sexta-feira 08 2013

A bunda de Simone de Beauvoir

http://www.folha.uol.com.br/
Em outubro do ano passado, durante rápido período de férias na Califórnia, resolvemos, eu e minha companheira de viagem e de vida, conhecer Carmel, cidadezinha do litoral ao sul de São Francisco, famosa por conta de sua arquitetura peculiar, seus frequentadores milionários e do "rancho" do ator e ultimamente grande diretor Clint Eastwood, moradia de verão do artista transformada num charmoso hotel --também para abonados, claro.
De fato, Carmel, sobretudo o centro da cidadezinha, é um encanto, com suas ruas tranquilas, antiquários, galerias, construções multicoloridas de teto baixo, floreiras abundantes, gente hospitaleira. Além de algumas Ferraris percorrendo calmamente as ruas estreitas e as muitas lojas de grife ali instaladas para atender à demanda dos que têm o que gastar e gastam o que tem.
Num passeio de fim de tarde por uma calçada de muitas lojas, chamou nossa atenção a atividade de umas moças que reformulavam a vitrine de uma butique de roupas femininas. Quando passamos em frente à vitrine descendo a rua, elas retiravam as roupas das manequins de gesso, certamente para exibir produtos da nova estação que adentrava. Algum tempo depois, quanto subíamos a mesma via com a noite fechada, as moças tinham ido embora, provavelmente deixando para o dia seguinte o fim da tarefa.
Antes disso, porém, tinham "vestido" cada um dos manequins com papel de seda, escondendo assim as "partes pudendas" daquelas mulheres de gesso e tinta. O papel cor-de-rosa estava enrolado gentilmente em torno das bonecas, preso na cintura, de maneira a cobrir seus seios artificiais e sua genitália inexistente.
Arquivo pessoal
Manequim em loja de Carmel com suas 'vergonhas" escondidas
Manequim em loja de Carmel com suas 'vergonhas" escondidas
Sim, comentou minha namorada entre risos, é preciso proteger as velhinhas ricas de Carmel de cenas tão chocantes, afinal elas são americanas e exageradamente moralistas...
Claro que esta não foi a primeira nem será a última manifestação de pudicícia explícita do americano médio --sim, porque, como sabemos, os fora da média são capazes de loucuras sensacionais, e aí estão seu cinema, sua literatura e suas outras artes para demonstrar isso.
Mas o episódio veio à lembrança por conta da censura aplicada há pouco pelos administradores da rede social Facebook ao fotógrafo carioca Fernando Rabelo: ele teve sua página de perfil retirada do ar por alguns dias como punição ao fato de ter publicado uma foto da escritora francesa Simone de Beauvoir (1908-1986) nua de costas.
Art Shay/Divulgação
Simone de Beauvoir na foto de Art Shay
Simone de Beauvoir na foto de Art Shay
Para quem não sabe, esta foto, de 1952, é famosíssima, foi realizada pelo fotógrafo norte-americano (!) Art Shay, em Chicago, durante uma estadia da libertária escritora na cidade. Uma foto roubada, mas posteriormente autorizada, enquanto a escritora estava ao toucador.
Ao que tudo indica, o surto de defesa da moral e dos bons costumes, que grassou aqui pelo Brasil nos tempos da ditadura, teve um espera-se que fortuito retorno pelas mãos dos gestores do Face, aparentemente um território livre para ideias e estéticas, cujos parâmetros deveriam ser apenas o respeito ao próximo, o bom senso e os limites da lei.
Que obviamente não foram transgredidos pelo belo derrière da companheira de Jean Paul Sartre (1905-1980), uma pioneira dentre as mulheres libertárias, defensora tenaz seu gênero como plenamente capaz de dispor de sua vida, de suas ideias e certamente de seu corpo, como deixou claro nesta frase:
"Nenhuma educação pode impedir a menina de tomar consciência de seu corpo e de sonhar com seu destino; quando muito pode impor-lhe estritos recalques que pesarão mais tarde sobre toda a sua vida sexual".
Luiz Caversan é jornalista e consultor na área de comunicação corporativa. Foi repórter especial, diretor da sucursal do Rio da Folha, editor dos cadernos "Cotidiano", "Ilustrada" e "Dinheiro", entre outras funções. Escreve aos sábados no site da Folha.

