição da presidente”, afirma. Advogado e bancário, Daltro já comandou a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado, deputado federal como suplente de Pedro Henry e deputado estadual por quatro mandatos. Ele tentará a reeleição em outubro. 

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