domingo 07 2014

Para ministro de Dilma, 'não há quem controle corrupção'

Petrobras

Ao tratar do megaescândalo de corrupção na Petrobras, Gilberto Carvalho liga o caso ao financiamento privado de campanhas - cujo fim interessa ao PT

Gabriel Castro, de Brasília
O ministro Gilberto Carvalho: a culpa é do financiamento privado de campanhas
O ministro Gilberto Carvalho: a culpa é do financiamento privado de campanhas (Pedro Ladeira/Folhapress/VEJA)
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, admitiu neste domingo que o governo é incapaz de combater a corrupção - e continuará sendo, na avaliação dele, enquanto não houver uma reforma política que ponha fim ao financiamento empresarial de campanhas.
A afirmação foi dada após uma pergunta sobre a delação premiada de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. Conforme revelou VEJA nesta semana, ele citou os políticos beneficiados pelo esquema de corrupção na estatal em depoimento à Polícia Federal. Costa afirmou que políticos da base aliada à presidente Dilma e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que disputava a Presidência da República ao lado de Marina Silva, receberam dinheiro do esquema. O rol de citados pelo delator inclui três governadores, seis senadores, um ministro de Estado e pelo menos 25 deputados federais embolsaram ou tiraram proveito de parte do dinheiro roubado dos cofres da estatal. De acordo com depoimento de Paulo Roberto Costa, o esquema funcionou nos dois mandatos do ex-presidente Lula, mas também adentrou a atual gestão da presidente Dilma.
"Enquanto houver financiamento empresarial de campanha e as campanhas tornarem-se o momento de muita gente ganhar dinheiro e de se mobilizarem muitos recursos, eu quero dizer: não há quem controle a corrupção enquanto houver esse sistema eleitoral. Isso é com todos os partidos. Não há, infelizmente, nenhuma exceção", afirmou o ministro, após o desfile de 7 de Setembro, em Brasília. Não por acaso, o financiamento público de campanha é de grande interesse do PT. Com o fim do financiamento privado, a maior parte do dinheiro teria de sair dos cofres públicos. E a divisão seria feita de acordo com o tamanho das bancadas, o que favoreceria os maiores partidos. A presidente Dilma Rousseff chegou, inclusive, a colocar o tema na lista de perguntas de seu fracassado plebiscito em resposta às manifestações de junho do ano passado.
Gilberto Carvalho afirmou também que o Planalto vai aguardar as informações oficiais para decidir quais providências tomar diante do caso. "O governo não pode tomar conhecimento de uma denuncia que é, por enquanto, sem nenhuma comprovação", afirmou. O petista declarou ainda que, sem detalhes do que Costa contou à Polícia Federal, não há razões para crer que a campanha será afetada. "Eu não acredito que uma simples notícia com o alarde que ela ganha possa interferir no destino da eleição", disse ele. Carvalho também confirmou que, a partir de segunda-feira, vai tirar férias para se dedicar à campanha. Ele diz acreditar em uma vitória "dura" e "calejada" de Dilma.

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Sérgio Moro: juiz que orgulha a toga

