domingo 09 2013

Amores pelo avesso

Por Natália Leite, Tempo de Mulher
NATÁLIA LEITE: "O valor que se dá ao parceiro é inversamente proporcional à segurança que acreditamos ter no relacionamento".

Haja maturidade e sabedoria para dar valor ao relacionamento bom que se tem!
Haja maturidade e sabedoria para dar valor ao relacionamento bom que se tem!
Por NATÁLIA LEITE
O jantar de segunda-feira é sagrado. Desde que criamos o compromisso, o primeiro dia de trabalho da semana passou a ter sabor de festa. Conheci Amanda e Raquel no yoga. Logo percebemos que nós três só íamos à aula para ver umas às outras, e aí trocamos o método de relaxamento. Adeus yoga, olá terapia de papo semanal com as amigas! Tem dado ótimos resultados.
No nosso último encontro, as duas receberam ligações dos namorados. Raquel mora com o dela, ou seja, é casada. Amanda namora um cara casado. A esposa vive no interior para cuidar dos pais idosos. Na prática, o fulano passa a semana com a Amanda. Dormem juntos de segunda a sexta. De fato, o cara é marido das duas, de direito só de uma. É, por que duvido que ele viva como amiguinho da mulher no fim de semana.  
O namorado da Raquel é sensacional. O sujeito da Amanda bem mais ou menos. No entanto, Raquel, que vive o conto de fadas, encara a própria realidade sem muita excitação. Acha normal, nem se comove mais com as declarações do companheiro. E, repito, o cara é o máximo. Já Amanda se derrete com qualquer migalha. O camarada fica 15 minutos a mais antes de pegar a estrada na sexta-feira e ela acha um ótimo sinal. Fica toda feliz.
O contraste me fez perceber uma realidade comum. O valor que se dá ao parceiro é inversamente proporcional à segurança que acreditamos ter no relacionamento. Ou seja, haja maturidade e sabedoria para dar valor ao bom que se tem. É raro de ver.
O enredo se repete com diferentes personagens. Passados os primeiros momentos da novidade, as relações entram num frequência de normalidade. Por melhores que sejam. A sensação é "tá, você me ama, eu te amo. Ok. Nada demais". Já se o terreno é incerto, vale o avesso. Duvido que Amanda se comportasse com tanto entusiasmo diante de um telefonema de três minutos numa tarde de sábado se o camarada fosse oficialmente o parceiro dela.
Apesar de entender que esse é um comportamento humano normal, acredito que vale a reflexão para os dois lados. Vale às "Raquéis" pensar em serem mais gratas à vida, dar mais valor às surpresas, corresponder ou criar o tempero quando se está numa cenário bacana.
E para tantas Amandas que existem por aí, vale pensar "opa, será que ele é isso tudo mesmo?". E reduzir o grau de euforia com as sobras que lhes são jogadas. Na pior das hipóteses, o sujeito vai se sentir menos seguro. E aí vale a regra: vai acabar dando mais valor. Num raciocínio bem otimista, pode ser que assim ele ajude Amanda a tomar consciência do tamanho de mulher que é. Fico aqui cruzando os dedos para que, de um jeito ou de outro, ela tenha coragem de buscar alguém que a mereça.

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