sexta-feira 13 2012

10 - a-ha - Stay on these roads (in vallhall)

CRYING IN THE RAIN - AHA - ( TRADUÇÃO )

B.B. King - Blues Boys Tune (From B.B. King - Live at Montreux 1993)

Willie Nelson & Norah Jones

BB King - How Blue Can You Get (From "Legends of Rock 'n' Roll" DVD)

John Lee Hooker - Hobo Blues

'Viver é desenhar sem borracha', dizia Millôr Fernandes

Relembre algumas frases deste jornalista, escritor, dramaturgo e humorista genial, Millôr Fernades



28/03/2012 - 11h56 . Atualizada em 28/03/2012 - 12h26










O humorista, escritor, dramaturgo, cartunista
(Foto: Divulgação)


















Relembre algumas frases deste jornalista, escritor, dramaturgo e humorista genial, Millôr Fernades:
'As pessoas que falam muito, mentem sempre, porque acabam esgotando seu estoque de verdades'.

'Chato...Indivíduo que tem mais interesse em nós do que nós temos nele'.

'Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim'.

'Jamais diga uma mentira que não possa
provar'.

'Machão não
come mel - come abelha'.

'Não devemos resisitir às tentações: elas podem não voltar'. 


'O cara só é sinceramente ateu quando está muito bem de saúde'. 


'O melhor movimento feminino ainda é o dos quadris'. 


'O pior
casamento é o que dá certo'.

'Roube ainda hoje! Amanhã pode ser ilegal'.

'Esnobar é exigir café fervendo e deixar esfriar'.

'Olha,

Entre um pingo e outro,
A chuva não molha'.

'Viva o Brasil

Onde o ano inteiro
É primeiro de abril'

'Quando todo mundo quer saber é porque ninguém tem nada com isso'. 


'Pais e filhos não foram feitos para ser amigos. Foram feitos para ser pais e filhos'. 


'Depois de bem ajustado o preço, a gente deve sempre trabalhar por amor à arte'. 


'Criança é esse ser infeliz que os pais põem para dormir quando ainda está cheio de animação e arrancam da cama quando ainda está estremunhado de sono'. 


'O dinheiro não é só facilmente dobrável como dobra facilmente qualquer um'. 


'O pior não é morrer. É não poder espantar as moscas'. 


'Certas coisas só são amargas se a gente as engole'.


'Aniversário é uma festa

Pra te lembrar
Do que resta'.

'Paz na terra aos homens de boa vontade. Isto é, paz para muito poucos'. 


'O preço da fidelidade é a eterna vigilância'.


'Ser pobre não é crime, mas ajuda muito a chegar lá'.

http://www.rac.com.br/noticias/nacional/122738/2012/03/28/viver-e-desenhar-sem-borracha-dizia-millor-fernandes.html 

Principais secretários de Agnelo se reuniram com homem-forte de Cachoeira

Distrito Federal

Um deles confirma reunião e outro nega. Contraventor mandou intermediário convidar dupla para uma orgia em Goiânia. Ouça a gravação

