terça-feira 26 2013

'A união homossexual não é normal', diz candidato à presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara


Entrevista

"Nós" votamos e nos tornamos prisioneiros de nossos votos!! 

Além de afirmar que os africanos carregam uma maldição desde os tempos de Noé, pastor Marco Feliciano também tentou derrubar a decisão do STF que permite a união civil entre pessoas do mesmo sexo

Laryssa Borges, de Brasília
Deputado (Pastor) Marco Antônio Feliciano PSC/SP
Deputado (Pastor) Marco Antônio Feliciano PSC/SP (Diógenis Santos/Agência Câmara )
Considerada uma das comissões que produzem os debates mais acalorados da Câmara, a Comissão de Direitos Humanos será palco de novo embate nesta terça-feira, quando o PSC (Partido Social Cristão) indicar o deputado Marco Feliciano, de 40 anos, para presidir o colegiado. Pastor da Assembleia de Deus, Feliciano não é um homem de meias palavras. Nos últimos tempos, provocou confusão ao afirmar que os africanos carregam uma maldição desde os tempos de Noé. Também ganhou a pecha de homofóbico ao apresentar um projeto para tentar derrubar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que permite a união entre pessoas do mesmo sexo.

É uma pena que um tema tão amplo e relevante quanto o dos direitos humanos possa se ver limitado à discussão – que tende a se tornar caricata e estéril – entre um prócer do PSC e integrantes do bloco de partidos de esquerda, que há tempos indicam o seu presidente. Porém, na partilha das comissões temáticas, coube ao PSC, que tem 16 deputados e apoia o governo Dilma Rousseff, o comando da comissão. O deputado conversou nesta segunda com o site de VEJA. Leia trechos da entrevista.
O senhor disse em plenário viver um “tempo de caça às bruxas” sobre questões homossexuais. Acha que o Congresso representa todos os setores da sociedade brasileira? Não temos democracia aqui. A democracia só funciona para uma parte desse grupo que se diz minoria. Minoria, entretanto, é quem não tem vez, não tem voz, não tem acesso a trabalho, não consegue estudar. Onde o grupo LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) se encaixa nisso? Eles se escondem atrás de um rótulo de minoria, não para buscar direitos, mas privilégios.

Mas eles não têm direito a defender as causas que considerem adequadas? Entre os projetos de lei que eles querem ver aprovados está a instituição de cotas dentro das universidades públicas. Se não começar a segurar um pouco esse tipo de iniciativa gay, em breve não haverá mais controle. Daqui a pouco vão criar dentro do Brasil uma nova raça, uma raça superior.

O senhor já foi acusado de racismo. Houve uma polêmica com a cantora Preta Gil, que não fui eu que comecei [o deputado Jair Bolsonaro disse ao programa humorístico CQC que seus filhos não namorariam negros porque não haviam sido criados em um “ambiente de promiscuidade”]. Um ativista do movimento negro me provocou e perguntou o que eu achava. Disse que repousava sobre o continente africano, até na África do Sul, com população branca, uma maldição patriarcal. Mas repare no meu cabelo. Somos todos descendentes de negros.

Não acha que suas posições religiosas comprometeriam suas funções na Comissão de Direitos Humanos? A comissão discute exatamente como garantir melhores condições para setores considerados excluídos. Existe um protecionismo exacerbado com o movimento LGBT. O medo deles é que eu comece a revirar a caixa de Pandora e ver onde as verbas foram investidas, se houve direcionamento. Não tenho problemas em discutir assuntos ligados à homossexualidade. Eles é que não dão direito ao contraditório. Não os xingo de nenhuma palavra. As palavras obscurantista, fundamentalista e desgraçado foram usadas por eles contra mim.
O senhor não acha que os homossexuais sofrem perseguição? Quando homossexuais são feridos, mortos ou quando sofrem qualquer tipo de preconceito, aí é uma questão de direitos humanos. Mas também me preocupo, por exemplo, com os brasileiros presos no exterior por estarem ilegais. Ninguém pergunta pelos direitos deles.

Mas o senhor fala em medo da causa gay? Nosso medo é só esse: união homossexual não é normal. O reto não foi feito para ser penetrado. Não haveria condição de dar sequência à nossa raça. Agora, o que se faz dentro de quatro paredes não me diz respeito.

Medo de quê? Deveria haver posições menos radicais na comunidade LGBT. Os gays destroem qualquer pessoa que se levante contra eles.

Por que o senhor apresentou um projeto para sustar a decisão do STF favorável à união civil de homossexuais? O casamento gay fere os direitos da Igreja. Apresentei uma proposta de plebiscito sobre a união civil. Pergunte se o grupo de direitos dos gays aceitou. Por que não posso defender o meu plebiscito? Falo por parábolas: certa vez havia animais correndo de um fogo na floresta e um beija-flor trazia uma gota d’água no bico e ia tentar apagar o fogo. Faço a minha parte. Nosso país é conservador.

PSC mantém pastor na Comissão de Direitos Humanos


Congresso

Executiva Nacional e bancada do PSC reafirmaram que o deputado-pastor seguirá no comando da comissão; presidente da Câmara quer a renúncia

"Nós" elegemos e ao mesmo tempo, nos fazemos prisioneiros de nossas escolhas!
Marcela Mattos, de Brasília
Marco Feliciano durante reunião da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados
Marco Feliciano durante reunião da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados ( Alan Marques/Folhapress)
Pressionado pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o PSC reafirmou nesta terça-feira que manterá o deputado-pastor Marco Feliciano (SP) à frente da Comissão de Direitos Humanos da Casa. Em anúncio feito pelo vice-presidente da legenda, Everaldo Pereira, a bancada e a Executiva Nacional do PSC defenderam a permanência de Feliciano no cargo.
Na semana passada, dirigentes do PSC combinaram com o presidente da Casa que buscariam uma solução para o impasse. O prazo estipulado por Alves, que classificou a manutenção de Feliciano no posto como “insustentável”, terminava nesta terça-feira. No entanto, Feliciano se mantém irredutível.

