terça-feira 27 2015

Há 70 anos, a libertação de Auschwitz-Birkenau

Alemanha

Em 27 de janeiro de 1945, o Exército Vermelho libertou Auschwitz, o maior e mais terrível campo de extermínio dos nazistas onde foram mortas pelo menos um milhão de pessoas.
por Deutsche Welle — publicado 27/01/2015 11:57
Auschwitz-Birkenau
O sobrevivente de Auschwitz, Miroslaw Celka, caminha pelo portão do antigo campo de concentração que tem os dizeres "o trabalho liberta"

Auschwitz foi o maior e mais terrível campo de extermínio do regime de Hitler. Em suas câmaras de gás e crematórios foram mortas pelo menos um milhão de pessoas. No auge do Holocausto, em 1944, eram assassinadas seis mil pessoas por dia. Auschwitz tornou-se sinônimo do genocídio de judeus, sintos e roma e tantos outros grupos perseguidos pelos nazistas.
As tropas soviéticas chegaram a Auschwitz, hoje Polônia, na tarde de 27 de janeiro de 1945, um sábado. A forte resistência dos soldados alemães causou um saldo de 231 mortos entre os soviéticos. Oito mil prisioneiros foram libertados, a maioria em situação deplorável devido ao martírio que enfrentaram.
"Na chegada ao campo de concentração, um médico e um comandante questionavam a idade e o estado de saúde dos prisioneiros que chegavam", contou Anita Lasker, uma das sobreviventes. Depois disso, as pessoas eram encaminhadas para a esquerda ou para a direita, ou seja, para os aposentos ou direto para o crematório. Quem alegasse qualquer problema estava, na realidade, assinando sua sentença de morte.
Auschwitz-Birkenau foi criado em 1940, a cerca de 60 quilômetros da cidade polonesa de Cracóvia. Concebido inicialmente como centro para prisioneiros políticos, o complexo foi ampliado em 1941. Um ano mais tarde, a SS (Schutzstaffel) instituiu as câmaras de gás com o altamente tóxico Zyklon B. Usada em princípio para combater ratos e desinfetar navios, quando em contato com o ar a substância desenvolve gases que matam em questão de minutos. Os corpos eram incinerados em enormes crematórios.
Um dos médicos que decidiam quem iria para a câmara de gás era Josef Mengele. Segundo Lasker, ele se ocupava com pesquisas: "Levavam mulheres para o Bloco 10 em Auschwitz. Lá, elas eram esterilizadas, isto é, se faziam com elas experiências como se costuma fazer com porquinhos da Índia. Além disso, faziam experiências com gêmeos: quase lhes arrancavam a língua, abriam o nariz, coisas deste tipo..."
Trabalhar até cair
Os que sobrevivessem eram obrigados a trabalhos forçados. O conglomerado IG Farben, por exemplo, abriu um centro de produção em Auschwitz-Monowitz. Em sua volta, instalaram-se outras firmas, como a Krupp. Ali, expectativa de vida dos trabalhadores era de três meses, explica a sobrevivente.
"A cada semana era feita uma triagem", relata a sobrevivente Charlotte Grunow. "As pessoas tinham de ficar paradas durante várias horas diante de seus blocos. Aí chegava Mengele, o médico da SS. Com um simples gesto, ele determinava o fim de uma vida com que não simpatizasse."
Para apagar os vestígios do Holocausto antes da chegada do Exército Vermelho, a SS implodiu as câmaras de gás em 1944 e evacuou a maioria dos prisioneiros. Charlotte Grunow e Anita Lasker foram levadas para o campo de concentração de Bergen-Belsen, onde os britânicos as libertaram em abril de 1945. Outros 65 mil que haviam ficado em Auschwitz já podiam ouvir os tiros dos soldados soviéticos quando, a 18 de janeiro, receberam da SS a ordem para a retirada.
"Fomos literalmente escorraçados", lembra Pavel Kohn, de Praga. "Sob os olhos da SS e dos soldados alemães, tivemos de deixar o campo de concentração para marchar dia e noite numa direção desconhecida. Quem não estivesse em condições de continuar caminhando, era executado a tiros", conta. Milhares de corpos ficaram ao longo da rota da morte. Para eles, a libertação chegou muito tarde.

