Ator se emocionou ao se lembrar de doença na garganta.
Em filme de Soderbergh, ele vive casal gay com Matt Damon.
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"O filme foi rodado depois do meu câncer. Foi precioso para mim, um presente. Me sinto muito agradecido por ele ter esperado por mim", afirmou Douglas, com a voz trêmula e com lágrimas nos olhos, durante a apresentação do filme no Festival de Cannes.Michael Douglas ficou emocionado e chorou nesta terça-feira (21) em Cannes ao contar que Steven Soderbergh esperou o ator superar um câncer na garganta para poder rodar "Behind the candelabra", um filme que retrata a esplêndida interpretação de Lee Liberace, um popular músico que ocultou a própria homossexualidade.
As palavras do ator foram seguidas por aplausos, e Michael Douglas ainda se divertiu com as bricandeiras e os gestos de cumplicidade de Soderbergh e seu companheiro de elenco, um relaxado e simpático Matt Damon, na apresentação do filme.
E com uma magistral interpretação de Walter Liberace – um pianista e, sobretudo, showmanque foi extremamente popular nos Estados Unidos entre nos anos 1950 e 19770 e cuja estética excessiva, colorida e cheia de tensão é um dos principais elementos do filme –, Douglas faz uma volta triunfal ao cinema.
Este é um dos melhores papéis de sua carreira, nas próprias palavras de Michael Douglas, para quem o aspecto físico era uma de suas principais preocupações, já que Liberace fazia atuações nas quais se movimentava muito e inclusive voava pelo palco. O aspecto foi solucionado por Soderbergh reduzindo os movimentos sobre o palco e sentando Douglas em um piano para as atuações.
O ator também teve que aprender a simular que tocava piano – "me contrataram um professor, mas era evidente que não ia aprender; Me dei conta de que não ia funcionar" – e suportar longas sessões de maquiagem, já que os personagens mudam de aspecto várias vezes durante o filme, por isso que foi preciso utilizar próteses e máscaras.
Isso faz, por exemplo, que a presença de Debbie Reynolds, que interpreta a mãe de Liberace, passe quase sem ser percebida pelo espectador. Debbie serviu, além disso, como fonte de informação sobre Liberace, já que conhecia o músico muito bem, apesar de Liberace ter sido uma pessoa extremamente reservada com a vida pessoal e quase não saía de casa, como disse Douglas.
"Todo mundo dizia que era um anfitrião maravilhoso e muito generoso. É uma espécie de pai de Elton John, Lady Gaga e o povo com um estilo similar" e um grande sentido do espetáculo.
A ideia de fazer um filme sobre a vida de Liberace surgiu há 13 anos, quando Soderbergh estava rodando "Traffic", que contava com a participação de Douglas. Sete anos depois, Soderbergh encontrou a autobiografia feita por Scott Thorson (Matt Damon), o homem que compartilhou durante anos a vida de Liberace e que tornou público seu homossexualismo.
"Não estava muito confiante sobre o que iria ser do filme", explicou Damon na entrevista coletiva, mas "é a sétima vez que trabalho com Steven e confio totalmente nele".
Damon elege os filmes por seus diretores, sem ver o roteiro antes. Neste caso, havia "um diretor como Steven, um roteiro tão bom e tão absolutamente bem escrito e dois grandes papéis: não é algo que me fez duvidar, era uma grande oportunidade, e aceitei sem hesitar".
Porém, foi um filme difícil de financiar e que finalmente encontrou sua via de produção através do canal por assinatura HBO, o que faz com que o filme só possa ser visto, no Estados Unidos, pela televisão – sem poder, portanto, concorrer ao Oscar –, mas que poderá estrear em salas de cinema em outras partes do mundo.
"Behind the candelabra" é um filme que conta a vida de Liberace, mas que entra principalmente em seus excessos e em como esse ambiente muda o jovem Scott (Damon).
Usa muitas luzes, trajes de lantejoulas, estética kitsch e um excesso que transborda a cada cena. E, embora seja interessante e bem rodado, o melhor do filme são seus atores e o cenário social do homossexualismo.
"Sempre penso que em 50 anos questionaremos por que havia inclusive um debate sobre este tema e por que durou tanto tempo", afirmou o diretor, que disse que sua intenção não era falar do homossexualidade, mas de uma relação entre duas pessoas: fazê-la crível para o espectador.
Sério nas respostas mas brincalhão com seus atores, especialmente com Damon, que não parou durante toda a entrevista coletiva de fazer comentários espontâneos sobre qualquer coisa, inclusive sobre a cena na qual aparece nu.
E sobre suas sequências na cama com Douglas, o intérprete disse, entre risos: "Agora tenho coisas em comum com Sharon Stone e Glenn Close: podemos nos encontrar um dia e contar histórias".