Mulheres que seguem a dieta do Mediterrâneo envelhecem melhor

Alimentação

Segundo pesquisa, manter um cardápio saudável aumenta as chances de mulheres chegarem à velhice com mais saúde mental e física

Dieta do Mediterrâneo
Dieta do Mediterrâneo: além de ser considerada mais fácil de seguir, pode garantir às mulheres uma velhice saudável(Thinkstock)
Seguir a dieta do Mediterrâneo pode ser a chave para uma velhice mais saudável, de acordo com um estudo publicado nesta segunda-feira no periódico Annals of Internal Medicine. Os pesquisadores afirmam que mulheres de meia-idade que adicionam a seus cardápios alimentos presentes na dieta, como vegetais, grãos e peixes, têm chances 40% maiores de passar dos 70 anos sem doenças crônicas ou comprometimento das funções mentais, como a memória. 
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: The Association Between Dietary Patterns at Midlife and Health in Aging: An Observational Study​

Onde foi divulgada: periódico Annals of Internal Medicine

Quem fez: Cécilia Samieri, Qi Sun, Mary K. Townsend, Stephanie Chiuve, Olivia I. Okereke, Walter C. Willett, Meir Stampfer e Francine Grodstein

Instituição: Universidade Harvard, Estados Unidos

Dados de amostragem: questionários sobre hábitos alimentares de 10 670 mulheres de meia-idade

Resultado: Os pesquisadores descobriram que mulheres que seguem uma dieta semelhante à do Mediterrâneo têm 40% mais chances de passar dos 70 anos sem doenças crônicas ou comprometimento das funções mentais
O estudo foi realizado com mais de 10 000 mulheres de aproximadamente 50 anos de idade. As voluntárias preencheram um questionário sobre seus hábitos alimentares e, quinze anos depois, responderam outras perguntas sobre seu estado de saúde. Segundo os pesquisadores, as adeptas da dieta do Mediterrâneo apresentaram uma vida mais saudável do que as demais.
Estudos anteriores — A dieta do Mediterrâneo é baseada nos alimentos característicos de alguns dos países banhados pelo mar Mediterrâneo. Ela inclui muitas frutas, legumes, peixes, grãos integrais e gordura saudável, como o azeite. Por ser menos restritiva do que outros regimes, é considerada mais fácil de ser seguida a longo prazo, o que potencializa seus efeitos. 
Outros estudos já destacaram os benefícios dessa dieta à saúde de idosos. Uma pesquisa divulgada em maio deste ano mostrou que o regime é eficaz para proteger o cérebro dos mais velhos. Outra, publicada em abril, provou a relação entre a dieta e uma menor prevalência de problemas de memória entre seus adeptos. Essa é a primeira vez, porém, em que se analisam os efeitos da dieta do Mediterrâneo especificamente na saúde de mulheres idosas, com um grande número de voluntárias. 

Oito benefícios associados à vitamina D

Gera bebês mais saudáveis


Ter baixos níveis de vitamina D durante a gravidez significa transmitir menor quantidade do nutriente ao futuro bebê — o que pode ocasionar uma série de problemas. Um estudo da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, mostrou que a falta de vitamina D faz com que as mulheres deem à luz bebês com baixo peso, já que sem o nutriente a absorção de cálcio pelo organismo é prejudicada, e o crescimento ósseo, reduzido. Outra pesquisa, britânica, provou que filhos de mães com baixos níveis da vitamina têm chances 5% maiores de desenvolver esclerose múltipla na idade adulta. 

Previne fraturas em idosos

A vitamina D é especialmente benéfica para idosos. Um estudo suíço mostrou que 20 microgramas diários do nutriente ajudam a evitar fraturas nas pessoas mais velhas, já que a vitamina auxilia na absorção de cálcio pelo organismo, fortalecendo os ossos. De acordo com outro estudo, realizado na Dinamarca, a ingestão de suplementos de cálcio e de vitamina D faz com que os idosos tenham maior expectativa de vida, reduzindo em 9% as chances de mortalidade em um período de três anos.

Combate o diabetes

A vitamina D pode ser aliada na luta contra o diabetes tipo 2. Em uma entrevista no livro ‘The Healing Power of Sunlight & Vitamin D’ (O poder de cura da luz do sol e da vitamina D, em tradução livre), o médico Michael Holick afirma que a falta da substância pode agravar os efeitos do diabetes tipo 2 no organismo. Isso porque a vitamina D regula a secreção de insulina pelo pâncreas e pode aumentar a sensibilidade ao hormônio. Já uma pesquisa alemã afirma que as propriedades anti-inflamatórias da vitamina protegem o organismo contra a doença.

