quarta-feira 12 2014

Limites: a formação necessária do Superego -- Ivan Capelatto cpfl cultura

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Hoje olhamos, falamos, discutimos muito sobre a violência e as conseqüências sociais e psicológicas decorrentes, mas, o que mais nos assusta e atinge é a indiferença com que o violento se comporta, como não se importasse nem com o seu ato e muito menos com as conseqüências dele; como se nada do que nos horrorizasse lhe fizesse algum sentido; mas, assim também é com o menino que rouba ou com o jovem que atropela porque bebeu. São as seqüelas da ausência da lucidez a Aufklãrung de Kant ou a ausência do Superego de Freud, que pode ser ganho no colo de um cuidador.
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15 ideias para mudar sua vida agora

Bem escolhidas, pequenas mudanças no cotidiano podem causar um grande impacto positivo no dia a dia


Na busca pela felicidade, muitas vezes são as pequenas coisas que podem transformar o cotidiano. “Nós somos felizes, sim, mas somos normais. Não existe uma vida sempre em êxtase. Acho que é uma característica humana querer aprender coisas novas e buscar nossos sonhos”, conta Fred Di Giacomo, que ao lado da mulher, Karin Hueck, começou recentemente o Glück Project, uma pesquisa sobre felicidade. Para isso, o casal trocou o Brasil por Berlim, na Alemanha, onde planejam viver pensando em ser feliz em primeiro lugar.
Se uma pequena mudança nas ações cotidianas é o que falta para você ser mais feliz, não espere mais. Selecionamos algumas ideias que já deram certo. Inspire-se com as dicas baseadas nas histórias abaixo.
Faça algo inédito todo dia. Conhecer coisas novas e testar os próprios limites é uma maneira
de aprimorar o autoconhecimento e alterar a percepção do mundo ao redor. Insatisfeita com os rumos da vida, Steffania Albanez largou o emprego e, ao lado da amiga Elisa Mendes, decidiu fazer uma coisa inédita por dia. O resultado pode ser visto no blog que elas criaram, o 365 Nuncas. “Talvez a pessoa não precise realizar com a intensidade que nós realizamos[365 dias direto], mas pensar a respeito e tentar movimentar a própria vida é uma experiência que vale a pena”.
Faça uma coisa boa por dia. Atitudes de gentileza diárias, por menores que sejam, fazem a
diferença. Se não sabe por onde começar, siga o exemplo do publicitário mexicano que resolveu fazer uma boa ação por dia durante 21 dias, tendo como alvos conhecidos, desconhecidos e até animais. Cada boa ação estava escrita em um cartão personalizado, como mostrado no registro do projeto.
Ofereça ajuda a um estranho. Pergunte como pode ajudar. As respostas podem ser surpreendentes. Renata Quintela, redatora, começou sua Jornada com uma simples pergunta: “O que posso fazer por você agora?”. As respostas já foram de tomar um café até a preparação de uma festa, entre muitas outras.
Recicle, reuse e reaproveite - ao extremo! Muitos objetos podem ser transformados de maneiras que você nem imagina. Foi o que uma família inglesa descobriu ao decidir dispensar apenas uma lata de lixo cheia ao longo de um ano inteiro. Eles fizeram isso comprando utensílios sem invólucros, cultivaram sua própria horta e reciclaram tudo que era possível, de cascas de frutas a painéis solares, para gastar menos energia. 
Ajude alguém doente. Ao saber que o amigo Jonah tinha uma doença incurável conhecida como GSD 1b (Glicogenose tipo I ou Doença de Von Gierke), cujo principal sintoma é a queda frequente de glicose do organismo, o norte-americano Dylan, de 6 anos, resolveue screver um livro e doar o dinheiro das vendas para pesquisas que buscam a cura. Até hoje, o garoto já conseguiu juntar 420 mil dólares, cerca de R$ 924 mil reais. 
Faça uma viagem sem destino. O mundo é muito grande para ficar sempre estagnado no mesmo lugar. Faça uma viagem sem um destino pré-definido, e aproveita cada momento. Pode ser na sua cidade mesmo: ande por aí e conheça lugares que você nunca reparou. O designer norte-americano Foster Huntington largou tudo, entrou em uma van e seguiu para o lado oeste dos Estados Unidos, registrando tudo com uma câmera e publicando no seu blog. 