Rodrigo Rangel e Gabriel Castro
Assessores de Cachoeira indicando nomes para  o governo de Brasília Agnelo Queiroz, governador do Distrito Federal (Breno Fortes/CB/ D. A Press)
Um dia após negar ter se encontrado com Carlinhos Cachoeira, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, voltou atrás nesta quinta-feira e admitiu ter se reunido com o contraventor. Horas antes, havia surgido novos indícios de que a máfia que controlava os caça-níqueis em Goiás se aproximou de forma suspeita do petista. Agora, novas gravações obtidas por VEJA mostram que os dois secretários mais poderosos de Agnelo se reuniram com um dos mais proeminentes integrantes da máfia. E mais: queriam “se enturmar” com o próprio Cachoeira.
Paulo Tadeu, deputado federal licenciado e titular da Secretaria de Governo, e Rafael Barbosa, velho amigo do governador e atual secretário de Saúde do Distrito Federal, jantaram em 7 de abril do ano passado com Cláudio Abreu, parceiro de primeira hora de Carlinhos Cachoeira que tinha como incumbência tocar os contratos da máfia com o poder público, especialmente nos setores de obras e limpeza urbana. O jantar foi num restaurante japonês de Brasília. Enquanto esperava os dois secretários, Cláudio Abreu telefona para Cachoeira e diz que a conversa serviria para “amarrar os bigodes”. “Estou aqui no restaurante esperando o Rafael e o Paulo Tadeu", diz. "Os dois vêm cá para amarrar os bigodes comigo. Vamos ver como é que vai ser”. Ele não entra em detalhes acerca do que se seria tratado.
Cachoeira demonstra estar informado sobre a reunião e sugere que Cláudio Abreu – que formalmente se apresentava como diretor da empreiteira Delta Construções, empresa que a investigação aponta como integrante do esquema – convide os dois secretários para uma orgia em Goiânia: “Marca uma p... com eles amanhã aqui em Goiânia. Aí eu chamo as meninas”. Cláudio Abreu, então, propõe que o encontro seja marcado para a semana seguinte: “Não, vamos fazer semana que vem”.
Cerca de duas horas depois, Cláudio Abreu interrompe o jantar para pedir um número de telefone a Cachoeira. O contraventor aproveita para saber com estava indo a conversa. Ouve como resposta a notícia de que Paulo Tadeu e Rafael Barbosa desejavam “se enturmar” com o próprio Carlinhos Cachoeira. Em relatório, a Polícia Federal descreve assim o diálogo: "Carlinhos pergunta se está boa a conversa com o amigo e Cláudio diz que tá bom para c... e querem (Paulo Tadeu e Rafael) se enturmar com Carlinhos".
Paulo Tadeu e Rafael Barbosa têm, por razões diferentes, posições de destaque na cadeia de comando do governo Agnelo. O primeiro é tido como principal representante do PT brasiliense na equipe do governador, recém-convertido ao partido. Por isso, é apontado como o secretário mais influente do governo, com poderes para decidir sobre cargos e contratos. Já Rafael Barbosa é homem da estrita confiança de Agnelo, de quem é amigo de longa data. Médico sanitarista, Barbosa acompanhou Agnelo em todos os últimos cargos públicos que o governador ocupou. Ele também foi um dos encarregados de arrecadar fundos para a campanha de Agnelo.
Resposta - Paulo Tadeu admite o encontro. Diz que a reunião tratou do contrato da coleta de lixo que a Delta mantém com o governo local. "A Delta entrou no sistema da coleta de lixo por fruto de uma liminar. Na época, havia uma boataria de que o governo poderia tirar a Delta para que outra empresa pudesse entrar no sistema de coleta de lixo. O que eu disse a ele é que o governo iria cumprir a decisão judicial, fosse ela qual fosse". O secretário afirma ainda que, em outras gravações reveladas pela imprensa, o grupo reclama dele, o que provaria que os interesses da máfia não foram atendidos.
O petista também garante que nunca esteve com Carlinhos Cachoeira e que não se lembra de ter recebido de Cláudio Abreu algum convite para conhecer o contraventor. Paulo Tadeu alega desconhecer a relação entre os empresários. "Eu não sou policial para ficar sabendo as relações que o dirigente da Delta tem".
O secretário diz que, durante a reunião, tratou apenas de assuntos republicanos. E não vê problema em fazer uma reunião do tipo fora do gabinete e depois do expediente: "Não vejo que há imoralidade, desde que não se misture o interesse público com o privado", justifica.
Já o secretário Rafael Barbosa alegou, via assessoria de imprensa, que nunca esteve com Cláudio Abreu nem com Carlinhos Cachoeira e atribuiu as informações a uma tentativa orquestrada de prejudicá-lo. As versões dois secretários de Agnelo se chocam. O próprio Paulo Tadeu, em entrevista a VEJA, desmentiu Rafael Barbosa e confirmou que o colega estava, sim, no jantar:  "O Rafael é quem conhecia o Cláudio e disse que ele o procurou para que nós fizéssemos a reunião".
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/principais-secretarios-de-agnelo-se-reuniram-com-homem-forte-de-cachoeira 