Evita o câncer

Segundo Michael Holick no livro ‘The Healing Power of Sunlight & Vitamin D’, a vitamina D possui a capacidade de regular o crescimento celular. Por isso, pessoas que vivem em países onde a incidência dos raios solares é menor são mais propensas à deficiência de vitamina D e ao desenvolvimento de alguns tipos de câncer.    

Fortalece o sistema imunológico

A vitamina D é capaz de estimular as defesas naturais do corpo, diminuindo o risco de infecções. Reforçando essa ideia, um estudo apresentado nos Estados Unidos provou que a razão pela qual os obesos têm mais alergias do que pessoas de peso normal está justamente na deficiência de vitamina D — a relação entre excesso de peso e a diminuição do nutriente no organismo já foi cientificamente comprovada.

Faz bem para os pulmões

Diversos estudos científicos já comprovaram a contribuição da vitamina D para a saúde pulmonar. Segundo um trabalho publicado no periódico 'American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine', em caso de infecção pulmonar, o nutriente é capaz de acelerar os efeitos do tratamento medicamentoso. Outro estudo, realizado pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, mostrou que a vitamina D tem um efeito protetor contra os efeitos do tabagismo na função pulmonar. De acordo com os pesquisadores, a falta do nutriente prejudica ainda mais a atividade dos pulmões dos fumantes.

Reduz os efeitos do Alzheimer

Segundo uma revisão de estudos realizada no Canadá, os resultados de testes cognitivos em pessoas com Alzheimer pioram quando a concentração de vitamina D está baixa. Os cientistas não sabem ainda, contudo, que condição dá origem à outra — se é a falta de vitamina D que ocasiona o Alzheimer, ou o contrário. 

Afasta doenças cardiovasculares

Cientistas da Universidade da Dinamarca acompanharam mais de 10 000 pessoas por 29 anos e constataram: o risco de infarto e morte aumenta quando há deficiência de vitamina D no organismo. O nutriente participa do controle das contrações do músculo cardíaco. Além disso, quando seus níveis estão baixos, pode haver acúmulo de cálcio nas paredes das artérias, favorecendo a formação de placas que aumentam a probabilidade de infarto e derrame.

Os benefícios da vitamina D à saúde

Nutrição

Pesquisas mostram que o nutriente está relacionado não apenas ao fortalecimento dos ossos, mas também à prevenção de doenças como diabetes e câncer

Luz solar
A luz solar é a principal fonte de obtenção da vitamina D (Thinkstock)
A vitamina D, exaustivamente estudada por cientistas ao redor do mundo, costuma dividir opiniões na comunidade médica. O nutriente pode ser encontrado em alimentos como bacalhau, salmão, leite e gema de ovo, mas sua fonte principal é o sol — o pivô da discordância. Enquanto alguns médicos defendem que a única maneira de garantir quantidades suficientes da vitamina é por meio do banho de sol sem o uso de protetor solar, outros defendem que a cota deve ser obtida com alimentos e suplementos.
Independentemente da fonte, a vitamina D traz diversos benefícios à saúde. O nutriente promove a absorção de cálcio e protege contra males ligados ao sistema ósseo, como fraturas e osteoporose. Mas não é só isso. Saiba o que mais a ciência já provou sobre a vitamina D.

Cientistas descobrem fóssil de mosquito cheio de sangue

Paleontologia

Considerado raro, o fóssil encontrado nos EUA tem 46 milhões de anos

Descoberta: o mosquito tinha se alimentado com sangue pouco antes de morrer
Descoberta: o mosquito tinha se alimentado com sangue pouco antes de morrer (AFP/Smithsonian Institution/Byline)
No filme Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros, lançado há 20 anos, cientistas clonaram dinossauros a partir do sangue encontrado no estômago de um mosquito fossilizado. Nesta segunda-feira, pela primeira vez, pesquisadores anunciaram ter encontrado um fóssil preservado por aproximadamente 46 milhões de anos de um mosquito de meio centímetro com o abdômen cheio de sangue, do qual havia se alimentado.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Hemoglobin-derived porphyrins preserved in a Middle Eocene blood-engorged mosquito

Onde foi divulgada: periódico Pnas

Quem fez: Dale E. Greenwalt, Yulia S. Goreva, Sandra M. Siljeström, Tim Rose e Ralph E. Harbach

