Sérgio Moro: o juiz ordenou o leilão de uma lancha, de Paulo Roberto Costa, avaliada em R$ 3 milhões, e um hotel do doleiro Alberto Youssef, no valor de R$ 3,8 milhões
O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba, determinou hoje (3) o leilão de bens apreendidos de condenados na Operação Lava Jato. Moro decidiu a venda como forma de restituir os valores desviados da Petrobras pelos acusados.
O juiz ordenou o leilão de uma lancha, do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, avaliada em R$ 3 milhões, e um hotel de propriedade do doleiro Alberto Youssef, no valor de R$ 3,8 milhões.
A decisão também inclui veículos de luxo, como duas Mercedez e três BMW, que estão em nome de Nelma Kodama e Rafael Henrique Srour, ambos doleiros. O leilão dos carros está previsto para quinta-feira (5).
Em março, um Porsche Cayman, que pertencia a Nelma Kodama, foi arrematado por R$ 206 mil por um comprador de Curitiba. O automóvel foi o primeiro bem de investigados apreendidos na Lava Jato a ser leiloado. O lance mínimo era R$ 200 mil.
Sérgio Moro, juiz federal: Rogério Cunha Pereira, ex-diretor de Óleo e Gás da empresa, foi condenado pelos mesmos crimes a 17 anos e quatro meses de reclusão
São Paulo - O juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Operação Lava Jato, condenou a 19 anos e 4 meses de prisão o executivo Sérgio Cunha Mendes, ex-vice-presidente da empreiteira Mendes Junior, por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Outros dois dirigentes da cúpula da empreiteira também foram condenados.
Rogério Cunha Pereira, ex-diretor de Óleo e Gás da empresa, foi condenado pelos mesmos crimes a 17 anos e quatro meses de reclusão.
A Alberto Elísio Vilaça Gomes, antecessor de Rogério Cunha Pereira no cargo de diretor de Óleo e Gás da Mendes Júnior, foi imposta pena de 10 anos de prisão.
"A prática do crime corrupção envolveu o pagamento de R$ 31.472.238,00 à Diretoria de Abastecimento da Petrobras, um valor muito expressivo. Um único crime de corrupção envolveu pagamento de cerca de R$ 9 milhões em propinas", sentenciou Sérgio Moro.
Foram absolvidos os executivos ligados à Mendes Junior, Ângelo Alves Mendes - ex-diretor-vice-presidente - e José Humberto Cruvinel Resende.
"Entendo que há uma dúvida razoável se agiram com dolo, especificamente se tinham consciência de que os contratos em questão foram utilizados para repasse da propina", afirmou Moro.
O doleiro Alberto Youssef foi condenado a 20 anos e quatro meses de reclusão, mas como fez delação premiada na Procuradoria-Geral da República, a pena a ele imposta foi suspensa por Moro.
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa pegou 10 anos de reclusão. Ele também fez acordo de delação.
Segundo denúncia do Ministério Público Federal, a Mendes Júnior fez parte do 'clube vip' de empreiteiras que, em cartel, 'teriam sistematicamente frustrado as licitações' da Petrobras para a contratação de grandes obras a partir do ano de 2006, entre elas na Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná.
Moro fixou em R$ 31.472.238,00 o valor mínimo necessário para indenização dos danos decorrentes dos crimes, a serem pagos à Petrobras, 'o que corresponde ao montante pago em propina à Diretoria de Abastecimento e que, incluído como custo das obras no contrato, foi suportado pela Petrobras'.
O criminalista Marcelo Leonardo, que defende a cúpula da empreiteira Mendes Júnior, disse que ainda não teve acesso à sentença, mas adiantou que 'haverá recurso para o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4)'.
Marcelo Leonardo destacou que os argumentos do recurso serão os mesmos apresentados nas alegações finais do processo criminal perante a 13.ª Vara Criminal Federal no Paraná, base da Operação Lava Jato.
Segundo o criminalista, os executivos da Mendes Júnior foram extorquidos pelo doleiro Alberto Youssef que teria exigido R$ 8 milhões da empresa.
O empresário Sérgio Cunha Mendes afirmou à Justiça que os pagamentos foram parcelados por meio de contratos frios firmados com as empresas de fachada GFD Investimentos e Empreiteira Rigidez, controladas pelo doleiro.
"Era um valor que ele (Youssef) colocou, R$ 8 milhões e alguma coisa, e foi pago relativo aos aditivos a serem aprovados, da Replan e do TABR", declarou o empresário, quando interrogado pelo juiz federal Sérgio Moro.