Após a reunião desta terça, que durou pouco mais de uma hora, a bancada justificou a permanência de Feliciano com base em um histórico da aliança com o PT, que agora pressiona pela saída do pastor do cargo. Os dirigentes do PSC argumentaram que já apoiaram o PT em diversas eleições, incluindo a presidente Dilma Rousseff, em 2010.
Com base no memorial, o vice-presidente argumentou que a legenda “não segrega, não exclui e não discrimina ninguém”. Everaldo Pereira também saiu em defesa de Feliciano, criticado por grupos ligados ao movimento LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) e por parlamentares do PT e do PSOL. “Qualquer um pode deslizar nas palavras, pode errar. Informamos que o PSC não abre mão da indicação.”
Feliciano acompanhou a reunião e não quis dar entrevistas. Questionado se permanecerá no comando da comissão, limitou-se a dizer: “É só olhar o meu rosto”.
Informado da decisão do PSC de manter Feliciano no cargo, Henrique Alves ficou surpreso. “Não era essa a indicação da semana passada.” Declaradamente favorável à renúncia de Feliciano, o presidente da Câmara esperava outro posicionamento da executiva do partido. “A indicação era buscar uma solução que harmonizasse a Casa e a sua Comissão de Direitos Humanos.”

Ministro ouve de Paulinho que governo é 'lamentável'


Atualizado: 26/03/2013 17:05 | Por RENAN CARREIRA, estadao.com.br
O ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, ouviu nesta terça-feira o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP),...

O ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, ouviu nesta terça-feira o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, classificar o governo da presidente Dilma Rousseff de "lamentável", no primeiro encontro com a central desde que tomou posse, no dia 16. "O governo Dilma vive muito do passado. (A presidente) falou 11 vezes do Lula (ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva) ontem (em discurso de 50 minutos em Pernambuco). Por que não volta o Lula, já que ela não tem governo? Fala só do passado. Queremos saber do governo dela, que tem sido lamentável", afirmou Paulinho, em evento na sede da Força, em São Paulo.
Ele disse até mesmo que o PDT precisa repensar a aliança com o PT para a sucessão presidencial de 2014. Paulinho disse que a gestão Dilma não é "nem perto" o que foi a administração Lula. "Eu estou muito insatisfeito com o governo. Ele não atendeu nada das reivindicações dos trabalhadores, não resolveu o fim do fator previdenciário, não resolveu o aumento dos aposentados, não resolveu as 40 horas. Além disso, a política econômica é um desastre, a indústria está quebrando."
Em discurso, o deputado do PDT de São Paulo defendeu o ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi. "O Lupi caiu não porque é corrupto, mas porque tinha lado (o dos trabalhadores). Quando se tem lado no Brasil, apanha-se muito. A elite brasileira não aceita quem defende causas." Paulinho criticou o ex-ministro do Trabalho Brizola Neto (PDT-RJ), dizendo: "Fui um dos que mais defendi a ida do Brizola para o ministério e fui o primeiro a pedir para derrubar porque ele não tem lado. Esperamos que você (ministro) seja nosso porta-voz no governo."
Dias discursou logo após o deputado do PDT, mas evitou entrar em polêmica. O ministro do Trabalho e Emprego afirmou que tem a missão de recuperar o prestígio da pasta. "O desafio envolve o dia a dia dos trabalhadores. O ministério tem de agir como interveniente num grande debate entre patrões e empregados, buscando ampliar direitos, buscando condições para que o País cresça com a participação de todos." Questionado sobre se promoveria mudanças na Secretaria de Relações do Trabalho (SRT), Dias afirmou que ainda não teve tempo de analisar.
Conquistas
Paulinho declarou que a proposta que dá novas prerrogativas trabalhistas aos empregados domésticos, igualando-os aos demais trabalhadores privados, em votação no Senado, faz parte da luta histórica das centrais que deve beneficiar 7 milhões de assalariados. "Agora, uma coisa é aprovar a lei, outra é implementá-la." O deputado adiantou que, em evento programado para celebrar o Dia do Trabalho, no dia 1.º, o foco será a manutenção dos direitos, por meio da comemoração dos 70 anos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Saiba como correr para perder a barriga


POR MINHA VIDA

Queima da gordura abdominal exige tática de treino específica




Quem tem pressa em perder peso nem pensa duas vezes na hora de acelerar o passo: a corrida é, realmente, uma das melhores atividades físicas para emagrecer com saúde. O esporte aumenta o metabolismo, fazendo a queima de calorias acontecer mais rapidamente.

