terça-feira 29 2014

MP recorre à Justiça contra liberdade a black blocs

Rio de Janeiro

Grupo foi beneficiado por liminar do desembargador Siro Darlan. Eles são acusados de organizar e praticar atos violentos durante protestos

Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
A black block Elisa Quadros, conhecida como Sininho, é presa no Rio de Janeiro
A black block Elisa Quadros, conhecida como Sininho, é presa no Rio de Janeiro (TV RBS/Reprodução)
O Ministério Público do Rio de Janeiro recorreu à Justiça nesta terça-feira contra o habeas corpus concedido a 23 black blocs, que permitiu ao grupo de baderneiros o direito de responder em liberdade às denúncias de associação criminosa armada. Investigados pela Operação Firewall da Polícia Civil, eles são acusados de organizar e praticar atos violentos em manifestações de rua. 
O procurador de Justiça Riscalla Abdenur protocolou um agravo regimental na 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça. A intenção é fazer com que o desembargador Siro Darlan reconsidere a decisão favorável ao grupo concedida na semana passada.
Caso Darlan não reconsidere o habeas corpus, o procurador cobra que o caso seja analisado pelos três desembargadores da 7ª Câmara Criminal em até 48 horas. O promotor também afirma que, até o momento, não foi chamado a se pronunciar sobre o pedido de habeas corpus. 
Apesar da decisão ser extensiva a 23 acusados, apenas três – Elisa Quadros, a Sininho, Camila Jourdan e Igor D'Icarahy – estavam presos quando a decisão provisória ordenou a libertação do grupo na quinta-feira passada. Dois dos envolvidos – Fábio Raposo e Caio Silva – permanecem presos pois respondem, em outro processo, pelo assassinato do cinegrafista Santiago Andrade, e existem contra eles ordens de prisão preventiva. 
O grupo de black blocs começou a ser procurado pela polícia no dia 12 de julho, véspera da final da Copa do Mundo, quando a Polícia Civil deflagrou a última etapa da operação para prender suspeitos de planejar crimes em protestos durante a partida. Uma semana depois, a prisão temporária foi convertida em prisão preventiva porque o juiz Flávio Itabaiana Nicolau, da 27ª Vara Criminal da Capital, entendeu que os acusados ofereciam perigo à ordem pública. O desembargador Siro Darlan, no entanto, considerou que não havia necessidade de prisão pelo crime de associação criminosa e deixou que todos sejam julgados em liberdade.

FMI inclui o Brasil no grupo dos cinco países emergentes vulneráveis a uma nova crise. O PT vai querer censurar o Fundo também?