Aécio: ‘manobras’ tentam minar credibilidade da Lava Jato

Lava Jato

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) faz um pronunciamento no Plenário Ulysses Guimarães, na Câmara dos Deputados, em Brasília
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) faz um pronunciamento no Plenário Ulysses Guimarães, na Câmara dos Deputados, em Brasília (Alan Marques/VEJA)
Depois de ter o aliado político Antonio Anastasia (PSDB) citado como um dos possíveis beneficiários do esquema de propina na Petrobras, o presidente do PSDB, Aécio Neves, disse nesta terça-feira que existem “manobras” para “confundir, enfraquecer e tirar a credibilidade” das investigações sobre o petrolão. “O PSDB vem a público denunciar as manobras em curso para confundir, enfraquecer e tirar a credibilidade das investigações que estão sendo conduzidas na Operação Lava Jato. Misturar falsas acusações com fatos reais já comprovados é estratégia de quem tenta minar a credibilidade das investigações”, disse Aécio. Anastasia e o deputado peemedebista Eduardo Cunha, candidato à Presidência da Câmara, foram citados em depoimento do agente da Polícia Federal Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como o Careca, em reportagem do jornal Folha de S. Paulo.  Ambos negam envolvimento com o petrolão. Nesta terça-feira a defesa de Anastasia recorreu à Justiça Federal do Paraná com pedido de acesso ao depoimento completo de Careca. (Laryssa Borges, de Brasília)

Dilma proíbe até assessores e blinda reunião ministerial

Maquiavel

Portaria da Granja do Torto, residência oficial da presidente eleita Dilma Rousseff
Portaria da Granja do Torto, residência oficial da presidente eleita Dilma Rousseff (Antonio Cruz/Agência Brasil/VEJA)
A primeira reunião ministerial do segundo governo da presidente Dilma Rousseff, agendada para esta terça-feira, ocorrerá em esquema de vigilância total. Apenas os primeiros minutos da reunião, quando Dilma fará uma rápida fala introdutória, serão abertos à imprensa. Para vetar vazamentos e impedir declarações, até assessores foram proibidos de acompanhar o encontro. Geralmente, nas reuniões ministeriais realizadas na Granja do Torto, a casa de campo oficial da Presidência da República, os assessores ficam em uma sala anexa, o que não ocorrerá desta vez. Em alguns ministérios, houve queixas à condução dos preparativos da reunião.

(Com Estadão Conteúdo)

Dilma reaparece, defende ajuste e pede que ministério trave 'batalha da comunicação'

Reunião ministerial

Presidente fez malabarismos para negar as contradições entre as medidas do governo que se inicia e o discurso de candidata. Acuada, ela voltou a fingir que o escândalo que sangrou a Petrobras não tem relação com sua gestão

Gabriel Castro, de Brasília
Presidente Dilma Rousseff, acompanhada dos ministros Aloizio   Mercadante, da Casa Civil;  Jaques Wagner, da Defesa; e Joaquim   Levy, da Fazenda; durante sua primeira reunião de trabalho com sua nova equipe ministerial, na Granja do Torto, em Brasília - 27/01/2015
TROPA DE CHOQUE – A presidente Dilma Rousseff e sua nova equipe ministerial na Granja do Torto, em Brasília: petista quer seus 39 auxiliares em sua defesa contra a avalanche de notícias ruins que marcam início do governo (Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)
Depois de quase um mês de silêncio, a presidente Dilma Rousseff convocou seu numeroso time de ministros nesta terça-feira a "travar a batalha da comunicação" e classificou como "boatos" a sucessão de notícias ruins que marcam os 27 dias do seu novo governo, incluindo os desdobramentos do escândalo de corrupção na Petrobras e o pacote de ajustes fiscais que fará o bolso do brasileiro doer neste ano.
Dilma reapareceu hoje à frente da reunião com os 39 auxiliares que simbolizam o maior loteamento partidário já visto na Esplanada dos Ministérios. A fala inaugural da presidente durou 35 minutos e foi transmitida ao vivo pela televisão estatal NBR. Em seguida, a reunião na Granja do Torto, a casa de campo da Presidência da República, transcorreu a portas fechadas – inclusive sem a presença de assessores dos ministros.
No pronunciamento, a presidente deixou transparecer desconforto com o texto a ser lido e chegou a demonstrar irritação: foram duas broncas, por exemplo, pela lentidão do operador do seu teleprompter. Aos ministros, proferiu uma série de malabarismos retóricos para negar as contradições entre o governo que se inicia e o discurso da presidente-candidata. "Nós devemos enfrentar o desconhecimento, a desinformação sempre, permanentemente", disse a presidente. E prosseguiu: "Não podemos permitir que a falsa versão se crie e se alastre. Reajam aos boatos, travem a batalha da comunicação, levem a posição do governo à opinião pública".
"Vamos mostrar a cada cidadão que não alteramos um só milímetro o nosso compromisso com o projeto vencedor na eleição", discursou.

