NATÁLIA LEITE: "Havia algo de diferente nas linhas do rosto, no semblante, no brilho dos cabelos e da pele. Não, não era botox, progressiva ou algo do gênero. Vinha de dentro".
Por NATÁLIA LEITE
Vejo Mariana todos os dias. Na redação trabalhamos em mesas compridas, sem divisórias, e ela senta bem na minha frente. A moça é uma graça. Não dispensa uma balada, então, nas sextas-feiras costuma chegar bem mais produzida.
Mas não foi a roupa ou a maquiagem o que me chamou atenção essa semana. Ela chegou mais bonita, sem dúvida. E sei que não fui a única a notar. Até gente que estava de costas instintivamente virou na direção do elevador quando Mariana entrou.
Havia algo de diferente nas linhas do rosto, no semblante, no brilho dos cabelos e da pele. Não, não era botox, progressiva ou algo do gênero. Vinha de dentro. Mariana estava emanando uma graça, uma luz especial. Como somos bastante próximas, aproveitei a oportunidade do cafezinho no fim do dia para entender a transformação paradoxal - 100% visível, mas não objetiva, concreta.
Aprendi que Mariana está colhendo os frutos da arte de cultivar a própria inteligência. Ela escolheu ser amiga de si mesma e sair de relacionamentos que a maltratavam. Depois de meses de erro, de decisões contra ela mesma, Mari cortou a turma que só a fazia perder tempo, juventude, dinheiro e saúde.
Ao observar Mari lembrei de muitos casos semelhantes. E hoje ouso afirmar: existe um tipo de beleza rara, típica do amadurecimento, da sabedoria, das escolhas corretas. É uma beleza serena e profunda. Uma beleza que deriva da bondade consigo mesma e, por consequência, com os outros.
Não é algo fútil ou superficial. É como o belo da arte que inspira e alimenta a alma. É o tipo de belo que me faz acreditar no seguinte raciocínio: a vida faz cada indivíduo de uma forma. Mas perder o viço e cair em velhice precoce não é puramente genético ou acidental. Tem a ver com atitudes contrárias a própria singularidade.
Acredito também que esse tipo de beleza que vem da alma traz consigo um poder especial. O poder de inspirar, motivar e oxigenar qualquer ambiente. Enfim, obrigada Mari por me ajudar a entender que a beleza nasce do íntimo da ação.
* Natália Leite é jornalista, mestre em Ciência da Informação pela Universidade de Brasília, curiosa e otimista incurável. Escreve quinzenalmente sobre os erros, acertos e dúvidas que nos fazem mulheres.
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