Ministério das Relações Exteriores trabalha com a estimativa de que 79 brasileiros podem estar no país devastado por um terremoto
A Embaixada do Brasil em Katmandu localizou, até as 15h deste domingo, 60 brasileiros que estavam no Nepal durante o terremoto que já deixou mais de 2.500 mortos. Todos passam bem e escaparam ilesos do desastre. Para identificar possíveis vítimas, funcionários do Ministério das Relações Exteriores fizeram, desde sábado, contatos com hotéis, agências de turismo e hospitais. O Itamaraty trabalha com a hipótese de que 79 brasileiros estejam no país.
O apoio da embaixada só foi requisitado até agora para a expedição de passaportes de brasileiros que perderam documentos. O serviço diplomático em Katmandu passou a funcionar em regime de plantão no fim de semana.
Em nota, o Palácio do Itamaraty expressou condolências aos familiares das vítimas do terremoto. "O Governo brasileiro tomou conhecimento, com grande pesar, do terremoto que atingiu o Nepal na manhã de hoje, que causou a perda de centenas de vidas e significativa destruição material. A Embaixada do Brasil em Katmandu está mobilizada para prestar o apoio necessário aos cidadãos brasileiros que se encontram no país. Os brasileiros já localizados pela Embaixada não sofreram ferimentos e estão recebendo toda a assistência cabível. Não há, até o momento, informação sobre a presença de brasileiros entre as vítimas fatais.A Embaixada continuará a monitorar a situação e a acompanhar a evolução dos acontecimentos naquele país.O Governo brasileiro expressa suas condolências e sua solidariedade aos familiares das vítimas, ao povo e ao Governo do Nepal", diz o comunicado.
Brasileira localizada - Após quase 16 de horas de aflição à espera de notícias de Mariana Malaguti Uchôa, 26 anos, os pais da designer que está no Nepal em uma viagem sabática tiveram informações sobre a filha. O pai, Paulo Uchôa, contou que recebeu um telefonema por volta das 2h da madrugada deste domingo de um cunhado, avisando que Mariana tinha acabado de postar uma mensagem no Facebook. Na sequência, ela enviou um breve e-mail para os pais: "Estou em um lugar seguro, fiquem tranquilos. Menos medo".
O recado encerrou um período de agonia de Paulo e sua mulher, Cristina Malaguti Uchôa. "Ficamos o dia inteiro sem informação, foi horrível", disse o pai. A descoberta sobre o terremoto no Nepal, que deixou mais de 2.000 mortos, ocorreu na manhã de sábado, quando Cristina acessou um portal de notícias.
Mariana está em um vilarejo a cerca de 10 km da capital, onde dá aulas de capoeira para crianças e pratica yoga. Em um relato no Facebook, ela disse que no local onde está não houve "muitos danos físicos", uma vez que a cidade tem pequenas construções.
"Pude sentir muito forte o tremor aqui, e mais uma vez pude acreditar e vivenciar a potência da natureza. Parece que o tremor pode voltar hoje, mas estou em área de segurança, não tem grandes prédios nem construções", afirmou aos amigos, a quem pediu calma e acrescentou: "Aqui a terra treme e aí os corações palpitam!".
A viagem da designer, programada por um ano, teve início em dezembro de 2014, quando a jovem foi para a Índia, onde percorreu diversas cidades, e depois seguiu para o Nepal. Ela já tinha ido embora do País, mas decidiu voltar. Há cerca de 15 dias está no Nepal.
Terremoto de magnitude 7,8 atingiu o país no sábado; outro mais fraco, de 6,7 pontos, foi registrado neste domingo
Um vídeo postado no YouTube pelo alpinista alemão Jost Kobusch registra os momentos de pânico que sucederam o terremoto que atingiu o Nepal no sábado. Kobusch estava na na base do Monte Everest, acampado com outros alpinistas, quando uma avalanche atingiu o local. Até este domingo, as autoridades do Nepal contabilizaram 2.500 mortos após o terremoto de magnitude 7,8 que atingiu o país. Neste domingo, outro tremor atingiu o local, porém, em menor magnitude: 6,7.
Mais de 1.100 pessoas estavam no Vale do Katmandu, um lugar que reúne as características das civilizações antigas da Ásia e também a pujança econômica da nação himalaia de 28 milhões de pessoas. Helicópteros militares indianos levaram alguns feridos para hospitais locais, mas funcionários do governo disseram que as operações haviam sido atrapalhadas pela chuva, névoa e tremores posteriores. Com milhares de pessoas dormindo a céu aberto, sem energia elétrica e água, e com previsão de chuva, há temores de um desastre humanitário ainda maior. Por todo o país, centenas de vilarejos foram deixados à própria sorte.
Devastação - O terremoto de sábado foi o maior a atingir o país em 80 anos. Seu epicentro foi no distrito de Gorkha, cerca de 80 quilômetros a noroeste de Katmandu, de acordo com o Instituto de Geofísica dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês). As estradas para essa região foram bloqueadas por deslizamentos, dificultando o trabalho de equipes de resgate, que estão caminhando pela montanha para chegar às vilas mais remotas.
No centro da capital, Katmandu, vários edifícios desabaram, incluindo templos e minaretes. Entre eles, estava a torre de nove andares conhecida como Dharahara Tower, um dos marcos de Katmandu, construída pelos governantes reais do Nepal e reconhecida pela Unesco como patrimônio histórico.
O terremoto foi tão forte que pôde ser sentido em partes da Índia, Bangladesh, Paquistão e na região do Tibete, na China. Ele também desencadeou uma avalanche no Monte Everest, que atingiu acampamento na base da montanha. Pelo menos 17 pessoas morreram e 61 ficaram feridas como resultado dos deslizamentos, entre eles o executivo do Google Dan Fredinburg.