Por isso, o consumo maior de energia não se restringe aos minutos de treino, mas ao dia todo. Muitos defendem que a corrida leve é ideal para perder peso, numa prática com mais de 30 minutos. Nem sempre. O que emagrece mesmo é a continuidade da atividade física, com exigência crescente de esforço. O aumento do metabolismo, provocado pela atividade física, faz com que o organismo continue acelerado por mais alguma horas, depois do exercício. Ou seja, não é só durante a atividade física que há queima de gordura.
http://video.br.msn.com/?mkt=pt-br&vid=0d6bfa10-b577-4d1c-a592-d406cb042fa6&from=sharepermalink&src=v5:share:sharepermalink:&from=dest_pt-br
Com aumento do gasto calórico e uma dieta balanceada, seu corpo reage queimando as reservas de gordura. Por isso, as atividades mais longas ou mais intensas têm gasto energético-calórico maior e agradam mais quem busca resultados em pouco tempo.

A gordura abdominal, entretanto, exige uma tática específica para derreter. Contra ela, o mais eficaz é um programa de corrida ou caminhada com variação de intensidade no mesmo treino. Isso, claro, sem exageros que levem a lesões. Os picos de treino obrigam o corpo a queimar energia até das fontes mais difíceis. Daí o consumo da gordura visceral.

Mas se você mantinha uma rotina sedentária, vá com calma. Lembre-se que o exagero de hoje pode significar até uma semana sem treinar. Respeite o seu ritmo e, na dúvida, peça orientação ao seu professor.
http://msn.minhavida.com.br/fitness/materias/2852-saiba-como-correr-para-perder-a-barriga

Redação do Enem pede aluno engajado


Prova

Para professores, alunos precisam demonstrar visão crítica da realidade. Saiba quais são as mudanças anunciadas pelo MEC na correção do texto

Lecticia Maggi

Para professores, alunos precisam ler muito e praticar dissertações para fazer boa redação no Enem (Margarida Neide / Folhapress)
A redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) difere-se da redação proposta nos vestibulares tradicionais e requer um aluno mais engajado, segundo professores ouvidos pelo site de VEJA. A dissertação no Enem busca o conhecimento do candidato em relação à sociedade em que ele está inserido. “Os avaliadores esperam alguém com entendimento crítico e não apenas um bom texto”, afirma Vivian D’Angelo Carreira, professora de gramática e redação do Cursinho do XI.

Nesta segunda-feira, o governo lançou um guia sobre a redação do Enem 2012. É a primeira vez que o Ministério da Educação (MEC) publica um documento com orientações voltadas somente à redação. Ele traz informações sobre os novos critérios de correção da dissertação, além de exemplos de textos de participantes da edição anterior que conseguiram a nota máxima (1.000 pontos).

Temas envolvendo questões sociais, participação popular e regras de convivência em grupo ganham sempre destaque na prova. Por isso, Vivian explica que é bem-vindo mencionar dados ou eventos históricos no texto – desde que, obviamente, eles estejam relacionados ao tema proposto e o aluno tenha certeza sobre o que está escrevendo. Em 2012, ano de eleição municipal, ela fala sobre como o tema poderia ser abordado no Enem: “Não acredito em nada ligado ao pleito ou a candidatos especificamente, mas algo sobre direitos e deveres dos cidadãos cairia muito bem”.

A redação do Enem avalia cinco competências nos candidatos. Diferentemente dos vestibulares tradicionais, pede que o aluno “elabore uma proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os limites dos direitos humanos”. Para Vivian, é o ponto em que os estudantes têm mais dificuldade: “Ainda que não mostre soluções, é importante ao aluno apontar caminhos ou formas de suavizar o problema relatado”. 
Neste tópico, a dica do professor Francisco Platão Savioli, supervisor de português do Sistema Anglo de Ensino, é evitar a “terceirização do problema”. “É comum os alunos escreverem coisas como: ‘O governo precisa investir mais em educação’ ou ‘Se não diminuira corrupção, nada vai mudar'. Mas é preciso que o candidato tome a responsabilidade para si também e proponha algo transformador dentro do seu limite de ação”, afirma.

Dicas – Antes de iniciar a redação é preciso redobrar a atenção na leitura dos textos de apoio. Vivian sugere ao aluno ler a proposta da redação, fazer as anotações que julgar pertinentes, mas escrever o texto somente após responder às questões objetivas do exame. “A prova sempre tem questões ligadas ao tema da redação. O aluno volta para escrevê-la com mais informações e olhar crítico”, considera Vivian. 
Para  Savioli, o grande desafio aos candidatos é ler todos os textos com calma e saber relacioná-los. “Os alunos acabam fazendo uma leitura fragmentária e fugindo do tema. Lembrem-se: nada é independente. A prova de redação começa com uma boa prova de leitura”, diz. Docentes enfatizam que, para se aprimorar na técnica, não há segredos: ler muito e praticar fazendo redações constantemente. 

Como será feita a correção da redação do Enem 2012

Passo 1O primeiro avaliador atribui uma nota para cada uma das cinco competências exigidas pelo MEC. Cada competência vale 200 pontos e, portanto, a nota total do aluno pode variar de 0 a 1.000 pontos.
Passo 2O segundo avaliador repete o processo do primeiro e atribui também uma nota de 0 a 1.000 à redação. Se houver concordância, a nota final será a média aritimética das duas notas.
DesempateCaso haja uma discrepância de 200 pontos entre as duas notas - ou uma diferença de 80 pontos em cada uma das competências avaliadas - um terceiro avaliador é convocado. Até 2011, a margem de diferença era de 300 pontos.
Passo 3O terceiro avaliador analisa a redação e atribui a ela uma nota entre 0 e 1.000 pontos. Caso não haja discrepância entre o terceiro e pelo um dos outros avaliadores, a nota final será a média aritimética das duas notas que mais se aproximarem. 
DesempateCaso persista a diferença de 200 pontos entre os três avaliadores anteriores, uma banca composta por três outros corretores será convocada.
Passo 4Após a avaliação dos três integrantes, uma nova final será atribuída ao candidato.