O primeiro, Vinicius Gurgel, do PR, é investigado por crimes eleitorais e contra a ordem tributária.
O segundo, Fausto Pinato, do PRB, é acusado de falso testemunho, como mostramos no post anterior.
O terceiro, Zé Geraldo, do PT, disse que o juiz Sergio Moro representa "um poder paralelo orquestrado pela Rede Globo que vem trabalhando fortemente para desestabilizar nossa democracia". Ele disse também que a Lava Jato "é uma operação sem fim que vem causando prejuízos enormes ao país, quebrando empresas, produzindo um exército de desempregados e desfalcando dia a dia um dos nossos maiores patrimônios, a Petrobras”.
Autoridades policiais que investigam o negócio Oi-PT suspeitam da existência de movimentos que terão facilitado as autorizações políticas. Estes poderão ter partido das construtoras brasileiras, após receberem o dinheiro devido pela PT.
As autoridades policiais que investigam o negócio Oi-PT, celebrado em 2010, suspeitam que os movimentos financeiros que terão facilitado as autorizações políticas necessárias ao acordo de telecomunicações luso-brasileiro partiram das construtoras accionistas da operadora paulista, após terem recebido parte do dinheiro devido pela operadora portuguesa, no valor de 1200 milhões.
Os últimos meses têm sido de grande azáfama para a Polícia Federal, que procura desmontar a teia de corrupção e de lavagem de dinheiro urdida à volta da cúpula política brasileira. Um escândalo conhecido por "Lava-Jato" (que se centra à volta de Lula da Silva) e que derivou para outras averiguações que se desenrolam em paralelo, uma delas com um elo luso-português: o negócio entre a PT e a Oi.
As investigações que hoje decorrem no Brasil e em Portugal, de modo autónomo, mas com canais abertos, já deixam levantar a ponta do véu sobre possíveis pagamentos de várias dezenas de milhões de euros ao universo restrito do ex-Presidente da República Lula da Silva, bem como a ex-governantes e gestores brasileiros e portugueses. Movimentos financeiros que as autoridades suspeitam poderem ter saído de veículos internacionais ligados aos accionistas da Oi, encabeçados pela construtora Andrade Gutierrez, através de territórios como Angola (onde opera também via Zagope) e Venezuela.
O presidente da Andrade Gutierrez é réu no processo Lava-Jato, sendo-lhe atribuídos os crimes de corrupção, de lavagem de dinheiro e de organização criminosa. Otávio Azevedo é considerado a cabeça da engrenagem que possibilitou o acordo entre a PT e a Oi em Julho de 2010. Um negócio que necessitou de múltiplas autorizações políticas dos dois lados do Atlântico e que começou a ser preparado no final de 2007 como resposta à intenção firme da Telefónica de adquirir os 50% da brasileira Vivo que estavam nas mãos da PT e que era o motor de crescimento da empresa portuguesa.
À procura de pistas Este é um dossier que está a ser seguido pelas polícias brasileiras e portuguesas, que tentam apanhar o fio à meada. O PÚBLICO sabe que, a partir da documentação e de emails apreendidos, de escutas telefónicas e de depoimentos recebidos de viva voz, as autoridades têm procurado reunir provas para determinar estilos de actuação que se repetem, estratégias que não sejam meras coincidências. No actual cenário de maior sofisticação da criminalidade financeira, a recolha de prova directa encontra-se muito dificultada, pois o objectivo é detectar uma simultaneidade entre movimentos de dinheiro e a deslocação dos interesses no terreno, que, conjugadas com outros elementos, permitam dar consistência às suspeitas e indícios.
Hoje, é do conhecimento geral que há inquéritos em curso confirmados pelos ministérios públicos de ambos os países relacionados com a abrangência dos contactos que se estabeleceram entre os círculos próximos do ex-Presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva e os do ex-primeiro-ministro José Sócrates. A Procuradoria-Geral da República já informou que as autoridades brasileiras pediram “a cooperação judiciária”, mas não avançou detalhes.
Na lista de acções policiais consta o raide à sede da PT, na Avenida Fontes Pereira de Melo, em Janeiro de 2015, para recolher dados sobre os negócios com a Oi. E, no início de Setembro, o semanário Sol revelou que na casa de Luís Oliveira Silva, sócio e irmão de José Dirceu, o antigo homem forte de Lula da Silva, a Polícia Federal apreendeu um documento com uma anotação sobre a "Portugal Telecom”.