Faça algo pela sua cidade. O lugar onde você mora é importante e deve ser preservado. Se cada um fizer uma pequena parte, o resultado pode ser grandioso. Pensando em colorir e, ao mesmo tempo, diminuir um problema urbano na agitada Londres, o artista Pete Dungey criou o projeto The Pothole Gardens: ele planta pequenos jardins nos buracos que encontra pela rua. 
Empregue suas habilidades e não tenha medo de criar. Tirar proveito de seu dom pode render bons frutos. No caso do garoto Moziah Bridges, que desde
muito novo gostava de costurar, a inspiração veio por si só: o garoto lançou a loja virtual Mo’s Bows, onde vende gravatas estilizadas e personalizadas. 
Faça pequenas gentilezas. Experimente deixar recadinhos em lugares improváveis, elogiando
ou dando uma informação útil para quem encontrá-lo. Simples, esta é a proposta do projeto Amélie, de Portugal: uma pequena troca de gentileza diária. Se você gostou de receber, pode fazer o mesmo por outra pessoa. 
Expresse gratidão. Seja por palavras, cartas, ligações: o que importa é sentir-se
grato e expressar esse sentimento. Em experimento divulgado no Youtube pela organização criativa SoulPancake, a gratidão apareceu como um fator de aumento da felicidade. Os voluntários deviam escolher alguém que tivesse sido uma influência importante para eles e descrever em um papel o motivo da escolha. Feito isso, foram convidados a ligar para a pessoa escolhida e ler o recado escrito. No final, foi aplicado um questionário. Segundo as respostas dos voluntários, aquele que conseguiram compartilhar a gratidão tiveram um aumento de 15% no grau de felicidade.
Trabalhe com o que gosta. Pesquisa feita em 2011 pela Right Managements, uma empresa que procura criar soluções que aliem carreira e talentos, constatou que cerca de
48% dos profissionais são infelizes na área em que atuam. Se você faz parte dessa porcentagem, talvez seja hora de mudar. Foi o que fez o chapeleiro Durval Sampaio, também conhecido como Du E-holic: depois de trabalhar por anos com sucata industrial, ele resolveu
largar tudo e seguir o sonho de fazer chapéus pelo Brasil.
Ensine e aprenda algo novo. Conhecimento é a única coisa que ninguém pode tirar de você. Portanto, é muito importante aumentar o repertório – e é possível fazer isso sem gastar um centavo: troque aulas para ensinar e aprender novas habilidades. Na rede social Bliive,por exemplo, a moeda de troca é o tempo: você dispõe do seu para ensinar algo e, em troca,
ganha o mesmo de alguém.
Retome um hábito antigo. Conforme amadurecemos, abandonamos certos costumes. Que tal retomar algum deles? Uma relação saudável com o passado pode ser responsável pelo fim de muitos problemas. Na era da informática, ficamos muito dependentes do teclado. Você lembra como é sua letra? Essa é a proposta do tumblr MinhaLetra, que de maneira colaborativa posta pequenos recadinhos escritos à mão pelos internautas.
Planeje uma quarentena. Ficar um tempo sem fazer algo pode ser um verdadeiro desafio.
Reveja o que é essencial e tente descartar o supérfluo -- ou descobrir até que ponto
algo é necessário de verdade para você. A paranaense Marina Viana se propôs a
ficar um ano sem compras que não fossem de primeira necessidade. E ela não é a
única: conheça outras histórias de “abstêmios” que abriram mão de sexo,
dinheiro e outras coisas. 
Converse com um estranho na rua. Muitas vezes, as histórias mais enriquecedoras podem estar ao seu lado. As pessoas têm muita coisa para contar e um ouvido amigo pode ser o que faltava para melhorar o dia. A carioca Monalisa Marques desenvolveu o projeto Uma Pessoa Por Dia, em que fotografa estranhos na rua e ouve as suas histórias. Mergulhar no desconhecido mostrou à carioca que existem universos muito próximos. Uma de suas desconhecidas era, na verdade, a sua vizinha - com quem ela nunca tinha falado antes. Hoje elas são amigas. Monalisa posta todas as fotos e os trechos mais emocionantes das conversas na página do Facebook. 

P.S. Eu Te Amo - Dublado (Completo)





Em: 31 de St. 2012
Toffoli deve participar do julgamento do mensalão?