Instituição: Museu Nacional de História Natural de Washington, nos EUA, e outras

Resultado: Os cientistas encontraram um raro fóssil de um mosquito com o abdômen cheio de sangue, do qual havia se alimentado. A descoberta confirma a existência da hematofagia, o ato de se alimentar de sangue, há 46 milhões de anos
"Trata-se de um fóssil extremamente raro, o único do tipo no mundo", disse Dale Greenwalt, pesquisador do Museu Nacional de História Natural de Washington, nos Estados Unidos, e principal autor do estudo. A pesquisa foi publicada no periódico Pnas.
Diferentemente da ficção, na vida real nenhum DNA foi encontrado no sangue preservado no abdômen do mosquito – nem de dinossauros (extintos há 65 milhões de anos), nem de qualquer animal. Os pesquisadores explicam que o DNA é uma molécula grande e frágil, e por isso não sobrevive ao processo de fossilização.
Além disso, mesmo que o sangue fosse de um dinossauro, o que é cronologicamente impossível, a clonagem desses répteis pré-históricos continua não sendo possível. Isso porque seria necessário saber como seria o genoma completo dos dinossauros para conseguir reunir os possíveis fragmentos encontrados no sangue - algo que os cientistas não têm como saber. E mesmo assim, para clonar um animal extinto, seria preciso inserir seu DNA no óvulo de uma espécie atual que tivesse algum parentesco ou semelhança com o animal a ser "ressuscitado". 
"Como muito do que se vê na ficção científica, o filme de certo modo previu algo com que nós podíamos nos deparar", afirmou Greenwalt. Para o pesquisador, o sangue encontrado no fóssil pode ter sido de uma ave, pois o mosquito ancestral se assemelha a um inseto moderno do gênero Culicidae, que se alimenta do sangue desses animais.
O fóssil foi coletado na década de 1980 por Kurt Constenius, um estudante de geologia, que o deixou em seu sótão junto com outras outros fósseis que ele havia recolhido. O inseto só foi descoberto quando a coleção de Constenius foi doada para o museu onde Greenwalt trabalha como pesquisador.
Pesquisa – A hematofagia, ato de se alimentar de sangue, ocorre em cerca de 14.000 espécies de insetos, como pulgas, carrapatos e mosquitos. Apesar disso, evidências fósseis desse comportamento são dificilmente encontradas. O estudo descreveu um mosquito que havia se alimentado pouco antes de morrer. O fóssil foi encontrado no estado americano de Montana, preservado em xisto betuminoso, um tipo de rocha sedimentar.
Os pesquisadores identificaram níveis elevados de ferro no abdômen do animal e utilizaram uma técnica conhecida como espectrometria de massa não destrutiva para analisar sua fonte. Os resultados mostraram que o ferro identificado vinha da heme, molécula presente no sangue que permite o transporte de oxigênio.
Devido à raridade de fósseis desse tipo, muitos animais ancestrais foram identificados como hematófagos com base em características taxonômicas semelhantes a espécies atuais. Até o momento, evidências diretas desse tipo de dieta se limitavam a fósseis de mosquitos em que foram encontrados parasitas como o tripanossoma e o plasmodium, causador da malária – que chegam ao inseto por meio do sangue.


(Com Agência France-Presse)

Cientista que usa macaco é ameaçado

 Por Herton Escobar, estadao.com.br
Institutos reforçam segurança e temem por integridade de pesquisadores e desenvolvimento de trabalhos; até estudo antiaids corre risco



Cientista que usa macaco é ameaçado
"Instituto Royal teve sede de São Roque invadida por ativistas e encerrou as atividades na cidade"
Três semanas após a depredação e furto de beagles do Instituto Royal, em São Roque, um clima de apreensão paira sobre cientistas e instituições de pesquisa - até mesmo sobre universidades federais - que trabalham com animais. Várias delas vêm recebendo ameaças de indivíduos ou grupos radicais contrários à prática, segundo o biofísico Marcelo Morales, ex-coordenador do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea).