A malha aperta-se, portanto, à volta da actuação da empresa nacional nos últimos anos e dos seus principais gestores e accionistas, alvo de vários processos judiciais. O mês passado ficou a saber-se que a operação Marquês(que tem no epicentro José Sócrates, Armando Vara, Carlos Santos Silva) se alargou à oferta pública de aquisição (OPA) lançada pela Sonae, em 2006, sobre a PT. Recentemente, o Diário de Notícias informou que o Ministério Público ouviu, a 22 de Setembro, o presidente da Sonae, Paulo Azevedo, na qualidade de testemunha.
Em causa estão os trâmites que envolveram o chumbo da OPA na assembleia geral de 2 de Março de 2007 e que forjou uma aliança entre accionistas da PT, encabeçada pelo BES e pela Ongoing, e o Estado. Depois de na fase inicial ter dado sinal de que apoiava a OPA, Sócrates acabaria por recomendar à Caixa Geral de Depósitos, que tinha como vice-presidente Armando Vara, para se abster na decisão, o que ditou o fim da oferta. Daí ser previsível que o MP procure encontrar uma ligação do voto do banco estatal a possíveis movimentos de dinheiro.
O início do negócio No entanto, foi no seguimento desta operação que se deu a aproximação à Oi. A Telefónica, grande accionista da PT, tinha celebrado um pacto secreto com a Sonae: caso a OPA vencesse, venderia os 50% da Vivo nas mãos da PT. Acossado pela “traição”, o núcleo duro da PT (BES-Ongoing) começou a procurar um novo acelerador de crescimento no Brasil.
Data desta época o discurso do então presidente da PT, Henrique Granadeiro, a defender a criação de um operador transatlântico de língua portuguesa, como alternativa à Vivo. Sabe que a Vivo irá, mais tarde ou mais cedo, parar às mãos da Telefónica. O plano levá-lo-á diversas vezes a São Paulo, onde mantém reuniões com velhos conhecidos. Um deles foi Otávio Azevedo. Em 1998, a Andrade Gutierrez (28%) apareceu associada à PT no consórcio para comprar a Telesp Celular (que dará origem à Vivo), ao lado da Telefónica (19%). Mas antes de a privatização estar concluída a construtora saltou fora.
Oito anos volvidos os caminhos da PT e da Gutierrez voltam a cruzar-se. Otávio Azevedo assumirá um papel fulcral nas conversações que daí em diante se desenrolam. Começava a ser preparado o embrião da operação PT-Oi que será anunciado quatro anos depois.
Em simultâneo, Granadeiro movia-se junto das altas esferas do Governo brasileiro para encontrar aliados. A 8 de Junho de 2007, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, declarou publicamente ser favorável ao projecto da PT e deu garantias de empenho junto de Lula da Silva para que este recebesse de "braços abertos" a ideia “defendida por Henrique Granadeiro”.
Foi neste contexto que o ex-Presidente da República Mário Soares foi sondado pela PT, para ajudar a criar pontes com o Presidente Lula. E é Soares que aconselha Granadeiro a procurar o escritório de advocacia Fernando Lima, João Abrantes Serra e José Pedro Fernandes, a LSF & Associados. O gabinete é sócio no Brasil de José Dirceu, o líder petista conhecido como facilitador de negócios, a quem a LSF chegara anos antes por via de José Pedro Fernandes. Mas será Abrantes Serra a apresentar Dirceu a Nuno Vasconcelos e a Rafael Mora, da Ongoing (e a Miguel Relvas). Dirceu, que surgiu nos epicentros dos grandes escândalos que rebentaram no Brasil ("mensalão", Lava-Jato e "petrolão"), é classificado pela Polícia Federal como o “chefe da quadrilha”. Dirceu contesta e diz que é vítima de perseguição política.
Passado pouco tempo na folha de avenças mensais da PT começa a constar o nome do escritório de advocacia LSF & Associados com facturações mensais de 50 mil euros. Quando detecta os movimentos, Luís Pacheco de Melo, ex-administrador financeiro da PT, questiona Granadeiro, mas o CEO avisa-o que existe um acordo para cumprir – o que não impede o ex-CFO da PT de suspender as avenças, mas não evita a entrega à LSF de 200 mil euros. A colaboração da LSF-Dirceu com a PT foi confirmada ao PÚBLICO pelos protagonistas.
