quinta-feira 02 2017

'Eu era o bobo da corte do governo', disse Marcelo Odebrecht em depoimento.

Empreiteiro depôs nesta quarta-feira ao TSE na ação que pode cassar a chapa Dilma-Temer
 Marcelo Odebrecht chega para depor ao TSE
Brasília - Em depoimento à Justiça Eleitoral, Marcelo Odebrecht disse que se sentia o “bobo da corte” do governo federal, segundo relatos colhidos pelo Estado.
Ao falar sobre a situação da empreiteira baiana que leva seu sobrenome, o ex-presidente do conglomerado demonstrou descontentamento por ser obrigado a entrar em projetos que não desejava e bancar repasses às campanhas eleitorais sem receber as contrapartidas que julgava necessárias.
Marcelo Odebrecht foi preso em junho de 2015, no âmbito da Lava Jato, e pelo seu acordo de colaboração premiada deve permanecer na carceragem da Polícia Federal em Curitiba até o final deste ano.
Marcelo detalhou que tinha contato frequente com o alto escalão do governo – como o ex-ministro da Fazenda do governo Dilma Rousseff, com quem negociava repasses eleitorais.  “Eu não era o dono do governo, eu era o otário do governo. Eu era o bobo da corte do governo”, disse Marcelo Odebrecht, conforme foi relatado ao Estado. Ele também se mostrou incomodado por divergências com seu pai, patriarca e presidente do Conselho de Administração do Grupo Odebrecht, Emilio Odebrecht, quanto a projeto em que a empresa apoiava o governo.
O ex-presidente da empreiteira foi ouvido pelo ministro Herman Benjamin, relator da ação que tramita no Tribunal Superior Eleitoral e investiga a chapa formada por Dilma Rousseff e Michel Temer na campanha eleitoral de 2014.
No depoimento, Marcelo Odebrecht fala sobre a “naturalidade” do caixa 2 em campanha eleitoral, defende a legalização do lobby e deixa claro que a Odebrecht não era a única empresa a usar doações para conquistar apoio político. De acordo com ele, o uso de dinheiro de caixa dois em campanhas eleitorais é algo “natural”, mas que de alguma forma envolve também propina. Sobre pagamentos de propina, Marcelo Odebrecht disse saber que os empresários da empresa precisavam fazer “acertos” para poder atuar.

Marcelo Odebrecht depõe em ação de Dilma e Temer no TSE

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O empreiteiro Marcelo Odebrecht depôs durante quatro horas nesta quarta-feira (1º), em Curitiba, como testemunha na ação de cassação da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014.
O depoimento era aguardado com grande expectativa pelas defesas: como delator, o empresário poderia afirmar se houve ou não caixa dois na arrecadação da campanha presidencial de 2014, e se o dinheiro tinha origem ilícita, como propina de obras da Petrobras.
O teor do depoimento, porém, é sigiloso –segundo os advogados, o executivo repetiu o que disse em delação premiada, que ainda está em segredo de Justiça. Em mãos, tinha uma planilha e alguns documentos que integram a delação.
Nem os advogados da Odebrecht, nem os de Dilma e Temer puderam comentar o teor da audiência ou dos documentos.
"Ele falou o que deveria falar e poderia falar", afirmou Luciano Feldens, advogado da Odebrecht.
"É prematuro fazer uma avaliação por enquanto; há temas a serem aprofundados com novas testemunhas", disse Gustavo Bonini Guedes, advogado de Temer.
A defesa da ex-presidente Dilma saiu sem falar com a imprensa.
O depoimento foi acompanhado pelo ministro Herman Benjamin, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), relator do processo, que foi movido pelo PSDB.
A audiência começou às 14h30. Quatro manifestantes estavam em frente ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Paraná, pedindo para que Marcelo "contasse tudo" e defendendo a investigação da Lava Jato.
O TSE ainda deve ouvir nos próximos dias outros quatro delatores da Odebrecht: os executivos Benedicto Barbosa da Silva Júnior e Fernando Reis irão depor como testemunhas nesta quinta (2), no Rio de Janeiro.
Na sequência, Claudio Melo Filho e Alexandrino Alencar serão ouvidos na próxima segunda (6), em Brasília.
Melo Filho relatou em delação que Temer pediu, em uma reunião no Palácio do Jaburu, R$ 10 milhões em doação ao PMDB na eleição de 2014.

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