Competências avaliadas no texto

Número 1Demonstrar domínio da norma padrão da língua escrita.
Número 2Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.
Número 3Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
Número 4Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
Número 5Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

As razões da nota zero 

Razão 1Não atender a proposta solicitada ou apresentar outra estrutura textual que não seja a do tipo dissertativo-argumentativo, o que configurará "fuga ao tema/não atendimento ao tipo textual".
Razão 2Deixar a folha de redação em branco.
Razão 3Escrever menos de sete linhas na folha de redação, o que configurará "texto insuficiente". Linhas com cópias do texto de apoio fornecido no caderno de questões não serão consideradas na contagem do número mínimo de linhas.
Razão 4Escrever impropérios, fazer desenhos e outras formas propositais de anulação
Razão 5Desrespeitar os direitos humanos
http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/redacao-do-enem-pede-aluno-engajado

MEC lança guia sobre a redação do Enem 2012


Exame

Manual traz redações de candidatos que conseguiram nota máxima em 2011. Saiba quais são as mudanças na correção do texto

Alunos realizam simulado do Enem
Provas do Enem acontecem nos dias 3 e 4 de novembro (Letícia Moreira/Folhapress)
O governo federal lançou, nesta segunda-feira, um guia de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2012. Com 48 páginas, ele traz informações sobre os novos critérios de correção do texto da prova (confira as tabelas) além de dissertações de participantes da edição anterior que atingiram a nota máxima (1.000 pontos), comentadas por professores. É a primeira vez que um documento voltado somente à redação é publicado.
Segundo informações do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o guia teve tiragem de 1.700.000 cópias, destinadas a escolas públicas, e está disponível também na internet. A redação do Enem se propõe a avaliar cinco competências dos estudantes, entre elas domínio da norma padrão da língua portuguesa, compreensão da proposta e argumentação

Para professores ouvidos pelo site de VEJA, as alterações – como redução da margem de discrepância entre corretores de 300 para 200 pontos - são benéficas e necessárias. Contudo, ainda precisam ser aprimoradas. Vivian D’Ângelo Carreira, professora de gramática e redação do Cursinho do XI, considera necessário um melhor detalhamento de como cada item é avaliado. Ela utiliza como exemplo a competência I, que avalia o domínio da norma padrão da língua escrita. “Neste caso, olham de forma geral se o aluno errou muito ou errou pouco; ou há um determinado número de pontos para cada erro gramatical?”, questiona. “Os critérios do Enem são muito subjetivos”, considera.

O professor Francisco Platão Savioli, supervisor de português do Sistema Anglo de Ensino, sugere a compilação de amostras de redações para o esclarecimento de eventuais dúvidas. Um bom exemplo é o desvio do tema proposto: “Fuga do tema é zero na redação, mas há alunos que cometem fugas parciais e umas são mais graves que outras. Com a análise de uma amostra de 100 redações, por exemplo, poderíamos estabelecer critérios que fossem atribuíveis a outros casos similares”, diz. 

Savioli  também destaca a importância do treinamento dos profissionais que irão corrigir as redações. “Uma equipe bem treinada evita distorções na nota. Tem professor que considera menos grave erro de acento, crase ou vírgula e analisa o texto pela articulação do pensamento e relação dialógica. Já outros são mais rigorosos com o português. É preciso alinhar todos os posicionamentos”, afirma. Segundo o Inep, 4.200 pessoas estão sendo capacitadas para se adequarem às novas exigências. 

As provas do Enem serão realizadas nos dias 3 e 4 de novembro. No primeiro dia, os participantes terão quatro horas e meia para fazer as provas de ciências humanas e da natureza. Já no segundo dia, os alunos têm cinco horas e meia para fazer a redação e responder a questões de matemática e linguagens. 

Confira quais são as mudanças na correção do Enem:

Como será feita a correção da redação do Enem 2012

Passo 1O primeiro avaliador atribui uma nota para cada uma das cinco competências exigidas pelo MEC. Cada competência vale 200 pontos e, portanto, a nota total do aluno pode variar de 0 a 1.000 pontos.
Passo 2O segundo avaliador repete o processo do primeiro e atribui também uma nota de 0 a 1.000 à redação. Se houver concordância, a nota final será a média aritimética das duas notas.
DesempateCaso haja uma discrepância de 200 pontos entre as duas notas - ou uma diferença de 80 pontos em cada uma das competências avaliadas - um terceiro avaliador é convocado. Até 2011, a margem de diferença era de 300 pontos.
Passo 3O terceiro avaliador analisa a redação e atribui a ela uma nota entre 0 e 1.000 pontos. Caso não haja discrepância entre o terceiro e pelo um dos outros avaliadores, a nota final será a média aritimética das duas notas que mais se aproximarem. 
DesempateCaso persista a diferença de 200 pontos entre os três avaliadores anteriores, uma banca composta por três outros corretores será convocada.
Passo 4Após a avaliação dos três integrantes, uma nova final será atribuída ao candidato.