O PÚBLICO pediu aos principais responsáveis envolvidos neste dossier para comentarem informações ou prestarem esclarecimentos, mas todos declinaram. Pacheco de Melo alegou não ter disponibilidade para o fazer por estar a viver fora de Portugal (é o novo administrador financeiro da Mota Engil na América Latina), enquanto Henrique Granadeiro optou por sublinhar que estão a decorrer vários processos judiciais envolvendo a ex-PT (agora Pharol) pelo que tem dever de sigilo.
Um dos visitantes mais assíduos de Ricardo Salgado (hoje em prisão domiciliária no âmbito do caso Monte Branco, que investiga o maior caso de crimes de branqueamento de capitais) será Otávio Azevedo, que tem casa em Lisboa. Entre o final de 2007 e o começo de 2011, há registo de várias idas à sede do BES, para manter reuniões com o banqueiro. Por vezes, aparecem Nuno Vasconcellos e Henrique Granadeiro. Era o início da preparação da parceria PT-Oi, que será monitorizada pelo Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, tutelado por Mário Lino (próximo de Sócrates). O seu chefe de gabinete, Luís Ribeiro Vaz, tem grande proximidade do núcleo duro da PT. António Cunha Vaz, que trabalhou com a Sonae na OPA, relatou em 2012 ao PÚBLICO: “Ouvi Ribeiro Vaz contar que uma parte do dia estava no gabinete de Mário Lino [com quem Azevedo discutia os detalhes da OPA] e a outra com a Ongoing a montar a estratégia contra a OPA.”
Após o escândalo "mensalão" (ligado à compra de votos de parlamentares brasileiros entre 2005 e 2006), começa a procura de novas fontes de rendimento. No final de 2008, chegava a Lisboa José Dirceu, coincidindo com a visita de Lula da Silva, que está em viagem oficial.
As grandes operações a necessitar de autorizações estatais estão, por vezes, reservadas a quem paga comissões. E à Avenida Fontes Pereira de Melo, sede da PT, vai chegar a informação de que o negócio com a Oi está condicionado à entrega ao grupo petista de 50 milhões de euros, verba que deve ser movimentada por uma conta em Macau. Sem pagamento, não haverá parceria.
Na PT torce-se o nariz e o ex-CFO Pacheco de Melo declara que as avaliações técnicas à Oi não o convenceram. E não há acordo quanto aos termos da transacção. A primeira tentativa de junção da PT-Oi não será bem sucedida, o que não impediu que as portas continuassem abertas a um entendimento.
Enquanto tudo isto se passa, a Telefónica prosseguia o seu objectivo de adquirir os 50% que lhe faltam da Vivo. E procura apoio junto de Abrantes Serra e da consultora Oliveira e Silva & Associados. Esta empresa, ligada a Dirceu e ao irmão Luís Oliveira Silva, foi identificada pela Polícia Federal como suspeita de intermediar pagamentos ilícitos a terceiros, com cobrança de comissões em grandes transacções.
No primeiro semestre de 2010, a banca portuguesa, que apostara no financiamento em larga escala, contando com o fácil acesso aos mercados, com baixas taxas de juro, dá por terminado o ciclo favorável. E, sabe-se agora, que no BES havia contas para pagar.
Por volta de Abril são reabertos os contactos com a Oi. E Salgado, Vasconcellos, Granadeiro e Otávio Azevedo voltam a juntar-se em Lisboa para ultrapassar o impasse. Em comum têm problemas para resolver: o BES enfrenta restrições financeiras, a Ongoing tem dívidas de quase 800 milhões, a PT quer encontrar um substituto para a Vivo, a Oi está alavancada no banco estatal BNDES.
Mas no Brasil falta dar um empurrão ao acordo PT-Oi. Para impor umdeadline, a Telefónica antecipa-se e oferece à PT, a pronto pagamento, 7,15 mil milhões de euros por 50% da Vivo.
Quando, finalmente, a Telefónica dá o passo em frente, a administração da PT anuncia que levará a proposta à assembleia geral (AG) de 30 de Junho de 2010 com recomendação positiva. O Estado tem uma golden share (acções com direitos especiais) e José Sócrates veta a operação com o argumento de que só a autorizará depois de a operadora lhe apresentar uma alternativa no Brasil.