"Estamos diante de um estado de terrorismo e afronta à soberania nacional", disse Morales nessa quinta-feira, 7, ao Estado. "É a ordem pública que está sendo colocada em xeque."
Um dos ameaçados é o cientista Ricardo Gattass, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde Morales também é professor. Uma mensagem postada ontem no Facebook por um usuário que se identifica como "black bloc" dizia que Gattass recebera aprovação do comitê de ética da instituição para "abrir cérebros de macacos para implantar eletrodos com a finalidade de estudar as emoções" e que era preciso "fazer algum movimento em relação a isso".
A mensagem, escrita originalmente por alguém que diz ser de dentro da UFRJ, vinha acompanhada da foto de um macaco com instrumentos acoplados ao crânio - uma imagem sem identificação de origem, que já circula na internet há alguns anos e não tem nenhuma relação com o projeto da UFRJ.
O post recebeu centenas de comentários de pessoas revoltadas. Ao final, o texto fornecia o endereço e e-mail do pesquisador e pedia que as pessoas enviassem mensagens de repúdio à "atrocidade".
"Tenho recebido muitas mensagens agressivas de pessoas mal informadas, que alegam ter tido acesso a protocolos da comissão de ética de uso de animais do Centro de Ciências da Saúde, segundo os quais eu estaria estudando emoção em macacos usando métodos invasivos", disse Gattass ao Estado.
Especialista em Neurofisiologia, ele é professor emérito da UFRJ e membro da Academia Brasileira de Ciências. Sua linha de pesquisa é voltada para o estudo de mecanismos neuronais ligados à percepção e ao processamento visual.
"Nós, neurocientistas, temos a obrigação de esclarecer a todos que experimentos com primatas são necessários para resolver os problemas das demências, da doença de Alzheimer, das esquizofrenias e das doenças bipolares. Nós estamos empenhados em compreender o funcionamento do cérebro na saúde e na doença para podermos aliviar os impactos dessas doenças na sociedade", argumenta o pesquisador, de 65 anos. "Aqueles que têm um doente mental na família sabem dos impactos emocionais, econômicos e sociais disso."
Segurança. A UFRJ informou ontem à noite que a segurança no prédio do IBCCF foi reforçada e que a Polícia Federal foi informada das ameaças. A universidade confirmou que há pesquisas com macacos no instituto, mas disse que as informações postadas no Facebook não são corretas e que todos os projetos de pesquisa são devidamente aprovados e supervisionados pelo Concea.
O Instituto Butantã, em São Paulo, também reforçou recentemente seu esquema de segurança por causa de "boatos" que estariam circulando sobre as pesquisas com macacos na unidade - entre elas, um teste de vacina contra o HIV.
"As instituições estão em alerta, e a Polícia Federal está sabendo de tudo", disse Morales. "Aqui (na UFRJ) não vai ser como no Royal; aqui a PF vai entrar com todas as medidas necessárias", afirmou ele, que disse já ter recebido ameaças de agressão física por e-mail.
Morales cobra um "posicionamento firme" do governo federal sobre o assunto. "O ministro Marco Antonio Raupp (da Ciência e Tecnologia) fez um pronunciamento na Câmara, mas ele é só uma voz. Está na hora de as instâncias superiores se pronunciarem", disse. "Ou será que mais institutos terão de ser invadidos, ou até algum pesquisador ser morto, para que o poder público tome ciência do que está acontecendo?"
O ministério foi procurado, mas o atual coordenador do Concea, José Mauro Granjeiro (recém-empossado), que poderia comentar o caso, estava em viagem na Áustria.