Competências avaliadas no texto

Número 1Demonstrar domínio da norma padrão da língua escrita.
Número 2Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.
Número 3Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
Número 4Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
Número 5Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

As razões da nota zero 

Razão 1Não atender a proposta solicitada ou apresentar outra estrutura textual que não seja a do tipo dissertativo-argumentativo, o que configurará "fuga ao tema/não atendimento ao tipo textual".
Razão 2Deixar a folha de redação em branco.
Razão 3Escrever menos de sete linhas na folha de redação, o que configurará "texto insuficiente". Linhas com cópias do texto de apoio fornecido no caderno de questões não serão consideradas na contagem do número mínimo de linhas.
Razão 4Escrever impropérios, fazer desenhos e outras formas propositais de anulação.

http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/confira-como-sera-feita-a-correcao-da-redacao-do-enem

Enem: entenda o passo a passo da correção da redação


Prova

Produção de texto é fundamental para alcançar bom resultado na avaliação. Saiba quais as competências avaliadas e as razões da nota zero

Enem exige a realização de um texto dissertativo-argumentativo, em que o aluno defende o seu ponto de vista
Redação do Enem vale de zero a 1.000 pontos (Thinkstock)
Em 2012, o Ministério da Educação (MEC) realizou alterações na correção da redação doExame Nacional do Ensino Médio (Enem) e, pela primeira vez, publicou um guia com orientações detalhadas sobre a prova. Entre as principais mudanças, está a redução da discrepância permitida entre as notas atribuídas aos textos pelos corretores: de 300 para 200 pontos. Caso a diferença ultrapasse os 200 pontos, um terceiro corretor faz nova avaliação. Entenda a seguir como é realizada a correção, quais são as competências avaliadas e as razões que levam um candidato a tirar nota zero:

Etapas da correção

Passo 1O primeiro avaliador atribui uma nota para cada uma das cinco competências exigidas pelo MEC. Cada item vale 200 pontos. Dessa forma, a nota total do aluno pode variar de 0 a 1.000 pontos.
Passo 2O segundo avaliador repete o processo do primeiro e também atribui uma nota de 0 a 1.000 à redação. Quando a diferença entre as notas dos dois corretores é inferior a 200 pontos, a nota final do aluno é composta pela média aritmética das duas notas.
DesempateQuando há uma discrepância de 200 ou mais pontos entre as duas notas - ou uma diferença de 80 pontos em alguma das competências avaliadas - um terceiro avaliador é convocado. Até 2011, a diferença tolerada era de 300 pontos.
Passo 3O terceiro avaliador analisa a redação e atribui a ela uma nota entre 0 e 1.000 pontos. Quando não há uma discrepância superior a 200 pontos entre o terceiro e pelo um dos outros avaliadores, a nota final é a média aritmética das duas notas que mais se aproximam. 
DesempateNos casos em que a diferença de 200 pontos entre os três avaliadores persiste, uma banca composta por outros três profissionais é convocada.
Passo 4Após a avaliação dos três integrantes, uma nova nota é atribuída ao candidato.

Competências avaliadas no texto

Número 1Demonstrar domínio da norma padrão da língua escrita.
Número 2Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.
Número 3Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
Número 4Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
Número 5Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

Razões da nota zero 

Razão 1Não atender à proposta solicitada ou apresentar outra estrutura textual que não seja a do tipo dissertativo-argumentativo.
Razão 2Deixar a folha de redação em branco.
Razão 3Escrever menos de sete linhas na folha de redação, o que configura "texto insuficiente". Linhas com cópias do texto de apoio fornecido no caderno de questões não são consideradas na contagem do número mínimo de linhas.
Razão 4Escrever impropérios, fazer desenhos e outras formas propositais de anulação
Razão 5Desrespeitar os direitos humanos
http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/enem-entenda-o-passo-a-passo-da-correcao-da-redacao

Enem: redações debochadas expõem fragilidade do sistema de correção


Exame

Para especialistas, gigantismo da prova favorece deslizes como os descobertos na semana passada. E dificulta a contratação de corretores de qualidade