Dilma atribuiu a situação econômica do país a fatores externos e citou a desaceleração de parceiros importantes, como China e Estados Unidos, num período recente. Ela também mencionou a queda no preço das commodities e a alta no valor do dólar. No cenário interno, Dilma mencionou a alta no preço dos alimentos e da energia, motivada pela crise hídrica no Brasil.

A presidente afirmou que vai lançar um plano de desburocratização para facilitar a atuação das empresas, ampliar as concessões de rodovias, portos, aeroportos – além de estender o modelo para as hidrovias – e dar início a um plano nacional de exportações. Agora, Dilma diz que o Brasil chegou a um "limite" e por isso se tornou necessário promover um "reequilíbrio fiscal".
Mais uma vez o discurso realista e pragmático da presidente contrasta com o da candidata, que venceu as eleições negando problemas nas finanças do governo e acusando os adversários de planejarem tudo aquilo que ela mesmo faria no segundo mandato. Dilma, que havia garantido que não mexeria em benefícios sociais, não deu o braço ao torcer. Ela disse que as mudanças o seguro-desemprego, por exemplo, não são "medidas fiscais": "Trata-se do aperfeiçoamento de medidas sociais para aumentar sua eficácia, eficiência e justiça".

A presidente repetiu seu discurso tradicional sobre a corrupção na Petrobras: como se o problema não tivesse qualquer relação com seu governo, pediu que a empresa fosse defendida. "Temos que saber apurar, temos que saber punir, isso tudo sem enfraquecer a Petrobras nem diminuir a sua importância para o presente e para o futuro do país", disse ela, que também prometeu ser "implacável" no combate a desvios de recursos públicos.

Justiça bloqueia quase R$ 119 milhões de investigados na Lava Jato


Lava Jato

Valores incluem dinheiro de empreiteiros e de três empresas de propriedade do ex-diretor da Petrobras Renato Duque e do lobista Fernando Baiano

Laryssa Borges, de Brasília
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o ministro do STF, Luiz Fux, são homenageados pelo Ministério Público Estadual do Paraná, através de seu procurador-geral, Gilberto Giacoia. Janot não quis comentar a apresentação das denúncias da operação Lava Jato. Fux, ao contrário, comentou sobre a operação que investiga o escândalo dos contratos da Petrobras

A Justiça Federal do Paraná bloqueou, até agora, 118,85 milhões de reais de investigados na Operação Lava Jato da Polícia Federal. Os valores, compilados pela 13ª Vara Federal de Curitiba nesta terça-feira, incluem bloqueios de contas bancárias das cúpulas das principais construtoras do país e dinheiro que ainda será transferido a contas judiciais, mas não tratam de recursos depositados no exterior. A retenção dos valores foi determinada no ano passado pelo juiz Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, e serve como garantia de reposição dos cofres públicos caso os réus sejam condenados.
O vice-presidente da construtora Engevix Gerson de Mello Almada foi o réu que teve os maiores valores bloqueados – 37,5 milhões de reais –, seguido do ex-presidente da Queiroz Galvão, Idelfonso Colares Filho, com 18,1 milhões de reais, do diretor da Área Internacional da OAS, Agenor Franklin Magalhães Medeiros, com 11,99 milhões de reais, e do empreiteiro Ricardo Pessoa, presidente da UTC Engenharia e apontado como o chefe do Clube do Bilhão, cartel de empreiteiras que, por meio do pagamento de propina, articulavam fraudes em contratos com a Petrobras. Também foram bloqueados recursos da D3TM Consultoria e Participações, empresa de propriedade do ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, e de duas companhias do operador do PMDB no petrolão, Fernando Soares, conhecido comoFernando Baiano: a Hawk Eyes Administração de Bens e a Technis Planejamento e Gestão em Negócios. Duque e Baiano, como pessoas físicas, também tiveram bloqueados 4,04 milhões de reais e 8.873 reais, respectivamente.
No início do ano, a Justiça Federal do Paraná havia determinado que bancos públicos e privados mantivessem bloqueados os recursos em contas bancárias e aplicações financeiras de investigados na Operação Lava Jato. O alerta judicial ocorreu após algumas instituições financeiras terem se recusado a cumprir a ordem do juiz Sergio Moro.
O BNP Paribas, por exemplo, havia enviado ofício a Moro questionando se poderia congelar, aos poucos, o dinheiro em nome de Gerson de Mello Almada, na medida em que vencesse o prazo de resgate de aplicações. Além do BNP, outros bancos questionaram a necessidade a bloquear aplicações financeiras não vencidas por considerar que a determinação poderia prejudicar clientes e afugentar novos investidores que não têm relação com a Lava Jato. A restrição dos recursos vale até em casos comprovados de dinheiro lícito.

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