Juiz federal paranaense, titular a 13ª Vara Federal em Curitiba, já encarregado do escândalo Banestado,Sérgio Fernando Moro foi recentemente alçado a protagonista nacional, pela sua atuação na operação Lava-Jato da Polícia Federal.
Esta semana começou com o espanto da opinião pública brasileira, indignada pela inusitada decisão do ministro Teori Zavatsky, do STF, em mandar soltar todos os 12 presos recolhidos à sede da PF em Curitiba: de Paulo Roberto Costa – homem bomba da Petrobrás – ao doleiro londrinense Alberto Yousseff. Incluídos todos os seus cúmplices, inclusive um deles – Rene Luiz Pereira – acusado de traficar 750 kg de cocaína.
Aí é que entraram o destemor, a correção, a  pena ágil e a mente lúcida de Sérgio Moro. Perguntar não ofende. O juiz curitibano resolveu perguntar à excelência do STF: – A decisão de soltura  atingiria até os doleiros e os traficantes?
Alertou o ministro Zavascki sobre o risco de fuga do doleiro Alberto Youssef e seus cúmplices, todos com fortíssimo poder econômico- inclusive contas bilionárias no exterior – e ainda ligações perigosas, e imponderáveis no meio político brasileiro.
Moro também pediu esclarecimentos sobre o alcance da decisão do ministro Teori Zavatski, baseada na premissa de que só o STF pode tratar da investigação de crimes e malfeitos que envolvam deputados federais – no caso, o paranaense André Vargas (então PT), o paulista Cândido Vacarezza (PT), e ainda o baiano Luiz Argolo (Solidariedade).
Nesta terça, 20 de maio, o ministro do STF, Teori Zavascki, reformou  parcialmente a decisão tomada no domingo, que libertou Paulo Roberto Costa.
Manteve a prisão os doleiros Alberto Youssef, Raul Srour, Nelma  Kodama e Carlos Chater, além de Renê Luiz Pereira, acusado pelo MP de movimentar recursos do tráfico de drogas. No total, 12 pessoas estão presas – 11 no Brasil e uma na Espanha. Há ainda um foragido, Sleiman Nassim el Kobrossy.
O ministro afirmou que a Justiça Federal do Paraná apresentou informações complementares sobre os processos e decretos de prisão e, por isso, decidiu manter as decisões tomadas pela 13ª Vara Federal cautelarmente. Manteve, porém, a decisão de que todos os processos sejam encaminhados ao STF, apesar de nem todos envolverem autoridades com direito a foro privilegiado.
O juiz Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, provoca síndrome de pânico nos mega empresários e  políticos brasileiros, na mesma proporção em que atemorizou os poderosos envolvidos no escândalo do Banestado.
Este ano, Moro já recusou  duas vezes sua  promoção a desembargador federal, única maneira de retirá-lo do caso.
Técnico, rigoroso, incorruptível e competente, o titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Fernando Moro assusta também empreiteiros, banqueiros e fornecedores da Petrobras.
Raro encontrar político importante que não esteja em pânico com a possível delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa – que ontem deixou a prisão, na colina de Santa Cândida, em Curitiba, sem poder conter o riso maroto, o contentamento saltava-lhe pelos olhos.

"O governo do PT patrocinou um assalto à Petrobras", diz Aécio

Política

Candidato do PSDB à presidência afirma que Dilma Rousseff não poderá alegar que não sabia de megaesquema de corrupção na Petrobras