Especialistas comentam atuação do ministro do STF no processo em razão de vínculo passado com uma das partes
Sim
Os ministros do STF têm total liberdade para decidir quando ou não participar de um julgamento. Não há ninguém acima deles para decidir se haverá um conflito insanável de interesses, nem uma regra a ser imposta. É legítimo. Ele está ali representando sua carreira, sua visão de mundo.
Amaury Souza, doutor em ciência política pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT)
Não
Toffoli ignorou a existência de conflito de interesses no caso. É desastrosa essa insistência dele. Isso mostra que ele não está assumindo na plenitude o mandato de juiz da Suprema Corte. Declarar-se impedido não o faria um juiz menor. Ao contrário. Não haveria dúvidas quanto à legitimidade da decisão.
Roberto Romano, professor de ética e cientista político da Universidade Estadual de Campinas
Autor: Estadão 31 de julho de 2012 | 3h 07
Com apoio de Lula e do STF, Toffoli julgará mensalão
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) José Antônio Dias Toffoli vai participar do julgamento do mensalão, que começa na quinta-feira e deve durar mais de um mês. Em conversas reservadas, Toffoli disse não ver motivos para se declarar impedido. Acrescentou que a pressão para ficar de fora só o estimulou a atuar no caso.
Amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para quem também não há motivos de impedimento, e do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu – apontado pelo Ministério Público como “chefe da quadrilha” do mensalão -, Toffoli construiu sua carreira jurídica dentro do PT. Ele foi advogado do partido – destacando-se na liderança petista na Câmara dos Deputados nos anos 1990, e na consultoria de campanhas eleitorais -, assessor jurídico da Casa Civil quando o ministro era Dirceu e advogado-geral da União do governo Lula.
Antes de assumir a cadeira no Supremo, Toffoli também atuou como advogado do próprio Dirceu em algumas ocasiões. Até 2009, ele era sócio no escritório da advogada Roberta Maria Rangel, hoje sua namorada, que defendeu outros acusados de envolvimento no mensalão, como os deputados Professor Luizinho (PT-SP), então líder do governo, e Paulo Rocha (PT-PA).
Indicado para assumir a presidência do Tribunal Superior Eleitoral em 2014, Toffoli se diz contrariado com as dúvidas lançadas sobre sua isenção – questionamentos são feitos desde que tomou posse no STF, em 2009. “Eu já estou participando desse processo. Não vou sair de jeito nenhum”, disse o ministro, segundo relato de um interlocutor.
Toffoli já analisou, por exemplo, recursos de advogados de defesa dos réus nessa fase anterior ao início do julgamento de fato.
O presidente do STF, Carlos Ayres Britto, afirmou ontem que a participação do colega na análise de questões relativas ao processo do mensalão indica que ele não vai se declarar impedido. “Não me compete opinar sobre nada, se ele vai ou se não vai (julgar o mensalão), e não quero ser mal interpretado. Agora, isso (participar de etapas anteriores) sinaliza participação. Sem dúvida”, disse ontem em Brasília o presidente do Supremo.
Não há pressão na Corte para que ele não julgue o caso. Nos bastidores, os comentários são de que o Supremo é movido “por espírito de corpo” e, portanto, outros integrantes do tribunal, também com ligações políticas, poderiam ser alvos de suspeição e sofrer o mesmo constrangimento caso Toffoli fique fora.
Exemplos
Na tentativa de desqualificar a pressão sobre Toffoli, dirigentes petistas ressuscitaram a filiação de Ayres Britto ao PT nos anos 1990. Lembraram, por exemplo, que ele foi candidato a deputado federal pelo PT de Sergipe, em 1990, e, na época, mantinha ótimo relacionamento com Dirceu. Hoje, o voto de Britto é computado pelo partido na lista dos contrários ao ex-ministro. Para Marco Aurélio de Carvalho, coordenador jurídico do PT, há “incoerência” em relação à cobrança sobre a participação do ministro. “Os mesmos critérios levantados deveriam ser arguidos em relação ao ministro Ayres Britto”, afirmou Carvalho.
Advogados ligados ao PT afirmam, ainda, que, se a pressão valesse para todos, a presença do ministro Gilmar Mendes, indicado ao Supremo pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, também poderia ser contestada, pois ele conversou sobre mensalão com Lula, testemunha no processo. A reunião ocorreu em abril, no escritório de Nelson Jobim, ex-titular da Defesa. Segundo relato de Mendes, o ex-presidente o teria pressionado para adiar o julgamento. Lula nega.