Cidade Negra - Soldado da Paz

Prevenção da obesidade deve começar na escola

Crianças

Ações são eficazes e reduzem gastos futuros do governo com obesos, diz pesquisa

Educação alimentar: programas escolares que incentivam o consumo de alimentos saudáveis e a prática de exercícios físicos ajudam a prevenir obesidade e distúrbios alimentares
Educação alimentar: programas escolares que incentivam o consumo de alimentos saudáveis e a prática de exercícios físicos ajudam a prevenir obesidade e distúrbios alimentares (Thinkstock)
Ensinar alunos do ensino fundamental sobre a importância de comer alimentos saudáveis, fazer atividades físicas e passar menos horas em frente à TV pode significar uma economia considerável aos cofres públicos. De acordo com uma pesquisa publicada no periódico Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine, programas voltados à prevenção da obesidade e dos distúrbios alimentares entre jovens são mais econômicos do que o custo dos tratamentos para essas doenças.
A análise econômica, realizada por S. Bryn Austin, epidemiologista do Hospital da Criança de Boston, e por Li Yan Wang, economista da área de saúde, teve como base o programa Planet Health. Desenvolvido pela Escola de Saúde Pública de Harvard, o Planet Health é um projeto com o intuito de tornar professores capazes de guiar os alunos do ensino fundamental na escolha de alimentos mais saudáveis, no aumento das atividades físicas e em evitar o sedentarismo em frente à TV. Ele fornece ainda treinamento a esses professores, planos de aulas, materiais e o Fit Check, uma ferramenta de autoavaliação para os próprios alunos.
Pesquisa – Os pesquisadores utilizaram dados de um estudo randomizado em 10 escolas de Massachusetts, das quais cinco haviam adotado o Planet Health e as outras cinco não (grupo controle). Descobriu-se, então, que as meninas com sobrepeso nas escolas com Planet Health tinham duas vezes mais chances de voltarem aos seus pesos ideais. Elas apresentaram também metade dos riscos de uso de remédios para controle do peso. Os efeitos não foram estatisticamente significativos para os garotos. "Ficamos surpresos e encorajados ao ver o quão protetor o Planet Health foi para os transtornos alimentares em garotas”, diz Austin.
A bulimia é um dos principais problemas alimentares encontrados na juventude. O distúrbio costuma ter início com alguns comportamentos específicos, como uso de remédios para emagrecer ou purgativos. A doença pode colocar em risco a vida do pacientes e traz uma série de complicações médicas, tais como desidratação, desequilíbrio do organismo, distúrbios do ritmo cardíaco, erosão dentária e disfunção intestinal. “As desordens alimentares podem ser crônicas e caras de se tratar. Isso costuma ser um grande fardo financeiro sobre os indivíduos, seus familiares e sociedade”, diz Austin.
Economia – Austin e Wang estimaram que 3,4% das garotas no programa seriam prevenidas de desenvolver distúrbio alimentares com a idade de 13 anos e meio. Os pesquisadores se basearam em números do estudo original randomizado sobre o Planet Health: sete das 254 garotas no Planet Health (2,8%) desenvolveram desordens alimentares, frente a 14 das 226 meninas das escolas de controle (6,2%). Ancorados em conhecimentos atuais sobre a progressão dos transtornos alimentares, eles calcularam que um caso de bulimia seria prevenido na idade de 17 anos entre as 254 garotas.
Considerando os custos dos tratamentos usuais – que podem ser de dezenas de milhares de dólares –, Austin e Wang estimaram que uma média de 34.000 dólares seriam economizados ao se prevenir que apenas uma garota das cinco escolas do Planet Health desenvolvesse bulimia nervosa. Acrescentando à conta achados anteriores de Wang que estimaram uma economia de 27.042 dólares na prevenção da obesidade nas mesmas cinco escolas, o programa traria, assim, uma economia líquida de 14.238 dólares – já subtraídos o custo do programa nas escolas de 46.803 dólares.
“Como os distúrbios alimentares podem ser caros de se tratar, prevenir apenas um caso nas cinco escolas com o programa se traduziu em uma redução de custos médicos de 34.000 dólares”, diz Austin. “Mas se nós intensificarmos os custos para, digamos, 100 escolas do ensino fundamental em Massachusetts, a redução dos custos médicos pela prevenção da bulimia seria de mais de meio milhão de dólares. Se elevarmos isso a níveis nacionais, para digamos 1.000 escolas, o potencial de redução dos custos é considerável.”

Senado aprova veto a alimento não saudável em escolas

Congresso

Proposta tramita em caráter terminativo e agora segue para análise da Câmara; texto pode determinar a proibição de refrigerantes e frituras

Gabriel Castro, de Brasília
Hamburguer
Hambúrgueres podem estar com os dias contados nas escolas (Thinkstock)
A Comissão de Assuntos Sociais do Senado aprovou uma proposta que proíbe a venda de alimentos considerados não saudáveis em escolas do país. Como tramita em caráter terminativo, o texto segue direto para a Câmara dos Deputados - a não ser que algum parlamentar peça a apreciação pelo plenário do Senado. A votação foi unânime.
O projeto veta o comércio de “bebidas com baixo teor nutricional e alimentos com quantidades elevadas de açúcar, de gordura saturada, de gordura trans ou de sódio”. A proposta não especifica quais itens ficam proibidos e diz apenas que esse detalhamento será feito em regulamentação posterior. Mas o texto abre a possibilidade de que refrigerantes, salgadinhos, bolachas e frituras sejam vetados.
Os estabelecimentos que descumprirem as normas não terão o alvará de funcionamento renovado.
O texto é do senador Paulo Paim (PT-RS), que recebeu o sinal verde da Casa Civil e do Ministério da Educação. “Nada é mais justo do que, na escola, um ambiente em que se faz a formação das pessoas, estimular a alimentação saudável”, argumentou Ângela Portela (PT-RR), relatora da proposta. 
O senador Romero Jucá (PMDB-RR) ainda apresentou emendas que restringiam, em vez de proibir, a presença desses itens nas cantinas. Mas o peemedebista, que não estava presente, acabou derrotado pelo voto de todos os integrantes da comissão.