Delta indicava nomes para cargos-chave no DF

Brasília

Depois de abastecer a campanha do governador Agnelo Queiroz (DF), como indicam os grampos da Polícia Federal, a Delta Construções atuou no governo do petista indicando ocupantes para cargos-chave, para manter sua influência na administração.
Dona de 70% da coleta de lixo em Brasília, a empresa apresentou, via emissários, lista de nomes ao secretário de Governo, Paulo Tadeu, e emplacou seus aliados no Serviço de Limpeza Urbana (SLU), órgão que tem a função de fiscalizá-la.
Paralelamente, a empreiteira acionava arapongas para levantar informações de "inimigos" na administração, com o objetivo de provocar sua demissão. Segundo conversas interceptadas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, a organização do contraventor Carlinhos Cachoeira, ligada à empreiteira, tinha acesso privilegiado a documentos do governo, como as nomeações, antes que elas saíssem no Diário Oficial do DF.
O interesse da empreiteira era alocar "amigos" nos cargos de comando do SLU, especialmente as Diretorias de Limpeza das regiões administrativas. São elas as responsáveis por pagar pelos serviços de varrição e recolhimento de entulho. Até o fim de 2011, as medições eram feitas por estimativa. Com aliados nessas funções, a Delta tinha como garantir que o cálculo lhe seria favorável.
Num dos grampos, de 31 de março de 2011, o sargento Idalberto Matias, o Dadá, conversa com um funcionário da Delta sobre o envio de relação de nomeados a Paulo Tadeu, numa negociação intermediada pelo então chefe de gabinete do governador Agnelo Queiroz, Cláudio Monteiro: "O Marcelão vai levar para o Cláudio Monteiro, para resolver esse negócio aí, levar para o Paulo Tadeu, tirar esse pessoal aí e botar o pessoal que a gente pediu".
Horas antes, Marcelo Lopes, o Marcelão, ex-assessor da Casa Militar do governo, explicava a Dadá que João Monteiro, na época diretor-geral do SLU, negociaria indicações com Paulo Tadeu: "O João Monteiro vai lá no Paulo Tadeu para resolver o negócio da nomeação". Dois dias depois, Dadá disse a Lopes que aliado seu "botou a mão" no CD com as nomeações.
Desafetos -  O engenheiro Cláudio Abreu, então diretor regional da Delta no Centro-Oeste, acionou Dadá para que investigasse desafetos no Distrito Federal. Um dos alvos era Pedro Luiz Rennó, gestor de um dos contratos da empresa no SLU. Em abril de 2011, Abreu cobrou de Dadá num telefonema: "Você tem de pegar o tal Pedro, filmar esse cara fazendo roubalheira. É isso o que você tem de me dar".
Procurado pelo Estado, o secretário Paulo Tadeu informou, por sua assessoria, que nunca teve reuniões com Marcelo Lopes ou João Monteiro para tratar de nomeações. Em nota, a Delta alegou desconhecer o teor dos relatórios da PF e assegurou jamais ter solicitado qualquer pesquisa sobre a vida de qualquer pessoa.
(Com Agência Estado)
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/delta-indicava-nomes-para-cargos-chave-no-df 

Nova técnica pode ajudar dependentes químicos a evitar recaídas

Drogas

Método expõe os dependentes a fatores que reavivam a memória relacionada ao uso de droga até que eles deixem de ser sensíveis a eles

Dependência química: pesquisadores identificam maneira de diminuir chances de recaídas Dependência química: pesquisadores identificam maneira de diminuir chances de recaídas (Thinkstock)
Pesquisadores da Universidade de Pequim, na China, e do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos identificaram uma nova estratégia para ajudar dependentes químicos que se encontram em abstinência a evitar recaídas. A abordagem da equipe consiste em expor repetidamente os dependentes a fatores como cheiros ou sons que os façam lembrar-se da sensação provocada pela droga até que eles se tornem menos sensíveis aos estímulos. Os resultados da experiência foram publicados nesta quinta-feira na revista Science.

Opinião do especialista

Ivan Mario Braunmédico do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas e autor do livro Drogas – Perguntas e Respostas (MG Editores)