O foco da AG sofre uma reviravolta que surpreendeu a maioria dos presentes. Sobre este incidente há opiniões: os grandes accionistas e gestores da PT foram apanhados desprevenidos; o veto de Sócrates foi concertado com o núcleo duro da PT para criar dificuldades e obrigar a acelerar o fecho do negócio.
Conversas entre Lula e Sócrates Nos dias seguintes multiplicam-se as conversas entre Lula e Sócrates e os entendimentos entre a PT e a Oi. Movimentações que se tornam claras quando, a 8 de Julho, José Dirceu surgiu em Lisboa a dar uma entrevista aoDiário de Notícias: “Sempre defendi a fusão da Oi com a Brasil Telecom ou com uma empresa como a PT.” Na altura, fonte não oficial da PT inquirida sobre o que veio fazer Dirceu a Portugal, foi taxativa: “Nunca trabalhámos com os escritórios de Dirceu no Brasil, mas não podemos garantir que os accionistas não o tenham feito.”
Dias depois o jornal Folha de São Paulo avançava que Brasília "articula uma operação para que a Oi e a PT virem sócias". E refere: Lula da Silva e José Sócrates já trataram do assunto. Ora, Otávio Azevedo é um homem de muitas conexões políticas. O BNDES, o banco estatal brasileiro presidido por Luciano Coutinho, detém 5% da Oi, e está agora a ser alvo de averiguações por contratos de financiamentos suspeitos, nomeadamente com Angola. Outro investidor da Oi é o Pactual, liderado por André Esteves, que é o banco de investimento da Andrade Gutierrez. Quer Luciano Coutinho, quer André Esteves são figuras do círculo de Lula da Silva.
A 27 de Julho de 2010 é anunciado fumo branco. A Telefónica vai pagar pelo controlo da Vivo 7,5 mil milhões (sobe o preço para o Estado salvar a face, mas o valor será liquidado em três tranches) e a PT aceita adquirir 23% da Oi por 3,75 mil milhões, dos quais dois terços se destinarão a aumentar o capital da operadora paulista. A restante parcela, 1,2 mil milhões, será partilhada pelos accionistas.
Os acordos finais vão continuar a exigir reuniões no BES e na PT. E sempre à porta fechada. O pacto definitivo será celebrado a 26 de Janeiro de 2011, enquanto os pagamentos da PT à Oi só ficarão concluídos nos meses seguintes.
As autoridades suspeitam agora de eventuais verbas ilícitas entregues ao grupo de Lula da Silva e a políticos e gestores portugueses. E os indícios apontam para uma origem na parcela de 1,2 mil milhões, com o Ministério Público a querer saber quem deixou a sua assinatura.
O negócio PT-Oi parecia ser a combinação perfeita, mas produziu escândalo e transfigurou-se, seja pela diminuição do peso dos accionistas nacionais na Oi (por via do impacto do BES), seja pela venda da PT Portugal aos franceses da Altice. A ligação promíscua ao seu accionista emblemático, o BES, revelou-se fatal para a PT. E, quando o GES ruiu, foi obrigada a contabilizar uma perda de quase mil milhões de euros que se traduziu no fim do grande projecto luso-brasileiro. E levou às demissões de Granadeiro e Zeinal Bava.
A 19 de Junho, o juiz Sérgio Moro deu ordem de prisão a Otávio Azevedo, por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa para fraudes em licitações milionárias da Petrobras entre 2004 e 2014, com depósitos no exterior.
A defesa do ex-administrador da PT (Azevedo foi nomeado administrador em 2011), em representação da Oi, contestou e alegou que o gestor era presidente da holding Andrade Gutierrez, com funções de representação institucional e que “nunca teve conhecimento da dinâmica comercial e operacional” da construtora. O juiz respondeu que tem provas significativas dos crimes e manteve-o preso. http://www.publico.pt/economia/noticia/x-1713019
Segundo o jornal, pagamentos vindos de construtoras como a Andrade Gutierrez teriam aberto as portas para que o acordo entre as telecoms fosse autorizado pelo Brasil e pelas agências reguladoras
SÃO PAULO - A Polícia de Portugal está investigando pessoas próximas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, bem como ex-governantes e gestores brasileiros e portugueses, em um inquérito relacionado ao negócio fechado entre a operadora Oi (OIBR4) e a Portugal Telecom em 2010. As informações foram divulgadas pelo jornal português Público.