Nathalia Goulart
Prova de redação do Enem
Prova de redação do Enem (Editoria de Artes/Agência O Globo)
Desde que se tornou um grande vestibular, em 2009, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não dá sossego a seus participantes: os problemas com a avaliação já variaram do furto de provas a erros de impressão. Neste ano, a novidade é que a falha só veio à tona bem depois da realização da prova - depois, até mesmo, de os candidatos terem utilizado as notas para ingressar em universidades. Na semana passada, foram tornadas públicas redações em que candidatos enxertaram em seus textos receita de macarrão instantâneo e até um trecho do hino do clube de futebol Palmeiras. A primeira obteve nota 560 e a segunda, 500 — dos 1.000 pontos possíveis. Os responsáveis pelo Enem vieram, então, a público para garantir que as notas atribuídas aos textos debochados obedeceram o regulamento da prova. Só depois, decidiram atuar (a posteriori, mais uma vez), prometendo que a partir deste ano os "engraçadinhos" poderão ser punidos com nota zero. Professores e educadores apontam, contudo, que mais grave é o que o episódio revelou: fragilidade do sistema de avaliação das dissertações. 
Para Eduardo Antônio Lopes, professor de redação do Anglo Vestibulares, está correta a decisão de não anular as redações citadas. Isso porque tal situação não estava prevista em regulamento. O professor considera evidente, contudo, que houve supervalorização dos pontos positivos dos textos. Ou pior: o corretor pode ter lido somente o primeiro e o último parágrafos. "As duas hipóteses mostram que se trata de uma correção de má qualidade", diz Lopes.
Segundo o professor, levando-se em consideração as cinco competências previstas no edital, que devem servir de guia aos corretores, um texto como o do estudante que dedicou quase um parágrafo ao hino do seu time do coração receberia, no máximo, 400 pontos. “Em uma avaliação criteriosa, eu atribuiria nota 360”, diz Lopes. Isso porque, apesar de tratar brevemente do tema proposto (a imigração para o Brasil no século XXI), o texto não apresenta coesão nem progressão textual, faz uso de vocabulário pobre e não propõe uma intervenção ao problema, além de apresentar uma inserção totalmente despropositada (o hino do clube). “Mesmo seguindo todos os critérios apresentados pelo MEC, a penalização desse candidato deveria ser muito maior do que realmente foi.” Falha, portanto, dos corretores.
O próprio MEC, ciente da dificuldade de estabelecer um padrão de qualidade na correção das dissertações, patrocinou melhorias no sistema. Segundo dados do Inep, autarquia responsável pelo exame, o número de corretores contratados em 2012 para a missão aumentou 40% em relação ao ano anterior. Houve incremento também na folha de pagamento: 2,35 reais por redação, ante 1,60 real pago em 2011. Novos critérios foram determinados e uma cartilha de orientação foi distribuída aos estudantes. As medidas são bem-vindas e minimizam as chances de erro, mas não são suficientes, pois não combatem uma questão primordial e tão antiga quanto o novo Enem: o gigantismo da avaliação nacional, um problema que até agora o MEC evitou combater. 
Em 2012, mais de 4,1 milhões de pessoas fizeram a redação do Enem nas cinco regiões do país, mobilizando um exército de 5.692 corretores, 234 supervisores, 468 auxiliares e dez subcoordenadores regionais. “É difícil arregimentar tantos profissionais de qualidade”, diz a professora de língua portuguesa Ednir Barbosa, do cursinho Oficina do Estudante. “A prova acontece uma época do ano em que os profissionais que têm experiência nesse tipo de trabalho estão trabalhando dos demais vestibulares. É uma atividade em que experiência e treinamento contam muito.” Em concursos menores, manter o rigor no recrutamento de mão de obra especializada é uma tarefa mais fácil. Na Fuvest, por exemplo, uma das provas mais tradicionais do país, são necessários apenas 60 corretores para 35.000 dissertações.
Com um time menor de corretores, fica mais fácil garantir o treinamento necessário à padronização da correção. No vestibular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), por exemplo, os interessados em participar da banca examinadora participam de uma oficina de redação no início do ano. Na sequência, passam por entrevista individual, seguida de análise de currículo. Uma vez aprovado, o corretor passa por capacitação presencial de 40 horas. Após a aplicação da primeira fase do vestibular, um novo treinamento presencial é realizado.
No Enem, toda a orientação é feita à distância, havendo apenas um único encontro, em que os corretores recebem as últimas instruções. Além disso, nos vestibulares como o da Unicamp, toda a equipe de professores trabalha ao mesmo tempo, dividindo o mesmo espaço disponibilizado pela organização do concurso, o que contribui para a consistência da correção. Isso é impossível no Enem. “Garantir que haja um padrão nas notas é o maior desafio do exame hoje. Se, por um lado, é difícil reproduzir as condições de outros concursos na avaliação nacional, por outro, é urgente evitar discrepâncias como as vistas nas redações divulgadas recentemente”, diz Eduardo Antônio Lopes. 
A solução para evitar as distorções passa por um caminho conhecido por todos, inclusive pelo MEC: a aplicação do Enem em mais de uma data. Dessa maneira, um número menor de estudantes seria submetido ao exame a cada edição, reduzindo o volume de redações a serem corrigidas. Assim, menos profissionais seriam mobilizados, o que permitiria fiscalização mais rígida do trabalho. É o que acontece com o SAT, o Enem americano, realizado várias vezes ao ano. Em várias ocasiões, o MEC prometeu que implementaria o sistema, mas até hoje não foi capaz de tirar o projeto do papel. Enquanto isso, a cada ano, aumenta a insegurança de milhares de estudantes. Resume Daniela Aizenstein, professora de redação do cursinho CPV : “Para os jovens, fica a sensação de que não basta ser bom, é preciso contar com a sorte. Em cursos concorridos, como os de medicina, um ponto na média final pode separar os aprovados dos reprovados. Uma correção mal feita só aumenta a insegurança.”