Bruna Fasano, de Presidente Prudente
Aécio Neves: "O PT perdeu a eleição"
Aécio Neves: "O PT perdeu a eleição" (Ivan Pacheco/VEJA.com)
A menos de 30 dias do primeiro turno, as campanhas da petista Dilma Rousseff e da ex-senadora Marina Silva (PSB) tentam estancar a todo custo a sangria provocada pelos depoimentos do ex-dirigente da Petrobras e controlar uma possível fuga de votos das candidatas. Terceiro colocado nas pesquisas de intenção de votos na corrida presidencial, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) avalia que as revelações do ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, sobre a montagem de um balcão de distribuição de propina a deputados, senadores, governadores e até um ministro de Estado aliados ao Palácio do Planalto podem mudar o resultado das eleições de outubro. “O governo do PT patrocinou um assalto à Petrobras. No momento em que esse governo assaltava o país, eu fazia oposição”, disse Aécio em entrevista exclusiva ao site de VEJA.
Os nomes de autoridades citados por Paulo Roberto Costa como participantes do esquema de propina são essencialmente da base de sustentação do governo da presidente Dilma Rousseff. O senhor acha que houve conivência por parte dela? Não dá mais para vir com essa história de que não sabia de nada. Nós estamos falando de algo talvez ainda mais grave do que o mensalão 1, que é o mensalão 2, que coexiste há mais de nove anos no poder. Continua a haver um processo, desde o início, que não foi interrompido: utilização de dinheiro público, empresas públicas, superfaturamento de obras para beneficiar um grupo político que quer se manter a qualquer custo no poder. O PT perdeu, a meu ver, a autoridade sequer para apresentar um projeto de continuidade desse modelo que está aí. É vergonhoso o que aconteceu. As investigações tem que ir a fundo. Espero que o Brasil conheça o que aconteceu e as punições possam vir. A presidente da República tem, sim, que dizer o que aconteceu na empresa que ela comandou com mão de ferro. Ela foi do conselho da Petrobras durante doze anos.
Com as denúncias de Paulo Roberto Costa, cai a tese da presidente Dilma Rousseff de acusar setores oposicionistas de tentar desmoralizar a Petrobras? As denúncias do senhor Paulo Roberto mostram que a Petrobras vem sendo assaltada ao longo dos últimos anos por um grupo político, comando pelo PT, com o objetivo de perpetuar-se no poder. Quando nós apresentamos a proposta da criação da CPMI da Petrobras os líderes do governo diziam que isso era uma jogada eleitoral da oposição apenas para prejudicar o governo nas eleições. A presidente da República chegou a dizer que nós estávamos, com os ataques que fazíamos a Petrobras, depondo contra a imagem da nossa principal empresa. Quem desmoralizou a nossa principal empresa foi esse governo comando pela atual presidente da República. Não é possível, sentada na mesa com esses mesmos réus, em especial com esse diretor que está preso hoje, dizer que não tinha ideia do que está acontecendo. Ainda que pela incapacidade de ver o que acontece no seu entorno, ela não pode querer disputar novamente a Presidência da República.
Segundo a delação premiada feita por Paulo Roberto Costa, o ex-governador de Pernambuco e ex-candidato do PSB, Eduardo Campos, estaria envolvido no esquema. Eu tenho muito cuidado com relação a isso. São acusações que eu não conheço. Li pela manhã e me dei conta do tamanho dessas denúncias. Todos nós vamos ter que estar prontos para dar explicações sobre quaisquer questões. Eu acho que não dá é para pessoas envolvidas dizerem que não sabiam de nada. Vamos dar tempo ao tempo e esperar que, realmente, essas acusações que hoje citam nominalmente algumas pessoas possam ser comprovadas, com indícios mais claros. Eu vejo tudo isso com alguma cautela. Mas eu reafirmo, e não há dúvidas em relação a isso, é que o governo do PT foi conivente com o maior assalto que já se fez aos cofres da maior empresa brasileira, a Petrobras. O governo do PT patrocinou um assalto à maior empresa brasileira. Isso jamais ocorreu na história do Brasil.
A citação de Eduardo Campos entre os que teriam recebido propina desconstrói o discurso da candidata Marina Silva sobre a “nova política”? É possível atender a interesses de aliados sem cair em esquemas de corrupção? Nós estávamos desde lá de trás denunciando esse governo. Eu vejo hoje críticas ao PSDB por uma pseudopolarização com o PT. Nós estávamos desde sempre, lá atrás, desde 2003, combatendo esse governo, denunciando o aparelhamento da máquina pública, as nomeações políticas na Petrobras. Será que quem estava certo era quem estava dentro desse governo durante todo esse período? De alguma forma, até se beneficiando, mesmo que não diretamente. Se beneficiando dessa estrutura que se manteve para sustentar o governo. A minha diferença maior para as duas candidatas é que em nenhum momento eu participei desse governo. No momento em que esse governo assaltava o país, eu fazia oposição. De nenhuma forma eu participava disso. Nem diretamente nem indiretamente. Os cargos que eu ocupei não foram, de alguma forma, sustentados por esse governo corrupto.