Segundo o jornal, pagamentos vindos de construtoras como a Andrade Gutierrez teriam aberto as portas para que o acordo entre as telecoms fosse autorizado pelo Brasil e pelas agências reguladoras. O dinheiro teria vindo de construtoras brasileiras, numa forma de quitar uma dívida que existia entre essas empresas e a Portugal Telecom, avaliado na época em 1,2 bilhão de euros. O Ministério Público português confirmou a existência de duas investigações ocorrendo em paralelo e disse que a cooperação com o MP brasileiro tem sido "constante".
No caso da Andrade Gutierrez, citada no inquérito, seu presidente, Otávio Azevedo, é réu na Operação Lava Jato e é considerado um dos homens que permitiu o acordo entre a Oi e Portugal Telecom, numa negociação que começou em 2007.
Segundo o Público, as investigações afetam "a abrangência dos contratos que se estabeleceram entre os círculos próximos ao ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva e os do ex-primeiro-ministro José Sócrates".
Em janeiro, a polícia portuguesa realizou uma operação na sede da Portugal Telecom em Lisboa, com o objetivo de colher dados sobre o contato com a Oi. Segundo a revista portuguesa Sol, documentos com anotações "Portugal Telecom" foram encontradas na casa de Luís Oliveira Silva, sócio e irmão do ex-ministro José Dirceu.
O jornal destaca que documentos anexados a investigações mostram o avanço sobre negócios ligados direta ou indiretamente ao petista, passando desde a denúncia de venda de medidas provisórias, palestras e contratos com a Petrobras
SÃO PAULO - De acordo com informações do jornal Valor Econômico, o Ministério Público Federal e a Polícia Fedeal estão fechando o cerco em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em pelo menos seis frentes de apuração criminal. O jornal destaca que documentos anexados a investigações mostram o avanço sobre negócios ligados direta ou indiretamente ao petista, passando desde a denúncia de venda de medidas provisórias, palestras que poderiam ter sido usadas para camuflar o tráfico de influências em relação às empreiteiras investigadas na Lava Jato, entre outros.
No âmbito da Lava Jato, a suspeita é de que o navio-sonda Vitória 10.000 supostamente teria sido entregue para operação da Schahin, sem licitação. Isto teria ocorrido por intermediação do amigo de Lula, o pecuarista José Carlos Bumlai, tendo como contrapartida a quitação de uma dívida de campanha de R$ 60 milhões de Lula referente a 2006 que teria sido feita pelo Schahin. A Lava Jato ainda examina os pagamentos de empresas investigadas à LILS, empresa de Lula para receber por suas palestras e ao Instituto Lula. Apesar de Lula não ser oficialmente investigado no âmbito da Lava Jato sua empresa, a LILS, e o Instituto Lula, estão sendo investigadas por pagamentos recebidos de empreiteiras acusadas pelo MPF de integrar cartel em licitações da Petrobras.
Se deixar essa gente fazer e acontecer, sem fazer "barulho", o povo é escaldado em todos os sentidos, quando se trata de direitos.
Representantes ligados ao setor defendem que não haja assistência se voo atrasar por mau tempo ou for cancelado, por exemplo
O setor aéreo atua no Congresso para reduzir a assistência aos passageiros quando voos atrasam ou são cancelados e também para limitar indenizações quando, por exemplo, a bagagem é extraviada. A discussão ocorre em comissão do Senado formada por especialistas em aviação que trata da reforma do Código Brasileiro de Aeronáutica. De acordo com reportagem desta terça-feira do jornal Folha de S.Paulo, a conclusão do texto, entre o final deste ano e o início de 2016, será transformada em um anteprojeto de lei para, em seguida, ser analisada e votada pelos senadores.
Em outubro, um dos membros da comissão propôs, em reunião, que as companhias aéreas não fossem obrigadas a prestar assistência quando o voo atrasa ou é cancelado por razões que fogem ao controle delas. Desde 2010, uma resolução da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) determina que a assistência é obrigatória sob qualquer circunstância nos atrasos ou cancelamentos.
O autor da proposta, o advogado Ricardo Bernardi, é especialista em direito aeronáutico e atua para empresas aéreas em ações judiciais. Também integrante da comissão, a Abear, associação que representa TAM, Gol, Azul e Avianca, e a Iata, que representa as aéreas no mundo, apoiam a medida.
Um exemplo de situação em que as companhias não deveriam arcar com os custos se dá, segundo o advogado, quando um aeroporto fecha por mau tempo. Na proposta, Bernardi incluiu ainda a opção de a assistência não ser obrigatória em caso de quebra.