domingo 03 2013

Impostos e muitos papéis: como o Brasil sufoca seus empreendedores

veja.com

Nova edição de estudo do Banco Mundial mostra que o Brasil faz muito pouco para melhorar seu ambiente de negócios

Marcelo Sakate
BUROCRACIA - Caito Maia, da Chilli Beans: “Ao contrário dos EUA, onde a lógica é movimentar a economia, no Brasil o governo dificulta a abertura de um negócio”
BUROCRACIA - Caito Maia, da Chilli Beans: “Ao contrário dos EUA, onde a lógica é movimentar a economia, no Brasil o governo dificulta a abertura de um negócio”      (Fernando Cavalcanti)
Há quatro anos, o empresário Caito Maia, dono da marca Chilli Beans, foi surpreendido por uma mudança nos trâmites burocráticos para a importação de mercadorias. Uma carga de 100 000 óculos procedente da China, onde são fabricados, ficou retida nos Estados Unidos durante três meses. Para evitar o desabastecimento, ele trabalha hoje com grande quantidade de produtos em estoque no Brasil. “É um pesadelo, porque preciso investir na compra dos produtos muito antes de receber o dinheiro das vendas”, conta Maia. A Chilli Beans nasceu em 1997 como uma barraca em feiras de roupas em São Paulo e hoje está em 580 lojas e quiosques no Brasil e em outros quatro países, incluindo os Estados Unidos. A marca não morreu pelo caminho, como ocorre com a maior parte dos negócios abertos no Brasil, mas sua trajetória teria sido ainda mais virtuosa se não fosse submetida a operar em um dos mercados mais hostis ao empreendedorismo no planeta. Barreiras às importações, burocracia e sistema tributário kafkianos, imprevisibilidade na execução de prazos e incertezas jurídicas são alguns dos obstáculos que devem ser superados, cotidianamente, pelos empresários.
O descompasso do ambiente de negócios brasileiro fica explícito no cotejo internacional. Enquanto outros países se esforçam para incentivar os investimentos, reduzindo a tributação e a burocracia, no Brasil o avanço nesse sentido é lento, como revelou a mais recente edição do estudo Doing Business (“fazendo negócios”), do Banco Mundial, divulgada na semana passada. Entre 189 economias analisadas, o Brasil aparece em uma modesta 116ª posição. O país é particularmente mal avaliado em aspectos como tributação e facilidade para abrir um negócio. Desde 2005, quando o ranking passou a ser divulgado, o avanço brasileiro foi insignificante. Já países como a Coreia do Sul e o Peru ganharam diversas posições no ranking. “Os governos ao redor do mundo estão cada vez mais conscientes dos benefícios trazidos por um ambiente regulatório que facilite os negócios”, afirma a economista Rita Ramalho, uma das autoras do estudo. Os sul-coreanos, por exemplo, reduziram o imposto sobre o lucro das empresas. No Peru, desde 2005, o número de dias necessários para abrir uma empresa caiu de 102 para 25. No México, os processos de insolvência demoram menos de dois anos para ser resolvidos, e 67% do dinheiro dos credores é recuperado. No Brasil, os trâmites se arrastam por quatro anos, e a taxa de recuperação dos recursos é de 20%.


MIGRE: http://veja.abril.com.br/noticia/economia/impostos-e-muitos-papeis-como-o-brasil-sufoca-seus-empreendedores

Contra pensão de R$ 700, amante ameaçou acusados

Por estadao.com.br
Grampos mostram insatisfação de mulher que conhecia esquema; ela disse que enviaria e-mails para secretários do prefeito Haddad

Enquanto era investigado pelo Ministério Público Estadual (MPE) e pela Controladoria-Geral do Município (CGM), com seus telefones grampeados, o auditor Luis Alexandre Cardoso Magalhães teve de conter um "incêndio": sua amante, que recebia uma pensão de R$ 700 e sabia dos esquemas do ex-companheiro, exigia dinheiro para ficar quieta e ameaçava denunciar o grupo inteiro.
Magalhães é o dono do Porsche Cayenne amarelo apreendido no dia da operação que divulgou o esquema e faturava, segundo a investigação, até R$ 80 mil por semana. A estimativa é que ele tenha patrimônio não declarado superior a R$ 7 milhões. Para ficar quieta, a mulher tinha colocado seu preço: pensão de R$ 3 mil, móveis do imóvel onde ela vivia, o cachorro deles e uma câmera digital.
O casal tem um filho e a guarda da criança foi outra exigência da mulher. Nas ligações, ela relata ter sido espancada pelo auditor, durante a gravidez, para forçar um aborto - o que não deu certo.
As interceptações telefônicas foram feitas entre os dias 2 e 4 de setembro deste ano. Além das conversas com Magalhães, há escutas de diálogos da mulher com Eduardo Horle Barcellos, em que ela afirma que iria denunciar o ex. Portanto, Barcellos deveria "pensar em algo como uma delação premiada", para não ser prejudicado.
Essa ligação, conforme mostram as escutas, fez com que os fiscais conversassem entre si. Após o diálogo, Barcellos telefona para Carlos di Lallo Leite do Amaral, o terceiro funcionário público preso. Este, por sua vez, disse a Barcellos que Magalhães está "enrolado" e que a mulher é "encrenca". Cerca de uma hora depois, no mesmo dia, é Lallo quem conversa com Magalhães para falar sobre a mulher.
No dia seguinte, Lallo e Barcellos voltam a conversar sobre a ameaça. Lallo diz que a mulher teve um "surto psicótico" depois da separação porque Magalhães pediu a guarda da criança e comenta que ela também telefonou para sua mulher. Barcellos se questiona como foi possível a amante do colega conseguir seu telefone.
Intrigas. A mulher também foi ao homem apontado como chefe do esquema, Ronilson Bezerra Rodrigues. Ela disse que Magalhães e Lallo pensam que Rodrigues tinha denunciado o grupo e que Magalhães tinha gravado diálogos em que afirmava ter levado dinheiro ao chefe "para se safar ao lado Lallo". Ela fala ainda que tinha diversos documentos que comprometiam o grupo, que sabia como era feita a lavagem de dinheiro e também aconselha Rodrigues a pensar em uma delação premiada - curiosamente, o primeiro fiscal a fazer delação foi justamente Magalhães, seu amante.
No dia seguinte à conversa com a mulher, segundo as escutas, Lallo diz a Magalhães que Rodrigues ficou preocupado e que sugeriu que ele "comprasse o bebê dela". Ele sugere que o advogado de Magalhães tente acalmar a mulher.
O último diálogo, gravado na noite do dia 4, é entre o casal. Ela diz que denunciará o esquema todo e, sem parar, cita o nome de 14 pessoas. Ela fala que enviará e-mail a quatro secretários da gestão Fernando Haddad (PT) para denunciar o esquema e que daria detalhes do caso, como quando eles contavam as notas da propina no tapete do apartamento onde viviam. Após ela falar novamente o que queria, citando os móveis, a pensão de R$ 3 mil e a câmera digital, Magalhães disse que pensaria no acordo.
O grupo todo foi preso 26 dias depois da última ligação. / ARTUR RODRIGUES, BRUNO RIBEIRO, DIEGO ZANCHETTA e FABIO LEITE
http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/contra-pens%C3%A3o-de-rdollar-700-amante-amea%C3%A7ou-acusados