Ai, ai, ai…

“Quos volunt di perdere, dementant prius.” Eis um velho adágio latino. Podemos traduzi-lo assim: “Quando os deuses querem destruir alguém, começam por lhes tirar o juízo”. É o que me ocorreu ao saber que a presidente Dilma Rousseff afirmou, na sabatina a que se submeteu ontem, que as perspectivas negativas da economia são equiparáveis ao pessimismo pré-Copa. Ou por outra: seria tudo espuma sem fundamento. A presidente finge que os números não estão aí: juros de 11% ao ano, crescimento abaixo de 1% e inflação, hoje, acima do teto da meta, que é de 6,5%. No fim do ano, deve ficar pouco abaixo desse limite. Vale dizer: não estamos lidando com meras expectativas ou subjetivismos, mas com fatos realizados.
Nesta terça, veio o balde de água fria da realidade na cálida ilusão do palavrório. O FMI incluiu o Brasil no grupo das cinco economias mais frágeis entre os chamados países emergentes, na companhia de Índia, Turquia, Indonésia e África do Sul.
Segundo o Fundo, o Brasil pode ser afetado duramente pela retirada de estímulos à economia dos países ricos, com a consequente elevação da taxa de juros, e pelo crescimento abaixo do esperado dos emergentes. O Brasil pode ficar numa situação difícil, com queda do preço das commodities — o que seria péssimo para uma balança comercial já combalida —; dificuldades para contrair financiamento externo; redução de investimentos; queda no preço dos ativos em Bolsa e desvalorização cambial. O conjunto seria danoso para a expansão do Produto Interno Bruto.
Em agosto do ano passado, o banco americano Morgan Stanley já havia feito um alerta sobre as fragilidades desses cinco países. Por aqui, o governo deu de ombros, com a arrogância costumeira. Naquele caso, falava-se especificamente do fim do ciclo de estímulos à economia americana, que voltava a crescer. Foi batata! Nos meses seguintes, esses cinco países viram fuga de capitais e desvalorização de suas respectivas moedas. Ninguém, como o Brasil, sofreu tanto nesse processo.
É claro que não cabe a Dilma Rousseff, numa sabatina, admitir que a situação é muito difícil. Mas também é preciso tomar cuidado com a parvoíce e com o simplismo, que assustam ainda mais os agentes econômicos. Quando a presidente da República compara dificuldades reais da economia — para as quais o governo, até agora, não aponta respostas — com mero pessimismo sobre Copa do Mundo, dá evidentes sinais de alheamento da realidade.
Segundo o FMI, as principais dificuldades do país hoje são a baixa taxa de investimento e de poupança doméstica. O caminho seria atacar os gargalos de infraestrutura — especialmente no setor elétrico e de transportes —, adotar medidas que elevem a produtividade e a competitividade e mudar o rumo da prosa, não ancorando o crescimento apenas no consumo, como se fez nos últimos anos. Esse ciclo já se esgotou.
Ocorre, meus caros, que isso é tudo o que o governo tem demonstrado que não sabe fazer. Certo! Daqui a pouco, os propagandistas palacianos começam a atacar o FMI e, talvez, Lula venha a público com um palavrão novo — a exemplo do que fez ao contestar a avaliação negativa de um banco sobre a economia —, achando que resolve tudo no berro. Não resolve.
Há uma hora em que é preciso ter mais do que sorte e garganta; é preciso ter também competência. 
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/fmi-inclui-o-brasil-no-grupo-dos-cinco-paises-emergentes-vulneraveis-a-uma-nova-crise-o-pt-vai-querer-censurar-o-fundo-tambem/

Gasto da Olimpíada no Rio passa a R$ 37,6 bi com novas obras

Olimpíada

Dos 52 projetos essenciais para a Olimpíada, 15 ainda estão sem custo e prazo de início de obras definidos

Parque Olímpico no Rio de Janeiro
Parque Olímpico no Rio de Janeiro (Genilson Araújo/Agência O Globo)
Com novas obras licitadas, no Complexo Esportivo de Deodoro, os custos com projetos relacionados às arenas, para os Jogos Olímpicos de 2016, passaram de 5,6 bilhões de reais para 6,5 bilhões de reais. Essa diferença representa uma atualização da Matriz de Responsabilidade da Olimpíada, documento que enumera as obras fundamentais para o evento. Agora, os gastos com os Jogos de 2016 já alcançaram 37,6 bilhões de reais, assim distribuídos: arenas: 6,5 bilhões de reais; legado: 24,1 bilhões de reais; e investimento do Comitê Organizador da Olimpíada, 7 bilhões de reais. O orçamento previsto na candidatura brasileira era de 28,8 bilhões de reais.
"Não se trata agora de um aumento de custos. Como houve a licitação de 11 intervenções em Deodoro, as cifras foram atualizadas", disse, nesta terça-feira, no Rio, o presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO), general Fernando Azevedo e Silva.
Dos 52 projetos essenciais para a Olimpíada, 15 ainda estão sem custo e prazo de início de obras definidos. Quando houver a licitação, os valores do gasto total com os Jogos vão ser alterados. "Essa mudança se dá automaticamente quando a licitação é feita. Portanto, são custos previstos", disse o general.