BATTISTI EM GREVE DE FOME? INFELIZES FORAM SUAS VÍTIMAS, QUE MORRERAM SEM QUERER



A PIRA HUMANISTA - O jovem Virgílio, minutos antes de morrer carbonizado, vítima de um atentado terrorista praticado por Achille Lollo, que hoje vive livre, leve e solto no Rio
A PIRA HUMANISTA - O jovem Virgílio, minutos antes de morrer carbonizado, vítima de um atentado terrorista praticado por Achille Lollo, que hoje vive livre, leve e solto no Rio
O senador José Nery, do PSOL, afirma que o homicida Cesare Battisti entrou em “greve total de fome”. O que é greve “total”? Na forma tradicional do protesto, a pessoa ingere líquidos, o que prolonga a sua vida. Sem líquidos, a morte chega antes. Seria isso? Bem, dizer o quê? No ensaio O Mito de Sísifo, Albert Camus diz que a o suicídio é a única questão filosoficamente relevante. Decidir se permanecemos ou não vivos acaba condicionando uma porção de outras escolhas. Não concordo exatamente com a tese, embora seja uma sacada interessante.
Como cristão, abomino o suicídio, mas, democrata que sou, acredito que seria uma violência proibi-lo. Se Battisti quer… Chato mesmo foi o destino daqueles que ele matou. Aquelas pessoas não queriam morrer. Se o terrorista apagar em razão da greve de fome, terá sido a primeira morte voluntária com a qual ele se envolveu. Todas as outras se deram a despeito da vontade das vítimas.
Battisti estaria, assim, fazendo um apelo ao presidente Lula. É mesmo? Só uma coisa: se os familiares de suas vítimas também fizerem greve de fome, o presidente brasileiro teria, então, de decidir entre a pressão de uns e de outros. Nesse caso, qual seria a saída mais moral: atender à reivindicação daqueles que tiveram sua vida destroçada por Battisti ou daquele que destroçou vidas? É claro que tenho minhas dúvidas sobre a escolha de Lula… Esse tipo de vigarice moral, ética e intelectual diz bem quem Battisti continua a ser.
Ver o PSOL metido nessa história não chega a me estranhar. Um dos homens que ajudaram a criar o partido é o italiano Achille Lollo. Trata-se de um terrorista italiano que, em 1973, despejou gasolina sob a porta de um apartamento, na Itália, onde estavam um gari, sua mulher e seis filhos. Ateou fogo. Morreram uma criança de 8 anos, Stefano, e seu irmão mais velho, de 22, Virgilio. O gari era de um partido neofascista. Como Lollo não gostava do fascismo, então ele resolveu incendiar crianças, entenderam? Um verdadeiro humanista!!!
Num debate, certa feita, na Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP), tive a chance de lembrar a um deputado do PSOL, Ivan Valente (SP), as relações de seu partido com aquele outro “valente”. Leiam depois. O post está aqui.
Lollo mora hoje no Rio. Ajudou a criar o PSOL — os psolistas, psolianos ou psolentos (não sei como chamá-los)  dizem que ele apenas ajudou a fazer o site do partido. Sei. Vai ver ele se encontrou com membros do partido, casualmente, na praia…
Lembro aqui o caso Lollo porque gosto de evidenciar como se comportam esses sofridos humanistas da esquerda. Battisti vai fazer greve de fome até o fim? À sua maneira, se acontecer, terá encontrado um destino mais justo do que o de Lollo, que, todos os dias, tem a chance de olhar para o alto e ver o sol iluminando o Cristo Redentor. E duvido que sua consciência lhe cobre alguma coisa. Afinal, como diriam alguns, eles cometeu “crime político”, não é mesmo?
Lollo? Battisti? Que esses caras vão para o diabo que os carregue. Na foto acima, vemos Virgilio momentos antes de se abraçar a seu irmão de oito anos para morrerem, ambos, carbonizados. E tudo porque Lollo queria mudar o mundo… Essa gente me provoca asco. E os que os apóiam não são menos asquerosos.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/tag/achille-lollo/

Caetano, Wagner Moura, Jean Wyllys e Chico Alencar se acham democratas? Então vamos ver o que eles pensam sobre o regime democrático e o Parlamento