Autores: VERA ROSA, FELIPE RECONDO E MARIÂNGELA GALLUCCI – Agência Estado

Einstein, Freud, a guerra, a culpa e o terapeuta

Einstein com Cord Meyer, Jr., presidente da United World Federalists
Einstein com Cord Meyer, Jr., presidente da United World Federalists
Esta foto toca-me realmente: Einstein e o seu terapeuta. Tem qualquer coisa a ver com a tristeza nos seus olhos.
Um utilizador do sítio Imgur
A foto foi tirada por Alfred Eisenstaedt para a Life Magazine em 1948, na própria casa de Albert Einstein em Princeton. O convidado do físico é o ex-agente da CIA Cord Meyer Jr., um homem a quem a Segunda Guerra Mundial tornara um acérrimo defensor de um governo mundial para preservar a paz.
E aqui está o falso terapeuta em conversa com o grande físico, na qualidade de presidente da organização que ajudara a financiar, a United World Federalists.
Chegou a altura de contar a história toda como deve ser, não é?


Federalistas, unidos, jamais serão vencidos?
United World Federalists surgiu, em parte, como resposta ao estrondoso fracasso da Liga das Nações, fundada entre os escombros da Primeira Guerra Mundial pelas potências vencedoras e incapaz de fazer cumprir o principal objetivo a que se propunha através do Tratado de Versalhes: preservar a paz.
Esta era uma das faces do tratado. A outra humilhou a Alemanha.
O Tratado de Versalhes foi também o documento que responsabilizou os alemães pela guerra, forçando-os a aceitar a perda de partes do território para França, Dinamarca e Polónia, entre outras nações, a independência da Áustria e o pagamento de enorme indemnizações pelos prejuízos causados durante a guerra.
E foram estas duras condições impostas pelos países vencedores que sufocaram economicamente uma nação já derrotada, revoltando o povo, abrindo caminho à ascensão de um justiceiro como Hitler, ao poder nazi e a uma nova guerra à escala planetária.
A rendição francesa
A rendição francesa
A 21 de junho de 1940, senhores de Polónia, Noruega, Dinamarca, Holanda, Bélgica e França, os nazis apresentaram aos franceses os termos do armistício na mesma carruagem onde os alemães tinham assinado a sua rendição no final da Primeira Guerra.
Adolfo Hitler, com tanto de louco como de prima-dona operática, entrou na carruagem sem dizer palavra, supervisionando as negociações com rigidez de granito, descendo depois da carruagem quando o representante francês se rendeu em definitivo, para ser filmado pela propaganda nazi com um pé nos degraus e outro na eternidade, o peito cheio de oxigénio divino.
60 milhões de mortos depois, Hitler suicidara-se com um tiro na corneta, os nazis tinham sido derrotados, a Alemanha dividida em duas, duas grandes potências vencedoras erguidas sobre a Europa, a Europa entalada entre Estados Unidos e União Soviética, os novos senhores de um mundo que voltava a pensar como haveria de preservar a paz.
A Liga das Nações dissolveu-se a 20 de abril de 1946, passando a responsabilidade à recém-formada Organização das Nações Unidas, com sede em Nova Iorque. A Europa, envelhecida, mantinha-se o campo de batalha de um novo tipo de guerra – a guerra não declarada.
cordmeyer1948
A guerra podia ser ilegal, Professor Einstein
A organização de Cord Meyer Jr., que era filho de um diplomata, tinha propósitos bem definidos: a paz seria alcançada através do desarmamento universal imposto por lei; todos os recursos usados no fabrico de armas seriam usados em benefício das necessidades de todos os seres humanos; a organização comprometia-se a apoiar e promover a causa da liberdade e todas as instituições que a defendessem; por fim, garantia o direito de todos os povos se desenvolverem segundo os seus próprios costumes e tradições.
E era o presidente desta ambiciosa, efémera e quimérica organização que se sentava junto do grande físico, enquanto Eisenstaedt, um ícone do fotojornalismo, clicava no botão do obturador.
Segundo a Life, Einstein e Cord Meyer Jr. especulavam sobre qual seria a atitude da União Soviética perante esta ideia de um governo mundial.