Gordura trans pode estar associada a comportamento agressivo e impaciência

Comportamento

Pesquisa identificou que aqueles que mais consomem a gordura são os que apresentam maiores chances de terem alterações comportamentais

Fast food
Gordura trans: consumo a gordura pode levar a um comportamento agressivo, diz estudo (Comstock/Thinkstock)
Muito além da obesidade e dos riscos de problemas cardiovasculares, um novo estudo da Faculdade de Medicina de San Diego da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, associou o consumo de gordura trans com maior impaciência e comportamento agressivo. Segundo a pesquisa, publicada na edição deste mês no periódico PLoS ONE, essas reações adversas podem ser apresentadas tanto por homens quanto por mulheres e de todas as idades.

Saiba mais

GORDURA TRANS
É uma gordura obtida a partir de um processo químico chamado hidrogenação. Por vir de óleos vegetais, era considerada uma opção saudável na alimentação, mas estudos que começaram a ser feitos a partir dos anos 80 mostraram que a gordura é extremamente prejudicial à saúde das pessoas. Ela aumenta o LDL (colesterol ruim) e diminui o HDL (colesterol bom) e, por isso, pode acarretar diversas doenças. Está presente em frituras, em todos os alimentos que levam margarina na preparação, além de fast food, bolachas e pipocas de microondas. Carne e leite possuem quantidades mínimas de gordura trans. Acredita-se que o organismo não sintetiza essa gordura, então ela se acumula no corpo. Não há uma recomendação mínima essencial dessa gordura. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a gordura trans não passe de 1% das calorias totais consumidas em um dia por uma pessoa.
Essa é a primeira vez em que um levantamento relaciona o consumo de gordura trans com alterações no comportamento de um indivíduo. Essa gordura é produzida industrialmente a partir da hidrogenação, um processo químico, e pode ser encontrada em alimentos como bolachas, pipoca de micro-ondas, chocolate, sorvete, pastel e tudo o que utiliza margarina nas receitas.
A pesquisa — Os autores do estudo avaliaram 945 adultos com base em informações como hábitos alimentares, comportamento, histórico e autoavaliação de agressão, impaciência ou irritabilidade, entre outras características comportamentais.
Os resultados indicaram que as pessoas que mais consumiam gordura trans tinham uma forte tendência a apresentar comportamento agressivo e impaciência no futuro em comparação com aquelas que não ingeriam tanta gordura no seu dia-a-dia. Elas também tinham históricos com mais casos de comportamentos como esses. Essa associação não se alterou com sexo, idade e etnia dos participantes.


“Se esses dados se mostrarem verdadeiros, há mais lógica ainda para que as pessoas diminuam a quantidade de gordura trans que comem todos os dias. Essa redução é essencial principalmente na alimentação das escolas e dos presídios, já que esse alimento se mostrou prejudicial tanto para quem o consome quanto para as pessoas que estão ao seu redor”, afirma Beatrice Golomb, uma das autoras do estudo.

Gordura trans pode ser banida nos Estados Unidos

Internacional

Segundo agência reguladora de alimentos do país, medida evitaria 20 000 infartos e 7 000 mortes por ano

Gordura
Frituras: alimentos ricos em gorduras trans (Thinkstock)
Nesta quinta-feira, a agência americana que regula o consumo de alimentos e remédios, FDA (sigla em inglês para Food and Drug Administration), propôs medidas que podem proibir o uso de gorduras trans em alimentos nos Estados Unidos. Pela primeira vez, a agência classificou a substância com "não segura" para consumo, endossando assim diversas pesquisas científicas que apontam os riscos que ela oferece à saúde. A agência afirma que a proibição pode evitar 20 000 infartos e 7 000 mortes por ano no país, segundo informações publicadas no jornal The New York Times