"Esse estudo tem vários aspectos novos. Um deles é mostrar que o método de extinção pode ser eficaz para dependentes químicos dependendo do momento em que é feito. Além disso, revela alterações farmacológicas nos animais mesmo sem o uso de medicamentos.
É uma pesquisa muito importante, primeiramente pois foi divulgada em uma revista renomada como a Science. Depois, pelo fato de mostrar na prática o que já era esperado por estudos anteriores em relação ao tema.
No entanto, é importante destacar que, embora o resultado tenha sido positivo, foi restrito. Ou seja, não eliminou a vontade do indivíduo de voltar a usar a droga, mas sim diminuiu o risco de recaídas.
Além disso, não é um método que poderá ser utilizado na prática a partir de agora, por exemplo, mas com certeza fornece uma pista para novos tratamentos de pacientes com dependência química."
A pesquisa encontrou uma maneira de fazer com que o procedimento de extinção, utilizado para tratar alguns problemas psicológicos, fosse eficaz para ajudar dependentes químicos. Esse método elimina uma resposta que já está estabelecida no cérebro de alguém. Por exemplo, uma pessoa que teve stress pós-traumático devido a um assalto na rua e que fica com medo de sair de casa pode reverter esse problema se expondo a essa situação aos poucos, primeiro acompanhada de uma pessoa para, depois, conseguir sair sozinha.
Esse procedimento, no entanto, não se mostrou, até agora, tão eficaz em tratar pessoas que enfrentam problemas com drogas quanto se mostrou em ajudar pessoas com fobias, por exemplo. Isso se explica pelo fato de dependentes químicos apresentarem uma reconsolidação de memória depois do procedimento, ou seja, voltam ao comportamento antigo mesmo após serem expostos a um método como esse.
A pesquisa — Para chegar aos resultados positivos, os cientistas realizaram experimentos em ratos que foram induzidos à dependência química e também em humanos que eram dependentes de heroína e haviam sido submetidos a uma desintoxicação. Primeiro, eles foram brevemente expostos a um contexto que estivesse relacionado com o uso de drogas e, após dez minutos ou uma hora desse procedimento, os cientistas expuseram durante mais tempo os animais e os humanos a sons, imagens, objetos e cheiros que os remetessem ao uso da droga e os fizessem sentir vontade de consumi-la — o que chamaram de reavivamento da memória.
Os animais e os participantes que passaram pelo processo completo ficaram menos propensos a ter recaídas do que aqueles que receberam apenas o primeiro estímulo. Segundo os autores do estudo, a repetição dos estímulos faz com que animais e humanos se tornem menos sensíveis a eles. Isso só foi possível porque, até uma hora depois do primeiro método, não há reavivamento da memória antiga. Quando a mesma experiência foi feita com um intervalo de seis horas, os efeitos positivos não se repetiram. Os pesquisadores também observaram alterações químicas no cérebro dos ratos após a experiência, embora não tenha sido administrado uso de nenhum medicamento.
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/nova-tecnica-pode-ajudar-dependentes-quimicos-a-evitar-recaidas 

Com empurrão do governo, Delta Construção faturou uma Marfrig em dez anos

Licitações

Empresa de Fernando Cavendish arrecadou nada menos que 4 bilhões de reais em uma década apenas em contratos com o Planalto. Governos estaduais também são grandes clientes

