domingo 09 2013

Beleza que vem da alma

Por Natália Leite, Tempo de Mulher
NATÁLIA LEITE: "Havia algo de diferente nas linhas do rosto, no semblante, no brilho dos cabelos e da pele. Não, não era botox, progressiva ou algo do gênero. Vinha de dentro".
Existe um tipo de beleza rara, típica do amadurecimento, da sabedoria, das escolhas corretas.
Por NATÁLIA LEITE
Vejo Mariana todos os dias. Na redação trabalhamos em mesas compridas, sem divisórias, e ela senta bem na minha frente. A moça é uma graça. Não dispensa uma balada, então, nas sextas-feiras costuma chegar bem mais produzida.
Mas não foi a roupa ou a maquiagem o que me chamou atenção essa semana. Ela chegou mais bonita, sem dúvida. E sei que não fui a única a notar. Até gente que estava de costas instintivamente virou na direção do elevador quando Mariana entrou.
Havia algo de diferente nas linhas do rosto, no semblante, no brilho dos cabelos e da pele. Não, não era botox, progressiva ou algo do gênero. Vinha de dentro. Mariana estava emanando uma graça, uma luz especial. Como somos bastante próximas, aproveitei a oportunidade do cafezinho no fim do dia para entender a transformação paradoxal - 100% visível, mas não objetiva, concreta.
Aprendi que Mariana está colhendo os frutos da arte de cultivar a própria inteligência. Ela escolheu ser amiga de si mesma e sair de relacionamentos que a maltratavam. Depois de meses de erro, de decisões contra ela mesma, Mari cortou a turma que só a fazia perder tempo, juventude, dinheiro e saúde.
Ao observar Mari lembrei de muitos casos semelhantes. E hoje ouso afirmar: existe um tipo de beleza rara, típica do amadurecimento, da sabedoria, das escolhas corretas. É uma beleza serena e profunda. Uma beleza que deriva da bondade consigo mesma e, por consequência, com os outros. 
Não é algo fútil ou superficial. É como o belo da arte que inspira e alimenta a alma. É o tipo de belo que me faz acreditar no seguinte raciocínio: a vida faz cada indivíduo de uma forma. Mas perder o viço e cair em velhice precoce não é puramente genético ou acidental. Tem a ver com atitudes contrárias a própria singularidade.
Acredito também que esse tipo de beleza que vem da alma traz consigo um poder especial. O poder de inspirar, motivar e oxigenar qualquer ambiente. Enfim, obrigada Mari por me ajudar a entender que a beleza nasce do íntimo da ação.
* Natália Leite é jornalista, mestre em Ciência da Informação pela Universidade de Brasília, curiosa e otimista incurável. Escreve quinzenalmente sobre os erros, acertos e dúvidas que nos fazem mulheres.

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