É possível que os russos não apreciassem muito a iniciativa, sobretudo porque dois requisitos fundamentais para um cidadão americano se tornar membro da United World Federalists era não ter orientações comunistas ou fascistas. Bastava que uma hipotética congénere soviética impusesse as mesmas restrições ideológicas a capitalistas para que 99,9 por cento do mundo ficasse de fora do acordo mundial de paz.
Eisenstaedt parece ter captado tristeza nos olhos de Einstein, é verdade. Talvez fosse resignação ou cansaço do grande físico, por ter concluído que os pressupostos da organização de Cord Meyer fomentavam a divisão, colocando ela própria um obstáculo intransponível no caminho de paz que pretendia trilhar.
Se é mesmo tristeza, não é provocada pelos problemas pessoais que levam as pessoas ao gabinete dos psicólogos, mas por sentir sobre os ombros o peso de um mundo carcomido pela guerra. Talvez do próprio mundo.
Franklin Roosevelt
Franklin Roosevelt
Uma carta, duas bombas, milhares de mortos
2 de Agosto de 1939. O presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, recebe uma carta de Albert Einstein. Grande parte da missiva foi escrita pelo físico húngaro Leo Szilard, mas era ele quem dava a cara pelo que lá estava escrito.
Roosevelt não teria considerado prioritário ler uma carta enviada por um físico politicamente anónimo como Szilard, mas Einstein, judeu, alemão, cuja foto aparecera numa revista nazi como parte de uma lista de inimigos «por enforcar», estava refugiado nos Estados Unidos desde 1933, tornara-se cidadão americano dois anos depois e era recebido em todo o lado como se fosse uma celebridade de Hollywood.
E o que Einstein tem a dizer, percebe Roosevelt, é demasiado importante: os alemães podem estar prestes a construir uma nova bomba, temível e arrasadora.
Alguns trabalhos recentes de E. Fermi e L. Szilard (…) levaram-me a crer que o elemento urânio pode ser transformado numa nova e importante fonte de energia num futuro próximo. Certos aspetos da situação que se criou exigem atenção e, se necessário, rápida ação por parte da Administração. Creio, por isso, ser meu dever trazer à sua atenção para os seguintes factos e recomendações:
No decorrer dos últimos quatro meses, foi provado – através do trabalho de Joliot na França, bem como de Fermi e Szilard na América – ser possível a criação de uma reação nuclear em cadeia numa grande massa de urânio, através da qual vastas quantidades de energia e grandes quantidades de novos elementos semelhantes ao rádio são gerados. (…)
Esse novo fenómeno poderá levar também à construção de bombas, sendo concebível que bombas extremamente poderosas de um novo tipo possam ser construídas. Uma única bomba deste tipo, carregada por um barco e explodida num porto, pode muito bem destruir todo o porto, juntamente com parte do território circundante. Contudo, tal bomba pode muito bem revelar-se demasiado pesada para o transporte por via aérea.
(…) Perante a situação, é desejável ter mais contacto permanente entre a Administração e o grupo de físicos que trabalha em reações em cadeia nos Estados Unidos. Uma forma possível de alcançar este objetivo poderia ser a de o senhor confiar tal tarefa a alguém de sua confiança que poderia, talvez, atuar numa condição extra-oficial. Esta tarefa pode compreender:
a) manter os Departamentos Governamentais informados sobre o desenvolvimento e apresentar recomendações para a ação do Governo, dando especial atenção ao problema de garantir fornecimento de minério de urânio para os Estados Unidos;
b) acelerar o trabalho experimental, feito atualmente dentro dos limites dos orçamentos dos laboratórios das universidades, fornecendo fundos, caso sejam necessários, através do contacto com pessoas privadas dispostas a contribuir para esta causa, procurando mesmo a cooperação de laboratórios industriais que possuem o equipamento necessário.
Entendo que a Alemanha cessou a venda de urânio das minas da Checoslováquia. Talvez se compreenda por que razão o fez, se tiver em conta que o filho do sub-Secretário de Estado Alemão, von Weizsäcker, está ligado ao Instituto Kaiser-Wilhelm, em Berlim, onde alguns dos trabalhos americanos sobre o urânio estão agora a ser repetidos.