O esquema do mensalão movimentou 173 milhões de reais. A Polícia Federal estima que, no caso da operação Lava-Jato, sejam pelo menos 10 bilhões de reais. É mais grave que o escândalo que colocou a cúpula do PT na cadeia? O mensalão 2, esse atual, a meu ver, é mais grave do que o mensalão 1 até pelo tempo que durou esse assalto. Um processo que não pode ser agora atribuído a uma pessoa, a alguém que se utilizou de determinado momento de um cargo que ocupou em benefício próprio. É uma engrenagem institucionalizada para roubar no seio da nossa maior empresa para beneficiar o grupo que está no poder. O atual governo e a própria presidente da República são, no mínimo, beneficiários daquilo que a Polícia Federal chamou de organização criminosa instalada na Petrobras. Dilma foi beneficiária desse esquema. E esse esquema é que vem sustentando o seu governo, dando a ela maioria no Congresso e pagando diretamente sua base de apoio. Estamos diante do mais grave escândalo de corrupção da nossa história contemporânea. Acho que o mensalão 2 tem níveis de sofisticação que fazem dele algo mais grave do que o primeiro. O mensalão 2, pelo que nós estamos vendo, se manteve e se arrastou pelos onze anos desse governo.
As pesquisas de intenção de voto o colocam em terceiro lugar na corrida pelo Palácio do Planalto. As denúncias podem mudar o quadro eleitoral? Eu continuo acreditando muito na possibilidade de vitória. Nós somos a oposição a tudo isso. Eu não sou oposição ao PT agora. Eu sou oposição a esse modelo desde que essa bandalheira, essa forma de agir, começou. Nem todos podem dizer isso, né? A atual candidata à Presidência da República perderá as eleições. Não há condições morais dela apresentar algo novo ao Brasil. Comete a imprudência de destituir, mesmo mantendo no cargo, o ministro da Fazenda. E se ele tivesse hoje uma forma de preservar sua própria história, pediria ele mesmo para sair. Ministro da Fazenda ou você nomeia ou demite. Não pré-anuncia que vai demiti-lo lá adiante. Quem é que vai conversar hoje com o ministro da Fazenda sobre determinada questão relevante para a economia sabendo que daqui a três meses ele não vai estar lá para tocar aquilo que foi eventualmente acertado? O dano só não é maior porque ele já tinha perdido toda a credibilidade. Agora que autoridade a presidente vai ter? Tendo comandado a maior empresa brasileira, a Petrobras, como comandou e fazia questão de mostrar que era ela quem mandava com mão de ferro, vendo nas suas barbas esse processo de corrupção beneficiar seu próprio projeto.
Mas a presidente Dilma ainda se mantém líder nas pesquisas. Eu acho que o PT perdeu a eleição. O PT perdeu a eleição. Agora tem uma nova candidata que eu respeito pessoalmente, mas precisa explicar seus vínculos com esse grupo político. Marina tem uma militância no PT maior do que da própria Dilma. Não acredito que ela possa ter um vínculo direto com isso. Mas eu não vi a indignação dela no momento em que o mensalão foi denunciado. Lá atrás, no momento em que o mensalão foi denunciado, não me lembro dela considerando isso uma prática da velha política, se indignando e pedindo para sair do partido. Ao contrário. É um direito dela.
O senhor acha que Marina Silva deve defender publicamente Eduardo Campos das acusações feitas por Paulo Roberto Costa ou é um problema do PSB? Todos tem que dizer claramente o que pensam. Terceirizar responsabilidades não é um bom exemplo para quem se autointitula representante da nova política. Nada mais velho na política do que a corrupção. Esse modelo do PT de utilizar a estrutura do Estado em benefício do seu projeto de poder é tudo, menos novo. Isso existe desde que o PT assumiu o governo. Já existia nas administrações municipais do PT. Nós sabemos disso em várias denúncias, como no caso de Santo André, talvez o mais marcante deles. O PT sempre buscou nas oportunidades que teve para utilizar empresas e espaços públicos para financiar a sua permanência no poder. Isso não mudou. O que mudou foi a escala, agora infinitamente maior. Eu sempre soube e ataquei isso. A outra candidata conviveu de alguma forma com esse modus operandi do PT. Temos duas alternativas. A minha é clara, de combate a tudo isso e restabelecer a meritocracia. Resgate a nossas empresas públicas, e vamos afundo nas investigações. Queremos as investigações como propusemos na CPMI. E que os responsáveis sejam punidos. Outra candidatura vai ter que mostrar como convive com esse tipo de corrupção. Eu vejo muito esse discurso da nova política. Para mim sempre houve a boa e a má política. E a boa política é que a nós praticamos. A má política é a que o PT pratica. E, na verdade, não é de hoje. Desde quando a candidata Marina era um membro influente no partido.