Ouvi dizer que haviam convocado uma manifestação de repúdio ao preconceito e coisa e tal na sede da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), no Rio. Pensei: “Que bom! A ABI ainda estava sob os miasmas da corrupção ativa e da formação de quadrilha, que ali se juntaram no evento em defesa de José Dirceu”.  Aí falaram que o Caetano Veloso, o Wagner Moura e a Preta Gil iriam. “Ah, então é coisa de sustança intelectual”. Imaginei que os três estavam decididos a protestar contra a Funarte, que barrou a inscrição de um trabalho de dez bailarinos negros no “Prêmio Funarte de Arte Negra” porque a pessoa jurídica à qual são ligados tem um diretor branco. Pensei: “O autodeclarado mulato Caetano Veloso não concorda com isso”.
Mas não! Tratava-se de mais uma manifestação contra Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Com alguns nome estrelados do mundo das Artes & espetáculos & Celebridades, a convocação logo juntou 600 pessoas, sob o comando do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) e do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ).
Repetiram-se as acusações de racismo e homofobia contra Feliciano. Eu jamais votaria nele para deputado. Tampouco o escolheria, se dependesse de mim, para presidir qualquer comissão. Mas o fato é que a acusação de homofobia é só uma tentativa de puni-lo por delito de opinião e que a de racismo vai além do ridículo. Feliciano tem o direito de ler errado a Bíblia, embora não deva. E é mais mulato do que Caetano Veloso.
O cantor, aliás, como de costume, arranhou a dialética:
“Não é admissível que essa Comissão de Direitos Humanos e de Minoria esteja sendo dirigida e presidida por um pastor que expressou nitidamente a intolerância, tanto da ordem sexual como racial. É fato conhecido e notório. Esse é um momento que nós deveríamos estar reunidos para tentar defender o que significa ter um Congresso. Porque o maior perigo é levar o povo brasileiro a desprezar esse nível do exercício do Poder Legislativo. Isso pode criar uma má impressão do que é democracia. Estamos reunidos aqui hoje para dizer que no Congresso não se podem fazer coisas absurdas, significa também dizer que nós não queremos viver sem o Congresso”.
“Fatos conhecidos e notórios”, em casos assim, costumam se confundir com linchamento. As duas coisas são falsas. E isso é apenas um fato. Caetano deveria nos explicar “o que significa ter um Congresso”. Eu entendo que significa, entre outras coisas, haver lá gente com a qual não concordo. E eu não concordo com Feliciano. Mas também não concordo com Caetano. O povo anda tendo algum desprezo pelo Congresso, mas por razões que passam longe dessas evocadas pelo artista. Cito o caso do mensalão, que, salvo engano, nunca levou a nossa vestal baiana para a praça — embora esteja certo de que ele não concorda com aquela sem-vergonhice.
Caetano não é burro, não! Conhece a língua portuguesa, mas se expressa numa espécie de idioleto, o “Caetanês”, que pode ser surpreendentemente autoritário:“Estamos reunidos aqui hoje para dizer que, no Congresso, não se podem fazer coisas absurdas; significa também dizer que nós não queremos viver sem o Congresso”. Em síntese: “Queremos (eles querem) um Congresso, desde que ele faça coisas com as quais concordemos; se passar a fazer coisas com as quais outros concordam, aí a gente começa a pôr em dúvida a existência do Congresso”.
Quando pego no pé de Caetano, alguns amigos, admiradores de sua música, protestam. Ora, eu também gosto de muitas das suas canções. Mas o pensador da democracia pode ser de uma impressionante ligeireza.
Wagner Moura, que incorporou, definitivamente, o papel de Capitão Nascimento das causas politicamente corretas também estava lá, com aquele seu ar de pensador grave. Tentou negar que exista preconceito religioso na pressão contra Feliciano:
“Acho muito desonesto os parlamentares do PSC dizerem que a oposição ao nome do Feliciano à presidência é uma intolerância contra a figura dele. É, portanto, significativa a presença de vários líderes religiosos aqui, inclusive os pastores presbiterianos”.
Havia pastores presbiterianos lá, que, obviamente, concordavam com o pleito de Moura. Isso significa dizer, portanto, que Moura não tem intolerância nenhuma contra pastores desde que os pastores concordem com… Moura!
Ainda bem que o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) estava lá para dizer a verdade: “Hoje ou amanhã, o Feliciano pode ser trocado e entrar um deputado que não diz tanta coisa que choque, mas pode representar a mesma política de anulação da comissão”. Vale dizer: Alencar quer é destituir toda a comissão inteira. Feliciano é apenas o primeiro da lista.
Jean Wyllys, numa demonstração que entende perfeitamente a independência entre os Poderes herdada lá de Montesquieu, cobrou que Dilma — sim, que a chefe do Executivo! — faça alguma coisa. E pensou, indo a altitudes inéditas: “O governo sabe se meter no Legislativo quando é de seu interesse”. A sabedoria convencional estaria a indicar que o deputado Wyllys — que é representante de um Poder, não apenas dos gays — deveria é protestar contra a ingerência do governo no Legislativo… Mas quê! Ele quer é ainda mais ingerência. Quando é a favor de causas que ele defende, estão essa ingerência é boa. Entenderam?
Wyllys extrapolou. Leio no Globo:
Jean Wyllys ressaltou que a iniciativa do protesto não é apenas lutar contra a permanência de Marco Feliciano à frente da comissão, mas também, segundo o parlamentar, lutar contra o “projeto fundamentalista” que Feliciano representa. Ele disse ainda que os possíveis pré-candidatos à Presidência da República em 2014, Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB), Marina Silva (REDE) e Eduardo Campos (PSB) deveriam participar deste debate.
“Toda a sociedade está engajada. E o comportamento dessas quatro pessoas potenciais candidatos no ano que vem é ignorar esse movimento. Isso é inadmissível”, declarou o deputado, lembrando de questões referentes aos direitos LGBT e à religião. Para ele, este tema foi ignorado na última eleição para a Presidência da República, em 2010.
Eu não concordo com uma vírgula do que pensa o deputado Feliciano. Mas noto, pelas palavras de Wyllys, que ele tem certa propensão a eliminar do mundo dos vivos os que o contestam. E, obviamente, nesses termos, não terei como concordar com ele, com Caetano, com Moura e com a psolada toda porque vai que amanhã  eles tentem me eliminar também, né?
Lamento! As palavras estão aí e fazem sentido. Essa gente não tem como dar aula de tolerância a ninguém. Até porque o seu protesto é seletivo, politicamente orientado. O silêncio sobre a violência institucional ocorrida na Funarte diz tudo.
Chico Alencar deu o fecho de ouro: “Ouvi dizer que ele (Feliciano) disse que só sairia morto. Nós, defensores dos direitos humanos, queremos matá-lo politicamente.”  Alencar me força a lembrar que socialistas defensores de direitos humanos são mesmo uma novidade na história, coisa recente. Como não podem — não nas democracias ao menos — matar seus adversários fisicamente, tentam matá-los moralmente.
Não por acaso, um dos fundadores do PSOL, ali mesmo no Rio de Chico Alencar e Freixo, é Achile Lollo. Quem é ele? Trata-se de um terrorista italiano que, em 1973, despejou gasolina sob a porta de um apartamento, na Itália, onde estavam um gari, sua mulher e seis filhos. Ateou fogo. Morreram uma criança de 8 anos, Stefano, e seu irmão mais velho, de 22, Virgilio. O gari era membro de um partido neofascista. Como Lollo não gostava do fascismo, então ele resolveu incendiar crianças, entenderam? Um verdadeiro humanista!!!
Não! O pensamento de Feliciano não me serve e eu o combato. Mas toda essa gente que fala aí acima não tem a menor, a mais remota, a mais pálida ideia do que seja um regime democrático. Encerro com esta ilustração.
A PIRA HUMANISTA – O jovem Virgílio, minutos antes de morrer carbonizado, vítima de um atentado terrorista praticado por Achille Lollo, que hoje vive livre, leve e solto no Rio. Foi um dos fundadores do PSOL, que hoje pretende dar aula de democracia