Durante toda a vida Einstein carregou o peso desta culpa: o fabrico da bomba atómica e os milhares de mortos que originou em duas cidades japonesas. Mas a culpa de Einstein, por comparação com a do físico Otto Hahn, era tão leve como a carta que enviara.
Quando o homem que efetivamente descobriu o processo de cisão que esteve na base do fabrico da bomba soube que tinham morrido cem mil pessoas em Hiroxima, sentiu-se tão desesperado que teve de ser vigiado pelos colegas, receosos de que tentasse o suicídio. Na verdade, de uma forma ou de outra, muitos dos físicos envolvidos no Projeto Manhattan acabariam por experimentar – e expiar – essa sensação de culpa. Sobre este assunto – a bomba atómica e a culpa dos cientistas – podem ler um excelente artigo do físico Carlos Fiolhais no blogue De Rerum Natura.
Ainda assim, ciente da importância que o seu nome tivera para convencer Roosevelt, Einstein nunca se poupou: «Fui eu que carreguei no botão», chegou a dizer.
Soak, 2004, do japonês Hideaki Kawashima para a exposição «Little Boy»
Soak, 2004, do japonês Hideaki Kawashima para a exposição «Little Boy»
O terapeuta na vida de Einstein
Apesar dos óbvios falhanços da Liga das Nações em impedir que nações se tentassem aniquilar umas às outras, algumas iniciativas interessantes foram organizadas – e uma delas haveria de ligar, para a posteridade, as vidas de dois gigantes: o médico neurologista Sigmund Freud, pai da psicanálise, e o próprio Einstein.
Em 1931, dois anos antes de os nazis chegarem ao poder, Einstein recebeu em Berlim um convite para participar numa iniciativa do Instituto Internacional para a Cooperação Intelectual, em nome do Comité Permanente para a Literatura e as Artes da Liga das Nações: trocas de correspondência entre intelectuais de renome sobre assuntos que pudessem servir os interesses comuns das nações.
Einstein sugeriu o nome de Freud e o médico, contactado pelo Instituto, concordou.
Em setembro de 1932, Einstein escreveu uma carta em que formulou a Freud o seguinte problema: «Existe alguma forma de livrar a humanidade da ameaça de guerra?»
A carta de Einstein chegou no início de agosto desse ano e Freud demorou um mês a responder. A correspondência acabaria por ser publicada em Paris em 1933, mas a sua circulação foi proibida na Alemanha pelos nazis recém-chegados ao poder. Por esta altura, já Einstein fugira do país e se refugiara nos Estados Unidos.
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Para Freud, a discussão com Einstein foi enfadonha e estéril.
Freud já conhecia Einstein – encontraram-se em princípios de 1927, em Berlim, na casa do filho mais novo do médico – e o teórico da psicanálise comentou o encontro nos seguintes termos:
Ele entende tanto de psicologia como eu de física, de modo que tivemos uma conversa muito agradável.
Em 1936, voltaram a corresponder-se e as mensagens foram muito mais simpáticas. Einstein louvou-o por ter verificado que a teoria da repressão de Freud era a única interpretação para «certas coisas que tinha ouvido» e mostrou-se satisfeito por «uma grande e bela conceção ter provado estar em harmonia com as coisas da realidade».
Freud respondeu-lhe em frases cheias de sorrisos, mostrando-se «muito satisfeito pela alteração – ou início da alteração, pelo menos – do seu julgamento sobre as minhas doutrinas».
Quatro anos antes desta troca de salamaleques, na carta em que Einstein pergunta a Freud como pode a Humanidade livrar-se da guerra, o físico diagnosticou tão bem as raízes do problema que retirou ao psicólogo qualquer hipótese de dizer muito mais. Como o próprio afirmou, na sua resposta,
você disse quase tudo o que há a dizer sobre o assunto. Embora se tenha antecipado a mim, ficarei satisfeito em seguir o seu rasto e contentar-me-ei em confirmar tudo o que já disse, ampliando-o com o melhor do meu conhecimento — ou das minhas conjeturas.
Mas Freud insistiu na ideia de uma autoridade central – tal como Einstein, de resto – e na clara perceção das falhas da Liga das Nações, conclusões que o presidente da United World Federalists já devia conhecer quando se reuniu para conversar com o físico para a reportagem da Life:
Se nos voltamos para os nossos próprios tempos, chegamos à mesma conclusão a que o senhor chegou por um caminho mais curto.