Denúncias de ex-diretor atingem — e apavoram — pelo menos quatro candidatos a governador

Campanha

Depoimento de Paulo Roberto Costa afeta candidaturas no Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Alagoas e Maranhão

Marcela Mattos, de Brasília
Henrique Alves em discurso no plenário da Câmara na eleição para presidente da Casa
Henrique Alves, um dos citados pelo ex-diretor da Petrobas, concorre ao governo do Rio Grande do Norte (Laycer Tomaz/Agência Câmara/VEJA)
Antes de aceitar o acordo de delação premiada, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa antecipou o efeito devastador de suas denúncias: "Se eu falar, não vai ter eleição". Temendo sair como o único prejudicado após as revelações de propina e corrupção dentro da estatal, o executivo decidiu relatar à Polícia Federal como e com quem agiu – e, conforme VEJA revelou na edição desta semana, trouxe uma lista de três governadores, seis senadores, um ministro de Estado e pelo menos 25 deputados federais que embolsaram ou tiraram proveito de parte do dinheiro roubado dos cofres da estatal. As denúncias atingem, direta ou indiretamente, ao menos quatro candidaturas a governos estaduais. No Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Alagoas e Maranhão a corrida eleitoral deve ganhar novos contornos após ter nomes de candidatos ou herdeiros políticos citados por Costa.
O ex-diretor de Abastecimento agia em parceira com o doleiro Alberto Yousseff, considerado pivô do megaesquema de lavagem de dinheiro. Os dois comandaram a ação, descoberta na operação Lava Jato da Polícia Federal, com movimentação superior a 10 bilhões de reais, em que foram desviadas verbas da estatal para o bolso de políticos e partidos. O caso veio à tona em março deste ano e, com detalhes ainda mais contundentes revelados a um mês das eleições, deve incendiar ainda mais a campanha eleitoral. 
Um dos envolvidos é o mais antigo deputado da Câmara dos Deputados e atual presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Para a sua primeira disputa ao governo potiguar, ele montou uma ampla base de apoio e conseguiu assumir a liderança nas pesquisas: tem, atualmente, 40% de intenções de voto, de acordo com o Ibope. O candidato se apressa para evitar que as denúncias respinguem sobre seu projeto eleitoral. “Nunca pedi nem recebi quaisquer recursos do Paulo Roberto Costa. As insinuações publicadas, de forma genérica e sem apresentar evidências sobre o meu nome, não podem ser tomadas como denúncia formal nem fundamentada”, disse, em nota, neste sábado. Alves afirmou ainda que não há provas contra ele e apontou para uma possível manipulação do episódio na campanha eleitoral.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também compõe a extensa lista de nomes relatados pelo ex-diretor da Petrobras. Ele ainda está na metade do mandato e não é candidato no pleito deste ano — mas tem como projeto pessoal a eleição de seu herdeiro, o deputado Renan Filho, para o governo de Alagoas. Com o nome de um dos principais caciques alagoanos, Renanzinho, como é conhecido, lidera as pesquisas eleitorais e, se nada mudar, pode ser eleito logo em primeiro turno. Em meio às novas denúncias que envolvem o pai, ele tenta se desvincular do caso de corrupção. “Eu sou parlamentar e não posso falar sobre outros parlamentares. Eu não fui citado. Mudaria algo se eu tivesse sido. O candidato sou eu”, disse ao site de VEJA, fugindo de responder outras perguntas.  
Outro herdeiro político que pode sofrer consequências pelo envolvimento do pai é o senador Lobão Filho (PMDB-MA), candidato ao governo do Maranhão. O ministro de Minas e Energia Edison Lobão agora será investigado pela PF com a delação de Costa, assim como a ex-governadora Roseana Sarney, também lembrada em depoimento. Os dois são os principais fiadores da campanha do senador peemedebista, o que dá ainda maior força à oposição em um Estado devastado após décadas da gestão Sarney. “Chega. Basta. Hora de tirar o Maranhão das páginas policiais. Essa gente enrolada com a Polícia Federal não pode continuar no governo”, disse, pelo Twitter, o candidato do PCdoB Flavio Dino. “Basta de escândalos com doleiros, lagostas e propinas”, continuou, evidenciando que o caso será incorporado à sua artilharia contra Lobão Filho.
No Rio de Janeiro, o candidato Luiz Fernando Pezão (PMDB) tem pela frente mais uma herança negativa de seu antecessor. O governo de Sérgio Cabral foi encerrado com altíssima taxa de rejeição e, agora envolvido nas denúncias da Petrobras, deve dar ainda mais margem para os adversários tentarem desqualificar a gestão peemedebista. “O que foi revelado ainda é muito pouco perto do que o Cabral vai ter de explicar nos próximos dias. Não há novidade de ele estar envolvido em casos de corrupção”, disse ao site de VEJA o também candidato Anthony Garotinho (PR), um dos mais duros oposicionistas a Cabral e Pezão. Na tentativa de abafar o caso, Pezão pediu calma para que as denúncias sejam apuradas e afirmou que “nunca viu Cabral pedindo um cargo em ministério”.