Ana Clara Costa e Cecília Ritto
O empresário Fernando Cavendish Fernando Cavendish: o empresário virou o 'príncipe do PAC' (Julio Bittencourt/Folhapress)
Fernando Cavendish, presidente do conselho de administração da Delta Construção, é amigo do rei. Formado em engenharia civil pelas Faculdades Integradas Veiga de Almeida, no Rio de Janeiro, o empresário conseguiu um feito raro: em dez anos, fez o faturamento de sua empresa saltar de 67 milhões de reais para 3 bilhões de reais. Conforme levantamento da ONG Contas Abertas, apenas em obras contratadas pelo governo federal, a Delta arrecadou nesse período nada menos que 4 bilhões de reais. A cifra é equivalente ao atual valor de mercado da Marfrig, uma das maiores produtoras de carne do país.
Na segunda metade da década, o empresário – que já exibia a peculiar habilidade de manter bons relacionamentos com gestores públicos, sobretudo no Rio – transformou-se no “príncipe do PAC” ao arrebatar a grande maioria dos contratos de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento lançado pelo governo em 2007. Ao final de 2011, a Delta era a principal fornecedora do programa, com contratos avaliados em mais de 2 bilhões de reais.
O Rio de Janeiro, apesar de não ser o estado onde Cavendish nasceu, rendeu-lhe boa parte de sua riqueza e sucesso empresarial. Segundo levantamento da ONG Contas Abertas, o governo fluminense repassou 450 milhões de reais à Delta entre 2002 e 2011 – de longe a construtora que mais ganhou licitações no estado no período. Houve também outros tantos contratos sem licitação, da ordem de 53 milhões de reais.
Aditivos – Os ganhos da empresa no Rio foram inflados por aditivos aos contratos. Do início do primeiro mandato de Sérgio Cabral (PMDB/RJ) até 2010, quase 100 milhões de reais entraram nos cofres da Delta por meio dessas alterações contratuais. Entre os empreendimentos que levam a assinatura da construtora estão o Estádio Olímpico João Havelange, o Parque Aquático Maria Lenk, e a reforma, em curso, do emblemático Estádio do Maracanã. A Delta também foi responsável pela construção da nova pista do Aeroporto Internacional de Cabo Frio, em 2006, e por obras de reurbanização no Complexo do Alemão, em 2008.
Foto aérea do Maracanã: obras serão abertas à visitação
Foto aérea do Maracanã: reforma é principal obra da Delta no Rio
Grandes amigos – A estreita ligação entre a Delta e o Palácio Guanabara – mais especificamente, entre o empresário Fernando Cavendish e o governador Sérgio Cabral – foi escancarada em 2011, quando um acidente de helicóptero no Sul da Bahia matou sete pessoas, entre elas a mulher de Cavendish, seu enteado de 3 anos de idade e a namorada do filho de Cabral. Na mesma viagem, porém não no mesmo helicóptero, estavam o governador e seu filho Marco Antônio. Em outra ocasião, meses antes, as famílias Cavendish e Cabral haviam passado uma semana em um navio na costa de Nassau, nas Bahamas. A cortesia do transporte em jato executivo para as duas famílias foi de outro amigo: Eike Batista.
Parte desse sucesso de Cavendish na alta cúpula da política fluminense e em Brasília deve-se ao estreito relacionamento com o lobista número um do Planalto, o ex-ministro da Casa Civil e chefe da quadrilha, José Dirceu. Segundo reportagem de VEJA publicada em maio de 2011, a JD Assessoria e Consultoria, de Dirceu, prestou serviços de "relacionamento" aos principais executivos da empresa, apresentando-os a figuras proeminentes da República. Ao contratar o consultor, Cavendish tinha a intenção de ganhar mercado no Mercosul. Por incompetência do político ou falta de interesse dos hermanos, o plano não avançou. No final, o erro transformou-se em acerto. Graças ao empurrão de Dirceu, o empreiteiro expandiu seus domínios para além da Guanabara e chegou ao Planalto Central. Dali, a Delta não saiu mais.
Pasta dos Transportes – Na seara do PAC, o principal cliente da Delta é o Ministério dos Transportes. Em 2011, dos 884,5 milhões de reais recebidos pela construtora, 796,8 milhões de reais foram pagos pela pasta. No exercício anterior, a relação não foi diferente. Do total de 769,1 milhões de reais embolsados, cerca de 674,4 milhões de reais vieram dos Transportes. O Ministério foi dilacerado em 2011 depois que VEJA mostrou o esquema de corrupção que se alastrava pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), justamente o órgão que mais se relacionava com a Delta.
Obras de infraestrutura em transporte, aliás, estão no DNA da companhia. Fundada em 1961 pelo pai de Cavendish, Inaldo Soares, a Delta construiu, ao longo de três décadas, estradas e rodovias para órgãos públicos, sobretudo no Nordeste, de onde a família é originária – mais precisamente de Pernambuco. Só quando Cavendish assumiu o lugar do patriarca, em meados de 1990, a empresa passou a flertar com outras áreas – ainda que timidamente. Soares faleceu no final de 2003.
Reinado no DF – Outro terreno onde a Delta prosperou é o Distrito Federal. Além de prestar serviços milionários de limpeza pública em Brasília, a construtora também teria negociado facilidades em contratos diretamente com a cúpula do governo distrital em troca de favores em campanhas eleitorais. Em conversas gravadas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, aliados do contraventor Carlinhos Cachoeira – acusado de comandar uma rede de jogos ilegais no país – afirmaram que a diretoria da Delta fazia doações milionárias ao PT e ao PMDB. Posteriormente, cobrava favores em troca, como a nomeação de amigos em cargos específicos para garantir que a empresa se mantivesse favorecida nos contratos locais.
Segundo a ONG Contas Abertas, as doações eleitorais alcançam o valor de 2,3 milhões de reais à direção nacional do PT e PMDB, referentes às últimas eleições de 2010. Os repasses foram de 1,15 milhão de reais a cada partido.
Cavendish, o sobrinho – Recentemente, Cavendish criou uma holding, a DTP Participações e Investimentos, com valor de mais de 300 milhões de reais, segundo a Junta Comercial do Rio de Janeiro, com objetivo de consolidar ali a gestão de todas as suas empresas (Delta Construção, Delta Energia, Delta Incorporação e Delta Montagem Industrial).
Segundo o contrato social da companhia, disponível na Junta, a DTP detém 99% do capital da Delta Construção, a maior empresa do grupo. Consta no documento que a diretora e principal representante da holding que congrega toda a fortuna do empresário é Ligia Maria Soares Silva. Curiosamente, a “executiva” é tia de Cavendish, irmã de seu pai, professora de ensino médio em uma escola na cidade de Salgueiro, no sertão de Pernambuco.
http://veja.abril.com.br/noticia/economia/com-empurrao-do-governo-delta-faturou-uma-marfrig-em-dez-anos