As guerras apenas serão evitadas se a humanidade se unir para estabelecer uma autoridade central a que será conferido o direito de arbitrar todos os conflitos de interesses.
Nisto estão envolvidos claramente dois requisitos distintos: criar uma instância suprema e dotá-la do necessário poder. Uma sem a outra seria inútil.
A Liga das Nações está destinada a ser uma instância dessa espécie, mas a segunda condição não foi preenchida: a Liga das Nações não possui poder próprio, e só pode adquiri-lo se os membros da nova união, os diferentes estados, se dispuserem a cedê-lo. E, no momento, parecem escassas as perspetivas nesse sentido.
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Freud, contudo, sugeriu algumas pistas preciosas:
De nada vale tentar eliminar as inclinações agressivas dos homens.
Segundo se conta, em determinadas regiões privilegiadas da Terra, onde a natureza provê em abundância tudo o que é necessário ao homem, existem povos cuja vida transcorre em tranquilidade, povos que não conhecem nem a coerção nem a agressão. Dificilmente posso acreditar nisso, e agradar-me-ia saber mais a respeito de coisas tão afortunadas.
Também os bolchevistas esperam ser capazes de fazer a agressividade humana desaparecer mediante a garantia de satisfação de todas as necessidades materiais e o estabelecimento da igualdade, em outros aspetos, entre todos os membros da comunidade.
Isto, na minha opinião, é uma ilusão. Eles próprios, hoje em dia, estão armados da maneira mais cautelosa, e o método não menos importante que empregam para manter juntos os seus adeptos é o ódio contra qualquer pessoa além das suas fronteiras. Em todo o caso, como observou, não há maneira de eliminar totalmente os impulsos agressivos do homem; pode-se tentar desviá-los num grau tal que não necessitem encontrar expressão na guerra.
A nossa teoria mitológica dos instintos facilita-nos encontrar a fórmula para métodos indiretos de combater a guerra. Se o desejo de aderir à guerra é um efeito do instinto destrutivo, a recomendação mais evidente será contrapor-lhe o seu antagonista, Eros.
Tudo o que favorece o estreitamento dos vínculos emocionais entre os homens deve atuar contra a guerra. Esses vínculos podem ser de dois tipos.
Em primeiro lugar, podem ser relações semelhantes àquelas relativas a um objeto amado, embora não tenham uma finalidade sexual. A psicanálise não tem razões para se envergonhar se nesse ponto fala de amor, pois a própria religião emprega as mesmas palavras: ‘Ama a teu próximo como a ti mesmo.’ Isto, todavia, é mais facilmente dito do que praticado.
O segundo vínculo emocional é o que utiliza a identificação. Tudo o que leva os homens a compartilhar de interesses importantes produz essa comunhão de sentimento, essas identificações. E a estrutura da sociedade humana baseia-se nelas, em grande escala.
A guerra já não é mais uma oportunidade de atingir os velhos ideais de heroísmo, e a de que, devido ao aperfeiçoamento dos instrumentos de destruição, uma guerra futura poderia envolver o extermínio de um dos antagonistas ou, quem sabe, de ambos.
Tudo isso é verdadeiro, e tão incontestavelmente verdadeiro, que não se pode senão sentir perplexidade ante o facto de a guerra ainda não ter sido unanimemente repudiada.
É a carta de Einstein – e a longa resposta de Freud – que vos deixo para imprimir e ler nos tempos livres, se o desejarem. Vale a pena. Mais de 80 anos depois, o diagnóstico de Einstein e as questões levantadas por Freud permanecem atuais. É um problema para centenas, milhares de anos, a resolver por longínquos descendentes que nunca poderão ser como nós.

Alguém Tem que Ceder (Completo e Dublado)

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Publicado em 15/05/2012
Harry Sanborn (Jack Nicholson) é um executivo que trabalha no ramo da música e que namora Marin (Amanda Peet), que tem idade para ser sua filha. Harry e Marin decidem ir até a casa de praia da mãe dela, Erica (Diane Keaton), para visitá-la. Lá Harry sofre uma parada cardíaca, ficando sob os cuidados de Erica e de Julian (Keanu Reeves), um jovem médico local. Aos poucos Harry percebe que está se interessando cada vez mais por Erica, mas tenta esconder seus sentimentos. Julian também sente atração por ela, tornando-se um rival de Harry.