Atração por dinheiro público


Vanessa e o pai Jorge Felippe: sempre em busca de dinheiro público
Vanessa e o pai Jorge Felippe: sempre em busca de dinheiro público
Apesar de gravar o ex-marido se auto incriminando, Vanessa Felippe Bethlem também foi muito ajudada por Rodrigo Bethlem nos últimos anos. Por isso, na estranha ética da política, está sendo considerada ingrata à boquinha que teve durante muito tempo.
Vanessa era proprietária de uma revista que estampava anúncios de diversas empresas – quase todos, articulados pelo próprio Bethlem. Nos áudios, Bethlem se compromete a promover um encontro de Vanessa com Wilson Carlos, braço-direito de Sérgio Cabral, para o governo do Estado pôr um anúncio na publicação.
Meses depois da conversa, em 2012, o repasse de fato aconteceu: 36 750 reais foram pagos pelo governo do Rio de Janeiro para anúncios na revista. Vanessa também tinha um cargo na Loterj e, mesmo com a separação, se recusava a deixar o posto.
A Guanabara Diesel e o Rio Ônibus, todas sob comando ou influência de Jacob Barata, o maior empresários de ônibus do Rio, também anunciaram na revista de Vanessa em 2012.
Vanessa deixa claro ainda, em outro áudio com Bethlem, que gostaria de dinheiro de Eduardo Paes em uma agência de propaganda em que ela teria participação.
- Você acha que consegue com o Eduardo uma conta grande para a agência?
- Posso tentar. Minha relação com o Eduardo é difícil
- Mas depois que colocar sabendo que é pra mim ele não vai tirar por causa do meu pai… (Jorge Felippe, presidente da Câmara de Vereadores e aliado de Paes).
- Se seu pai pedisse…
Por Lauro Jardim
http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/brasil/caso-bethlem-vanessa-conseguiu-incriminar-ex-marido-mas-tambem-adorava-dinheiro-publico-em-seus-negocios/

MP diz já ter provas de improbidade contra homem forte de Paes

Rio de Janeiro

Ministério Público constatou que a ONG Tesloo recebeu pagamento por serviços antes de serem efetivamente prestados

Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
O prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes e o deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB-RJ) em 2013
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e o deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB-RJ), em 2013 (Armando Paiva/Futura Press)
O Ministério Público do Rio de Janeiro informou já ter provas suficientes de que o deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB), homem forte do prefeito Eduardo Paes (PMDB), cometeu improbidade administrativa na contratação irregular da ONG Tesloo, responsável pelo pagamento de propina. "Já tenho elementos para caracterizar improbidade administrativa e ele deve responder por isso", afirmou a promotora Gláucia Santana.
A promotora investiga contratações da entidade, firmadas na gestão de Bethlem à frente da Secretaria Municipal de Assistência Social do Rio. Na última sexta-feira, VEJA revelou gravações de conversas telefônicas do deputado em que ele afirmava receber entre 65.000 e 70.000 reais por mês em comissões pagas pela Tesloo.
A Promotoria investiga por que o município do Rio de Janeiro contratou a Tesloo apesar de recomendação contrária, ainda em 2012, feita pelo Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro.O Ministério Público já constatou que a ONG foi paga por serviços antes de serem efetivamente prestados.
Apesar da investigação estar em curso há meses, a revelação feita por VEJA, de que o ex-secretário recebia pagamentos da Tesloo, motivou novas cobranças do Ministério Público. O vice-prefeito do Rio, Adilson Pires (PT), que responde pela Secretaria Municipal de Assistência Social, já foi alvo de três ofícios da Promotoria, em que é cobrado a enviar a íntegra dos processos administrativos com todas as contratações da Tesloo. A ordem foi ignorada, de acordo com a promotora Gláucia Santana. O último pedido venceu no dia 21 de julho.
Apesar da investigação em esfera administrativa, Bethlem só pode ser processado criminalmente pela Procuradoria-Geral da República pelos indícios de que montou um esquema de corrupção na Prefeitura do Rio.


A investigação não é a única iniciativa em andamento para devassar a atuação de Bethlem na administração municipal. Nesta segunda-feira, a Prefeitura do Rio deu início a uma auditoria especial para investigar irregularidades em todas as contratações firmadas por Bethlem nas pastou que comandou, de 2009 a 2014: Ordem Pública, Assistência Social e Governo.