Saiba mais

GORDURA TRANS
Trata-se de uma gordura obtida a partir de um processo químico chamado hidrogenação. Por derivar de óleos vegetais, era considerada uma opção saudável na alimentação, mas estudos feitos a partir dos anos 1980 mostraram que a gordura é extremamente prejudicial à saúde. Ela aumenta o LDL (colesterol ruim) e diminui o HDL (colesterol bom) e, por isso, pode causar diversas doenças. A gordura trans está presente em frituras, em todos os alimentos que levam margarina, além de fast-food, bolachas e pipocas de micro-ondas. Carne e leite possuem quantidades mínimas da substância. Acredita-se que o organismo não sintetize essa gordura, o que faz com que ela se acumule no corpo. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a gordura trans não ultrapasse 1% das calorias totais consumidas em um dia por uma pessoa.
A proposta da FDA será submetida a consulta pública por 60 dias. Seu objetivo é fazer com que os óleos hidrogenados, que dão origem às gorduras trans, deixem de ser reconhecidos como seguros. Para utilizá-los na composição de alimentos, as empresas teriam que comprovar cientificamente que a gordura não oferece risco à saúde — o que contraria uma extensa literatura científica que aponta os prejuízos das gorduras trans ao organismo. 
Brasil — A recomendação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é de que o consumo de gorduras trans não ultrapasse 2 gramas por dia. Mesmo os alimentos que estampam no rótulo a informação "livre de gorduras trans" podem trazer pequenas quantidades da substância em sua composição. Segundo a Anvisa, o rótulo pode ser usado desde que o produto contenha, no máximo, 0,2 grama de gordura trans por porção. 

Auditor investigado diz que Kassab 'sabia de tudo'

São Paulo

Em conversa interceptada pelo Ministério Público, Ronilson Bezerra Rodrigues reclama porque seu nome foi publicado no 'Diário Oficial' como investigado

Investigação do Ministério Público Estadual em parceria com a Controladoria-Geral do Município prendeu quatro agentes ligados à subsecretaria da Receita da gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) por suspeita de integrar esquema de corrupção que causou prejuízos milionários aos cofres públicos nos últimos três anos
Investigação do Ministério Público Estadual em parceria com a Controladoria-Geral do Município prendeu quatro agentes ligados à subsecretaria da Receita da gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) por suspeita de integrar esquema de corrupção que causou prejuízos milionários aos cofres públicos nos últimos três anos - Renato S. Cerqueira/Futura Press

O auditor fiscal Ronilson Bezerra Rodrigues, preso sob acusação de integrar o esquema que desviou 500 milhões de reais da prefeitura de São Paulo, afirmou, em conversa gravada em setembro com autorização da Justiça, que o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) e o ex-secretário de Finanças, Mauro Ricardo Costa, "tinham ciência de tudo". O diálogo foi divulgado na noite desta quinta-feira pelo Jornal Nacional, da Rede Globo. 
“É um absurdo, Paula. Tinha de chamar o secretário e o prefeito também, você não acha? Chama o secretário e o prefeito com quem eu trabalhei. Eles tinham ciência de tudo”, afirma Rodrigues, em conversa com Paula Sayuri Nagamati, ex-chefe de gabinete de Mauro Ricardo. No telefonema, Rodrigues demonstra irritação após seu nome ser publicado no Diário Oficial do Município como investigado pela prefeitura.
Kassab e Mauro Ricardo repudiaram a afirmação de Rodrigues, ex-subsecretário de Receita Municipal. "Essa atitude tem objetivo escuso exclusivamente para atingir minha imagem e honra", disse Kassab, em nota. O ex-prefeito e o ex-secretário de Finanças também reafirmaram que a investigação preliminar do esquema de propina começou em setembro de 2012 e só não foi concluída porque a gestão terminou.
Paula foi exonerada do cargo de supervisora técnica na Secretaria de Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social. Ela afirmou, em depoimento ao Ministério Público, que o secretário de Governo, Antonio Donato (PT), recebeu dinheiro para campanha eleitoral, segundo o jornalO Estado de S. Paulo. Haddad chegou a dizer que Paula "faz parte da quadrilha", mas os promotores afirmam que, por enquanto, ela é "apenas testemunha".
Esquema - O Jornal Nacional também revelou uma gravação feita pelo fiscal Luis Alexandre de Magalhães durante um encontro entre ele, Rodrigues e mais um acusado, o ex-diretor da Divisão de Cadastro de Imóveis, Carlos Augusto di Lallo Leite do Amaral. A conversa foi gravada no apartamento de Magalhães e é considerada uma das principais provas colhidas pelo Ministério Público Estadual sobre o esquema de propina. "Eu não vou ser bode expiatório. Eu levo a secretaria inteira, vai todo mundo comigo. Eu te dei muito dinheiro", disse o fiscal, irritado com Rodrigues. "Você sabe porque me deu muito dinheiro? Porque eu te deixei lá", respondeu Rodrigues.

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